3- renascimento

O pedido da pequena princesa foi levado em consideração, mesmo que aquelas duas não se conhecessem. 

Liam não sabia que havia sido tocada por um demônio e nem que aquele coração em seu corpo, era especial. Por que tão puro se Akame a antiga dona dele era apenas uma humana? Bem no mundo humano sim, mas entre o céu e o inferno aquele coração era a prova de um grande amor, e todo o poder de seus pais foi passado para ele. Assim como aconteceu o mesmo com o de Jia. Ao contrário do bom coração em seu peito, o seu verdadeiro coração era o pecado de seus pais. 

Há doze anos atrás Li bo quem hoje é rei, se encantou pela beleza da princesa Yi jie a princesa do norte, mas não poderia tira-la de seu reino, ainda era príncipe e não tinha o poder que desejava, fora isso Yi jie estava noiva e seu reino era inimigo do mesmo, mas isso não o intimidou.

Duas noites depois quando voltou para seu reino no oeste, Li bo colocou em prática seu plano para matar o rei, seu pai. 

Contratando um dos soldados que teria como pagamento tornasse líder, eles envenenaram o cálice de vinho que o senhor tomava todas as noites antes de seu descanso e que também dividia com sua esposa.  Não demorou muito e Li bo foi coroado como rei e sua primeira ação foi tomar o reino do norte e arrancar Yi jie dos braços de seu marido.

Enquanto a princesa era preparada para seu descanso, ela é sua cuidadora fingiam não ouvir os gritos sobre o quarto, e o pior de tudo, ninguém sabia com quem ele falava, nunca encontravam alguém em sua presença quando entravam naquele quarto. 

Porém a criança estava mais preocupada com Akame. 

1

O sopro quente do deserto levava consigo os odores forte de suor dos soldados que corriam em direção à cabana dos Chen. O tempo estava curto, e Ning sabia disso, pedindo que sua criança a acompanhasse elas caminham com cautela até a cabana melhor, a mesma ficava pouco distante, era apenas usada por Xiang que criava suas armas em troca de comida. Eram apenas destinadas ao reino e suas tropas. 

Pedindo que Akame pegasse algo para ela, Ning fecha rapidamente a pequena porta de madeira e a tranca com rancor. “ Me perdoe. Sussurrou enquanto caminhava em direção a sua residência.”

Akame só parou de gritar por sua mãe, quando ouviu e viu através do pequeno buraco os soldados do reino parar sobre sua porta. De alguma maneira Akame sentia que precisava ficar quieta, tinha seu pulso apertado pelas pequenas garras de Bao. Reagindo com um pequeno recuo, Akame vê a porta de sua casa ser derrubada, e sua mãe ser puxada pelos cabelos. 

Dando socos e chutes sobre a porta, a criança gritava por sua mãe, mas não ousava olhar o que faziam com a mesma. Sabiam que a machucava, ouvia seus gritos e choramingos como se estivesse com seus ouvidos próximos aos lábios da mesma, sentia sua dor, sua respiração cansada, sua falta de equilíbrio.

— A menina… onde está a criança?! — Perguntou ordenando que batessem na mesma por conta de seu silêncio. — A criança! — Perguntou mais uma vez antes de ouvir a porta ser derrubada e arremessada em direção a eles. — Pequem-na! 

Não ousaram a tocar, Bao estava a protegê-la enquanto seu tórax estava acelerado. Seus cabelos cumpridos e maltratados escondiam sua face, mas deixava a mostra o chifre em sua cabeça. 

— Pequem-na! — Decretou com mais força. — Um dos soldados aproxima sua mão da criança, mas se afasta ao sentir algo de estranho a sua volta. — Se eu quero algo, eu mesmo terei que fazer. 

Dando ordem para que seus homens cercaram o animal ao lado, o general prossegue até a criança parando em sua frente e seguindo com as mãos trêmulas até sua espada. Estava com medo do que via, do que sentia, e não pretendia prolongar mais isso. 

Tirou sua espada da capa, mas assim que a armou levando a mesma contra a garganta da criança, sua espada travou. Uma força enorme a impedida de se mover, e nem mesmo a força feita pelo general a fazia sair do lugar. 

Quando finalmente cansou-se de fazer força, correu até Ning com uma lâmina pequena, a passaria em sua garganta e a mataria de uma vez, estava desacordada e não sentiria nada, depois disso teria Akame totalmente frágil. 

Um gargalhada abafada surge de seus lábios quando finalmente consegue pegar Ning pelos cabelos, porém o que ele não esperava era que seu pulso fosse segurado e sua ação impedida. Engoliu a seco quando viu que o ser que o impedia era a criança. Olhou para ela, e para trás onde a mesma estava e deveria está. Marcas escuras começaram a cobrir seu pulso, observando aquilo, ele rapidamente puxa seu pulso e corre ordenando que os soldados ataque.

Enquanto observa afastado e em silêncio seus homens serem feridos, ele saca novamente sua espada que se encontrava sobre a areia vermelha. Observava a menina parada olhando ainda para o chão enquanto as lâminas afiadas de seu guardião lutava para se manter vivo.

— Quando me tornei general da tropa do reino, deixei claro que não mataríamos nunca uma criança se quer… —  informava em movimento —  e para o seu azar, o rei a quer morta e você não é uma criança, você mesma disse isso. Você é um demônio, e demônios devem morrer! — Expôs correndo entre os corpos estirados sobre o chão. 

Estava confiante demais, mas não conseguia ferir a criança, era como se seus movimentos fossem lentos demais e ela os pudesse criar antes mesmo de sua existência. Quando finalmente um corte é feito sobre o ombro da criança e seu sangue corre sobre as vestes, ela decide levantar sua cabeça e olhar nos olhos do general. Ele não aparentava medo, estava acostumado com os olhos negros dos demônios, já havia matado muitos, e Akame entraria para sua lista. 

Um sorriso desagradável surge na face do general, e sem pressa a criança revida os ataques. O impacto de suas mãos abertas causava grande desconforto e dor nos músculos das pernas do general, era o único lugar que a criança tinha altura para alcançar. Os movimentos circulares fazia com que suas mãos, tragasse todo o ar quente da atmosfera e o usasse ao seu favor. O general podia jurar que seus ossos estavam despedaçados sobre suas coxas, mas persistia em contra atacar. 

Deslizando com seus pés descalços em uma direção bem diferente dos calçados do general, Akame desviava dos soldados que recuavam em sua direção. Bao lutava bem ao lado da menina, e cortava com rapidez todo ser que tentasse os machucar, podia sentir as duas lâminas de suas caudas rasgar as armaduras e ferir a pele de cada um. Sua espécie era apenas conhecida no céu e no inferno, mundos que não estavam tão longe, mas por algum motivo estava sobre os humanos e seu dever era proteger e honra seu mestre, mesmo que sua espécie buscasse sempre a paz e o equilíbrio.

Quando finalmente o general caiu sobre o chão e não conseguiu mais se levantar por motivos maiores que sua raiva, Akame sentiu e ouviu o coração de sua mãe bater mais rápido, o que significava que ela estava acordada.  Finalmente Akame permite que todo o ódio em seu corpo termine, e com alívio ela abaixa suas mãos e chama por Bao. 

— Akame? — Ning firmou seus cotovelos sobre a areia e caminhou a procura de sua filha, não sabia ela que a mesma a observava em silêncio. — Akame! Akame! 

— Mama! — Gritou preparada para correr, quando sentiu algo gelado atravessar seu corpo. — Mama… — suspirou dando um passo seguido do outro, até sentir a lâmina ser retirada de seu corpo a fazendo levar as mãos sobre o ferimento. Quando finalmente conseguiu ver a face de sua mãe, ela sentiu medo, pois sabia que morreriam ali. 

Novamente a lâmina gelada atravessou o pequeno corpo de Akame, o sangue sofrido escorria por entre seus dedos e seus lábios. Continuou a caminhar, a força de vontade de poder tocar sua mãe só mais uma vez era enorme. Fechou os olhos ouvindo o passo do general ao seu lado, ouviu a batida de seu coração calmo ao sentir o gemido abafado de Bao e o eco que seu corpo fez ao cair sobre o deserto. 

— Minha menina. — Soprou entre os lábios enquanto uma gota escorria de seu olho. Levando a mão a frente onde encontraria a de sua filha, ela se viu em um pesadelo quando seus pés foram agarrados e seu corpo puxado para longe, o corpo de Akame caiu logo em seguida, mas ela não fechou seus olhos, e viu sua mãe ser queimada sobre a velha árvore enquanto seu coração era envolvido por uma barreira negra. 

Pouco tempo depois do ocorrido, a casa da família foi incendiada, e graças a isso uma pequena e curiosa vila caminhou até o local. — Eles ainda estão vivos! — Afirmou pedindo ajuda dos outros que levaram Akame e seu guardião. Eles sabiam no que estavam se metendo, e mesmo assim a ajudariam, sabiam de seu potencial e no que ela se tornaria depois do que viu, pois eles a ajudaria em sua transformação.

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