Parte 1...
Eu sei que às vezes eu sou um pouco exagerada com as coisas e até acabo fazendo besteira, mas algumas vezes eu também acerto.
Depois que me separei eu fiquei mais seletiva e mais exigente com os caras. Talvez até demais.
Quando minha obssessão com Artur começou, acabei tendo uns casinhos rápidos só para me aliviar da pressão de não poder transar com ele. Mas foi tudo bem passageiro mesmo, até mesmo porque eu não tinha a intenção de me envolver com nenhum deles.
E conversando com amigas, notei que a maioria dos homens fala muito e faz pouco. Se eles soubessem o que nós mulheres falamos sobre eles, teriam mais cuidado quando fossem transar.
Poucas vezes ouvi uma mulher realmente elogiar um homem na cama. A maioria diz que sempre falta algo ou que mudariam alguma coisa.
Eu até entendo isso. Também cheguei a achar que meu ex-marido era grande coisa porque minha experiência de antes tinha sido bem comum.
Só depois fui entendendo conversando e lendo mais sobre o assunto. Hoje tenho vinte e oito anos e me sinto bem mais solta sobre sexo e sobre minhas vontades e desejos.
Acho que a questão do Artur não ter dado em cima de mim, me deixou ainda mais ligada na dele. Tipo um desafio, sabe.
Eu queria muito que ele tivesse interesse em mim, nem que fosse só para uma transa rápida. Acho que isso iria me fazer esquecer dele.
Corri atrás de uma fantasia que coubesse no meu orçamento e que me fizesse ficar bonita e irresistível aos olhos de Artur.
A noite da festa chegou.
Ansiosa e nervosa, me arrumei toda, me perfumei e me olhei no espelho várias vezes antes de criar coragem de sair de casa e me enfiar no táxi.
Quando o carro parou em frente da casa me dei conta de que ali era outro mundo diferente do meu.
Primeiro que não era uma casa qualquer. Era uma mansão com um muro enorme e alto. Só a entrada já me fazia ter calafrios de arrependimento.
Era um outro mundo que eu não estava habituada a conviver. Dava para ver que era coisa de gente rica, de sociedade fresca.
Era como em um filme, só que eu já estava ali, já tinha gastado uma nota com a fantasia e o táxi e não ia voltar para casa assim.
Respirei fundo e criei coragem. Olhei para os convidados chegando e alguns já entrando pelo portão alto e decorado da casa.
Confesso que até fiquei excitada com o perigo de ser descoberta. Fazia tempo que eu não tinha a ousadia de fazer algo errado.
Será que era errado? Eu não sei.
Eu nunca fui covarde e sempre fiz muita coisa que pede força e determinação. Já fiz dois anos de arte marcial em um cursinho perto de casa, já surfei muito, mergulhei, escalei algumas vezes.
Esse tipo de coisa que pede coragem. E estar ali era quase como um esporte de risco. Eu tinha que saber entrar e sair dali sem ser descoberta.
E ainda tinha que ganhar o prêmio maior que eu estava buscando.
Artur Bova. O homem dos meus sonhos.
A adrenalina percorria meu corpo me deixando acesa e alerta. Ir até ali atrás dele era como seguir um rio desconhecido cheio de correntes que poderiam me levar a qualquer ponto.
Eu não sabia o final do curso.
Desci do táxi ajeitando minha fantasia de Branca de Neve safadinha. Bem curtinha, expondo minhas pernas e se desse vacilo, minha calcinha.
Na verdade era tipo um shortinho, só que de renda amarela com um forro na frente, mas atrás o forro era minúsculo e minha bunda ficava exposta. Se eu me abaixasse só um pouquinho, todos poderiam ver a “maçã” por baixo da sainha. O decote do corpo azul era bem pronunciado e a cintura marcada.
A máscara que eu usava no rosto não dava para ver bem que era eu. A renda vermelha como a saia era bem bonita e fazia um desenho sobre meu rosto, escondendo bem.
Além disso, eu aproveitei e peguei também a peruca de cabelos pretos, encobrindo meu loiro escuro.
Um batom bem vermelho para deixar minha boca mais ousada e fiz um sinal com o lápis de maquiagem ao lado da boca, fazendo charminho.
A fantasia também tinha uma pequena maçã de plástico que ficava pendurada no meu pulso. Tudo bem erótico mesmo.
Artur nunca iria saber que era eu. Estava diferente do que ele estava acostumado a ver todos os dias no escritório.
Lá eu uso um uniforme, meu cabelo loiro escuro está preso na maior parte das vezes e ainda uso óculos para ler e trabalhar no computador.
Com o coração batendo rápido eu me aproximo dos dois homens que ficam na frente da pequena escada de acesso e com um sorriso entrego o convite para um deles que me sorri de volta.
Ele dá uma olhada no convite e depois em mim, se demorando em minhas pernas. Os sapatos pretos de saltos e as meias brancas presas até minhas coxas deixavam minhas pernas mais compridas.
_ Pode entrar, gostosa de neve - ele brinca.
Eu mexo a peruca e balanço a pequena maçã em meu pulso, sorrindo de volta.
_ Obrigada - pisco o olho para ele.
Muitas pessoas já estão pelo salão. O som da música de carnaval está alto e alguns até estão dançando, já animados. Vejo alguns homens até bonitos em suas fantasias, mas meu interesse e foco já está marcado em outro.
Procuro por Artur, mas ainda não o vejo. Dois piratas passam com bebidas nas mãos, mas eles não são o pirata que eu quero pegar.
Alguns convidados estão tão animados que se drogam sem nem esconder. Realmente o carnaval faz com que alguns percam o pudor de fazer algo e usam a data como desculpa.
Outros bebem, se agarram pelos cantos, pulam e riem eufóricos. Vou abrindo espaço entre eles, caminhando atenta e olhando em volta.
Ando até uma das portas grandes de vidro, assim pego um ar enquanto observo a festa.
Ao lado um casal transa de boa, sem se importar com os outros.
A saia branca e longa está erguida e o homem vestido de lobo tem a braguilha aberta e segurando sua perna a penetra sem parar, enquanto a mulher se agarra ao seu pescoço.
Percebo que ninguém ali está dando a mínima para aquilo. É tudo normal para eles e pelo jeito muitos outros casais devem estar fazendo o mesmo, espalhados pelo local que é enorme.
Saí de perto para não ficar com cara de idiota, olhando o casal. Também não quero ficar assanhada antes de encontrar meu pirata.
Desço dois degraus da escada lateral e de cara vejo um outro casal se beijando e se esfregando, sentados no último degrau.
Dessa vez um casal gay. Os homens se beijam como se estivessem com fome e isso me faz sentir um arrepio. Balanço a cabeça e sigo pela lateral.
Isso me deixa mais acesa por encontrar logo Artur e fazer com ele o que os casais estão fazendo ali.Eu sei como ele é, então tenho que deixar que ele se sinta o caçador. Artur adora ser o macho alfa, então ele tem que se sentir por cima da situação.Se ele achar que eu é quem o caça, é bem capaz de desistir no meio da brincadeira.Ainda não esqueci como pegar um homem, ainda que esteja um pouco enferrujada. Mas estou determinada e não vou desistir agora. Ainda lembro de alguns truques que toda mulher sabe. É fácil.Claro que só valem quando a gente quer transar e nada mais. Se for algo mais sério, tipo um relacionamento ou até um casamento, as táticas são outras e não devem ser confundidas.Cada homem tem seu jeito de predador e eu já sei como é o Artur. O observei esse tempo em que estou trabalhando para ele. Sei como ele gosta de ser o tal e chegar posando de macho. Tudo bem, eu gosto.Artur gosta de ser o cão e a mulher o gato. Ele precisa sentir que está dominando para se sentir
Parte 3...Isso até me arrepia, mas agora o motivo é outro. Não quero mais o policial. Quero o pirata._ Você é muito gostosa - ele diz._ Hum, hum... - é o que respondo.Nossos olhares estão grudados. Está acontecendo. Finalmente.Vejo com raiva e até um pouco de ciúme, a enfermeira se esfregar nele, roçando os peitos no corpo que me pertence.Quero dizer, que eu quero que seja meu, por um tempo limitado, é claro.Meus seios ficam duros enquanto o flerte entre nós dois acontece á distância, com nossos parceiros tentando chamar nossa atenção.Queria puxar aquela garota pelos cabelos e jogá-la na piscina. O pirata é meu.O safado passa a mão pelo corpo da garota, mas continua a me olhar. É tipo um aviso do que pode acontecer se nós ficarmos juntos.E eu quero. Quero muito.É carnaval, porra. Vim aqui só pra isso. Não estou nem aí pra folia. O que eu quero é ele.No carnaval ninguém é de ninguém, mas eu quero esse pirata para mim. Depois a vida segue.Não sei se estou sendo muito confia
Parte 1...E então ele vem pra cima de mim do jeito que eu sempre quis.Segura meu rosto entre suas mãos e desce sua boca sobre a minha. Meu coração dispara e minhas mãos começam a suar.Todo meu corpo se acende com seu toque.O espaço é grande, mas está tão cheio de gente que fica pequeno para nós dois, dançando ali, agarrados daquele jeito.Eu retribuo o beijo enquanto me movo com ele, sentindo a vibração da música se misturar com os tremores de meu corpo.Eu sabia que ele tinha uma pegada diferente, mas não imaginei que fosse tão forte, tão boa. É por isso que ele vive cheio de mulheres.Gostaria de estar em outro lugar com ele e parecendo ler meu pensamento, ele me puxa pela mão e sai comigo entre as pessoas, abrindo o caminho.Vejo a cara de tonto do meu acompanhante ao me ver passar com Artur em direção ao fundo. Ousada e abusada, apenas dou um tchauzinho para ele e continuo seguindo Artur.Sua mão na minha de modo seguro e forte me faz sentir estranha. Mas é bom.Passamos por m
Parte 2...Eu gosto de chupar um pau, fazia muito isso quando era casada, mas agora isso tem outra dimensão, literalmente. É outro tipo de desejo, de excitação.Talvez pelo momento, não sei, mas esse foi o boquete mais gostoso que eu já fiz.O som dos gemidos dele e sua mão em minha cabeça me deixam mais molhada e ansiosa._ Chega - ele diz meio rouco.Artur me ergue, me beija demorado e trocamos seu gosto, excitante. Ele puxa minha calcinha, apressado e com a mão rude, me vira e me inclina sobre a mesa, abrindo minhas pernas.Tudo o que uso agora são as meias até as coxas e os saltos altos.Me apoio no tampo de madeira, empino a bunda e olho para trás, como um desafio.Artur investe contra mim, entrando de uma só vez, me fazendo dar um gritinho por sua estocada forte que me abre, me preenchendo toda.Seguro a borda da mesa para ter apoio contra suas investidas, que fazem meu corpo balançar para frente e para trás, sem parar, rápido e com uma urgência que eu nunca senti antes.Gemo de
Parte 3...Ele me vira, sorri e me beija, me erguendo do chão como se eu fosse leve como uma pena. Me penetra quando eu o abraço com as pernas e anda comigo até a parede, me encostando.Começa a estocar de novo, olhos nos olhos, deixando só os corpos unidos falarem. Me seguro nele, arranho suas costas e mordo seu lábio, atiçando-o.Não falamos mais, só gememos. Nunca pensei que um homem gemendo era algo tão excitante. Eu encaro sua boca cada vez que ele geme.Seu sorriso me deixa louca. Seu queixo me atrai, seus olhos me hipnotizam.Nunca imaginei que eu seria tão fora da casinha assim. Não tenho pudor agora. Artur sabe que estou morrendo de tesão por ele.Quero guardar essa noite para sempre em minha memória, como se fosse tatuagem.Sinto um novo gozo começar e mordo seu ombro, gemendo como uma vadia e choramingando meu prazer para o deleite dele.Já é convencido, vai ficar muito mais agora.Ele goza e um instante depois, me solta devagar e ficamos abraçados, encostados na parede.Se
Parte 1...Quando eu chego em casa, vou logo me enfiando no chuveiro para tirar o grude do chantilly, mas é uma pena que vai sair também o toque dele de minha pele que ainda arde de tesão.Nem acredito que consegui viver essa experiência maluca com Artur.Saio da ducha e começo a me secar como uma zumbi, a cabeça ainda naquela adega. Será que isso vai passar um dia? Vou conseguir esquecer?O relógio marca quase cinco da manhã, nem vi o tempo passar. Então ficamos mais tempo lá dentro nos agarrando do que eu pensei.Mas não reclamo, ao contrário. Queria que fosse ainda mais, isso sim.Me jogo na cama com um sorriso idiota na cara, olhando para meu teto branco. Nem vou vestir nada, vou dormir assim mesmo.Me viro de lado e puxo o lençol fino por cima do corpo. O sono vem logo e já sei que vou sonhar com Artur de novo, mas agora eu tenho um enredo pronto.***************Meu celular toca e vibra sem parar em cima do pequeno móvel branco ao lado da cama. Esfrego os olhos e estico a mão te
Parte 2...Sábado de carnaval. O médico nos diz que podemos levar mamãe para casa.Não sei bem se isso é uma boa notícia. Algo me diz que é a tal melhora antes do fim. Suspiro e agradeço com um sorriso meio chocho.Joana e eu a levamos para casa, junto de suas plantas para animá-la um pouco.Ela passa o dia bem, consegue comer devagar e até vê um pouco do desfile na tevê. Dorme muito e nós ficamos de olho.No domingo ela manda que eu vá embora e eu brinco fazendo de conta que estou com raiva._ Você não me ama mais, é? - finjo estar triste _ Quer me mandar embora?_ Não sua boba - ela ri de leve, com dificuldade _ É carnaval, vá curtir sua festa._ Até parece - torço a boca _ Quantas vezes eu curti o carnaval quando me casei com Armando?Ela balança a cabeça e olha para fora._ Verdade. Aquele homem foi uma desgraça em sua vida - suspirou _ E te deixou com uma mão na frente e outra atrás._ É passado, mãe.Não quero que ela se aborreça por algo que não vai mudar. Ela bate em minha mão
Parte 1...Pois é, a vida estava acontecendo novamente, mas não do jeito que eu queria. Infelizmente.Eu senti muito a perda de minha mãe. Se até hoje eu sinto a falta da minha avó materna, imagine a falta de minha mãe? Vai ser ainda mais.Tive que ligar para Joana e contar. Ela começou a gritar e chorar, desesperada.Eu sabia que seria assim. Ela sempre foi mais molenga pra essas coisas. Eu entendo.O pior mesmo foi ter que ouvir aquele monte de “sinto muito... Uma perda...Meus pêsames... É a vida... Ela descansou”. Me dá até agonia de lembrar.E ainda teve toda a burocracia do enterro, de avisar amigos e família longe, de ligar para funerária e tudo mais. Isso deveria ser feito por outra pessoa que não fosse da família. É muito pesado.Não sei se detesto mais o velório ou o enterro em si, só sei que detesto.Ficar no meio de toda aquela gente, ainda mais no meio de um carnaval. Parece que fizemos de propósito para estragar a festa dos outros.Eu estava ali, de pé, parecendo um urubu