Minutos depois o ônibus chega, Marisa sobe e em menos de uma hora chega em casa. Ao abrir a porta é surpreendida por um abraço apertado do filho e um sorriso da mãe que puxa o braço da filha a levando até a cozinha mostrando a grande novidade.
Marisa arregala os olhos assustada quando vê uma geladeira impecável instalada ao lado da pia.— Mamãe, o que significa isso? — Marisa pergunta retirando a mochila das costas e colocando em cima da cadeira— Não reconhece mais um refrigerador minha filha? — Soledad pergunta curiosa estranhando a atitude da filha— Eu... Eu... Preciso de um telefone agora! Urgente!— Mas pra que Marisa? O que você tem minha filha? Pra quem você está ligando?— Para a loja onde a senhora comprou essa geladeira. — Marisa duscava o número saindo da cozinha e sua mãe a seguia espantada— Mas pra que minha filha? Ela está funcionando perfeitamente.— Pra devolver e desfazer essa loucura que acabou de cometer. — Marisa fala alto assustando a mãe— Loucura? Como assim filha? Foi você mesma quem autorizou a compra desse eletrodoméstico. E agora reage assim? Não compreendo nada.— Isso foi antes mamãe... — Marisa fala apreensiva"¡Mierda! Ellos no contestan. Voy a tener que ir directamente a la tienda para deshacer esta locura"(Merda! Não atendem. Vou ter que ir diretamente na loja desfazer essa loucura.") — Marisa pensava alto e perde a paciência quando sua mãe a segura pelo braço— Antes de que Marisa? Estás louca minha hija?— Antes de eu ser despedida... DEMITIDA!... - Marisa grita encarando a mãe que engole em seco e gagueja na hora— De.mi.ti.da?— Isso mesmo! DEMITIDA! ESTOY EN LA CALLE, SIN TRABAJO, SIN DERECHOS... (ESTOU NA RUA, SEM EMPREGO, SEM DIREITOS) E AINDA FUI OBRIGADA A ACEITAR OS TERMOS DOS MARSHALL, OU CASO CONTRÁRIO SAIRIA SEM UM CENTAVO NAS MÃOS. — Marisa grita e desaba no sofá com as mãos sobre a cabeça desoladaEla ainda tinha alguma esperança da mãe conforta-la, assim como sua amiga Jodie tentou fazer, mas não, ao invés disso Soledad ataca a filha sem um mínimo de consideração, o que faz Marisa ficar ainda mais fora de si.— Ai meu Deus! O que foi você aprontou dessa vez Marisa? Será que não percebe que esse seu jeito arredio dificulta as coisas? E que você deve agir como empregada e não como patroa?— Porque ao invés de me apoiar a senhora sempre tem que dizer que tudo que nos acontece de ruim é minha culpa? Porque mamãe? Que mal eu lhe fiz para me odiar tanto? — Marisa fala enquanto lágrimas rolavam pelo seu rosto— É não é? Estoi a mentir? Por sua culpa não saímos fugidas de Cuba e viemos parar nesse lugar? Largamos tudo porque você se envolveu com o narcotraficante do Cartel mais procurado de Cuba e se não bastasse engravidou daquele marginal.Soledad num excesso de raiva j**a toda sua fúria em cima de Marisa e sequer percebe a presença de Max, que até o momento imaginava que seu pai havia morrido num acidente de trânsito. Pois Marisa nunca quis j**ar nas costas do filho a culpa por um erro que foi apenas seu.Marisa olha para a mãe com uma raiva descomunal e se não fosse sua mãe teria lhe dado a lição que tanto merece. Ela olha para o lado e tenta impedir que o filho saia correndo para o quintal, subindo as escadas em direção a sua casa da árvore. Onde sempre se abrigava nos momentos que se sentia só.— Filho! MAX... MAX... SATISFEITA MAMÃE? MAX FILHO... FILHO... — Marisa dá passos para encontrar o filho, mas ouve algo vindo da mãe, que a deixa furiosa— Uma coisa é certa Marisa você precisa encontrar outro emprego o quanto antes ou caso contrário darei um jeito do pai do Max saber do filho e assim arcar com suas responsabilidades como progenitor.— Isso nunca! MAX é meu filho! Só meu! Para ele o pai está morto e assim vai continuar, morto! E se alguém tentar atrapalhar a vida do meu filho eu passo por cima sem piedade. Entendeu Soledad Hernandez? — Marisa grita com toda a força que existia em seus pulmões— Até mesmo da sua própria mãe? — Soledad pergunta assustada— SIM! ATÉ MESMO DA MINHA PRÓPRIA MÃE!Marisa sai da sala batendo a porta com força indo ao encontro do filho que estava sentado no cantinho do seu refúgio, como ele chamava a casa na árvore que havia construído com a ajuda da mãe. Sua cabeça estava escondida por entre as pernas e suas mãos cruzadas o impediam de ver quem se aproximava. Ao perceber que era sua mãe corre para abraça-la chorando muito. Marisa o abraça com tanta força que parecia que o mundo estava prestes a acabar. Afaga seus cabelos e beija várias vezes a sua cabeça.— Tudo vai ficar bem meu amor, tu mamazita (mãe) está aqui e juntos somos mais fortes. Lembra?Max levanta a cabeça olhando para Marisa e entre soluços fala:— Eu quero saber tudo sobre o meu papá (pai) mamazita (mamãe). É verdade o que a minha abuelo (vó) falou?— Fijo eu... — Marisa tenta falar, mas Max a interrompe entre soluços— Eu não sou guizo (bobo) mamazita (mamãe), tu me ensinou que sempre devemos dizer la verdad (a verdade). ¿Mi papá está vivo o muerto?Marisa pigarreia tentando evitar essa conversa, mas era impossível enganar Max. Ele era muito inteligente e a frente da sua idade, já havia sido diagnosticado como super dotado. Portanto, o que ela menos conseguiria era engana-lo com suas frases feitas.Ela respira fundo vira de frente para o filho e segura com as mãos em seu rosto. Olha no fundo de seus olhos âmbar, que estavam vermelhos por conta das lágrimas, solta um ar pesado pela boca e enfim responde:— Sí. Tu padre está vivo, hijo mío.(Sim. Teu pai está vivo meu filho.)— ¿Es cierto que es parte de un cartel en Cuba? (É verdade que ele faz parte de um cartel em Cuba?)— Hijo.... (filho) — Marisa sente uma pontada no meio do peito ao ouvir essa pergunta e começa a lembrar de tudo o que passou até conseguir fugir de Cuba, na tentativa de evitar sofrimento para o filho. E agora, justamente o que ela tanto tentou evitar e menos imaginava estava acontecendo, Max saberia de toda a verdade do seu passado que tanto tentou esconder.— Dime la verdad mamá. Necesito saber toda la verdad. Por favor, no me niegues esto.(Me diga a verdade mamãe. Eu preciso saber de toda a verdade. Por favor não me negue isso.)— Si hijo. Tu padre es el jefe del Cártel La Sole y por él salimos de Cuba prófugos, hijo mío. Todavía estabas en mi vientre con solo un mes de edad, y tan pronto como supe que estaba embarazada, corrí, corrí y me escondí lo más que pude para que nadie nos encontrara. No quería que nacieras y crecieras para ser como él... Como tu padre. Por eso mentí diciendo que murió, todo para protegerte. Todo lo que hice fue por ti, hijo mío.(Sim filho. Teu pai é o chefe do Cartel La Sole e por culpa dele saímos de Cuba fugidos meu filho. Você ainda estava na minha barriga com apenas um mês, e assim que soube que estava grávida eu corri, fugi e me escondi o máximo que pude para que ninguém nos encontrasse. Eu não queria que você nascesse e fosse criado para ser como ele... Como o seu pai. Por isso eu menti dizendo que ele havia morrido, tudo isso para proteger você. Tudo o que eu fiz foi por você meu filho.)A cada palavra que Marisa dizia, um aperto no meio do peito e uma dor na alma a encontrava com força. Max a abraça apertado, em prantos e com muito medo fala:— Eu não quero conhecer esse hombre mamazita, não quiero... Não quiero... Não quero ter como padre um bandido. — Max falava desesperado chorando sem parar e Marisa o abraçava ainda mais apertado, como se com isso conseguisse fazer o mundo parar— Fique calmo meu filho, nada de ruim vai te acontecer meu amor. Eu estarei sempre contigo e para sempre meu filho.— Eu não tenho pai, nunca tive e assim quero que continue sendo mamãe. Ele nunca me fez falta e agora menos ainda. — Max fala fungando e Marisa acaricia seus cabelos pretos lisos e brilhantes que o deixavam com um rosto ainda mais angelical— Assim será meu filho. Agora venha e me dê um abraço bem apertado meu amor. Aquele abraço que faz o mundo parar. — Marisa fala o apertando forte— O abraço de urso mamãe? — Max pergunta erguendo seu rosto e sorrindo com seu olhar que tanto encantava Marisa— Isso mesmo! O abraço de ursooooo! — Marisa grita e o aperta forte mordendo fraco cada parte do meu rosto e assim diminuindo toda a tensão que existia em momentos atrás— Ahhhhh mamãe... Tá me sufocando! — Max gritava enquanto tentava se esquivar do aperto da sua mãe— Eu te amo meu amor e sempre vou estar com você. — Marisa fala carinhosa com seu rosto encostado no ombro do filho— Eu também te amo mamãe. Obrigada por tudo o que já fez por mim. — Max fala segurando com suas mãos pequenas por entre os braços de Marisa, e ali se aconchega como se fosse o seu refúgio e assim pudesse ficar longe de todo malMarisa continua abraçada à Max como se desejasse que o mundo terminasse naquele instante. Ela recosta seu corpo na parede de madeira da casa, coloca Max no meio das suas pernas e deita sua cabeça em cima da sua barriga. Acaricia os cabelos dele enquanto cantavam músicas de Cuba que Max amava. Ali ficaram pelo restante da madrugada e abraçados adormeceram sem perceber.[...]O dia amanhece e Marisa sequer perceberia se não fosse pelo toque insistente do seu celular, que por ventura estava dentro do bolso da sua calça jeans. Marisa apoia a cabeça do filho Max no seu colo e atende o celular para receber a notícia que ela jamais poderia esperar ouvir tão cedo e que fez renascer dentro de si uma fagulha de esperança.Continua...♡♡♡♡♡♡♡♡♡♡Depois de mais uma madrugada conturbada, causada pelos constantes pesadelos que tinha desde o dia daquela terrível tragédia, Cristhian Marshall chega ao escritório com a mesma postura rígida e sua indiferença de sempre. Usando seus óculos escuros, vestindo seu impecável terno de três partes na cor azul escuro, feito sob medida para seu porte inconfundívelmente sexy, digno de um lord inglês, ele apenas fala o básico e em seguida toma posse da sua mesa, que era tão vazia e só tinha brilho quando seu dono estava presente.— Bom Dia senhores! Christian chega ao local onde está sendo o seu gabinete eleitoral e ao entrar se depara com seu amigo Adam Smith sentado na sua poltrona, mesmo sabendo o quanto ele detestava essas atitudes abusivas.— Bom Dia nosso futuro governador! — Adam levanta com um sorriso sarcástico no rosto, caminhando até Cristhian e lhe estendendo à mão, mas o mesmo sequer retribui e logo toma posse do lugar que lhe pertencia.Enquanto se servia de uma boa xícara de café
Dia seguinteMarisa não conseguia acreditar que tudo o que imaginava estar perdido, pudesse mudar assim de repente, como num passe de mágica. Após receber a ligação da sua amiga Jodie, dizendo que haviam duas vagas para camareiras disponíveis no maior hotel da cidade, o Central Minneapolis Hotel, Marisa sentiu que seu corpo havia recebido uma injeção de ânimo, que encheu seu coração de esperança e lhe dando forças para prosseguir.Ela não tinha nenhuma experiência com a função, mas por sorte Jodie já havia trabalhado nessa área, assim daria toda a ajuda que Marisa necessitasse. O que realmente importava para Marisa, é que diante dela uma nova porta havia sido aberta e por nada nesse mundo perderia essa oportunidade que a vida estava lhe oferecendo. Após acordar Max e saírem da casa da árvore, a qual passaram a noite, Marisa tratou logo de se organizar para a entrevista que seria exatamente no mesmo horário que deixaria o filho no colégio. Como ela não queria nenhum tipo de contato co
Longe dali— Mamãe... Semana que vem é a apresentação do recital. Você vai, não é? — Max pergunta enquanto subiam no ônibus que os levariam até o Monticello Public Schools— Claro que vou, meu amor! — Marisa responde abrindo sua bolsa e retirando seu porta níquel na cor anil— E minha vó, também vai? — Max indaga enquanto fechava sua mochila, após retirar seus inseparáveis fones de ouvido — Acredito que sim, ela nunca perdeu uma apresentação sua no colégio. Marisa fala contando as moedas e pagando as passagens de ônibus do Max e dela.— Pensei que ela não fosse, já que vocês estão brigadas. — uma voz de desapontamento e uma ruguinha de dúvida surge no rosto do pequeno Max e Marisa percebendo, logo intervém para que desapareça. Se tinha algo que ela evitava à todo custo, era que o filho sofresse ou se preocupasse com assuntos como esse, que eram somente de adultos. Para ela, o filho, tinha que ocupar seus pensamentos apenas com seus estudos e todo o resto deveria ser deixado de la
Central Minneapolis HotelNa sala da gerência Marisa estava sentada em uma poltrona de couro, bastante aconchegante, com o ar condicionado ligado no máximo, o que deixava à temperatura muito agradável e sem dizer na sala, que era bastante bonita e até muito bem decorada para a gerência de um hotel. Mas não tinha como ser diferente, se por todo Minneapolis o que se respirava era luxo e glamour, seria praticamente impossível as outras acomodações serem mal cuidadas. Pelo visto, caso fosse contratada, ela não teria grandes contratempos, e quem sabe no Minneapolis Hotel, Marisa enfim, teria a grande oportunidade de se estabilizar profissionalmente. O que nunca conseguiu nas empresas Marshall, já que Liz, a gerente, fazia de tudo para afastar qualquer possibilidade de crescimento de todos os funcionários, principalmente de Marisa, que era a pedra no seu salto de grife.Apesar do ambiente estar agradável, Marisa sentia seu coração a ponto de saltar dentro do peito, as mãos suarem frio, o n
Suíte ParkerO dia, o mês e até mesmo o ano para Cristhian haviam terminado no exato momento que leu aquele maldito testamento. Ainda não acreditava, que o seu próprio pai, queria destruir a sua vida com tamanha loucura. Se existia algo que estava fora de cogitação em sua vida, eram os sentimentos. Desde a morte terrível da sua noiva no prédio Marshall, Cristhian se sentia culpado por não tê-la protegido e chegado à tempo de Beatriz cometer suicídio, e por essa culpa que o consumia, desde então ele se fechou em seu mundo obscuro, jurando amor eterno àquela que ele acreditava ser a mulher perfeita. Depois de passar algumas horas no seu refúgio, uma floresta bem no centro de Minessota, Cristhian decide retornar ao hotel e sua decisão era uma só: desaparecer por um longo tempo.— Aguarde aqui Fredéric, vou apenas pegar algumas coisas importantes e logo em seguida sairemos dessa cidade infernal. — Cristhian fala firme, enquanto descia do carro observando os abutres dos jornalistas avança
Só após alguns instantes e ao perceber que não era dessa vez que conseguiria tirar satisfações com o grosseirão do carro, que a ficha cai e Marisa nota o que havia acabado de acontecer. Max estava diante do seu novo trabalho, mas a maneira como ele chegou até ali que era a questão. Marisa sempre cuidou demasiadamente do filho, que nunca andou sozinho pela cidade, ainda mais usando vários meios de transportes, já que a localização do Minneapolis Hotel era do outro lado de Minessota, muito distante do colégio onde Max estudava. Então, Marisa olha fixamente para o filho, flexiona seu corpo ficando praticamente na mesma altura que ele, e olhando diretamente nos seus olhos pergunta:— Max? Como conseguiu chegar até aqui filho? Você não deve andar sozinho pela cidade, é muito perigoso. — Max ouve atentamente cada palavra de sua mãe, mas quando estava prestes à responder é interrompido e uma voz firme é ouvida bem atrás de Marisa— Eu o trouxe! — Marisa olha assustada ouvindo a voz de Soled
Após usufruir durante duas semanas de uma paz inigualável no Resort Green, Cristhian retorna para o local, onde pagaria por todos os seus pecados cometidos e os que ainda cometeria nessa vida, o Minneapolis Hotel. Para sua surpresa, Adam não tentou ligar ou enviar detetives em busca da sua localização, como sempre fazia todas as vezes que ele se ausentava sem dar satisfações ou deixar rastros. Talvez ele devesse ter ocupado bem o seu tempo com suas orgias, e até mesmo cuidando do Ruffle ou quem sabe, tentando fugir do mesmo para sobreviver. "Só espero que nada de errado tenha acontecido na minha ausência, ou Adam pagaria caro por isso." — Cristhian pensa enquanto descia do carro Ele ajusta sua camisa de linho impecável como sempre, na cor branca, olha para Fréderic e diz num tom descontraído:— Pode tomar um café Fréderic, caso precise de seus serviços eu lhe aviso. — Sim senhor! Fréderic responde firme e se afasta somente quando tem a certeza de que seu chefe já estava dentro do
Apressadamente Marisa vai até a suíte Lady, conhecendo enfim a socialite Caroline Ventura. Que por sinal, era uma frivolidade em forma de mulher. Ela havia feito um pedido urgente, necessitava que uma de suas roupas ficasse pronta o quanto antes e como os hóspedes do Minneapolis sempre tinham razão, o desejo da deusa se tornou uma ordem. Ao entrar na suíte, Marisa vê o ascensorista parado ao lado da porta com um olhar perdido e ao vê-la chegar ergue as mãos agradecendo aos céus, por poder voltar ao trabalho e desaparecer daquela suíte o quanto antes.— Te devo uma Marisa! — o ascensorista sai apressado e Marisa sorri Enquanto isso a "deusa" falava sem parar ao celular, o que fazia Marisa revirar os olhos e imaginar de onde sai tanta futilidade de uma única pessoa."Por isso eu digo, tudo tem limites!""Você é tão má. É mesmo, Rachel.""Espere um segundo."— Ei, mocinha! Eu preciso que passe esse Dolce.Marisa ergue o terninho na cor castanho e ela apenas assente. Com rapidez, Maris