Capítulo 2
— Como você ousa entrar no meu quarto sem a minha permissão?

Eu me levantei imediatamente e me virei para a porta. O homem que estava parado na porta não era outro senão Pedro Castro.

Ele possuía um charme inegável, com sua aparência marcante.

Mas o frio em seu olhar me fez estremecer. Seus olhos escuros me encararam com intensidade.

Eu soltei um suspiro, e minha mão começou a tremer. O porta-retratos escorregou da minha mão e caiu no chão sem que eu percebesse.

Eu não sabia que aquele era o quarto dele.

— C-Cunhado! — Eu disse com um tom trêmulo.

— Cunhado? Eu ouvi direito, Pedro?

Depois de entrar no quarto, uma mulher se posicionou ao lado de Pedro.

Ela era uma mulher incrivelmente linda. Tinha uma beleza que os homens normalmente veneram. Ela usava um vestido branco que chegava até os joelhos. Suas curvas destacavam sua figura esbelta e atraente.

Depois de me dar uma olhada de cima a baixo, ela voltou sua atenção para ele.

— Ela é a namorada do Bruno…

Pedro levantou a mão para impedi-la de continuar a falar. Seu olhar se moveu para o chão.

Eu lentamente baixei os olhos e vi que o vidro do porta-retratos estava quebrado!

Meus olhos se arregalaram quando vi a rachadura entre os dois irmãos na foto.

Apressei-me a me ajoelhar e estendi a mão para tocar a foto.

— Estou limpando. — Eu disse.

— Saia. — Eu o ouvi dizer.

Virei a cabeça para olhá-lo. Seus olhos ainda estavam fixos na foto, como se ele estivesse irritado só de olhar para mim. E se ele o fizesse, ele me mataria.

Eu engoli em seco e tentei me desculpar.

— D-Desculpa.

— SAIA.

Ele gritou comigo.

Eu me encolhi com o tom frio dele, e um caco de vidro perfurou meu dedo.

Abaixei a cabeça e me levantei. Saí correndo do quarto dele enquanto tentava controlar minhas lágrimas.

No momento em que saí do quarto, as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu parei e mordi o lábio inferior para evitar chorar.

Ninguém jamais havia falado comigo daquele jeito. Eu soluçava e estava prestes a me mover quando ouvi a mulher falando com ele.

— Pedro, ela é tão vulgar. Você viu o senso de moda dela?

Eu olhei para minhas roupas. O que havia de errado com elas? Eu estava usando um vestido decente.

— O que há de errado com o nosso Bruno? Ele realmente gosta dessa garota? Eu não consigo acreditar. Ele tem um gosto tão ruim!

Eu franzi a testa e me dirigi para as escadas. Eu não queria ficar mais um segundo ali. Eu não vim aqui para ser humilhada.

Desci as escadas e fui direto para a porta principal.

— Sofia?

Ouvi alguém me chamar por trás. Quando me virei, vi Juliana Castro, a mãe de Bruno.

Ela inclinou a cabeça e sorriu para mim. — Ei! Como você veio para aqui? E por que está indo embora?

Esforcei-me para recuperar o controle de mim mesma e sorri de volta.

Eu a tinha visto no ano passado na festa de aniversário de Bruno, assim como seu irmão mais velho. Mas a diferença era que Bruno podia me apresentar aos seus pais.

Eles me conheciam. Sua mãe era uma mulher muito simpática.

— Luna, como você está? — Perguntei enquanto me aproximava dela.

Ela segurou minhas mãos e me convidou a sentar no sofá com ela.

Ela olhou para as empregadas que estavam trabalhando ali. Elas se curvaram para ela e saíram da sala de estar.

Ela riu baixinho e balançou a cabeça em resposta.

— Eu não sou mais sua Luna. Mila será sua Luna muito em breve. — Ela disse.

“Mila?” Eu pensei nesse nome. Ela estava falando da noiva de Pedro, a mulher que eu acabara de ver no quarto dele.

Considerando que seu irmão iria se casar com ela em breve, Bruno sempre se referia a ela como sua cunhada. Na verdade, foi Bruno quem me disse para chamar Pedro de cunhado. Ele disse que chamá-lo de Alfa soaria estranho, já que em breve seríamos uma família.

— S-Sim. — Eu disse enquanto me lembrava das humilhações.

— Ela é filha do Alfa-chefe da Alcateia do Vale Lunar. Ela é a melhor escolha para o meu filho. Ela é uma mulher apta. Ela vai cuidar bem de toda a alcateia. Pelo menos, eu espero que sim. — Ela descreveu sua futura nora com uma expressão muito radiante.

Eu senti uma inquietação. Eu também seria sua nora. Mas eu não era de nenhuma outra alcateia com estatuto elevado.

Eu vinha de uma família muito comum. Meu pai não era um Alfa de nenhuma alcateia, mas um lobo combatente. Ele morreu em um acidente, deixando minha mãe e nós sozinhos. Para criar meu irmão e eu, minha mãe teve que trabalhar muito. Para alcançar o posto de Gama, meu irmão trabalhou com sangue, suor e lágrimas. Com o propósito de entrar na melhor universidade para que eu pudesse me formar e deixar minha mãe orgulhosa, estudei arduamente. Era isso que tínhamos. Nós tínhamos respeito próprio, mas nenhuma reputação elevada.

Como se entendesse meus pensamentos, ela colocou a mão na minha cabeça.

— Não pense que eu não estou feliz com você só porque estou falando da minha nora mais velha. Toda vez que Bruno fala, ele menciona você. Quando eu te conheci na festa, senti que ele havia tomado uma decisão sábia. Você é uma garota bonita. Ele se comporta bem com você?

Eu a olhei. A ansiedade que estava me incomodando desapareceu rapidamente. Com um sorriso no rosto, eu assenti.

— Ele é muito bom comigo. Eu tenho muita sorte de tê-lo.

Ela assentiu de volta. O sorriso dela nunca desapareceu. Ela estava feliz que ambos os seus filhos estavam se estabelecendo com boas mulheres.

Algumas empregadas chegaram com lanches e os colocaram na mesa de chá.

— Onde está Bruno, tia?

— Eu ouvi ele conversando com uma garota chamada Luísa. Talvez ele tenha algum trabalho fora.

— Oh.

Luísa? O que Bruno estava conversando com ela?

Então me dei conta. Amanhã é meu aniversário. Então, eles estavam planejando algo para mim?

Eu me levantei e disse:

— Tia, me dê permissão para sair agora. Eu tenho algumas coisas para fazer.

Ela levantou as sobrancelhas. — Você não comeu nada.

— Da próxima vez, tia. Estou com pressa agora.

— Você vem amanhã com André, certo?

— Sim.

— Traga sua mãe com você.

Abaixei a cabeça timidamente e assenti.

Eu saí da casa da alcateia. Disquei o número de Luísa. Ela não atendeu minha ligação novamente.

Peguei um táxi para ir até a casa de Luísa.

'Vocês dois estão planejando uma surpresa para mim e acham que eu nunca vou descobrir?' Pensei com uma risadinha.

Mas no fundo, eu não queria estragar a surpresa deles. Eu estava apenas indo à casa dela para ver se ela estava bem, porque ela não foi à universidade hoje.

Eu não tinha ideia de onde Bruno estava. Mas como ele mentiu para mim, ele realmente estava tramando algo.

Cheguei à casa de Luísa. Foi a empregada dela que abriu a porta.

— Olá. Onde está a Luísa?

— Ela está no quarto dela.

— Certo. Eu estou indo para lá. — Eu disse a ela e subi as escadas em direção ao quarto de Luísa.

Eu estava feliz hoje. Por que não estaria? Eu tive a oportunidade de ouvir elogios da minha futura sogra.

Eu parei em frente à porta de Luísa. Fiquei surpresa quando abri a porta.

Ela estava usando o celular. Eu não liguei para ela várias vezes? O que a fez não atender o meu?

No entanto, meus olhos caíram sobre seu corpo, que estava coberto por um cobertor.

Entrei no quarto e perguntei:

— Luísa? Você está com febre?

Ela parecia chocada quando me viu, como se estivesse olhando para um fantasma.

— V...Você! O...O que está fazendo aqui? — Ela perguntou e imediatamente tentou cobrir o pescoço e os braços com o cobertor.

Eu não conseguia entender a reação dela. Mas de repente ouvi o som de alguém abrindo uma porta.

Virei a cabeça em direção ao banheiro. Lá, vi um homem saindo com o cabelo molhado, usando um roupão branco.

Eu não podia acreditar nos meus olhos. Senti uma pontada no coração. Meus olhos começaram a se encher de lágrimas enquanto eu pronunciava o nome dele.

— Bruno?

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