“Nunca esqueça quem você é, o resto do mundo não vai esquecer. Vista isso como armadura, nunca poderá ser usado para o machucar.”O dia amanheceu, os primeiros raios de sol infiltrando-se pelas janelas, iluminavam o ambiente com uma luz suave. Astrid, exausta após horas de choro, despertou no chão do quarto, seu corpo dolorido e sua mente ainda confusa. Ao abrir os olhos, a realidade a atingiu como uma onda. Ela olhou para a cama e percebeu que Ragnar não havia dormido lá. Seu coração apertou ao recordar os eventos da noite anterior, a dor e a humilhação voltando com força.Lentamente, sentindo os músculos ainda pesados, dirigiu-se ao banheiro para fazer suas higienes matinais. A água fria no rosto parecia revigorá-la, mas não conseguia afastar a tristeza que a envolvia. Após se arrumar, vestiu um vestido lilás simples, que contrastava com a opulência do que poderia ter usado em sua noite de núpcias. A cor suave era um lembrete de sua inocência e ao olhar-se no espelho, desejou que a
Depois do tumulto da manhã, Ragnar partiu com seu exército em direção às terras vizinhas, deixando Astrid com um vazio doloroso no coração. Já fazia quinze dias que ele estava ausente e a angústia dela crescia a cada dia. Os rumores pelos corredores não eram promissores. Havia sussurros sobre um líder cruel da aldeia vizinha, que supostamente estava abusando de mulheres e crianças. A inquietude se instalou em seu peito, uma preocupação que, embora soubesse que não deveria sentir, se apegava a ela. Ela estava sentada à mesa do castelo e tentava absorver as conversas ao seu redor, mas sua mente estava longe, perdida em preocupações. Não tinha notícias de Ragnar ou de seu exército e a ansiedade a consumia. Com um gesto decidido, Astrid se levantou da mesa e dirigiu-se à parte externa do castelo, a noite já havia chegado e a lua estava alta no céu, lançando um brilho prateado sobre o mundo ao seu redor. Enquanto observava o céu estrelado, o som de cascos de cavalos a fez virar-se rapid
— Basta, Inga! — o rei selvagem rugiu, batendo com força sobre a mesa. O som ecoou pelo salão, fazendo todos se virarem para ele com expressões de surpresa e medo. Ragnar encarou Sigrid e disse com sua voz carregada de autoridade: — Leve a refeição dela para os aposentos, Sigrid. — Virou-se novamente para Inga, sentindo o corpo estremecer de raiva e disse: —Quanto à você, veja como fala da sua Drottning, ela é a sua rainha, se não entender isso, mando cortar sua língua fora!As palavras de Ragnar ressoaram no ar, cada sílaba carregada de um peso que todos podiam sentir. Irritado, ele se levantou da mesa e saiu apressadamente em direção aos seus aposentos, deixando um rastro de tensão atrás de si. Thyra e Ylva trocaram olhares cúmplices, e sorriam satisfeitas, enquanto Inga, furiosa, se levantou da mesa e saiu, a raiva transparecia em cada passo que dava.Sigrid, satisfeita com que tinha acontecido, sorriu para Erik e se levantou, decidida a levar comida para sua rainha. Rolf, obs
Prólogo“O homem que profere a sentença, deve brandir a espada. Se você fosse tirar a vida de um homem, deveria olhar em seus olhos e ouvir suas palavras finais, mas se não suportar fazer isso, talvez o homem não mereça morrer.”O derramamento de sangue permeia há séculos no território de Wester. Para pôr fim a esse conflito incessante, os líderes das cinco grandes nações decidiram formar uma aliança. Uma imponente muralha foi erguida, separando os reinos dos que não possuíam clã, conhecidos apenas como bárbaros. Para consolidar essa união, acordou-se uma aliança matrimonial entre os nobres e seus herdeiros, vedando qualquer vínculo entre os sangues puros e os bárbaros que habitavam além das muralhas. Aquele que ousasse se envolver com esses últimos, seria considerado traidor e expulso de seu reino.Os cinco reinos eram: Reino do Fogo, sob a liderança de Thorstein Freysson, Reino do Vento, governado por Vidar Jotunsson, Reino da Água, liderado por Eldrid Hjalmarsson, Reino da Ter
“Não há justiça no mundo, a menos que a façamos.”Os cinco anos como Guardião dos Reinos chegaram ao fim para Thorstein Freysson - rei do Reino do Fogo - e o cetro do poder, símbolo supremo da autoridade das cinco nações, estava prestes a ser transferido para o rei Vidar, contudo, uma fatalidade ameaçava essa transição.O Reino dos Ventos era próspero, com terras férteis para cultivo, técnicas de irrigação avançadas e um povo repleto de mentes brilhantes. Seu metal precioso era conhecido por forjar as melhores espadas do continente.Vidar era um homem bondoso e respeitado, mas por trás de cada reino existia uma profecia que anunciava poderes ocultos, raramente despertados a cada geração. O Reino do Vento, em particular, era conhecido por seu Altseende, um poder ocular capaz de perceber a energia emanada dos corpos, tornando os oponentes vulneráveis em batalha. No entanto, esse poder permanecia dormente há gerações.Antes da transferência do cetro do Reino do Fogo para o Reino do Vento
Enquanto isso, Astrid estava em seus aposentos com sua amiga e companheira Sigrid. — Sigrid, meu pai morreu e agora o reino está a mercê de ser invadido pelo Gudrun, o rei do Reino da Terra. O pior é sentir que ele tem planos para mim, sei que é aliado ao Reino da Água e o príncipe Einar sempre desejou unir nossos reinos. Uma vez, papai me falou sobre um poder proibido, raro, que surgiria caso nos uníssemos, por isso sempre evitou contato com aquele reino. Ele temia por isso mais do que tudo. — Ele sabia que o príncipe Einar nunca lhe faria feliz. Seu pai sempre quis que se casasse por amor. — Mas agora estou sozinha. — falou Astrid preocupada. — Não, Astrid. Seu primo Leif a protegerá, não permitirá a aproximação daquele crápula. No mesmo momento, Leif entra no quarto. Os olhos azuis encaram a prima com pesar, fazendo Astrid sentir todo corpo estremecer.. — Astrid …. Preciso falar com você. — Estou aqui, Leif. — disse a princesa caminhando até o primo. Leif olhou para Sig
O sol despontava no horizonte quando Rolf chegou ao Reino do Norte. Ele era o representante do Reino do Vento e o filho de Magnus Gormsson. Dotado de uma mente brilhante e portador de poder oculto do restante de seu clã, um segredo guardado a sete chaves, esse permitia-lhe manipular os movimentos de seus oponentes, transformando-os em meros fantoches. Rolf sempre preferiu evitar o campo de batalha, concentrando-se em estratégias e planos, assim, seu poder permanecia oculto.Ao se aproximar da imponente muralha que cercava o castelo, ele notou a rusticidade, mas também a habilidade evidente na construção, uma obra digna de respeito, mesmo sendo feita por selvagens. Muitos dos povos das cinco nações acreditavam que os selvagens viviam em harmonia com a natureza, como animais, mas isso era uma simplificação injusta. Entre eles haviam renegados das cinco nações que trouxeram conhecimentos médicos, táticos e náuticos, aprimorando a cultura do reino. Montado no seu cavalo branco, se aproxi
Ragnar, Erik, Sigurd e Rolf partiram em direção ao Reino da Terra. O Reino do Norte ficou sob os cuidados de Arne, braço direito de Ragnar e seu amigo leal. A viagem seria rápida, destinada apenas a conhecer a princesa.Ragnar vestiu seus trajes típicos de bárbaro: calças de couro robusto, envoltas em peles de animais. Seus cabelos longos estavam trançados, combinando com a barba espessa. O tórax e a parte superior dos braços eram adornados com tatuagens tribais, enquanto fitas de couro seguravam lâminas expostas em seus pulsos e antebraços. As duas espadas que o acompanhavam estavam presas às suas costas. A viagem a cavalo levaria dois dias, mas decidido em não parar para descansar, eles reduziram o tempo pela metade.No Reino da Terra, Astrid já estava preparada para seu futuro marido. Ela usava um vestido perolado, delicado e justo, que acentuava suas curvas e o contorno de seus seios. Seus longos cabelos negros estavam soltos, caindo até a cintura. Apesar de sentir-se vulnerável