Eu rolava de um lado para o outro, buscando desesperadamente uma forma de dormir, mas tudo parecia incomodar. Finalmente, quando o sono começou a se aproximar após algumas horas, os passos de Soya me fizeram saltar da cama e correr para a varanda, meu coração batendo acelerado pela expectativa.
Após alguns minutos em que Soya passou, vi Drake surgir, caminhando lentamente.— Psiu... Psiu! — chamei, e foi o suficiente para ele me ver e se aproximar debaixo da minha varanda. — Preciso falar com você. — murmurei.— Agora? — Ele respondeu em um tom tão baixo quanto o meu, franzindo a testa.— Sim, vem! — gesticulei, convidando-o.— Mas precisa ser agora? — ele questionou, apontando na direção em que Soya foi, indicando que precisava ir.— Por favor! — implorei, fazendo um biquinho. Ele olhou para o lado de Soya e depois para mim, balançando a cabeça em dúvida e hesitando por um momento.— É importante, não é?! — ele perguntou, quase como uma afirmação, e eu cMal consegui dormir naquela noite, meus sonhos se repetiam incessantemente em minha mente. Sentei na cama ainda sonolenta ao ouvir batidas na porta; já sabia quem era, afinal, Belle me mima desde que cheguei aqui.— Pode entrar, Belle! — falei, ajeitando meu cabelo e colocando um sorriso nos lábios.A porta se abriu e, para minha surpresa, em vez de Belle, era Soya quem apareceu, trazendo meu café da manhã.Ajeitei-me um pouco mais na cama, um tanto sem jeito, apesar dos esforços de Soya para parecer gentil; algo nela me deixava desconfortável.— Bom dia, querida. — ela falou, dando um sorriso que, na minha perspectiva, parecia sinistro.— Bom dia, Soya! — torci para que meu sorriso sem jeito não denunciasse meu desconforto com a presença dela. — Por favor, sente-se. — convidei, apontando para o lugar vago na minha cama. — Como foi a sua noite? — ela perguntou, sentando-se ao meu lado e colocando a bandeja desajeitadamente em meu colo. Era evidente que
Ao chegar no edifício, deparei-me com um segurança desconhecido na porta. Aos domingos, o jornal geralmente estava fechado, e em casos extraordinários, os funcionários trabalhavam em home office.— Boa tarde. — Sorri ao cumprimentar o imponente segurança à minha frente. Sua altura era extraordinária, beirando os dois metros, deduzi usando o batente da porta como referência.— Boa tarde, o que deseja? — Ele respondeu, abaixando seus óculos escuros.— Então, trabalho aqui e esqueci minha carteira e documentos importantes na gaveta da minha sala, preciso recuperá-los urgentemente. — Dei a primeira desculpa que me veio à mente e mostrei meu crachá tirado da bolsa.— Ninguém entra sem autorização prévia. — Ele levantou os óculos. — São as regras.— Eu sei, mas... mas. — Gaguejei, ganhando tempo para uma nova resposta. — Acontece que meus documentos estão todos juntos, e, caso não saiba, houve um desaparecimento na Pousada Recanto das Flores, onde estou hospedada, e vo
Havia acabado de chegar do jornal, revirei aquele lugar e não encontrei nada que pudesse ajudar a descobrir sobre Edrick ou até mesmo a antiga editora. Por mais que Luther tivesse alertado sobre isso, naquele momento, desconfiava até da minha própria sombra. Cumprimentei Belle de longe, apenas com um sorriso, e subi as escadas, entrando no meu quarto.Me aconcheguei na cama macia, retirei cuidadosamente meu caderninho da bolsa e dediquei um tempo para reler minhas anotações, esta foi a única vez que fiz isso. Em seguida, passei a observar os objetos no quarto, refletindo sobre como eles haviam flutuado.— Como aquilo aconteceu?— Magia!Pulei da cama assustada ao escutar a voz de Drake e, ao me virar, deparei-me com ele parado na varanda.— O que está fazendo aqui? — perguntei, apoiando a mão no peito e me levantando. Eu havia escutado o que ele disse, mas, por ora, estava irritada com sua atitude de invadir meu quarto. O encarei nos olhos, e ele correspondeu, av
O sol brilhava em todo o seu esplendor, à minha frente um campo vasto de girassóis, enquanto o vento batia e espalhava suas pétalas, suavemente tocando meu rosto. Sentei-me à sombra de uma macieira, com aromas de maçã fresca estimulando meu apetite. Ao apoiar as mãos para me levantar, deparei-me com a extrema dificuldade causada pelo maldito espartilho, uma invenção diabólica para manter mulheres aprisionadas. Observei um beija-flor pairar sobre um girassol, permiti-me absorver a paz que este lugar inspirava. Desde a infância, este local havia se tornado meu refúgio preferido. Lábios quentes tocaram a pele delicada dos meus ombros, e não pude conter o sorriso. Reconheceria aquele toque em qualquer lugar e o efeito que exercia sobre mim. Ao virar, meu sorriso se ampliou ao encontrar Edrick. Seus cabelos cintilavam sob o sol, e ele realmente sabia como ficar bem em uma camisa de linho, ou em qualquer outra roupa. — Oh, nobre senhorita, o que a traz aqui neste belo dia de sol? — e
Estava voltando do jornal, frustrada e intrigada com o fato de as informações sumirem depois da minha chegada e me perguntei se esse fato estaria correlacionado. Ao me aproximar do beco, ouvi as vozes do Henry e Drake ao fundo, permaneci na parede que antecede o local espiando. — Cogitando a hipótese de que eu acredite no que diz? — Henry esfregou seu rosto, negando com a cabeça, evidenciando sua desconfiança, enquanto eu temia que Drake tivesse falado sobre mim. — Faz o que estiver afim. — Drake começou a andar devagar ao redor de Henry, que cruzou os braços sem se intimidar. — Não está afim de acreditar, tranquilo, só me responde uma parada e se eu estiver falando a verdade? Henry desviou o olhar, dando a impressão de analisar essa possibilidade. — Fala aí, detetive, está disposto a arriscar a cabeça dela? — Drake cruzou os braços, encarando o Henry de peito estufado. — Por que eu estou disposto a proteger Kaya e você? — A face de Drake ganhou seu ar irônico natural. — Ah, esque
— O que ele está fazendo aqui? — A voz de Henry, carregada de nervosismo e ciúmes evidente, deixava clara sua emoção.Virei para olhar para Drake, torcendo mentalmente para que ele estivesse vestido; esse pensamento fez com que ele esboçasse um sorriso contido.— Relaxa aí, detetive, estou aqui pelo mesmo motivo que você. Entra aí, fique à vontade. — Drake falou, dando as costas e se jogando novamente na minha cama.Henry fez menção de avançar, mas, apoiei minha mão aberta em seu peito, conseguindo chamar sua atenção.— Por favor, não. — murmurei, num tom suplicante.— Ela sabe da nossa conversa. — Interrompeu Drake, acomodando-se na cama, desarmando Henry, cuja preocupação refletiu em seu rosto subsistindo a raiva anterior.— Kaya, eu...— Ela é teimosa e não percebe que estávamos preocupados com ela ficar hospedada em um lugar onde pessoas estão desaparecendo. — Drake cortou Henry, que, por algum motivo, suavizou sua expressão.— Não sou um bebê e
Entrei no hall do prédio de Drake; o local tinha uma estrutura simples, com tijolos vermelhos, no estilo de um prédio industrial. Sem elevador, encarei três lances de escadas que apenas ressaltaram o meu sedentarismo.Ao alcançar o andar desejado, ouvi risadas femininas do outro lado da porta do apartamento dele e hesitei em bater, percebendo claramente que ele estava acompanhado. Ao me virar para sair, a maçaneta se moveu e me escondi no corredor próximo à porta.Uma mulher alta, loira de curvas elegantes, que mais parecia saída de uma revista de moda, saiu sorridente, como se tivesse acabado de ganhar na loteria.— Quando precisar, gato, é só chamar. — Ela disse, acariciando seu rosto, o que me fez revirar os olhos.Ele colocou a mão em sua nuca, afastando o cabelo dela do pescoço, foi nesse instante que reparei no sangue em seu pescoço. Meu coração disparou; mesmo ciente de que ele era um vampiro, presenciar aquilo despertou minha curiosidade.Ele lambeu o loc
Uma semana se passou desde que Henry partiu em viagem, e eu estava ansiosa para descobrir seu destino ou se ele poderia sair de Acácias. Comecei a perceber que eu não sabia nada sobre ele.Henry teria nascido aqui? Ou como eu e Belle veio de fora?Soya havia começado a vigiar Belle, seguindo-a por todo lugar, sem dar um minuto de paz. Minha amiga acreditava que talvez estivesse perto de descobrir algo e por isso estava se aproximando mais.Era de madrugada e mais uma vez ouvi os passos de Soya saindo. Essas saídas começaram a me deixar desconfiada, levando-me a tomar a decisão de descobrir o destino de suas escapadas noturnas."Que segredos essa mulher esconde?" — pensei, vestindo meu roupão. Não havia tempo para me trocar adequadamente; eu precisava agir rapidamente. Qualquer informação que descobrisse poderia ajudar Belle a se livrar da sombra dessa mulher!Desci as escadas quase tropeçando em meus próprios pés. Ao abrir a porta, vi Soya virar a esquina