YANAH Trago Ykaro para a casa, Alina vai trabalhar e olho ao meu redor pedindo uma luz no fim do túnel, porque é assim que eu me sinto, perdida, sem ter a quem pedir ajuda. Ykaro para a minha frente. — Yanah, só sirvo para dar trabalho. É tão ruim ser uma criança doente, não posso jogar futebol, tenho alergia a animais, não sei porque estou vivo. — Ykaro fala, chateado. — Ykaro, não é hora de se maldizer. Você é perfeito, entenda que cada um nasce de um jeito e só cabe a nós entender. Você é o nosso bem maior e, além disso, é criança, por isso precisa ser cuidado por nós. — Falo. Dou-lhe o seu medicamento. Tento a todo instante passar segurança para ele. Sem dinheiro, como estamos, como iremos alugar uma casa nova? O meu celular começa a chamar, é um número desconhecido, mesmo assim atendi e ninguém falou nada. É muita falta do que fazer, quem liga para os outros e não fala? Ao organizar o armário vejo a quantidade de remédios que essa criança toma, fico atordoada só em v
OTTON Passo o dia todo trabalhando e sempre notando o quanto Alina está distante e triste, libero ela mais cedo para ir para a casa, ligo para o meu pai e mesmo sabendo que estou de mal com a minha mãe vou visitá-lo, preciso muito dos seus conselhos. Assim fiz. Ao chegar à casa deles, o meu pai já me espera na área externa da casa e recebo um abraço forte daqueles que eu recebia quando era criança. — Amo quando você liga dizendo que vem me visitar, Otton. — O meu pai fala feliz. — Pai, tenho trabalhado demais, a cabeça cheia de problemas! Mas estou aqui. — Vamos conversar, desabafar é bom! Acompanhe-me até o Jardim, me fala sobre a sua viagem, sei que voltou estressado. — Está falando do modo que falei com a minha mãe, depositei nela uma frustração e descobri sozinho que somente eu sou o culpado. Mas tenho certeza que mamãe avisou a Evelin que fui viajar e ela se hospedou no mesmo hotel que eu, inventou mentiras para Yanah, a humilhou... E eu também, quando não assumi
YANAH Percebo que o nosso caos só estava começando quando abraçada a Alina recebemos a notícia que Ykaro está numa UTI. Nesse momento tenho que ter forças porque Alina desaba em lágrimas nos meus braços, em mim também b**e um desespero, porque novamente estamos com a sensação que vamos perder o nosso irmão. Pelo menos no passado tínhamos a nossa mãe, e agora, quem vai nos dar suporte? Alina precisa ser medicada por conta do seu nervosismo, tenho que estar perto dela enquanto Ykaro está internado. — Yanah, procure saber como está o nosso irmão, estou muito dopada. — Alina fala ao acordar. — Alina, se não toma esse calmante não sei o que seria de você. O nosso irmão está vivo, precisamos crer que ele vai sobreviver. — Eu sei disso, Yanah, não vou deixar o nosso irmão morrer.— Alina fala triste. Passamos a manhã inteira no hospital. Quando solicitam somente a entrada da Alina para ver o Ykaro e conversar com o médico, ela entra acompanhada de uma enfermeira. Fico do lado de fo
OTTON Procurei Yanah para me declarar e pedir perdão como o meu pai me aconselhou, mas ouvir Yanah pedindo para eu deixá-la em paz inflamou o meu ego, o que me fez falar o que não devia do seu sentimento em relação a mim. Mais uma vez cometi um deslize com ela, e me vejo longe dela cada vez mais. Totalmente com raiva dela, saio do hospital e vou nervoso para um restaurante almoçar sozinho. Alina me manda uma mensagem explicando sobre o seu afastamento do escritório para se dedicar a sua família. Admiro essa mulher, ela é capaz de largar tudo pela sua família, e a mim só cabe aceitar que perdi a minha secretária e perdi Yanah. Ao chegar no meu escritório conheço a nova secretária que ficará no lugar da Alina até ela poder voltar. Mal sento na minha cadeira e a nova secretária anuncia a sua entrada, atentamente a ouço. — Senhor Otton, Malvino ligou na recepção e pediu que o senhor olhasse com urgência o seu e-mail. — Obrigado! — Agradeço e a mesma sai. Olhei rápido o e-mail p
YANAH Cheguei à empresa Cruz Engenharia e a tal Luína, ao me ver, olha-me da cabeça aos pés. Vou em direção a recepção. — Por favor, você pode avisar ao Malvino que cheguei? — O Malvino não pode te receber, o mesmo está numa reunião, ele é o chefe de tudo aqui e é um homem extremamente ocupado. — Isso eu sei, só estou aqui porque ele pediu o meu comparecimento e só sairei quando ele me receber. — Falo sorrindo. A mesma me fuzila com os olhos. Ela quer ser dona daqui sem ser, só que comigo ela não se cria. Não demora muito até que Malvino autorize a minha subida e sorridente vou até ele, que me recebe também sorrindo. — Que bom que veio, Yanah. Quero urgência no projeto da casa, está lembrada? Sente-se. — Malvino me encara e hoje ele está diferente. — Claro que lembro. — Falo me sentando. — Quero urgência, pois a dona dessa casa romântica irá morar numa casa provisória, mas nada comparado a esse nosso projeto. Acredito na sua competência, como tenho outros projetos na f
OTTON Após Yanah me deixar sozinho no restaurante papai enfim aparece e me olha em silêncio. — Não conseguiu nada, mais uma vez? — Papai pergunta. — Pai, que ideia foi essa de nos juntar no restaurante. — A ideia foi da Késsia e eu achei ótima, Yanah precisa saber que você está a fim dela e que agora é para valer. Dê um tempo a ela, de um dia, compre um anel e a peça em namoro! A surpreenda no seu trabalho. — No seu trabalho? E se ela me disser não, na frente de todos? Eu não vou aguentar, pai, acho isso uma loucura. — O amor é isso! Tudo ou nada. Se não se arriscar vai perder ela. Frustrado é o meu nome. Parece que, quanto mais corro atrás, mais ela se afasta. Preciso dar uma cartada final. Volto para o meu escritório e ao sentar na minha cadeira foco no trabalho. Passo a tarde inteira participando de reuniões e audiências e a cada dia chega um problema novo, e o que mais está me tirando o sono é Yanah. UM DIA DEPOIS: Fico na dúvida se faço ou não faço o que
YANAH Alina e eu saímos do hospital em silêncio, ela está muito estranha. Vamos para a nossa nova casa, ela e dá o nosso novo endereço ao motorista e ele segue para um bairro chique. Chegamos ao grande portão, passamos por identificação e entramos num condomínio, estou atenta a cada detalhe. — Alina, tem certeza que não vai me contar quem está bancando isso tudo, é um namorado seu? Não vou te julgar. — Não quero falar sobre esse assunto, por favor, respeite isso. — Alina pede e o seu olhar está perdido. O carro para em frente uma casa linda, com portas de vidro e piscina. Desço do carro com a certeza que Alina está com alguém muito rico. Ela abre a grande porta, tudo é muito lindo e bem decorado, sento no sofá emocionada sem acreditar que estamos numa casa tão luxuosa. — Por favor, Yanah, suba para o seu quarto, veja se está tudo do seu gosto — Alina fala desanimada. Tudo está perfeito, até melhor do que sonhei. Subo as escadas e Alina me acompanha. Quando abro a porta do m
OTTON Trago Yanah para junto de mim, para não soltar mais. Apresento a ela o nosso futuro lar, porque pretendo passar de namorado a marido da Yanah. — Quantas mulheres já trouxe aqui? Sempre que ficávamos íamos para um apartamento, aquilo lá é um motel? — Você é a primeira mulher que trago para o meu lar, lugar de descanso e trabalho também. — Sei! — Yanah fala andando pela casa. A abraço por trás, beijando o seu pescoço. — Não estou mentindo, Yanah, juro por nós que não estou mentindo. Yanah me beija. Sirvo uma taça de vinho a ela, e ficamos conversando sobre como vai ser daqui para frente. A mesma fala da sua nova casa, que Malvino cedeu, mas ela ainda não sabe que ele criou uma obsessão por sua irmã. Ela sorri com os olhos quando fala do projeto que lhe foi dado para trabalhar. É difícil segurar os ciúmes quando ela fala do Martin, o quão príncipe ele é. — Otton, que cara é essa quando falei do Martin? Isso é ciúmes, ou não vai assumir? — Yanah pergunta. — É ci