Quando acabei de contar a ela o que aconteceu, não sei quem estava com os olhos mais vermelhos de chorar: eu ou ela.- O que você pensa em fazer, Alexia?- Nada além de me vingar... Eu vivo para isso, Katrina.Ela abriu a bolsa e retirou de dentro o que parecia uma faca, numa bainha de strass. Abriu minha mão e me entregou-a.- Minha querida Alexia. O certo seria eu lhe dizer: tudo isso vai passar. E a justiça será feita. Confie na justiça dos homens e caso não seja como você imaginou, acredite na divina. Mas você deve saber que isso é a maior mentira do mundo. Porque quando você é ferida desta maneira, não atinge só o seu corpo. Atinge a sua alma. E você nunca vai voltar a ser a mesma, meu amor. A Rainha Anne foi a responsável pelo aborto do meu primeiro bebê. Ela me jogou da escada, sem um pingo de emoção ou remorso. E de tudo que ela havia feito, para a morte de meu filho era a única coisa que não havia perdão.- Então...- Eu a matei. Cheguei a pensar que não conseguiria. Mas não
Assim que o dia raiou eu já estava no carro, a caminho do local onde combinei com Gael. Não havia mar em Alpemburg, então tivemos que ir para o país vizinho, que era próximo.Eu estava ansiosa por terminar logo a parte de Laura. Cada um que recebia o troco me aliviava de alguma forma. Eu não queria que o bebê nascesse antes de eu ter terminado até a última vingança. Assim que ele estivesse em meus braços, seria só amor... Não teria espaço para nenhum outro sentimento. Ao menos eu não queria sentir mais as coisas ruins que tentavam tomar conta de mim o tempo inteiro e o ódio que me atormentava.Gael me ajudou a embarcar no iate. O sol estava atrativo e quente e assim que adentrei, desaportamos e seguimos viagem pelo mar.- Como foi? – perguntei.- Tudo conforme o planejado, Alteza. Foi fácil convencê-la a vir comigo.Me sentei num banco de couro e deitei minha cabeça no encosto, deixando o sol esquentar meu corpo e iluminar meu rosto.Em pouco tempo, Gael trouxe Laura. Levantei meus óc
No meu primeiro dia enquanto rainha a manhã foi tumultuada. Atendi tantas pessoas que quando era meio dia eu já estava esgotada.- Você não vai aguentar deste jeito. – falou meu avô sentando na minha frente.- Faço questão de participar de tudo.- Estou filtrando o que é mais importante. O resto estou resolvendo sozinho. Dei algumas responsabilidades para Gael também.- Mas vô, as responsabilidades de Gael não são estas.- Sei bem que ele é o responsável pelo trabalho sujo. Mas vai fazer também o limpo. E sabe que eu não tenho medo de você, Majestade. Afinal, troquei suas fraldas.- Ah, vô, assim você faz eu parecer um bebê. E se algum ouvir vai me achar uma “rainha fedelha”.Ele riu, depois falou sério:- Precisa ter cuidado com o bebê que carrega. Não pode trabalhar em demasia.- Eu estou feliz com tudo isso, acredite.- Já comeu alguma coisa?- Desjejum... No castelo.- Almoço? – ele olhou no relógio.- Não... O almoço é comigo, Sean. – falou Andrew entrando pela porta. – Vamos, Al
*Um dia antes do casamentoEu estava nervosa. O casamento seria no dia seguinte e esperei exatamente aquele dia para contar a todos. Pedi que Henry e Pauline levassem Alexia para o mais longe possível do castelo de Noriah e a ocupassem por toda a tarde. Não permiti que voltassem com ela antes do anoitecer. Ainda assim teriam que falar comigo antes, para se certificarem de que ela realmente podia voltar.Eu sabia que ela estava com bastante coisas ainda par resolver com relação ao casamento. Porém desta vez ela não saiu sem seguranças, tampouco sozinha, mesmo estando em Noriah. A segurança dela e do bebê não deveria ser de forma alguma negligenciada.Eu senti Alexia muito feliz com o casamento. Mesmo com tudo que houve, pude ver alegria nos olhos dela. Eu sabia o quanto ela amava meu filho e o quanto ele era louco por ela. Estavam a um passo de se acertarem em definitivo.Sim, quando ela me contou seu segredo, me fez jurar não passaria adiante. Eu não jurei, pois sabia que jamais poder
Quando desci as escadas encontrei meu pai. Ele andava de um lado para o outro, nervoso.Comecei a rir:- Parece que você é o noivo, pai.Ele me olhou e sorriu impressionado:- Você está linda, Majestade, minha filha, Alexia D’Auvergne Bretonne.Minha mãe desceu comigo, ainda arrumando o vestido. Aimê não pôde sair do quarto, conforme orientação médica.Meus pais me abraçaram um de cada lado, ao mesmo tempo, fazendo com que eu chorasse de emoção. Há tempos eu não recebia tanto amor e carinho dos dois. Por mais que Aimê não tivesse um doador ainda, nós nunca desistimos. E eu ainda tinha a certeza de que aquele serzinho que crescia dentro de mim era tudo que precisávamos para salvar Aimê... Bem como o meu relacionamento com Andrew Lobo Mau.Eu não entendia o motivo, mas parecia que alguma coisa havia mudado neles naquele dia. Seria pelo meu casamento? O bebê? Noriah?- Nos perdoe pelo tempo que não lhe demos, meu amor. – minha mãe limpou minhas lágrimas.- Não quero estragar a minha maqu
Então eu o vi, chegando no seu carro em alta velocidade, quase atropelando algumas pessoas que estavam na frente.Ele parou o carro na minha frente e abriu a porta. Estava com os cabelos desarrumados e a gravata sem o nó.Andrew pegou a minha mão e olhou no fundo dos meus olhos:- Onde... Você estava? – perguntei, tentando não derramar nenhuma lágrima. Estava completamente confusa e nervosa.Não sei se eu sentia medo, tensão, amor... Era tudo ao mesmo tempo quando o vi ali, na minha frente, tão lindo, tão perfeito, tão ele... Enrolado com o nó da gravata e os cabelos arrepiados. Acabei por sorrir, limpando a lágrima antes de ela descer pelo meu rosto.- Você veio Chapeuzinho.- Achou que eu não viria?- Eu... Não sei.- Se você não quiser me perdoar, sinceramente, eu entendo. Quase acabei com a sua carreira. E se quiser saber porque eu não contei antes... É porque até pouco tempo atrás eu achava que me vingar de você era o que mais importava e que isso resolveria toda a minha vida. Ma
Depois do almoço de recepção, que mal consegui estar presente de corpo e mente, liguei para minha mãe:- Mãe, como está tudo por aí?- Ainda não chegamos ao hospital. Por que mesmo você não está aproveitando o almoço do seu casamento?- Estou ansiosa sobre esta possível medula encontrada para a Aimê.- Alexia, eu e seu pai vamos cuidar de tudo isso. Você tem a obrigação hoje de ser feliz. Só isso.- Parece que Kat reservou dois dias numa praia para nós... Mas estou pensando em não ir. Não quero estar longe caso a monstrinha faça o procedimento.- Você irá sim. Avisarei assim que tudo estiver acertado. A única coisa que me falaram foi que encontraram um possível doador, com medula compatível. Não falaram sobre o procedimento e nada mais. Precisa ir com Andrew e ficar estas 48 horas longe de tudo. Pense em você, seu marido e seu bebê. Só isso e nada mais. Depois voltará para Alpemburg e sabe muito bem que ser rainha não é nada fácil.- Vou tentar. – suspirei.- Não vai tentar. Vai ir...
A pequena ilha, embora afastada de tudo, ainda pertencia a Noriah. O tal hotel não era o que eu esperava. Era simplesmente muito melhor. Pequenos bangalôs, distantes uns dos outros, eram o que o lugar oferecia. O serviço prestado aos hóspedes era 24 horas e todas as refeições eram servidas no bangalô.Retirei meu sapato assim que fomos encaminhados ao lugar onde ficaríamos nos próximos dois dias. Sentir a areia quente e fina sob meus pés era simplesmente maravilhoso.Subimos a pequena escada de madeira gasta pelo tempo e maresia, com cinco degraus e nos deparamos com a varanda perfeita. A área frontal do bangalô era de vidro, com vista para o mar. E dali não se via os demais bangalôs, tampouco hóspedes.- Cada bangalô tem sua área privada de praia. Então não encontrarão ninguém por aqui... A não ser que queiram. – avisou o homem que nos atendeu.- Este lugar é lindo. – falei, sentindo a brisa morna e com cheiro de maresia invadir minhas narinas.- Querem que eu mostre o restante do lo