Este capítulo contém gatilhos. Contêm cenas de abusos(Físico e mental), contendo violência.
Recompondo-me, levanto-me com cuidado e caminho até o closet, enfrentando a dor latejante em minhas costas. Paro diante do espelho, girando lentamente para examinar a marca gigantesca que se estende por minhas costas, um testemunho silencioso da violência que sofri. Com cuidado, abro a gaveta e pego um vestido solto, escolhendo-o estrategicamente para evitar qualquer desconforto em minhas feridas. Após vestir o vestido, faço o meu caminho até a sala, onde avisto meu livro deixado no sofá. Meus olhos caem sobre o celular de Carl, e uma centelha de esperança surge dentro de mim. Observo novamente a porta, ansiosa para garantir que ele não tenha voltado, e então pego o celular, segurando-o com as mãos trêmulas. Rapidamente, corro para o quarto e me refugio no banheiro, onde encontro um momento de relativa segurança. Lágrimas de alívio correm pelo meu rosto, enquanto a percepção de que posso escapar desse inferno começa a se fortalecer dentro de mim. Prendo a respiração ao ligar o celular
Estou quase chegando na casa de praia dos Coleman. Passo pela grande ponte onde observo a vista privilegiada do penhasco que fica atrás da casa. O mar hoje está agitado, as ondas batem nas pedras com muita força. O sol está se pondo e os seus últimos reflexos estão refletindo nas águas turbulentas. Passo pelos imponentes portões de ferro e estaciono o carro próximo aos outros veículos já presentes. Desligo o motor e saio do carro, sentindo a brisa salgada acariciar meu rosto. Caminho apressadamente em direção à parte de trás da casa, meu coração acelerado de nervosismo e ansiedade para encontrá-la. No entanto, preciso me acalmar antes de entrar na casa, evitando parecer afobado. À medida que viro na passarela que leva à parte posterior da residência, meus olhos se deparam com uma cena assustadora: alguém se lançando do mirante em um salto audacioso. Meus instintos de proteção entram em ação imediatamente, e eu começo a correr. Desço as escadas apressadamente, saltando vários degraus
Semanas depois…Ele abre a porta do quarto e entra, lançando-me um olhar ameaçador. Sinto uma onda de apreensão percorrer meu corpo, pressentindo que esta noite não escaparei com vida. Carl caminha até o armário onde guarda seus chicotes, escolhe um deles e se aproxima de mim. Agachando-se levemente, ele desliza o dorso da mão em meu rosto, em seu rosto há um sorriso sinistro.Em seguida, ele se levanta e me empurra ainda mais para baixo, já que estou ajoelhada. Com um tom de autoridade, ele declara: — Agora, sim, vou lhe ensinar a não me desobedecer, meu amor.— Você sabe que não gosto de ter relações sexuais em público, Carl. — Respondo, tentando argumentar.— Ayumi, você sabe que eu adoro isso, adoro a exibição. Portanto, você tem que me obedecer e, ao argumentar, seu castigo será dobrado. E fique sabendo… — Ele sorri e se prepara para o que virá a seguir. A primeira chicotada atinge minhas costas e a dor é insuportável, pois minhas feridas ainda não estão totalmente cicatrizadas.
À medida que a música se aproxima do fim, sinto braços envolvendo minha cintura, fazendo com que meu corpo se tensione instantaneamente. Reconheço o toque e uma sensação de desconforto se instala em mim.ㅡ Olá, meu amor. Ainda bem que você está bem e te achei!Uma voz familiar sussurra próximo a mim. Meu coração dispara, e parece que as paredes do ambiente começam a se fechar ao meu redor. Instintivamente, começo a me debater, lutando para me libertar daquele abraço opressor. A falta de ar se intensifica, meu peito dói e a escuridão ameaça tomar conta de minha visão.••••••• 🌺🦋🌺 ••••••••Acordo meio desnorteada e encontro Evy ao meu lado, segurando minha mão com carinho.ㅡ Como você está? — Ela pergunta, demonstrando preocupação.ㅡ O que aconteceu? — Indago, confusa.ㅡ Você desmaiou, e nós te trouxemos para o hospital. — Ela explica, sorrindo tranquilamente. A porta do quarto se abre, e Kaléo entra, com os cabelos levemente bagunçados. Seu rosto se ilumina ao me ver, aliviado. ㅡ
— Você se lembra daquele dia? — Sinto meu rosto se iluminar e começo a sorrir só de lembrar.— Você me fez assistir ao filme quatro vezes! Eu até decorei as falas.— E você chorou, MK, igual a um bebê. Ficou uma semana falando o quanto a cena do encontro entre os protagonistas era linda.Começo a rir e ele j**a um guardanapo em minha direção. Então, uma ideia surge em minha mente e eu volto atrás.— E depois do almoço, o que você vai fazer?— Eu iria para casa, mas por quê?— Eu estava prestes a assistir a um filme quando você me ligou. Então, eu iria te convidar para assistir comigo.— Só aceito se você prometer, jurar e ainda jurar de mindinho que não será “Ghost”. Por favorzinho, Yumi! — Ele faz uma carinha de cachorro pidão e junta as mãos.— Ok, bebê chorão! — Ela se levanta, ajoelha-se no meio da cozinha.— Obrigado, meu Senhor! Obrigado por tocar o coração dessa linda senhorita e impedir que ela me maltratasse hoje. Amém. — Ele se levanta e se senta novamente. Estou quase chora
Já faz um tempo que venho à clínica Sant’s. Essa clínica e a doutora Aurora foram indicadas pela Evelyn. Ela tem me ajudado muito e me sinto bem cuidada por ela. Nós nos aproximamos muito desde que acordei naquele dia no hospital. Às vezes me irrito com ela, mas a entendo… Sou tirada dos meus pensamentos pela voz da doutora.ㅡ Embora a lei tenha completado alguns anos, grande parte das vítimas ainda não consegue identificar o ciclo da violência doméstica, que começa de maneira sutil. A violência contra a mulher é caracterizada por qualquer ato de violência baseado em gênero, que tem como consequência algum tipo de dano ou sofrimento, incluindo ameaças, coerção ou privação da liberdade. Muitas mulheres não conseguem enxergar que fazem parte de um ciclo abusivo, por diversos motivos. Ou entendem o amor de uma forma distorcida, ou possuem uma referência de relações violentas, naturalizando assim a violência. A manifestação pode se dar por meio de violência física como agressões ou lesões
Algum tempo depois…O Kaléo passou semanas falando na minha cabeça para que eu aceitasse a sua proposta. Ele realmente quer que eu fique do seu lado 24/7 e por isso me deu o cargo de arquiteta-chefe em sua empresa. Tenho uma sala para mim, é bem aconchegante. O Kaléo colocou alguns quadros na parede que eu nem imaginava que ele ainda os tinha, são da época da faculdade em que desenhei a nossa casa. Iríamos morar nela com as nossas famílias, sendo assim uma grande família com os que mais amamos ao nosso redor. Meu telefone toca me tirando dos meus pensamentos.— Oi, April. — Digo apertando o botão do ramal que estava vermelho. — O senhor Calvin está aqui para vê-la.— Ah, sim, deixe-o entrar. — Digo já desligando e pegando o controle para que os vidros da sala escureçam. Minha sala é toda de vidro inteligente, mas antes de chegar há um corredor com algumas salas abertas, onde posso ver os arquitetos trabalhando em suas mesas. Aperto o botão do controle deixando os vidros escuros. Ou
Já se foram algumas semanas e Kaléo continua irritado comigo, sem que eu tenha culpa de nada. Na verdade, ele age como um menino mimado. Paro o carro em frente à casa do Mayke e saio. Mal atravesso o pequeno portão e a porta se abre. Ele me recebe com um sorriso em uma roupa casual. — Que bom que veio, meu amor, entre! — Ele segura a minha mão e me leva para dentro, sorrio ao entrar. — Quer comer algo?— Sim, mas antes… — Envolvo o seu pescoço com o meu braço e ele me aperta contra si e me beija. Um beijo suave que se intensifica aos poucos, ele me conduz para trás e me encosta na parede com o seu corpo, eu o afasto com um leve empurrão. — Me perdoe, eu… — Ele recua baixando a cabeça, alisa os cabelos e eu me aproximo o abraçando. — Tudo bem, eu ainda não estou pronta para esse passo. — Falo e ele me acolhe em seus braços.— Eu que estou sendo apressado, mas serei mais cuidadoso, juro. — Diz e me dá um beijinho. — Agora vamos comer que ainda temos que ir à clínica.— Ok. — Respondo