Tina ficou encantada, não tinha ficado com boa impressão do Arthur, agora ele parecia querer impressioná-la. Ele puxou a cadeira para ela, mostrando-se muito gentil e cavalheiro. Depois ele fez o mesmo comigo e sentamos enfim para jantar. As criadas sentiam o clima de alegria e brincadeira no ar. Elas foram para a cozinha e lá falaram a esse respeito. Antônia sentou-se à mesa de mármore e começou a falar empolgada: — Eles são jovens e fazem bem para a patroa! Essa menina é maluquinha, até o patrãozinho está contaminado pela alegria dela! — É verdade. Eles se entendem e ficam em harmonia— Januária concordou sentando, e se servindo do suco que estava na jarra, no meio da mesa. Antônia suspirou pensativa. — Não seria melhor que ela tivesse se casado com o patrãozinho? — Ela ama o doutor Romeu, Antônia. Essas coisas não tem explicação! Ela sentiu amor à primeira vista por ele! — Mas o patrão tem coração de gelo, ele não se apaixona! Januária s
Movido por um impulso, Arthur segurou o rosto de Tina com as duas mãos. — Você é perfeita, garota! Depois disso, ele puxou a moça para um breve toque nos lábios, mas ela lhe surpreendeu, enfiando a língua na sua boca e os dois começaram a se beijar ardentemente. Arthur a afastou ofegante. — Não faça isso, ou eu não respondo por mim! Você não sabe a quanto tempo estou sozinho e carente. Tina riu e puxou o rosto de Arthur, voltando a lhe beijar. — Não, não posso!— Ele se afastou desesperado. — Não pode, ou não quer?— Tina provocou maliciosa. Arthur engoliu em seco e arrumou a gola da camisa, nervosamente. — Melhor não misturarmos as coisas! Você é amiga da minha madrasta, e isso pode gerar um mal estar futuro! Tina enlaçou o pescoço de Arthur e se ofereceu para ele. — Antes de qualquer coisa, eu sou mulher e muito bem resolvida, se você quer saber! — Mas deve ter no máximo dezenove anos, como a sua amiga! — Eu deixei de ser virgem muito novinha, meu caro,
— Tina!— eu exclamei avançando pelo corredor. Ela parou na minha frente e eu a abracei. — O que aconteceu?— eu quis saber. Tina não conseguia falar, estava estranha, parecia querer chorar, eu nunca a tinha visto tão fragilizada! — Eu transei com o seu cunhado, dentro da sua casa, estou péssima com isso!— ela falou isso e saiu andando em direção ao quarto que destinei a ela, no final do corredor. Eu fiquei preocupada e fui atrás, falando sem parar: — Eu estava indo para o seu quarto, amiga! Eu não me importo que se relacione com o meu cunhado, eu juro! Tina parou segurando a maçaneta do quarto. — Tem certeza? — A minha preocupação é se ele se apaixonar, você sabe… Ela me interrompeu: — Eu sou volúvel, não é isso que quer dizer? Eu fiquei sem jeito, atrapalhada. — Amiga, não fique chateada comigo, por favor, é que o Arthur é um rapaz tranquilo, sério e… — Sério!— ela riu zombeteira, no meio da sua tristeza. — É, amiga! Ele namorou uma moça aí, mas foi só p
Eu olhei para Tina esperando que ela soltasse uma das suas brincadeiras, mas ela começou a gaguejar estranhamente. — Nós, nós só… Arthur ficou olhando para ela segurando o riso, como se tivesse domínio total sobre a poderosa senhora blindada, coração de pedra, como ela gostava de se denominar. Eu olhei curiosa para Arthur, querendo participar daquela história, mas Tina bufou nervosa e saiu andando. — O que está acontecendo aqui? Posso saber? Arthur respondeu sem tirar os olhos da fujona, que já ia longe: — Acho que ela está me evitando. — Arthur, a Tina é durona, ela não se apaixona nunca!— achei melhor falar logo para ele. — É mesmo?— Havia um quê de sarcasmo na voz dele. Eu resolvi ir atrás da minha amiga, enquanto Arthur ficou nos esperando voltar. — Amiga, o que está acontecendo? Precisa desabafar comigo, você não é assim! O que deu errado na sua transa com o Arthur? Por que não dormiu no quarto dele? Ele não quis, foi isso que te c
Arthur pareceu arrependido de ter comentado o assunto comigo, mas já era tarde. Eu respirei fundo e me segurei para não sair correndo dali. Eu sempre fazia isso, quando alguma coisa não ia bem, mas por respeito às minhas amigas, eu me segurei. — Calma, amiga, respira!— Tina disse colocando uma mão nas minhas costas por trás da cadeira. Arthur observava as preocupações das meninas comigo e ficou visivelmente nervoso. Ele levantou-se e foi para longe, falar ao celular, onde não podíamos lhe ouvir. — Arthur! E aí, deu certo? Ela acreditou, não foi? O plano é perfeito!— era Ailton, um primo mais chegado, do outro lado da linha. Arthur andava inquieto, passando a mão pelos cabelos enquanto falava: — Não sei, não sei primo! O Rui tinha razão, isso é muito arriscado, ela está grávida! Rui não quis participar daquilo. Ele era mais sério e gostava muito do meu marido. Ele dizia sempre que o tio Romeu já tinha sofrido muito, e que eu poderia ser uma chance para
— Boa noite, querida!— A voz dele era tão sedutora. Eu tremia segurando o celular com as duas mãos. — Romeu, o almoço de negócios foi hoje, não foi? Você vai voltar para casa logo, não vai? A que horas chega amanhã? Ouvi uma risadinha carinhosa dele. — Calma querida, eu devia pegar um voo agora a noite, mas houve um imprevisto, terei que ficar mais dois dias! — Não!— eu quase gritei e joguei o telefone longe. — Alô, Juliette! Alô, Juliette, está tudo bem?— A voz insistia. Eu observava o celular num canto, no chão, perto da janela e chorava inconformada. Na minha mente só vinha a dama de companhia. Imaginava uma mulher linda do lado do meu marido, com uma roupa sensual. Um longo vermelho com um detalhe mostrando a sua coxa. Meu Deus, eu podia ver a taça de champanhe na mão dela, os dois se beijando e se amando naquele quarto de hotel. A dor era muito grande! Meu corpo foi perdendo as forças e eu fui tentando me segurar na parede até alcançar o chã
Arthur suspirou pensativo. — Eu sinto que você está iludida, Juliette. O meu pai tem o coração blindado, ele não se apaixona. infelizmente, ouvi minha mãe dizer isso à vida toda! Ainda tentei justificar os atos do Romeu, com relação a falecida: — Ela o fez acreditar que ele não era importante! — Isso era uma forma de defesa! Houve um silêncio. — Você já se declarou para o meu pai?— Arthur desfez o mal estar, voltando a falar. — Não creio que seja necessário, uma vez que ele não se apaixona! Provavelmente, vai se aproveitar disso para me manipular e aceitar todas essas regras absurdas desse mundo hipócrita de vocês! Arthur não se ofendeu, ao contrário, saiu dali satisfeito. Tina entrou em seguida. — Amiga, quer que eu durma aqui com você esta noite?— ela era carinhosa demais. Eu a abracei e lhe sorri. — Pode namorar bastante o meu enteado, ele deve estar muito carente! Tina se recusou, meneando a cabeça insistentemente. Eu
Tina me olhou curiosa. — E por que eu faria isso? Eu dei de ombros e saí andando, enquanto falava: — Sei lá. Eu pensei que talvez estivesse com receio de iludi-lo! Pode ficar tranquila, ele é bem devagar assim mesmo, mas é um rapaz sensato e maduro. Tina me deixou passar na sua frente e ficou me olhando pensativa. Claro que ela não concordava comigo, ela conhecia um Arthur que eu não imaginava que existisse! Quando chegamos lá embaixo, Arthur estava com dois seguranças esperando para levar Tina embora. — Eu vou acompanhá-la, Tina!— ele disse sorrindo misterioso. Eles foram no banco de trás conversando até lá. — É impressão minha, ou está fugindo de mim?— ele sussurrou soprando no ouvido dela. — Claro que não!— ela respondeu rápido. — Esqueci que a senhorita tem o coração blindado!— Arthur foi irônico. Tina olhou aborrecida para ele, ainda abriu a boca para retrucar, depois desistiu e virou-se para frente. — Não é verdade?— ele insistiu baixinho. — Melho