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ENTRE O AMOR E O ÓDIO

― Calada mulher! E para o seu bem nunca mais questione minha masculinidade.

Vincent estava tremendo, Dorothy nunca havia deixado um homem com tanta raiva, não que conseguisse se lembrar naquele momento.

― A senhorita acha que não sei agradar uma mulher?

― Não acho, tenho certeza, do contrário já teria uma, pelo que sei, a única que teve foi seu pai quem lhe arranjou.

Dorothy estava indo muito longe na falta de bom senso, ignorou as consequências de seu súbito atrevimento ao desafiá-lo daquela maneira, mas não poderia negar que estava gostando da reação que causou, como se naquele momento ela estivesse brincando com fogo, seu coração parecia que queria saltar-lhe do peito, estava apreciando a adrenalina.

Vincent soltou seu braço para segurá-la com mais firmeza, com uma mão segurou-a pela cintura próxima ao seu corpo e com a outra mão na parte de trás da cabeça pegando os cabelos de Dorothy entre os dedos, com a respiração descompassada começou a beijá-la, seria impossível fugir de seus braços, porém ela nem tentou, se entregou aquele beijo de tal forma que quando Vincent parou com o beijo seus lábios continuaram procurando os dele.

― Tenha calma senhorita, apenas queria mostrar-te como seu corpo reage quando um homem de verdade a beija, continua achando que apenas sei lutar?

Naquele momento Dorothy sentiu raiva de si mesma, estava tudo sob controle até se entregar aquele beijo.

― Na verdade eu achei que poderia melhorar. Mas se

era só isso, com licença, foi um desprazer ter te conhecido.

Quando ela presumiu que havia tomado as rédeas da situação novamente, deu as costas em sinal de desprezo, foi em direção à porta quando Vincent a pegou no colo e jogou-a na cama imobilizando-a com seu próprio corpo em cima dela.

― Ah, senhorita! Eu vou te mostrar agora o que é prazer e nunca mais vai dizer que foi um desprazer ter me conhecido.

Somente naquele momento ela teve noção do que havia feito ou causado.

― Me deixa sair daqui socorro, socorro! Começou a gritar.

― Ninguém vai entrar aqui a menos que eu mande, poupe seu fôlego senhorita, vai precisar muito dele.

― Me perdoa senhor pelas minhas palavras, não sei o que deu em mim para agir dessa forma, juro que não sou assim me solta por favor, não duvidei de verdade da sua masculinidade, me deixa ir embora.

― Não sou covarde senhorita, apenas queria te mostrar o quanto pode ficar vulnerável, eu não imagino para onde vai quando sair daqui, mas eu te peço nunca mais desafie um homem dessa maneira, ainda mais se tiver a sós com ele, da próxima vez pode não ser um homem honrado, muitas mulheres estão padecendo nas mãos de alguns vermes e por se sentirem com o futuro destruído, muitas acabam tirando a própria vida. Prometa-me.

― Eu prometo, eu nunca agi assim antes, e nunca mais vou agir, me perdoa. Agora deixe-me sair daqui.

Dorothy não sabia se estava com medo dele ou de si mesma, o que estava sentindo, era mistura de emoções que nunca havia experimentado, não gostava do desconhecido, do imprevisto, mas naquela hora não tinha certeza se não gostava, não conseguia se lembrar qual foi a última vez que seu coração disparou dessa forma, que sentiu sua fala embargada pela respiração pesada, ela apenas queria sair dali porque sabia que aquela inconsequente não era ela mesma e quando voltasse a si, se arrependeria profundamente.

― Eu vou te soltar, mas antes me responda com sinceridade, e pode ir embora.

― Respondo o que o senhor quiser! - disse apavorada.

Vincent falou em seu ouvido tocando os lábios em volta de sua orelha:

― A senhorita não sentiu nada mesmo quando a beijei? Tem certeza que não sentiu o mesmo que eu senti?

Naquele momento Dorothy caiu na realidade, e percebeu que só estava tentando enganar a si mesma, Vincent era um homem experiente e sabia quando despertava algo em uma mulher.

Uma parte desconhecida dela a convenceu de que em breve não estaria mais ali, voltaria para o seu mundo e, no seu mundo, nunca havia sido beijada daquele jeito, ela teve então a estranha certeza de que nunca mais seria a mesma, foi então que parou de lutar contra o que estava sentindo e contra ele.

Relaxou seu corpo na cama abaixando a guarda, como um bom guerreiro Vincent soube reconhecer imediatamente seu sinal de rendição. Dorothy fechou seus olhos e com seus lábios, procuraram os dele. Renderam-se um ao outro, como duas pessoas que até pouco tempo estavam se odiando, se ofendendo com palavras, poderiam se entender perfeitamente num beijo?

Vincent não era muito habilidoso com palavras, era um tanto rústico, sem meias palavras, autoritário, mas quando tocava a pele de Dorothy, quando a beijava, provava que falar nem sempre é necessário. Ela lembrou de quando estava no cavalo, que mesmo em face do desespero seu toque lhe despertou sensações, não que eram novas para ela, mas a força com que as sentiu eram novas, seu toque era firme e suave ao mesmo tempo. O calor do momento foi aumentando.

Quando Vincent se deu conta estava tirando a roupa dela. E disse ofegante e desconcertado:

― Perdoe senhorita, me deixei levar pelo calor do momento.

― Não precisa se desculpar, não sou mais criança, me beija, nunca ninguém havia me beijado assim.

Depois do Taylor, Dorothy havia ficado com outros rapazes na faculdade, no entanto não passou de alguns beijos e nada comparado com aquele.

Voltaram a se beijar com a mesma intensidade, ele tentou parar, mas Dorothy não deixou, seu corpo respondia a cada toque, como eles tinham química, dois estranhos, como era possível? Vincent sussurrou em seu ouvido:

― Saia correndo, porque eu não vou conseguir me conter.

― Não vou sair correndo.

― Não quero te fazer mal senhorita, fuja de mim.

― Eu vou ficar bem aqui em seus braços.

 Na verdade, ela estava procurando o que restava de bom senso para se convencer a sair daquele quarto, mas era impossível, havia uma força que a fazia estar ali, estava presa por um magnetismo. Na verdade, ela queria estar ali era ela mesma, só não estava acostumada a querer tomar decisões tão impulsivas.

Foi então que ele a beijou com loucura.

― Cuidado com seus ferimentos.

― Nem estou sentindo! ―  disse sorrindo. ―  Não fique com medo, sei que pode parecer assustador para uma donzela, mas prometo que serei cuidadoso, e se você sentir dor é só me pedir para eu parar.

― Confio no senhor, não estou assustada.

Ela teve uma sensação muito estranha, como se sempre tivesse procurado por Vincent, mesmo não sabendo de sua existência, dentro dela algo falava que aquele era o seu lugar, que era isso que  havia desejado, como se suas vidas tivessem um elo que fosse além da  compreensão, ela sentia que nos momentos de solidão, ficava inquieta era a falta que ele  fazia e apenas ele poderia preencher o vazio, será que isso era sinal de insanidade, mas ela pensou que se  estivesse enlouquecendo não pensaria que estava enlouquecendo, acharia tudo normal.

Amaram-se intensamente, quem sentiu um pouco de dor foi ele nos ferimentos muito recente, Dorothy nunca havia imaginado que fazer amor poderia ser dessa forma, ao mesmo tempo tão intenso e tão sobrenatural, sei que vai parecer piegas o que eu vou escrever, mas foi mágico, nada comparado com a sua primeira vez, na verdade isso fez Dorothy esquecer-se de tal acontecimento, ela desejou que não acabasse mais. Quando terminou, Vincent perguntou.

― A senhorita está bem?

Aquele homem bruto tinha se transformado em um homem gentil, preocupado com o que ela sentia, naquele momento ela viu que ele era uma mistura bem casada do perfeito cavalheiro e do guerreiro.

― Estou sim, nunca me senti tão bem.

Ele começou a passar as pontas dos dedos pelas costas de Dorothy, fazendo seu corpo todo arrepiar ao seu toque.

― Sua pele é tão macia. Eu acho que eu estou te amando, senhorita Denzel.

― Sinto o mesmo, também estou te amando senhor.

― Dividimos a minha cama, você está em meus braços, não precisamos de tais convenções, me chame de Vincent.

― Me chame de Dorothy.

― Eu havia esquecido o quanto um homem poderia ser feliz nos braços de uma mulher, na verdade o que eu senti com a senhorita foi a primeira vez, é muito estranho.

― Eu vou me vestir e voltar para o meu quarto, não quero que alguma criada me pegue em sua cama.

― Sensato, não quero a criadagem mexericando a respeito da futura duquesa.

― Como assim futura duquesa? Não aceitei sua proposta de casamento, já estou de partida, pela manhã não estarei mais aqui.

― Foi desonrada, ninguém aceitará se casar com a senhorita.

― Esqueceu-se que nem antes da gente fazer amor segundo o senhor, eu já não tinha pretendente algum?

― Continua com a língua afiada, o que eu faço com a senhorita? Na verdade, o que a senhorita está fazendo comigo. Amanhã cedo vou m****r chamar o padre Bento e marcar o casamento o mais rápido possível. Vou assumir meu erro.

― Acha que tudo isso foi um erro?

― Na verdade foi sim, desonrei a senhorita, e se eu não reparar meu erro, seu futuro está comprometido, mas se a pergunta é se eu me arrependi do que fiz, a resposta é não, e ficaria a noite inteira te amando. A senhorita é minha agora não tem escolha.

Vincent a beijou novamente.

― Agora vá descansar, amanhã cedo desça para fazer o desjejum na mesa comigo, vou pedir ao padre Bento para se juntar a nós e vamos marcar a data do casamento.

Ela concordou só para ir embora, pensando: “não poderia me casar com ele, embora tenha gostado de tudo o que aconteceu, esse não é meu mundo, na verdade me dei conta que eu nem sei que ano estou, que mês, só sei que estou na Inglaterra de no mínimo uns duzentos anos no passado, não sei se é um mundo paralelo ou se é o passado mesmo, poderia até estar em coma no hospital criando uma realidade paralela... o coma parece a opção mais sensata.”

Dorothy não queria sair dos braços dele, pois sabia que nunca mais estaria neles novamente, assim que voltasse para o seu quarto e segurasse seu colar, voltaria para seu apartamento, deu um beijo no rosto de Vincent com gosto de adeus, seus lábios tocaram em sua barba, nunca havia se interessado por barba até ver aquela, não era muito grande era o suficiente para dar-lhe um ar rústico.

Perdida em seus pensamentos, ela levantou e se assustou quando Vincent esbravejou:

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