Em uma noite fria e monstruosa, duas crianças chegaram às terras vermelhas, um deserto escaldante que coletava para si todo sangue que escorria e pingava por seus grãos.
Na mesma noite uma criança coberta pelos braços de uma jovem deusa se chocou contra o deserto como uma grande bola de fogo, infelizmente a deusa não sobreviveu, deixando ali largada a pobre menina coberta em lindos panos de seda.
Já a outra criança também uma menina e de sangue real, não parava de chorar, havia algo muito ruim em seu corpo, era de costume crianças pagarem pelos pecados de seus pais.
Sem que parasse de chorar devido a grande dor em seu corpo e a grande quantidade de vultos que seu sofrimento atraia, seu pai que andava de um lado para o outro, toma uma grande atitude.
Ajoelhando-se sobre os grandes pisos brancos e dourados, o rei suplica pela ajuda dos deuses. Com seus olhos ainda fechados, o rei deixa suas lágrimas molharem suas vestes, para ele nada havia acontecido, até que não escutou mais o choro de sua menina. Desesperado ele se levanta achando ter perdido mais um de seus bens, mas não era isso que havia acontecido.
A criança era acariciada por uma mulher de vestido longo de seda rosada, tinha uma aparência angelical, cabelos longos que voavam em direção ao vento devido a grande janela sobre suas costas.
— Quem é você?! — exclamou sacando sua espada ao ver a figura da linda mulher tocar a bochecha de sua filha com grandes unhas negras.
— Achei que quisesse algo. — sorriu dando as costas. — Sua filha morrerá em algumas horas. — o rei não queria ter que presenciar dois funerais, sua esposa já ter o deixado era demais, não poderia perder também sua menina. Se colocando de joelhos ele suplica por ajuda. — Quer que a menina viva? — ele concorda. — Pois bem, mas após isso irei querer algo em troca.
— Apenas ajude minha menina. Minha Liam! — gritou correndo em direção a criança.
A bela mulher sabia exatamente o que se passava com a pequena, afinal ela era uma deusa. Tocando o peito da menina ela sussurra palavras desconexas enquanto apertava suas unhas sobre a pele do bebê, ela chorava mais que o normal, todavia seria o fim de seu sofrimento.
Feito seu trabalho, a deusa se aproxima do rei falando em seu ouvido, tendo ouvido seu destino as pupilas do rei se dilatam o fazendo imaginar seu drástico fim. Nem mesmo sua petição salvaria sua alma.
A deusa sabia exatamente o que havia feito, ouvia o choro da menina caída sobre o deserto, ela esperou dias por esse momento, a morte da criança logo viria, havia arrancado seu coração e entregado a filha do rei, não era uma troca justa e ela sabia, se vingaria de sua irmã de uma vez por todas.
Sua irmã ainda estava viva, morava em algum lugar sobre o deserto, viva com o homem que sempre a amou e que nunca pensou em trocá-la por Yuga, a nova dona do trono no céu.
Não demorou muito e o choro da menina que presenciava o grande caos por trás das nuvens foi ouvido. Huan estava finalmente com sua filha sobre os braços, por mais que no céu tivesse se passado apenas dois dias, na terra foi o equivalente a dois longos anos.
Correndo com sua menina nos braços, Huan chamou por seu marido, que rapidamente identificou o que acontecia. A menina precisava de um novo coração, estava morrendo aos poucos, havia sido tocada por um demônio, demônio esse que Huan conhecia bem juntamente ao seu marido.
Felizmente Chun, o pai da criança, conhecia os métodos que a salvaria, mas por outro lado precisaria sacrificar um dos fetos de sua esposa dentro dos potes diversos. Eram muitos, e todos eles se cumpriram como castigo da deusa, Yuga. A terra que pisavam não era e nunca seria fértil para Huan, a impossibilitando de dar a luz a uma criança e demonstrar com maestria o amor por seu marido.
A miúda criança sentada em frente a estante empoeirada de madeira, sorria alegre enquanto contava uma história para suas irmãs dentro de pequenos potes de vidro, mas agradecia uma em especial, aquela a quem a manteve viva até o momento, a quem deu seu pequeno coração em seus últimos suspiros.Ignorando sua mãe que acaba de pôr uma bandeja de madeira sobre a mesa com alguns grãos, ela retoma sua história de onde parou. Era o único momento que a menina se sentia bem para tirar o tapa olho de seu olho esquerdo. Mesmo com um outro coração, ela ainda tinha sobre o corpo o sangue de alguém corrompido, o sangue de um demônio. O mesmo demônio que castigou a criança sobre o castelo nomeada como Liam.— Venha minha filha, você precisa comer. — Ela não aguentava mais ver o estado de sua menina. N&atild
Apanhando a areia quente sobre as mãos e a jogando para o alto enquanto pulava junta de Bao, ela solta uma gargalhada caindo sobre os pelos da criatura e suspirando contente pela grande bagunça.Agora tinha um amigo com quem brincar, um amigo que a fazia rodar e flutuar dentro de um pequeno redemoinho de vento e areia.Ao ouvir a voz rouca e fraca de sua mãe, Akame recuou por um momento, mas se lembrou após o segundo grito que ela precisava obedecer a mulher que a chamava, mesmo que não tivesse fome.Deixando que Bao entrasse em seus cabelos, ela corre empurrando a porta e dando um pequeno salto onde observa seus dedinhos amarelados. Fechando a porta ela sorrir por cima do ombro quando vê as marcas de seus pés sujos sobre a madeira.Ao sentar em frente a mesa, Akame viu um pequeno pote com água e outro com uma única colher de grão
O pedido da pequena princesa foi levado em consideração, mesmo que aquelas duas não se conhecessem.Liam não sabia que havia sido tocada por um demônio e nem que aquele coração em seu corpo, era especial. Por que tão puro se Akame a antiga dona dele era apenas uma humana? Bem no mundo humano sim, mas entre o céu e o inferno aquele coração era a prova de um grande amor, e todo o poder de seus pais foi passado para ele. Assim como aconteceu o mesmo com o de Jia. Ao contrário do bom coração em seu peito, o seu verdadeiro coração era o pecado de seus pais.Há doze anos atrás Li bo quem hoje é rei, se encantou pela beleza da princesa Yi jie a princesa do norte, mas não poderia tira-la de seu reino, ainda era príncipe e não tinha o poder que d
Ela morreu. Não morreu? — Perguntou a princesa sentada em frente a sua grande janela. — Papai disse que estava feito, e que agora, ninguém me machucariam.— Tudo que eu me lembro é que deveria proteger alguém, e tudo que me lembro desse alguém era de seu bom coração. — A entidade se aproxima da criança. — Esse coração está em você, então é você que vou proteger.1Alguns meses depois o rei estava convocando todos de seu reino, seu castelo seria o palco de um grande comunicado. Estavam todos inquietos, a ansiedade do povo e da criança sentada ao trono era enorme.Finalmente os tambores tocaram e o rei rodeado por sua coroa e jóias se levantou. Suas vestes dignas de luxúria de colocarão azul vívido e ouro, reluzia a luz do sol que queimava sobre sua cor
Enquanto os músculos de seu pequeno corpo ardiam e sua cabeça e pés eram vítimas do sol escaldante, Akame continuava ali respirando ferozmente enquanto observava os pés do ser de pele vermelha a sua frente.Enquanto a encarava com um pedaço de madeira nas mãos, o povo ao redor prestava atenção no que deveria ser uma briga.A cada golpe desferido a criança, um gemido e sons abafados surgiam sobre o local. A areia vermelha estava sendo banhada pelo sangue ralo da jovem que até então não fazia nada a não ser aceitá-los. Farto por não conseguir mais nem uma reação da criança, o rapaz de aparência não humana se afasta largando a madeira que fazia de espada.— Vá descansar, por agora já chega…— Ainda não… — sussurrou fa
Depois daquele casamento, as coisas no castelo mudaram, a convivência e modo do rei tratar sua criança estava frio, não existia mais carinho ou palavras de conforto. O quarto de música foi trancado, e a pequena obrigada a aprender a arte da batalha, tendo como incentivo e companhia duas crianças, Chan e Chen, dois irmãos gêmeos que foram convocados para guardar a princesa.O reino nunca tinha se alinhado com demônios, mas a nova lei dada pelo rei fez com que tudo tomasse outro caminho. Os dois irmãos gêmeos descobriram há pouco tempo que tinham um dom. Enquanto Chan desenhava em seus pergaminhos, seu irmão manipulava com muita facilidade as lâminas, quaisquer que fossem.— Vamos, levante mais sua espada! — Gritou o instrutor. Liam não tinha jeito algum, não era como tocar sua flauta, não sabia como começar, não havia n
Enquanto dividia os grãos entre as crianças e seus familiares, Akame era aguardada para conhecer mais sobre si mesma. Era a criança mais linda entre todos e a única que não tinha sua pele vermelha e cabelos quebradiços, a mais habilidosa e a única com sonhos.Naquela manhã algo foi tirado das coisas do velho cego, algo que seria herdado por Akame. Após terminar o que a dava tanto prazer, a criança caminha entre os rapazes que a vê sentar-se junto ao velho na areia vermelha, e tomam o ato como incentivo para fazer o mesmo.Atraída pelo objeto tapado pelo pano logo mais a sua frente também sobre a areia, ela aproxima suas mãos na mesma direção, porém é parada quando sente um tapa em uma delas.— Acreditamos que já está na hora de saber um pouco mais daquela criança que pisou em
Os ecos da voz da rainha invadiam os ouvidos de Liam mesmo que ela estivesse no último andar do castelo, em um quarto totalmente escuro, empoeirado e de grossas paredes.Novamente mais uma tropa estava sendo mandada para as terras de sangue, a rainha mandava e o rei apenas ouvia.O trinco da porta é destravado e a maçaneta rodada, apenas uma pessoa visitava Liam, mas ultimamente as coisas sobre o castelo estavam tão corridas que uma única visita custava caro.Com a aliança entre os quatro reinos sobre a terra e o reino da serpente localizado no solo de uma grande torre que se escondia na neblina quente do deserto, o novo reino de Kumiko tinha todo poder e riquezas que ela queria.Kumiko havia convocado todos os demônios que habitavam reinos, vilas e até mesmo aqueles que se escondiam para que não fossem mortos por humanos. Todos haviam sidos chamados para a proteção da rainha, somente da rainha… Não eram os