Alguns dias antesNão sei onde estou, mas quero dormir mais. Estou cansada, tudo dói, e o bip chato não para de tocar. De repente, sinto alguém pegar na minha mão. Fico com medo e não vejo nada. Grito muito e tento me soltar da mão estranha. O bip fica mais rápido junto com meu coração. — Chame um médico! Ela está nervosa! — Um homem fala alto. — O que será que deu nela? — Uma mulher pergunta, sem saber. — Não sei. Eu só peguei na mão dela e ela ficou assim. — Escuto um barulho e passos correndo. Depois, fica tudo quieto, sem som nenhum. De novo, durmo no escuro, sem saber de nada, enquanto minha cabeça fica confusa.Evelyn WilliamsDias atuais.Desde que trouxemos “minha irmã” para o hospital, não sabemos o que vai acontecer. Ela fica nervosa quando pegamos na mão dela, como se tivesse medo de alguma coisa. Ela ficou um mês aqui, e ontem à noite, pararam de dar o remédio que a fazia dormir. Ficamos felizes quando os médicos disseram que o inchaço no cérebro dela havia sumido, mas
— Sim, todos me chamam assim. — Respondo, retribuindo o sorriso. Sinto que posso confiar nela.— Vou lhe contar tudo o que aconteceu, mas agora só falarei o necessário. Estamos aqui para te ajudar. Meu nome é Evelyn. Desde que te trouxemos para o hospital, estamos ao seu lado. Encontramos você em uma situação muito delicada, e não tínhamos como interná-la sem identificação. Então, na recepção, disse que você era minha irmã desaparecida, tivemos que esconder e inventar algumas coisas para o seu bem. Peço desculpas, mas foi necessário. Agora, a única coisa que importa é que você se recupere.Logo em seguida, uma enfermeira adentra o quarto, com um sorriso acolhedor no rosto. Ela informa que me ajudará a tomar um banho adequado. Evelyn e Paul me auxiliam a levantar da cama, oferecendo suporte enquanto caminhamos até o banheiro. Paramos na porta, e eu me viro em direção ao médico.— Doutor, por favor, não se esqueça de ligar para aquele número.— Não irei me esquecer. — Assegura o médico,
Acordo com um carinho suave no rosto e, ao abrir os olhos, deparo-me com um lindo menininho que parece um anjo. Seus olhinhos verdes brilham e seu cabelo castanho contrasta com sua pele branquinha. Sorrio para ele, encantada com sua presença.— Mama, a titia acordou! Olá, titia, meu nome é Thom. Você é tão bonita, parece minha bisvovó. — Diz ele com um sorriso inocente.Sorrio com a forma como ele se expressa. — Prazer, Thom. Me chamo Ayumi e obrigada pelo elogio. Você também é muito bonito. — Respondo, admirando suas covinhas que aparecem quando ele sorri. Evelyn se aproxima, bagunçando carinhosamente os cabelos do Thom, fazendo-o rir.— Ele estava ansioso para ver a tia bela adormecida dele. — Comenta Evelyn, sorrindo.O pequeno Thom se deita ao meu lado, acariciando gentilmente meus cabelos. É um gesto tão reconfortante e agradável. Nesse momento, a porta se abre e um casal de idosos entra no quarto. Eles sorriem para mim, aproximando-se da cama. Evelyn se adianta para as apresent
Alguns dias depois…Estou saindo do hospital com o Kaléo, um homem de semblante acolhedor. Embora eu não me lembre dele, sinto uma inexplicável familiaridade e confiança nele. É como se fosse um laço forte que transcende a memória, e confio plenamente nele, mesmo sem compreender o porquê.— Estamos indo para a casa de praia, todos estão ansiosos para te ver — diz ele, com um sorriso caloroso no rosto, enquanto dá a partida no carro. — Você sempre amou aquela casa. Quando éramos crianças, costumava correr pelos corredores, encantada com cada canto, e passava horas no penhasco admirando o pôr do sol. Minha mãe ficava apreensiva, com medo de que você pudesse cair a qualquer momento. — Ele revela, e as memórias começam a se materializar em minha mente. Sorrio para ele, sentindo uma faísca de reconhecimento em meu coração.— Sim, eu me lembro. Lembro da mamis Havah correndo atrás de mim, tentando me proteger, ou às vezes ela apenas se sentava ao meu lado, compartilhando o encanto do pôr do
Assim que a luz do fim de tarde envolveu o ambiente com sua aura aconchegante, todos se reuniram ao redor da mesa, compartilhando uma refeição deliciosa. O som de vozes animadas preenchia o ar, misturando-se com risadas contagiantes, criando uma atmosfera vibrante e cheia de vida. Naquele momento, sentia-me verdadeiramente viva, imersa na companhia dos meus entes queridos. Após desfrutarmos de um café da tarde. Kaléo, com um sorriso enigmático, anuncia que ainda havia outra surpresa reservada para mim. Curiosa e com o coração acelerado, segui-o em direção à sala de vídeo, onde encontramos Ollyvia já preparando a televisão. Assentamo-nos confortavelmente, ansiosos para descobrir o que estava por vir.A tela ganhou vida, e as imagens começaram a desfilar diante dos meus olhos. A cada foto que surgia, vislumbrava meus amigos mais queridos ao meu lado, testemunhas dos momentos inesquecíveis que compartilhamos juntos. A nostalgia aquecia meu coração.Então, um vídeo misterioso começou a re
— Ah, Ayumi, vejo algo em seus olhos que você mesma ainda não percebeu. Você o ama, embora seja impossível, pois você me pertence. — Suas palavras penetram em minha mente, deixando-me perplexa. Eu o encaro, tentando encontrar uma verdade naquilo que ele acredita, mas meu coração se recusa a aceitar tal ideia.Antes que eu possa reagir, sua mão desfere um tapa em meu rosto, que ecoa pelo ambiente. Levo uma das mãos ao local atingido, enquanto a outra, instintivamente, busca proteger minha barriga. Olho para ele, com os olhos marejados de medo e terror.— Carl, eu não estou te enganando. Eu não amo Kaléo dessa maneira, não o enxergo dessa forma. Por favor, Carl, pare de me machucar… — As palavras escapam de meus lábios entre soluços, pois estou exausta dessa realidade brutal, de ser submetida a abusos sexuais diários, de ser chicoteada, espancada e abandonada como um ser desprezível.Ele me pega pelo cabelo e minha mão vai de encontro a sua, tento de todas as formas me soltar, mas não co
Recompondo-me, levanto-me com cuidado e caminho até o closet, enfrentando a dor latejante em minhas costas. Paro diante do espelho, girando lentamente para examinar a marca gigantesca que se estende por minhas costas, um testemunho silencioso da violência que sofri. Com cuidado, abro a gaveta e pego um vestido solto, escolhendo-o estrategicamente para evitar qualquer desconforto em minhas feridas. Após vestir o vestido, faço o meu caminho até a sala, onde avisto meu livro deixado no sofá. Meus olhos caem sobre o celular de Carl, e uma centelha de esperança surge dentro de mim. Observo novamente a porta, ansiosa para garantir que ele não tenha voltado, e então pego o celular, segurando-o com as mãos trêmulas. Rapidamente, corro para o quarto e me refugio no banheiro, onde encontro um momento de relativa segurança. Lágrimas de alívio correm pelo meu rosto, enquanto a percepção de que posso escapar desse inferno começa a se fortalecer dentro de mim. Prendo a respiração ao ligar o celular
Estou quase chegando na casa de praia dos Coleman. Passo pela grande ponte onde observo a vista privilegiada do penhasco que fica atrás da casa. O mar hoje está agitado, as ondas batem nas pedras com muita força. O sol está se pondo e os seus últimos reflexos estão refletindo nas águas turbulentas. Passo pelos imponentes portões de ferro e estaciono o carro próximo aos outros veículos já presentes. Desligo o motor e saio do carro, sentindo a brisa salgada acariciar meu rosto. Caminho apressadamente em direção à parte de trás da casa, meu coração acelerado de nervosismo e ansiedade para encontrá-la. No entanto, preciso me acalmar antes de entrar na casa, evitando parecer afobado. À medida que viro na passarela que leva à parte posterior da residência, meus olhos se deparam com uma cena assustadora: alguém se lançando do mirante em um salto audacioso. Meus instintos de proteção entram em ação imediatamente, e eu começo a correr. Desço as escadas apressadamente, saltando vários degraus