Capítulo Três

Parte 1...

Eu sei que às vezes eu sou um pouco exagerada com as coisas e até acabo fazendo besteira, mas algumas vezes eu também acerto.

Depois que me separei eu fiquei mais seletiva e mais exigente com os caras. Talvez até demais.

Quando minha obssessão com Artur começou, acabei tendo uns casinhos rápidos só para me aliviar da pressão de não poder transar com ele. Mas foi tudo bem passageiro mesmo, até mesmo porque eu não tinha a intenção de me envolver com nenhum deles.

E conversando com amigas, notei que a maioria dos homens fala muito e faz pouco. Se eles soubessem o que nós mulheres falamos sobre eles, teriam mais cuidado quando fossem transar.

Poucas vezes ouvi uma mulher realmente elogiar um homem na cama. A maioria diz que sempre falta algo ou que mudariam alguma coisa.

Eu até entendo isso. Também cheguei a achar que meu ex-marido era grande coisa porque minha experiência de antes tinha sido bem comum.

Só depois fui entendendo conversando e lendo mais sobre o assunto. Hoje tenho vinte e oito anos e me sinto bem mais solta sobre sexo e sobre minhas vontades e desejos.

Acho que a questão do Artur não ter dado em cima de mim, me deixou ainda mais ligada na dele. Tipo um desafio, sabe.

Eu queria muito que ele tivesse interesse em mim, nem que fosse só para uma transa rápida. Acho que isso iria me fazer esquecer dele.

Corri atrás de uma fantasia que coubesse no meu orçamento e que me fizesse ficar bonita e irresistível aos olhos de Artur.

A noite da festa chegou.

Ansiosa e nervosa, me arrumei toda, me perfumei e me olhei no espelho várias vezes antes de criar coragem de sair de casa e me enfiar no táxi.

Quando o carro parou em frente da casa me dei conta de que ali era outro mundo diferente do meu.

Primeiro que não era uma casa qualquer. Era uma mansão com um muro enorme e alto. Só a entrada já me fazia ter calafrios de arrependimento.

Era um outro mundo que eu não estava habituada a conviver. Dava para ver que era coisa de gente rica, de sociedade fresca.

Era como em um filme, só que eu já estava ali, já tinha gastado uma nota com a fantasia e o táxi e não ia voltar para casa assim.

Respirei fundo e criei coragem. Olhei para os convidados chegando e alguns já entrando pelo portão alto e decorado da casa.

Confesso que até fiquei excitada com o perigo de ser descoberta. Fazia tempo que eu não tinha a ousadia de fazer algo errado.

Será que era errado? Eu não sei.

Eu nunca fui covarde e sempre fiz muita coisa que pede força e determinação. Já fiz dois anos de arte marcial em um cursinho perto de casa, já surfei muito, mergulhei, escalei algumas vezes.

Esse tipo de coisa que pede coragem. E estar ali era quase como um esporte de risco. Eu tinha que saber entrar e sair dali sem ser descoberta.

E ainda tinha que ganhar o prêmio maior que eu estava buscando.

Artur Bova. O homem dos meus sonhos.

A adrenalina percorria meu corpo me deixando acesa e alerta. Ir até ali atrás dele era como seguir um rio desconhecido cheio de correntes que poderiam me levar a qualquer ponto.

Eu não sabia o final do curso.

Desci do táxi ajeitando minha fantasia de Branca de Neve safadinha. Bem curtinha, expondo minhas pernas e se desse vacilo, minha calcinha.

Na verdade era tipo um shortinho, só que de renda amarela com um forro na frente, mas atrás o forro era minúsculo e minha bunda ficava exposta. Se eu me abaixasse só um pouquinho, todos poderiam ver a “maçã” por baixo da sainha. O decote do corpo azul era bem pronunciado e a cintura marcada.

A máscara que eu usava no rosto não dava para ver bem que era eu. A renda vermelha como a saia era bem bonita e fazia um desenho sobre meu rosto, escondendo bem.

Além disso, eu aproveitei e peguei também a peruca de cabelos pretos, encobrindo meu loiro escuro.

Um batom bem vermelho para deixar minha boca mais ousada e fiz um sinal com o lápis de maquiagem ao lado da boca, fazendo charminho.

A fantasia também tinha uma pequena maçã de plástico que ficava pendurada no meu pulso. Tudo bem erótico mesmo.

Artur nunca iria saber que era eu. Estava diferente do que ele estava acostumado a ver todos os dias no escritório.

Lá eu uso um uniforme, meu cabelo loiro escuro está preso na maior parte das vezes e ainda uso óculos para ler e trabalhar no computador.

Com o coração batendo rápido eu me aproximo dos dois homens que ficam na frente da pequena escada de acesso e com um sorriso entrego o convite para um deles que me sorri de volta.

Ele dá uma olhada no convite e depois em mim, se demorando em minhas pernas. Os sapatos pretos de saltos e as meias brancas presas até minhas coxas deixavam minhas pernas mais compridas.

_ Pode entrar, gostosa de neve - ele brinca.

Eu mexo a peruca e balanço a pequena maçã em meu pulso, sorrindo de volta.

_ Obrigada - pisco o olho para ele.

Muitas pessoas já estão pelo salão. O som da música de carnaval está alto e alguns até estão dançando, já animados. Vejo alguns homens até bonitos em suas fantasias, mas meu interesse e foco já está marcado em outro.

Procuro por Artur, mas ainda não o vejo. Dois piratas passam com bebidas nas mãos, mas eles não são o pirata que eu quero pegar.

Alguns convidados estão tão animados que se drogam sem nem esconder. Realmente o carnaval faz com que alguns percam o pudor de fazer algo e usam a data como desculpa.

Outros bebem, se agarram pelos cantos, pulam e riem eufóricos. Vou abrindo espaço entre eles, caminhando atenta e olhando em volta.

Ando até uma das portas grandes de vidro, assim pego um ar enquanto observo a festa.

Ao lado um casal transa de boa, sem se importar com os outros.

A saia branca e longa está erguida e o homem vestido de lobo tem a braguilha aberta e segurando sua perna a penetra sem parar, enquanto a mulher se agarra ao seu pescoço.

Percebo que ninguém ali está dando a mínima para aquilo. É tudo normal para eles e pelo jeito muitos outros casais devem estar fazendo o mesmo, espalhados pelo local que é enorme.

Saí de perto para não ficar com cara de idiota, olhando o casal. Também não quero ficar assanhada antes de encontrar meu pirata.

Desço dois degraus da escada lateral e de cara vejo um outro casal se beijando e se esfregando, sentados no último degrau.

Dessa vez um casal gay. Os homens se beijam como se estivessem com fome e isso me faz sentir um arrepio. Balanço a cabeça e sigo pela lateral.

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