- MAS O QUE DIABOS você está querendo agora, seu desgraçado?
Anhangá sorriu.
— Digamos que temos algumas "coisiiiinhas em comum para acertaaaaaaarmos.
— Não tenho nada a acertar contigo, na minha opinião isso ainda é obra sua, o que quer que tenha acontecido.
— Que indelicadeza da sua parte, isso foi muuuuuuuuito deselegante... Se fosse você, não diriiiiiiiia isso... posso salvar a sua pele uma hora ou outra se trabalharmos juuuuuuntos.
Raoni olhou para o deus trapaceiro que lhe voltou num sorriso diabólico, era sem sombra de dúvidas a pessoa menos confiável de t
RAONI ESTAVA CAÇANDO quando conseguiu abater um veado. "Desgraçado... – pensou Raoni – esse maldito parece o Anhangá, vai ser difícil de engolir isso..." — Talvez... é porque "sou" o Anhangá... – disse o veado ganhando temporariamente vida. Raoni deu um pulo para trás. — Mas que inferno!!! — Alguns me chaaaaamam de reeeeeeeei do infeeeeerno também. — Cara, dá o fora daqui. 
- BASICAMEEEEEEENTE, A MISSÃO de vocês é resgatar o Boitatá, Curupira, Caipora e Saci, como podem percebeeeeeer, já sentimos na prática que o desmatamento, queimadas e caças aumentaram, isso ééééééé reflexo da prisão deles. Uaiuara sentou-se perto de Raoni e disse: — Posso só pedir um favorzinho, Anhangá. — Claaaaaro!!! — Sai desse veado que estou com fome, e ver a tua cara feia nele está deixando tudo pior do que já é. Anhangá olhou para Raoni que assentiu com o porco.<
OS DOIS ESTAVAM EMPANTURRADOS e vendo as estrelas enquanto o fogo crepitava. — Você sabe o porquê que isso tudo está acontecendo, Uai? — Oinc... Ganância... o poder corrompe as pessoas. — Mesmo os deuses? — Principalmente os deuses... Oinc... no fim, tudo gira em torno do que eles querem ou deixam de querer. — Para mim é muito estranho tudo isso, alguém querer destruir as florestas e os animais somente por poder. — Oinc... Provavelmente você foi o escolhido menos gana
- PELO JEITO, ENFIM CHEGOU a ajuda do Anhangá – disse Uaiuara. — Quem é você? – Disseram o porco e Raoni juntos, mas o porco acrescentou o oinc na frase. O ser que fingia ser o porco de Curupira olhou para a lua e percebeu que já era muito próximo da meia-noite. — Meu nome vocês já conhecem. Ele pulou por cima de Raoni e pousou em um galho, suas feições suínas se transformaram em feições caninas misturadas com humana. — Uaiuara!!! – Rosnou o porco.&nbs
- OINC, QUE TAL VOCÊ SUBIR nas minhas costas para ganharmos um pouco de tempo, hein? — Estou bem. Oinc parou em frente dele e disse: — Cara, aquilo lá não foi culpa sua, oinc, não dava para imaginar que o lobinho iria enganar a todos nós. — Mas eu tinha que saber que Anhangá tentaria me enganar. Oinc virou a cabeça tentando entender. — Espera aí, deixa eu ver se entendi bem, oinc, o cara salva a sua vida trazendo um animal lendário, porque queria te matar? 
- ASSIM QUE ELES TRAVESSARAM o rio, deram de cara com um dos seres mais horripilantes da floresta presa em uma garrafa. — Oinc, é o Saci. — Um dos guardiões que estávamos procurando. — Isso mesmo, oinc... mas, estou com uma má impressão de que isto é uma armadilha. Enquanto isso o pequeno Saci dentro da garrafa batia chamando por ajuda. — Espere um pouco que vamos te ajudar. — Tem certeza, Raoni? Oinc, ele até é um dos guardiões das florestas, mais pelo que faz
OS TRÊS ANDARAM ATÉ CHEGAR onde estavam escondidos na mesma caverna o Curupira e a Caipora. — Sabia que os dois são primos? Oinc. — Agora que você disse, são muito parecidos mesmo, talvez só se diferenciem por causa das pernas. — Para muitas pessoas, o Curupira é um ser deficiente, mas ele é o mais hábil de todos nós – disse o Saci – suas pernas para trás enganam os caçadores que são sempre levados para a direção contrária de onde ele está, fazendo com que os caçadores se percam. — E a Caipora?&nbs
- QUEM ESTÁ AÍ? – DISSE RAONI. — AH!!! SE NÃO É O JOVEM GUERREIRO, RAONI, FILHO DE TUPÃ. Raoni olhou para o lado e viu uma águia que lhe sorriu, então o pássaro se transformou em uma enorme cobra, silvando sua enorme língua. — Boiúva? – Disse Oinc, mas ele sabia que alguma coisa estava errada. — ESTOU MUITO FELIZ QUE TODOS VOCÊS ESTEJAM AQUI, MENOS VOCÊ, SACI, PEÇO A GENTILEZA DE QUE VÁ EMBORA. — Depois de me prender naquela porcaria de garrafa apertada, não, vou ajudar nosso pequeno guerr