No sábado eu e Pauline preparamos a sala de projeção para assistirmos ao vivo a primeira corrida de Andy no GP. Quando cheguei ao local, ela havia mandado trazer pipocas, doces e sucos. Estava sentada, com toda aquela comida à sua volta.Sentei ao lado dela e peguei um punhado de pipocas:- Você vai ficar gorda. – avisei.- Estou comendo por dois.- E vai engordar por dois.- Foda-se. – ela pegou um chocolate. – Acha que Andrew vai vencer?- Espero que sim.- Ele deve estar nervoso.- Kat e Magnus estão lá. Certamente o deixarão mais tranquilo.- Você não quis ir?- É muito longe... E ainda estou com um pingo de esperança de convencer nossos pais a não me mandarem para Avalon.- Por que você resiste tanto?- É muito longe, Pauline. Você não foi para um lugar tão distante. Por que eu tenho que ir?- Porque pelo visto nossa mãe quer que você conheça o tal rei de Avalon, que era ou é amigo dela.- Deve ser porque eu sou a filha do meio e ninguém se importa em que lugar do mundo eu vou es
- Mas o que aconteceu? – perguntei enquanto descia as escadas correndo atrás de Sean, ainda colocando meu casaco.- Não sei nada ao certo. – ele estava nervoso. – Vi no noticiário e logo em seguida seu pai ligou. Ele estava confuso. Eu só disse que estava indo para o hospital. Nem sei o que pensar.Entramos no carro e ele ordenou a um dos seguranças que nos seguisse em outro carro. Sempre que eu saía com meu avô, não tinha seguranças. Ele sempre foi muito seguro sozinho. Talvez as coisas estivessem bem pior do que eu imaginava.Eu tremia e tentava pensar que não havia sido nada grave e minha irmã Pauline estava bem. Se acontecesse algo com ela, eu seria capaz de morrer. E minha mãe e meu pai... Não resistiriam.Enquanto Sean dirigia, sem falar nada, atento e preocupado, mais veloz que o normal, segurei sua mão firmemente. Ele me olhou de soslaio de disse:- A impressão que tenho é de que tudo está desmoronando sobre nós.- Eu não aguento mais tudo isso, vô. Me sinto tão sozinha... Eu
Assim que Pauline e Alexia se foram, eu sentei na poltrona e deixei as lágrimas mais uma vez invadirem meus olhos, escorrendo quentes pela minha pele. Mandá-las para longe doía tanto quanto saber que Aimê estava doente e o tratamento poderia não dar certo. As chances dela, embora existissem, eram poucas.Estevan trancou a porta da sala de estar do hospital com a chave e ajoelhou-se no chão, deitando a cabeça sobre minhas pernas e chorando feito uma criança. Minhas lágrimas se misturavam às dele e não tenho certeza de quanto tempo ficamos ali, cada um sofrendo sua própria dor, sabendo exatamente o quanto doía em cada um de nós.- Acha que fizemos o correto? – ele me perguntou, passando o braço no rosto, tentando secar as lágrimas.- Nunca vamos saber.- Elas estão indo para longe de nós... Como nunca estiveram antes, Satini.- E pela primeira vez estamos separados... Sinto como se nossa família...- Estivesse se perdendo. – ele me olhou, alisando meu rosto.- Estevan, conversamos sobre
Não consegui dormir durante o voo. Estava tensa e preocupada. E ainda incrédula com tudo que estava acontecendo comigo e com minha família.Assim que o jato aterrissou, fui recebida por um motorista, que me conduziu ao carro, juntamente com meus pertences. Eu sequer sabia o que havia nas malas.Como eu não tinha interesse em conhecer Avalon, pouco me importei em olhar pela janela para ver como era o país. Estava muito escuro e eu nem sabia que horas eram. Olhei meu celular e percebi que estava sem sinal.- Meu celular está sem sinal. – falei ao motorista. – Sabe me dizer o motivo?- Os telefones não funcionam muito bem em Avalon. Como o rei Stepjan era contra a tecnologia, acabamos ficando um pouco privados disto por um tempo. Embora a rainha ainda tente nos colocar no mesmo patamar que os demais países com relação a isso, caminhamos a passos lentos. – ele explicou.- Então... As pessoas não usam celulares?Ele sorriu e me olhou pelo retrovisor:- Eu disse sinal ruim e às vezes sem si
Despertei com a claridade do sol invadindo a cama. Abri meus olhos e olhei para a mulher parada ao meu lado, me observando atentamente.Dei um salto na cama, preocupada:- Quem é você?- Bom dia para você também. – ela ignorou minha pergunta, pegando uma cadeira e sentando de frente para mim.- Eu... Fiz algo errado?- Eu estou aqui tentando entender como Sam deixou você vir para cá. E sinceramente, não consigo chegar a uma conclusão.- Eu juro que não estou entendendo. – falei completamente confusa.A mulher tinha olhos claros e cabelos castanhos. Era bonita e aparentava ter uns trinta anos.- Eu sou Emília Beaumont. Irmã de Sam.- Emília? Prazer conhece-la. – estendi minha mão, incerta se ela aceitaria.Mas ela pegou minha mão, cumprimentando-me ainda compenetrada nas minhas atitudes.- Por que Samuel não deveria ter me deixado vir para cá? Sinceramente... Eu não sei nada sobre este lugar... Ou a sua família.- Sua mãe nunca lhe contou sobre o envolvimento dela com Sam?Olhei-a e nã
Alex era um ótimo professor, embora a história de Avalon pouco me importasse, mesmo sabendo que minha mãe fazia parte dela. Prestei muita atenção a tudo que ele falou e fiz minhas anotações. De certa forma voltar a estudar me fez esquecer um pouco os problemas que existiam ao meu redor.- Já estou apaixonada por este professor. Dá para ter aula de História todos os dias? – Mirella me olhou, rindo.- Não basta ser bonito... Ainda é um ótimo professor. – observei.- É impressão minha ou ele olha para você mais do que deveria?- Impressão sua... – falei confusa.Mas passei a prestar mais atenção. E sim, enquanto ele falava por vezes eu sentia o olhar dele sobre mim. Certamente estava reconhecendo meu rosto de algum lugar. Duvido que lembraria de mim em Noriah, a garota que perdeu o celular.Assim que a aula encerrou, guardei meu material e coloquei a mochila nas costas quando ele me chamou:- Alexia... Poderia vir aqui um minuto?Ele estava a guardar seu material. A maior parte dos meus
A semana passou voando. Realmente estudar me ocupava bastante a mente e embora eu estivesse com muita saudade da minha família, Avalon e a faculdade havia feito bem para mim.Emy e Emília eram bastante ocupadas. Eu as via somente durantes as refeições, quando eu participava. Costumava almoçar e jantar algumas vezes na faculdade. Em poucos dias me aproximei de Mirella. Fazíamos várias aulas juntas e conversávamos um pouco, embora nada importante ou comprometedor. Até porque eu não podia ser tão sincera com ela como ela era comigo.Sam sempre tinha tempo para mim. Diariamente me perguntava como havia sido o meu dia e se importava se eu estava gostando dali. Tive pena da minha mãe se um dia ela teve que escolher entre Sam ou meu pai. Porque ele era simplesmente encantador. Sempre que eu olhava para ele, me perguntava se eles tinham dormido juntos alguma vez e eu corava só de pensar. Claro que não perguntaria para ele. Mas sim, eu perguntaria para ela. Ou a curiosidade me mataria.Eu fala
- Não... Nada além de eu estar morrendo de saudades.- Eu também liguei para você e não fui atendida. Mandei mensagens que sequer foram visualizadas.- Ei, Chapeuzinho... Acalme-se.- Você está calmo, Andy?- Me desculpe, Ale... Você não está bem?- Deveria estar?Houve um silêncio que pareceu uma eternidade do outro lado da linha, quebrado por Andrew:- Desculpe não ter atendido ou respondido as mensagens. Tenho uma corrida importante neste final de semana. Tenho treinado intensamente.- Eu sei, Andy. Mas eu sinto saudade... Muita saudade. Eu estou sozinha aqui.- Também estou sozinho, Ale. Mas sabíamos que seria assim. Combinamos que quando Aimê melhorar nos casaremos.- Daí você achará viável eu largar tudo e ficar com você?- Ale, eu juro que estou tentando entender a sua fúria, mas não consigo. O que você quer de mim?- O que “você” quer de mim, Andy?- Eu só quero você, Ale. E estou disposto a tudo, inclusive esperar enquanto estamos a milhas de distância...- Me sinto só... Sem