A porta se abriu e Belle entrou, trazendo um copo de água. Agradeci, tomando pequenos goles para tentar acalmar meus nervos.
— Belle, o que você sabe sobre Henry Wessex, Drake e este lugar? — perguntei diretamente, querendo respostas.— Ah, amiga... — Ela se sentou calmamente, apoiando as mãos no colo, com os ombros encolhidos. — Não sei muito. Fiz perguntas semelhantes sobre todos aqui quando cheguei à cidade e...— E então? — interrompi ansiosa. — Desculpe, por favor, continue.— Cheguei aqui com uma amiga, nos perdemos na Route Nationale 104, uma estrada francesa na Llê de France, e então encontramos o caminho para Acácias e...— Espera! O quê? — interrompi novamente. — Desculpe, mas você encontrou o caminho para Acácias por uma estrada na França?— Sim, exatamente, não foi o mesmo lugar que o seu, não é?Concordei com a cabeça e me levantei, dirigindo-me para a janela daquela pequena sala, onde o ar era escasso naquele momento.— Como isso é possíJá era noite quando saí do jornal, passei a tarde toda avaliando e arquivando notícias antigas e recentes. Felizmente, quase no final da tarde, uma senhora veio limpar a sala. Não vi sinal do Luther; alguns colegas mencionaram que ele sempre está viajando atrás de notícias exclusivas, o que me fez rir ao considerar as matérias que li. Passei em frente ao bar do Charles, com as luzes acesas iluminando todo o quarteirão. Pessoas entravam e saíam, já um pouco embriagadas, porém nenhuma delas era quem eu esperava ver. A noite estava agradável, apesar de uma leve camada de nuvens cinzentas se aproximando, anunciando uma tempestade de verão prestes a desabar a qualquer momento. Acelerei meus passos ao passar pela praça, um local encantador para um piquenique.Sempre apreciei lugares ao ar livre, que me traziam lembranças de quando era criança. Uma das poucas recordações que guardava dos meus pais era dos nossos piqueniques nas manhãs de domingo. Minha mãe costumava
Ao entrar na pousada, encontrei Soya, ou melhor, ela praticamente me cercou, o que me fez começar a acreditar em Belle sobre ela. Após um banho revigorante, me joguei na cama e já estava quase adormecendo quando meu telefone tocou. Corri para atender, esperando que fosse Henry, mas fiz biquinho ao ver que era um número desconhecido. — Alô, quem fala? — atendi, me preparando para desligar, pois geralmente era telemarketing oferecendo planos de forma insistente. — Alô, querida, é assim que você fala com sua avó? — sorri ao ouvir a voz doce da minha avó, meu coração se aqueceu. Já fazia dias que não a ouvia e estava com muitas saudades. — Vó, que saudades! Finalmente resolveu aparecer, pensei que tinha decidido me abandonar também. — brinquei, sorrindo, e pude ouvir sua gargalhada contagiante. — Já voltou do retiro? — Nunca abriria mão de você, chicletinha. — Sim, minha avó me chamava assim porque no primeiro ano após a morte dos meus pais, eu tinha tanto medo de perdê-la que a acomp
Ao passar pela porta da minha sala, bati com força, deixando a raiva se expressar pelo gesto, o que resultou no quadro pendurado na parede ao lado caindo no chão. — Aff! — revirei os olhos e abaixei-me para pegar a tela rasgada. — Que droga, será que dá para consertar? — perguntei, levando-a até minha mesa e tentando alisá-la para reparar. Foi nesse momento que percebi uma pintura em preto e branco por baixo. Pouco a pouco, fui rasgando mais, revelando uma pintura antiga de um casarão. — Ai, meu Deus! — falei, tapando a boca com as mãos, enquanto minhas pernas tremiam. — É o casarão do meu sonho. — Sentei ainda impressionada. Temendo minhas pernas falharem, terminei de rasgar a última parte, revelando as iniciais “E.W”. Delicadamente, deslizei o dedo sobre a tela da pintura a óleo, e tudo ao meu redor começou a se distorcer. De repente, eu estava de volta à casa do meu sonho, parada exatamente no mesmo lugar, espiando a discussão dos
Era domingo e, finalmente, pude dormir até mais tarde. Acordar cedo nunca foi o meu ponto forte, e eu admirava aqueles que gostavam do oposto. O verão estava quase no fim, e eu mal havia aproveitado, passando a maior parte do tempo entre o trabalho e a pousada, sem tempo para relaxar.Ainda não havia decidido se fixaria em Acácias, por isso negociei com Soya pacotes mensais. Ela foi bastante generosa e fez um bom preço, dando a entender que queria que eu ficasse por ali. Desenvolvi uma relação com ela onde confiava com um olho aberto e outro fechado.Depois de tomar um banho, sentei na cama enrolada na minha toalha. Não podia negar que me sentia em casa ali, embora ao mesmo tempo considerasse a ideia de ter meu próprio espaço e talvez um animal de estimação para me fazer companhia.A tela do meu celular se iluminou, anunciando uma nova mensagem.Mensagem Henry: Bom dia Kaya.Sorri e deitei na cama mantendo meus braços erguidos em sentido do teto com a t
O parque era amplo, pessoas brincavam com frisbees e seus cachorros na grama verde. Árvores de acácias com flores amarelas e algumas de flores rosadas proporcionavam uma explosão de cores. Embora o sol ainda estivesse forte, algumas nuvens começaram a se juntar no céu. A previsão era de chuva para a noite, o que me deixava feliz, pois adorava a ideia de dormir ao som da água caindo no telhado. Busquei por Henry entre as pessoas espalhadas pela grama, desfrutando da companhia de seus familiares. Caminhei até um coreto mais afastado, procurando fugir dos raios solares intensos que queimavam minha pele. O vento começou a balançar meus cabelos, e fechei os olhos. Adorava a sensação do vento fresco no rosto, era como se a liberdade viesse junto com ele. — Tenho que dizer que você aqui, com os cabelos ao vento, parece uma cena digna dos maiores pintores. — Henry sussurrou ao pé do meu ouvido, causando um arrepio agradável que me fez sorrir. Eu estava tão distraída
Eu rolava de um lado para o outro, buscando desesperadamente uma forma de dormir, mas tudo parecia incomodar. Finalmente, quando o sono começou a se aproximar após algumas horas, os passos de Soya me fizeram saltar da cama e correr para a varanda, meu coração batendo acelerado pela expectativa.Após alguns minutos em que Soya passou, vi Drake surgir, caminhando lentamente.— Psiu... Psiu! — chamei, e foi o suficiente para ele me ver e se aproximar debaixo da minha varanda. — Preciso falar com você. — murmurei.— Agora? — Ele respondeu em um tom tão baixo quanto o meu, franzindo a testa.— Sim, vem! — gesticulei, convidando-o.— Mas precisa ser agora? — ele questionou, apontando na direção em que Soya foi, indicando que precisava ir.— Por favor! — implorei, fazendo um biquinho. Ele olhou para o lado de Soya e depois para mim, balançando a cabeça em dúvida e hesitando por um momento.— É importante, não é?! — ele perguntou, quase como uma afirmação, e eu c
Mal consegui dormir naquela noite, meus sonhos se repetiam incessantemente em minha mente. Sentei na cama ainda sonolenta ao ouvir batidas na porta; já sabia quem era, afinal, Belle me mima desde que cheguei aqui.— Pode entrar, Belle! — falei, ajeitando meu cabelo e colocando um sorriso nos lábios.A porta se abriu e, para minha surpresa, em vez de Belle, era Soya quem apareceu, trazendo meu café da manhã.Ajeitei-me um pouco mais na cama, um tanto sem jeito, apesar dos esforços de Soya para parecer gentil; algo nela me deixava desconfortável.— Bom dia, querida. — ela falou, dando um sorriso que, na minha perspectiva, parecia sinistro.— Bom dia, Soya! — torci para que meu sorriso sem jeito não denunciasse meu desconforto com a presença dela. — Por favor, sente-se. — convidei, apontando para o lugar vago na minha cama. — Como foi a sua noite? — ela perguntou, sentando-se ao meu lado e colocando a bandeja desajeitadamente em meu colo. Era evidente que
Ao chegar no edifício, deparei-me com um segurança desconhecido na porta. Aos domingos, o jornal geralmente estava fechado, e em casos extraordinários, os funcionários trabalhavam em home office.— Boa tarde. — Sorri ao cumprimentar o imponente segurança à minha frente. Sua altura era extraordinária, beirando os dois metros, deduzi usando o batente da porta como referência.— Boa tarde, o que deseja? — Ele respondeu, abaixando seus óculos escuros.— Então, trabalho aqui e esqueci minha carteira e documentos importantes na gaveta da minha sala, preciso recuperá-los urgentemente. — Dei a primeira desculpa que me veio à mente e mostrei meu crachá tirado da bolsa.— Ninguém entra sem autorização prévia. — Ele levantou os óculos. — São as regras.— Eu sei, mas... mas. — Gaguejei, ganhando tempo para uma nova resposta. — Acontece que meus documentos estão todos juntos, e, caso não saiba, houve um desaparecimento na Pousada Recanto das Flores, onde estou hospedada, e vo