RAONI ESTAVA PUXANDO Pequena Princesa e correram até perderem o fôlego.
— Quem era aquela que nos salvou?
— Kia.
— Kia?
— Kiamunaka-manã, para você, queridinha.
— Por Tupã, a deusa onça, você é mais linda pessoalmente do que as pessoas diziam.
Ela ronronou de alegria, mas num instante voltou em si.
— Só fiz isso por Raonizinho.
— "Raonizinho"? Está
RAONI ESTAVA ABRAÇADO à sua esposa, Pequena Princesa quando ela diz: — Vocês celebram alguma coisa na selva de pedra? — Acho que celebramos tanto quanto vocês... – ele parou, pensou por um instante – hoje mesmo é noite que antecede o Natal. — Natal? — Sim, uma celebração cristã que comemora o nascimento de Jesus Cristo. — Quem é Jesus Cristo? — Segundo eles, o Filho de Deus. — Tipo você?&n
A NOITE ESTAVA TEMPESTUOSA e Raoni acordou depois de um pesadelo com Anhangá. — Está tudo bem, querido? — Claro, foi só um pesadelo. — Fazia muito tempo que não víamos uma tempestade como esta. Raoni assentiu, desde aquele dia em que foi chamado não via algo assim, ele foi até a porta de sua oca e viu um caminho luminoso de raios. — Fique aqui, já volto. Raoni seguiu o caminho, a chuva estava caindo copiosamente e no final da estrada de raios viu seu pai sentado ao redor da fogueira.&
- QUE BRINCADEIRA de mau gosto é essa? — Você acha que eu, uma deusa que conquistou a divindade, diferente da maioria de vocês que nasceram deuses viria aqui se realmente não precisasse, perderia meu tempo por puro capricho? — Você acha que quantas coisas caprichosas vi os deuses fazerem nestes meses todos? Ticê se virou para Tupã e disse: — Ele é sempre um pé-no-saco assim? — Ele vai conseguir. — Como assim "ele vai conseguir"? Não aceitei nada ainda. 
- VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FALANDO com quem, garoto?Ele sabia naquele momento que tinha dado ruim para ele.— Quantos deuses já me desafiaram nestes meses, você é só mais uma. — Sim... sou só mais uma... Ticê sorriu satisfeita com o egocentrismo do garoto e estalou os dedos e Kiamunaka-manã apareceu. — Miauuuuuuuuu... Raonizinhooooo A deusa onça colou seu rosto ao de Raoni em sinal claro de afeição a ele. — Não acha que é apelar demais? A deusa sorriu ainda mais satisfeita vendo que o ego
- DEIXA QUE EU FALO COM ELA, tudo bem? — Miau!! Para quem é o grande guerreiro, está com medinho de uma garotinha? — Não é bem assim que funciona.— O QUE ELA ESTÁ FAZENDO AQUI? – Gritou Pequena Princesa. — Miau!!! Oi para você também... — Aff... — Calma, garotas... Amor, eu posso explicar. — Terei que fazer uma missão para o meu pai. — E desde quando você &eacut
- QUEM DIABOS É VOCÊ? — Ele é o Boto. — Boto? Vou é botar a minha mão na sua cara se não sair daqui, seu desgraçado sem vergonha, tenho nojo de um tipinho como você. — Está nervosinho só porque acharam que eu era seu pai? — Que história é essa, Raonizinho? — Minha mãe foi embora da tribo grávida e todos achavam que ela tinha engravidado desse pateta aí... pior do que não ter um pai seria saber que seu pai é um pilantra que engana as mulheres a seu bel prazer.&nb
ASSIM QUE ELES CHEGARAM na entrada da caverna foram abordados por um ser reluzente. — Sejam bem-vindos. — Miau! Ó grande Guaraci, viemos aqui para ajudarmos Anhangá, o grande protetor de toda fauna. — Claro que sim, meu irmão irá precisar de toda ajuda possível. — Você é irmão dele? — Todos nós na floresta somos irmãos. Guaraci que emanava raios solares olhou atentamente nos olhos de Raoni como se estivesse lendo a mente dele. &md
O SUBMUNDO ERA DIFERENTE de tudo o que Raoni já tinha visto, era por isso que Guaraci estava dizendo que os homens vivos tinham uma percepção errônea sobre a morte. — Não fique com medo dos espíritos, miau, eles não podem fazer nenhum mal. — Na verdade, sinto paz em estar aqui. — Para nós, deuses amazônicos, miau, a morte é um processo, por isso Catxuréu leva pessoalmente as pessoas até aqui. — No fim das contas, ela é uma boa deusa. — Tudo o que é natural é bom, miau, e a morte não é o fim da estrada.