O parque era amplo, pessoas brincavam com frisbees e seus cachorros na grama verde. Árvores de acácias com flores amarelas e algumas de flores rosadas proporcionavam uma explosão de cores. Embora o sol ainda estivesse forte, algumas nuvens começaram a se juntar no céu. A previsão era de chuva para a noite, o que me deixava feliz, pois adorava a ideia de dormir ao som da água caindo no telhado.
Busquei por Henry entre as pessoas espalhadas pela grama, desfrutando da companhia de seus familiares. Caminhei até um coreto mais afastado, procurando fugir dos raios solares intensos que queimavam minha pele. O vento começou a balançar meus cabelos, e fechei os olhos. Adorava a sensação do vento fresco no rosto, era como se a liberdade viesse junto com ele. — Tenho que dizer que você aqui, com os cabelos ao vento, parece uma cena digna dos maiores pintores. — Henry sussurrou ao pé do meu ouvido, causando um arrepio agradável que me fez sorrir. Eu estava tão distraídaEu rolava de um lado para o outro, buscando desesperadamente uma forma de dormir, mas tudo parecia incomodar. Finalmente, quando o sono começou a se aproximar após algumas horas, os passos de Soya me fizeram saltar da cama e correr para a varanda, meu coração batendo acelerado pela expectativa.Após alguns minutos em que Soya passou, vi Drake surgir, caminhando lentamente.— Psiu... Psiu! — chamei, e foi o suficiente para ele me ver e se aproximar debaixo da minha varanda. — Preciso falar com você. — murmurei.— Agora? — Ele respondeu em um tom tão baixo quanto o meu, franzindo a testa.— Sim, vem! — gesticulei, convidando-o.— Mas precisa ser agora? — ele questionou, apontando na direção em que Soya foi, indicando que precisava ir.— Por favor! — implorei, fazendo um biquinho. Ele olhou para o lado de Soya e depois para mim, balançando a cabeça em dúvida e hesitando por um momento.— É importante, não é?! — ele perguntou, quase como uma afirmação, e eu c
Mal consegui dormir naquela noite, meus sonhos se repetiam incessantemente em minha mente. Sentei na cama ainda sonolenta ao ouvir batidas na porta; já sabia quem era, afinal, Belle me mima desde que cheguei aqui.— Pode entrar, Belle! — falei, ajeitando meu cabelo e colocando um sorriso nos lábios.A porta se abriu e, para minha surpresa, em vez de Belle, era Soya quem apareceu, trazendo meu café da manhã.Ajeitei-me um pouco mais na cama, um tanto sem jeito, apesar dos esforços de Soya para parecer gentil; algo nela me deixava desconfortável.— Bom dia, querida. — ela falou, dando um sorriso que, na minha perspectiva, parecia sinistro.— Bom dia, Soya! — torci para que meu sorriso sem jeito não denunciasse meu desconforto com a presença dela. — Por favor, sente-se. — convidei, apontando para o lugar vago na minha cama. — Como foi a sua noite? — ela perguntou, sentando-se ao meu lado e colocando a bandeja desajeitadamente em meu colo. Era evidente que
Ao chegar no edifício, deparei-me com um segurança desconhecido na porta. Aos domingos, o jornal geralmente estava fechado, e em casos extraordinários, os funcionários trabalhavam em home office.— Boa tarde. — Sorri ao cumprimentar o imponente segurança à minha frente. Sua altura era extraordinária, beirando os dois metros, deduzi usando o batente da porta como referência.— Boa tarde, o que deseja? — Ele respondeu, abaixando seus óculos escuros.— Então, trabalho aqui e esqueci minha carteira e documentos importantes na gaveta da minha sala, preciso recuperá-los urgentemente. — Dei a primeira desculpa que me veio à mente e mostrei meu crachá tirado da bolsa.— Ninguém entra sem autorização prévia. — Ele levantou os óculos. — São as regras.— Eu sei, mas... mas. — Gaguejei, ganhando tempo para uma nova resposta. — Acontece que meus documentos estão todos juntos, e, caso não saiba, houve um desaparecimento na Pousada Recanto das Flores, onde estou hospedada, e vo
Havia acabado de chegar do jornal, revirei aquele lugar e não encontrei nada que pudesse ajudar a descobrir sobre Edrick ou até mesmo a antiga editora. Por mais que Luther tivesse alertado sobre isso, naquele momento, desconfiava até da minha própria sombra. Cumprimentei Belle de longe, apenas com um sorriso, e subi as escadas, entrando no meu quarto.Me aconcheguei na cama macia, retirei cuidadosamente meu caderninho da bolsa e dediquei um tempo para reler minhas anotações, esta foi a única vez que fiz isso. Em seguida, passei a observar os objetos no quarto, refletindo sobre como eles haviam flutuado.— Como aquilo aconteceu?— Magia!Pulei da cama assustada ao escutar a voz de Drake e, ao me virar, deparei-me com ele parado na varanda.— O que está fazendo aqui? — perguntei, apoiando a mão no peito e me levantando. Eu havia escutado o que ele disse, mas, por ora, estava irritada com sua atitude de invadir meu quarto. O encarei nos olhos, e ele correspondeu, av
O sol brilhava em todo o seu esplendor, à minha frente um campo vasto de girassóis, enquanto o vento batia e espalhava suas pétalas, suavemente tocando meu rosto. Sentei-me à sombra de uma macieira, com aromas de maçã fresca estimulando meu apetite. Ao apoiar as mãos para me levantar, deparei-me com a extrema dificuldade causada pelo maldito espartilho, uma invenção diabólica para manter mulheres aprisionadas. Observei um beija-flor pairar sobre um girassol, permiti-me absorver a paz que este lugar inspirava. Desde a infância, este local havia se tornado meu refúgio preferido. Lábios quentes tocaram a pele delicada dos meus ombros, e não pude conter o sorriso. Reconheceria aquele toque em qualquer lugar e o efeito que exercia sobre mim. Ao virar, meu sorriso se ampliou ao encontrar Edrick. Seus cabelos cintilavam sob o sol, e ele realmente sabia como ficar bem em uma camisa de linho, ou em qualquer outra roupa. — Oh, nobre senhorita, o que a traz aqui neste belo dia de sol? — e
Estava voltando do jornal, frustrada e intrigada com o fato de as informações sumirem depois da minha chegada e me perguntei se esse fato estaria correlacionado. Ao me aproximar do beco, ouvi as vozes do Henry e Drake ao fundo, permaneci na parede que antecede o local espiando. — Cogitando a hipótese de que eu acredite no que diz? — Henry esfregou seu rosto, negando com a cabeça, evidenciando sua desconfiança, enquanto eu temia que Drake tivesse falado sobre mim. — Faz o que estiver afim. — Drake começou a andar devagar ao redor de Henry, que cruzou os braços sem se intimidar. — Não está afim de acreditar, tranquilo, só me responde uma parada e se eu estiver falando a verdade? Henry desviou o olhar, dando a impressão de analisar essa possibilidade. — Fala aí, detetive, está disposto a arriscar a cabeça dela? — Drake cruzou os braços, encarando o Henry de peito estufado. — Por que eu estou disposto a proteger Kaya e você? — A face de Drake ganhou seu ar irônico natural. — Ah, esque
— O que ele está fazendo aqui? — A voz de Henry, carregada de nervosismo e ciúmes evidente, deixava clara sua emoção.Virei para olhar para Drake, torcendo mentalmente para que ele estivesse vestido; esse pensamento fez com que ele esboçasse um sorriso contido.— Relaxa aí, detetive, estou aqui pelo mesmo motivo que você. Entra aí, fique à vontade. — Drake falou, dando as costas e se jogando novamente na minha cama.Henry fez menção de avançar, mas, apoiei minha mão aberta em seu peito, conseguindo chamar sua atenção.— Por favor, não. — murmurei, num tom suplicante.— Ela sabe da nossa conversa. — Interrompeu Drake, acomodando-se na cama, desarmando Henry, cuja preocupação refletiu em seu rosto subsistindo a raiva anterior.— Kaya, eu...— Ela é teimosa e não percebe que estávamos preocupados com ela ficar hospedada em um lugar onde pessoas estão desaparecendo. — Drake cortou Henry, que, por algum motivo, suavizou sua expressão.— Não sou um bebê e
Entrei no hall do prédio de Drake; o local tinha uma estrutura simples, com tijolos vermelhos, no estilo de um prédio industrial. Sem elevador, encarei três lances de escadas que apenas ressaltaram o meu sedentarismo.Ao alcançar o andar desejado, ouvi risadas femininas do outro lado da porta do apartamento dele e hesitei em bater, percebendo claramente que ele estava acompanhado. Ao me virar para sair, a maçaneta se moveu e me escondi no corredor próximo à porta.Uma mulher alta, loira de curvas elegantes, que mais parecia saída de uma revista de moda, saiu sorridente, como se tivesse acabado de ganhar na loteria.— Quando precisar, gato, é só chamar. — Ela disse, acariciando seu rosto, o que me fez revirar os olhos.Ele colocou a mão em sua nuca, afastando o cabelo dela do pescoço, foi nesse instante que reparei no sangue em seu pescoço. Meu coração disparou; mesmo ciente de que ele era um vampiro, presenciar aquilo despertou minha curiosidade.Ele lambeu o loc