Assim que os empregados pegaram nossas malas, eu e Andrew subimos as escadas do castelo de Alpemburg. Ocuparíamos o que agora seria “nosso” quarto. Haviam sido dois dias perfeitos. Pena que acabaram. Mas o bom é que nada era eterno: nem as coisas ruins podiam ser.Subimos as escadas abraçados. Era como se não fôssemos nos separar, nunca mais.A empregada nos levou ao quarto que passaríamos a ocupar. E eu sequer havia escolhido. Certamente minha mãe havia tomado conta de tudo. Ou não... Pois ela estava subindo com meu pai trazendo na mão uma pequena mala de viagem, que costumava levar quando fazia voos rápidos.Nos encontramos todos na porta do meu quarto. E olhar para meus pais, sabendo que eles estavam a par de tudo que tinha acontecido comigo e Alexander me dava muita vergonha.- Como foram de viagem? – meu pai perguntou, tentando parecer normal.Mas eu conseguia sentir a tensão na voz dele.- O que houve? – perguntei.- Precisamos conversar... Agora. – disse minha mãe decidida.- O
Naquela manhã despertei nos braços de Andrew, como costumava acontecer todos os dias. Dentre todas as coisas perfeitas do nosso casamento, dormir agarrada a ele e acordar da mesma forma era o que eu mais gostava.Retirei o braço dele de cima de mim e espreguicei-me demoradamente. Fui até a janela e a abri. Estava chovendo. Chuva fina, mas persistente. E eu precisava me preparar para mais um dia como rainha de Alpemburg. Eu não podia mentir para mim mesma que eu não estava gostando daquela situação de ser rainha, porque eu estava. Ainda assim, eu contava os dias para ser uma pessoa normal novamente, se é que algum dia fui, nascendo uma D’Auvergne Bretonne.O que eu mais sentia falta era de tempo. Tempo para mim, para Andrew, para pilotar, principalmente. Fazia muito tempo que eu não entrava num carro e corria em alta velocidade. E isso ainda estava na lista das coisas que eu mais amava na minha vida. Fazer amor com Andrew estava em primeiro lugar.Senti os braços dele me envolvendo por
- Pai, você precisa ajudá-lo a fugir... – falei.Os dois entraram no quarto e meu pai trancou a porta com a chave.- Alexia, o que houve... Você está... – minha mãe começou a limpar o sangue do meu rosto com sua mão.Os levei até o banheiro. Andrew permanecia no chão, sentado, com as costas escoradas na parede.- Ele precisa fugir... Ele precisa fugir... – eu comecei a andar de um lado para o outro.- Andrew, o que você fez? – meu pai perguntou.- Eu matei ele... Me perdoe, Estevan... Eu o matei. – ele disse em desespero.- E... Aimê? – minha mãe sentou-se no chão, completamente desnorteada, com as mãos trêmulas.- Andy, levante-se daí agora e fuja... Eu não posso ficar sem você, entendeu?Ele me olhou, ainda parecendo em choque. Fui até ele e peguei suas mãos, fazendo-o levantar-se.- Você não vai me deixar novamente, entendeu? Nós vamos ter um filho... Eu vou esconder você.- Alexia, você está louca? Vou chamar um advogado. – meu pai falou.- Não vou aceitar que o prendam pela morte
Fiquei algumas horas sem Andrew. Antes da noite ele foi liberado, aguardando Alexander ter condições de depor. Alegavam que ele havia retirado Alexander do Hospital de Avalon sem permissão dos médicos bem como do próprio Alexander. Como Andrew fez isso: ninguém soube, nem mesmo nós. Levando em conta que ele subornou os guardas na sua primeira estada em Alpemburg para entrar no meu quarto durante a noite, tudo era possível. Olhando as imagens das câmeras, Alexander era só uma vítima. Um porbre coitado retirado de seu leito hospitalar, agredido por “entrar no castelo de Avalon sem permissão”. O que ninguém sabia era tudo que Alexander havia feito. E que ele já estava recuperado, certamente aguardando qualquer deslize para se sair bem novamente. Estava curado do tiro e fingindo estar pior do que realmente era seu estado com os socos de Andrew. Um abusador agressivo, que gostava de violar mulheres indefesas, com um canivete dentro de um hospital enquanto se recuperava de um tiro. E por i
- Estou chamando os advogados. – minha mãe pegou o celular.- Não podem levar meu marido. Como assim o acusam da morte de Alexander? Acabamos de saber que ele escapou, não que estava morto.- Recebemos uma ligação do próprio Alexander, dizendo que estava fugindo de Andrew Chevalier, que o perseguia. Encontramos muito sangue no local, de Alexander Perez. E havia sangue de Andrew Chevalier também.- E o corpo? – terminei.- Não... O corpo não estava no local. Mas a equipe já está investigando tudo neste momento. Não há como ele estar vivo com tudo de sangue que perdeu.- Droga, vocês não podem acusar Andy só por causa disto.- Seu marido tentou matar Alexander Perez algumas semanas atrás, Majestade. Também já havia agredido ele no aeroporto, meses atrás.Ele irá prestar depoimento e depois veremos se será liberado ou não, na delegacia. Como eu disse, havia sangue de Andrew Chevalier com o de Alexander Perez.- Se não há corpo... Não há morto. – falei, confusa. – Andrew, você tem algum co
- Sean ficou no lugar de Andrew. – meu pai falou.- Como assim ficou no lugar de Andrew? – perguntei, confusa.- Ale, ele chegou na delegacia e simplesmente disse que foi ele que matou Alexander e escondeu o corpo. – Andrew disse, abaixando a cabeça.- Andy, e você me fala isso assim?- Ele ainda disse que escondeu o corpo. – Magnus riu.- Magnus, isso não é uma brincadeira. – falei, brava.- Querida, seu avô só queria que Andy saísse da cadeia. – falou Kat. – Claro que ele não matou Alexander.- E se ele matou? – Pauline questionou. – Meu avô faria isso por Alexia.- Alexander não está morto. – eu disse. – Tenho certeza.- Exato. Por isso os advogados estão todos lá. Em pouco tempo Sean estará no castelo conosco. – falou meu pai.- Não mesmo. – levantei, retirando o gel da minha barriga com os papéis toalha que haviam ao meu lado.- Alexia... Espere. – o doutor Lince veio até mim.- Doutor, já acabou? Amo ver Arthur, mas neste momento eu preciso tirar meu avô inocente da cadeia.- Tu
Eu estava preparada para ele. Sem fazer nenhum ruído, peguei o punhal de trás do travesseiro. Respirei fundo e senti alegria por saber que ele estava ali. A hora dele havia chegado.Retirei o punhal da bainha e me pus sobre ele, colocando a lâmina pontiaguda no seu pescoço.A cortina balançou com o vendo e a luz da lua cheia iluminou o quarto. Vi Andrew imóvel, com os olhos abertos, me encarando.Ele levantou os braços calmamente e disse:- Me mate, Chapeuzinho. Mas não antes de fazer amor comigo.Eu tive vontade de chorar. Eu quase matei Andrew. Mas ao mesmo tempo a reação dele me fez rir em meio às lágrimas.Ele ligou a luz e me encarou, ainda sobre ele. Pegou tranquilamente o punhal da minha mão e limpou minhas lágrimas:- Sonho? – ele perguntou.- Pesadelo...- Não... Se você conseguiu pegar o punhal e tocou nele, foi um belo sonho.- E se eu tivesse cortado sua garganta? – solucei, em pânico.- Você não cortou... Porque eu não sou ele. Vai fazer isso nele, entendeu?Assenti, com
Assim que desembarquei em Noriah, Katrina me esperava, num carro que ela mesma dirigia. A abracei com tanta força quando a vi que tenho a impressão até de que a machuquei.- Me diz que não é um sonho, Kat.- Não é um sonho, meu amor. Digamos que é... Meu presente adiantado para Arthur, que ainda não nasceu.Suspirei e confessei:- Não sei como será a minha reação.- Vamos logo.Entrei no carro enquanto ela começou a dirigir.- Onde você o encontrou?Ela ficou um tempo em silêncio, depois disse, apreensiva:- Bem, ele está há um tempo em Noriah.- Como assim?- Desde a fuga, morte ou desaparecimento há dois meses atrás, quando Andy foi preso em Alpemburg.- Eu... Não estou entendendo.- Andy o pegou em Alpemburg, depois que ele fugiu de Avalon. Certamente estava planejando algo mais cruel, acredite. Sim, tinha muito sangue quando ele ligou para a Polícia dizendo que meu filho estava atrás dele. E sim, Andy o perseguia mesmo. E por isso talvez realmente tenham encontrado sangue de Andy