YANAH Totalmente desolada deixo de abraçar Alina e ela põe de lado as minhas malas. Sentada do meu lado, enxugando as lágrimas do meu rosto e em silêncio, ela me encara. — Yanah, querida, enxuga essas lágrimas, tá bem? Estou aqui do seu lado! O mundo não vai acabar, amanhã será um novo dia. — Alina fala e sorri para mim. — Não vai brigar comigo? Nem passar na minha cara que eu não quis te ouvir, que você tem sempre tem razão? — Desabafo chorando. — Eu te entreguei nas mãos de Deus, Yanah, e pedi todos os dias na igreja que fosse feita a vontade dele. Se você e Otton ficassem juntos eu iria apoiar você do mesmo jeito porque te amo e quero ver você feliz sempre. Juro que eu queria tirar essa dor que está sentindo, mas eu não posso. Olhe ao seu redor, esse é o seu lar e aqui está a sua família que te ama, onde eu estiver as portas sempre estarão aberta para você. — Que coração gigante você tem, Alina, eu te amo muito! Me deixa enxugar as minhas lágrimas, amanhã será um novo dia
OTTON Dirijo o mais rápido possível para chegar a tempo no bar onde Malvino está a me esperar e ele, ao me avistar, acena. — Hora, hora 15 minutos atrasado! Estou te desconhecendo. — Malvino fala guardando o seu celular. — Perdão, Malvino tive um contratempo! — Falo nervoso. — Contratempo? Sei, tem nome o seu contratempo? Não sou menino, Otton. — Malvino pergunta calmo. — Não é o que está pensando. — Minto e continuo a falar. — Mas estou surpreso com o seu chamado. — Alina tem me dado trabalho ao extremo, ando investigando a sua vida e descobri que ela tem uma irmã. — Malvino fala sorrindo e já imagino que o mesmo queira Yanah também. — Não mexa com Yanah, por favor!— Peço rápido e Malvino fica sem entender nada. — Senti desespero nas suas palavras, então o nome dela é Yanah, está apaixonado? — Malvino pergunta a me encarar e sei que é tarde demais para mentir. — Não sei se a palavra correta é “apaixonado”, mas tínhamos um caso que acabou mal resolvido. — Falo desanim
YANAH Késsia me leva até em casa e durante o caminho já combinamos como vai ser amanhã, pois Martin marcou para visitarmos o escritório e conhecer o Malvino – já estou com um frio na minha barriga. Quando chego em casa entro bastante eufórica beijando Ykaro, que está a fazer as suas atividades escolares, e Alina do seu lado me olha sem entender nada. — Estou tão feliz, Alina, Ykaro! — Falo suspirando de felicidade. — A aula hoje foi ótima, Yanah, estava triste e agora está sorrindo, posso saber o motivo? — Alina pergunta. — Semana que vem eu começo a estagiar. — Meus parabéns, Yanah! Agora quem está feliz sou eu. — Alina me abraça. — Alina, eu vou estagiar na Cruz engenharia, amanhã vou conhecer o Malvino Cruz! Isso não é o máximo, Alina? — Pergunto feliz. Alina desfaz o nosso abraço lentamente em total silêncio e a encaro. — O que houve, Alina, não está feliz? Que cara é essa? — Esse tal Malvino é um homem que adora dar festas recheadas de mulheres. Cuidad
OTTON Trabalho hoje totalmente inquieto, parece que todo mundo resolveu tirar sarro da minha cara, todos muito estranhos e Malvino não me atende – ele desligou o celular canalha, safado. O xingo de todos os nomes possíveis, tento me desligar de tudo que fosse Yanah para poder seguir com a minha reunião e Alina me acompanha para fazer algumas anotações. Após algumas horas de reunião com os meus outros colegas advogados damos uma pausa para tomar um café, e no meu celular chega uma mensagem do Malvino. Confesso que fico com receio de abrir a mensagem, quando abro vejo ser uma foto dele perto da Yanah, ambos sorrindo e um ódio sobe a minha cabeça, o coração acelera e a xícara de café que estava segurando cai no chão. — Não é possível! — Falo sem me importar com as demais pessoas que estão ao meu redor. — Senhor Otton, está tudo bem? — Alina pergunta preocupada. Todos os meus colegas estão olhando para mim e Alina corre para chamar o auxiliar de limpeza. Peço licença a todos e s
YANAH Após sair do escritório do Malvino espero a entrevista da Késsia terminar para irmos para a casa. Fico na recepção com a secretária e a tal Luína aparece, a observo de longe e o nariz dela é tão empinado, a mesma sorri para mim e Martin se aproxima. — Yanah, vamos convidar Késsia para sair hoje? — Martin pergunta, animado. — Se tem uma coisa que estou precisando é sair, Martin, vamos convidar ela. — Falo e a tal Luína fica a nos observar. Luína chama Martin, os dois saem juntos e Késsia sai do escritório e ela me abraça sorrindo. — Vamos embora Yanah. Ganhei um projeto para trabalhar durante o estágio, você ganhou também? — Késsia pergunta. — Ganhei, estou tão realizada. — Falo. Enquanto entramos no elevador falo para ela sobre o convite do Martin de sairmos juntos hoje à noite e ela me encara. — Yanah, desculpa, mas eu não vou. Não gosto muito de sair de casa, peça desculpa a ele por mim caso vocês se falem. — Claro, entendo o seu lado, Késsia. — Você aceitou
OTTON A minha vida está uma confusão só e eu não sei mais de nada, sinto-me meio que perdido. Volto para o escritório e os problemas aqui são inúmeros para resolver, por um momento agradeço porque não sobraria espaço para pensar em mais nada, muito menos Yanah, que se tornou a tormenta da minha vida e agora muito mais porque Malvino está com ela nas mãos. Quando chega o final da tarde, é automático, sei que Yanah sai aquele horário e ali uma inquietação toma conta de mim. Eu preciso vê-la, desligo o computador e vou imediatamente para a frente da faculdade, na qual já tem um carro estacionado. Alguns minutos passam, Yanah sai sozinha e entra no carro que está parado mais à frente. Fecho os punhos sem acreditar que Yanah está saindo com outro, coço a cabeça totalmente desnorteado, com vontade de ir arrancar ela de dentro daquele carro. A que ponto cheguei pela Yanah? Estou feito um idiota plantado na frente da sua faculdade para a ver sair com outro. O carro sai e fico na dúvida s
YANAH Trago Ykaro para a casa, Alina vai trabalhar e olho ao meu redor pedindo uma luz no fim do túnel, porque é assim que eu me sinto, perdida, sem ter a quem pedir ajuda. Ykaro para a minha frente. — Yanah, só sirvo para dar trabalho. É tão ruim ser uma criança doente, não posso jogar futebol, tenho alergia a animais, não sei porque estou vivo. — Ykaro fala, chateado. — Ykaro, não é hora de se maldizer. Você é perfeito, entenda que cada um nasce de um jeito e só cabe a nós entender. Você é o nosso bem maior e, além disso, é criança, por isso precisa ser cuidado por nós. — Falo. Dou-lhe o seu medicamento. Tento a todo instante passar segurança para ele. Sem dinheiro, como estamos, como iremos alugar uma casa nova? O meu celular começa a chamar, é um número desconhecido, mesmo assim atendi e ninguém falou nada. É muita falta do que fazer, quem liga para os outros e não fala? Ao organizar o armário vejo a quantidade de remédios que essa criança toma, fico atordoada só em v
OTTON Passo o dia todo trabalhando e sempre notando o quanto Alina está distante e triste, libero ela mais cedo para ir para a casa, ligo para o meu pai e mesmo sabendo que estou de mal com a minha mãe vou visitá-lo, preciso muito dos seus conselhos. Assim fiz. Ao chegar à casa deles, o meu pai já me espera na área externa da casa e recebo um abraço forte daqueles que eu recebia quando era criança. — Amo quando você liga dizendo que vem me visitar, Otton. — O meu pai fala feliz. — Pai, tenho trabalhado demais, a cabeça cheia de problemas! Mas estou aqui. — Vamos conversar, desabafar é bom! Acompanhe-me até o Jardim, me fala sobre a sua viagem, sei que voltou estressado. — Está falando do modo que falei com a minha mãe, depositei nela uma frustração e descobri sozinho que somente eu sou o culpado. Mas tenho certeza que mamãe avisou a Evelin que fui viajar e ela se hospedou no mesmo hotel que eu, inventou mentiras para Yanah, a humilhou... E eu também, quando não assumi