Apanhando a areia quente sobre as mãos e a jogando para o alto enquanto pulava junta de Bao, ela solta uma gargalhada caindo sobre os pelos da criatura e suspirando contente pela grande bagunça.
Agora tinha um amigo com quem brincar, um amigo que a fazia rodar e flutuar dentro de um pequeno redemoinho de vento e areia.
Ao ouvir a voz rouca e fraca de sua mãe, Akame recuou por um momento, mas se lembrou após o segundo grito que ela precisava obedecer a mulher que a chamava, mesmo que não tivesse fome.
Deixando que Bao entrasse em seus cabelos, ela corre empurrando a porta e dando um pequeno salto onde observa seus dedinhos amarelados. Fechando a porta ela sorrir por cima do ombro quando vê as marcas de seus pés sujos sobre a madeira.
Ao sentar em frente a mesa, Akame viu um pequeno pote com água e outro com uma única colher de grãos, só havia para ela, e enquanto isso sua mãe tratava de seu pai. Esse era o motivo de haver tão pouca comida. Chun estava doente, e não tinha forças para ir até a vila.
Colocando poucos grãos sobre a ponta da língua, Akame divide o resto com Bao e corre em direção ao quarto de seu pai onde bate de frente com sua mãe.
— Você já comeu? — Akame assente enquanto encara o estômago de sua mãe fazendo barulho. — Não se preocupe, trarei mais comida.
— Mama…
— Ficará tudo bem. — Declarou acariciando a bochecha suja da mesma e ignorando as manchas de seus pés. — Não perturbe seu pai. — Pediu passando por ela e pegando sobre a estante seu chapéu de palha.
Akame sabia que era arriscado para sua mãe ir até a vila, era chamada de bruxa e maltratada. Foi assim da ultima vez. Seus cabelos brancos e quebradiços os assustava. Esse era o motivo de Chun ir em seu lugar.
Tentou correr até sua mãe, mas desistiu quando viu o cavalo partir, então deu meia volta e correu até seu pai. O homem estava deitado sobre o chão em cima de alguns panos e respirava calmamente. Chegando em passos ligeiros Akame se senta ao lado e toca sua pele, estava gelado como gelo.
Juntando suas mãos uma a outra ela soprou e soprou até que as esquentasse e logo depois as levou até o rosto de seu pai, que com um sorriso dificultoso abriu os olhos a encarando.
Lembrou-se então do dia em que seu pai havia feito o mesmo com ela, pegou então uma das grandes mãos dele e chegou os lábios próximos e soprou até que não conseguiu mais.
Não sabia como seu pai havia conseguido o corte sobre o rosto, apenas acordou e o encontro já daquela maneira, sempre que podia reparava e não foi diferente dias atrás quando ela entrou pela porta e viu seu pai caído sobre o chão. O barulho tenebroso que a causou medo era resultado de uma queda.
Dando um beijinho na testa do pai ela de levantou correndo até a sala onde tinha certeza que estava suas irmãs.
— Não perturbem o papa. — Pediu abrindo a porta e deixando que Bao saltasse de deus braços. Olhando a direção que os cascos do cavalo ia, ela sobe sobre as costas de seu guardião que em sua forma de combate se tornava muito maior que Akame, ainda que ele também não fosse adulto. Colocando suas duas caudas e as lâminas sobre elas no chão ele abaixa esperando que Akame suba.
Segurando os do pequenos chifres do guardião que a lembravam perfeitamente o único e quase que impossível de se ver em meio aos seus cabelos negros. Era aquele pequena chifre sobre seu crânio que a fazia se autonomear como uma demônio.
Enquanto corriam Akame passou observando a árvore morta sobre o deserto, era gran, dura e seca, era nela que seu pai a tentou ensinar como se defender. Seu tronco liso era todo marcado por cortes de lâmina.
1
Quando grandes paredes e uma enorme passagem de pedra foi vista pelo olho de Akame, rapidamente suas mãozinhas soltaram a criatura. Pulando das costas de Bao ela correu passando a mão sobre o muro e olhando o deserto. Nunca havia visto algo tão incrível e tão pouco blocos tão grandes.
Escondendo o chifre com seus cabelos ela esticou o braço para Bao e pisou com seus pés sobre as grandes pedras. Havia muitas casas e barracas com grãos e água, mas não havia pessoas. Andando ela viu mais uma passagem, ignorou e seguiu em frente, não sairia dali sem sua mãe.
Tocando tudo distraidamente ela se assusta quando ouve um grito algo e cheio de raiva “bruxa”!
Havia uma pequena multidão sobre o que parecia ser uma pequena praça, tinha um pequeno chafariz, mas estava seco.
Ao chegar perto das pessoas ela tentou passar e até mesmo olhar entre elas, mas estava sendo impossível, elas a empurravam enquanto tiravam de suas vestes compridas muitas e muitas pedras.
— Bruxa! Bruxa! Mate a Bruxa. — Havia ódio em sua voz.
— Por favor, parem. — sussurrou no meio da multidão. Estava com a voz sofrida e fez com que Akame empurrasse as pessoas para tentar passar.
Encontrando uma brecha entre algumas pernas e saiões, Akame se ajoelha até que finalmente encontra a silhueta apedrejada de sua mãe.
Se arrastando até ela, a criança tenta levar sua mão até seu ombro, mas sente os dedais de aço dela passa sobre seu rosto.
— Akame? — Sussurrou tentando levar suas mãos até ela, mas recuou ao ver o sangue pingar entre os dedos dela.
— Podemos ir agora, mama? — Perguntou levantando seu rosto e sorrindo para ela.
— Mama?! — gritou com uma pedra sobre as mãos. — A bruxa tem uma filha?!
— O que está acontecendo aqui?
— É o rei! É o rei e sua filha! — Largando as pedras as mulheres se afastam dando lugar ao rei e seus cavalos.
Colocando os pés sobre o chão, o rei observa a mulher de cabelos brancos abraçada com uma criança.
— O que está acontecendo aqui? — Questiona fitando o sangue sobre o chão.
— Ela é uma bruxa! — Gritou se colocando a frente. Sem dizer uma palavra o rei faz mais uma aproximação, mas recua para trás de seus soldados quando vê os olhos de Akame.
Pedindo que proteja sua menina, ele ordena que as mulheres sobre o chão se retirem.
— Obrigada. — Agradeceu curvando-se rapidamente.
— Oi. — Uma voz fina ecoa nos ouvidos de Akame, e antes de da as costas, ela observa a princesa sair do cavalo com um lenço sobre as mãos.
— Liam!
— Está tudo bem papai. — Sorrindo ela estende o pedaço de pano para a menina. Lentamente Akame aceitou, e após tirar a mão de seu olho negro que havia perdido a proteção, ela sorrir.
— Você é como eu? Também é um demônio? — A jovem princesa não sabia do que ela falava, e tão pouco que Akame era capaz de ver o espírito de uma jovem mulher acima de seus ombros.
Antes que pudesse levar o lenço sobre o olho, a menina relutou contra sussurros que a atrapalhavam a audição. Se virando fitou com receio as mulheres ao redor. Todas elas tinham demônios colados sobre seus corpos, sugavam as forças delas e as fazia cometer atos maldosos.
Fitando um ser em especial, Akame fecha seus ouvidos, quem era a mulher que sussurrava crueldades para ela?
Murmurando baixinho, ela leva as mãos para frente quando vê uma das mulheres apanhar uma pedra.
A princesa foi puxada e levada até seu cavalo, e as mulheres se afastaram brutalmente quando viu uma delas ser erguida ao alto.
— Akame, não! — Pediu segurando no braço da criança e assistindo a mulher cair sobre o chão. Sem dizer palavra alguma ela correu em direção ao seu cavalo que estava preso na entrada da vila e partiu com sua filha.
— Papai! — Com seus olhos assustados ela segura forte o cavalo.
— Vai ficar tudo bem. — Declarou fazendo o cavalo partir em direção ao castelo. — Mate as duas.
Enquanto o cavalo corria desesperado, Liam pediu para o espírito acima de seus ombros proteger a menina que acabará de conhecer. Não sabia quem era, mas sentia que precisava dela.
O pedido da pequena princesa foi levado em consideração, mesmo que aquelas duas não se conhecessem.Liam não sabia que havia sido tocada por um demônio e nem que aquele coração em seu corpo, era especial. Por que tão puro se Akame a antiga dona dele era apenas uma humana? Bem no mundo humano sim, mas entre o céu e o inferno aquele coração era a prova de um grande amor, e todo o poder de seus pais foi passado para ele. Assim como aconteceu o mesmo com o de Jia. Ao contrário do bom coração em seu peito, o seu verdadeiro coração era o pecado de seus pais.Há doze anos atrás Li bo quem hoje é rei, se encantou pela beleza da princesa Yi jie a princesa do norte, mas não poderia tira-la de seu reino, ainda era príncipe e não tinha o poder que d
Ela morreu. Não morreu? — Perguntou a princesa sentada em frente a sua grande janela. — Papai disse que estava feito, e que agora, ninguém me machucariam.— Tudo que eu me lembro é que deveria proteger alguém, e tudo que me lembro desse alguém era de seu bom coração. — A entidade se aproxima da criança. — Esse coração está em você, então é você que vou proteger.1Alguns meses depois o rei estava convocando todos de seu reino, seu castelo seria o palco de um grande comunicado. Estavam todos inquietos, a ansiedade do povo e da criança sentada ao trono era enorme.Finalmente os tambores tocaram e o rei rodeado por sua coroa e jóias se levantou. Suas vestes dignas de luxúria de colocarão azul vívido e ouro, reluzia a luz do sol que queimava sobre sua cor
Enquanto os músculos de seu pequeno corpo ardiam e sua cabeça e pés eram vítimas do sol escaldante, Akame continuava ali respirando ferozmente enquanto observava os pés do ser de pele vermelha a sua frente.Enquanto a encarava com um pedaço de madeira nas mãos, o povo ao redor prestava atenção no que deveria ser uma briga.A cada golpe desferido a criança, um gemido e sons abafados surgiam sobre o local. A areia vermelha estava sendo banhada pelo sangue ralo da jovem que até então não fazia nada a não ser aceitá-los. Farto por não conseguir mais nem uma reação da criança, o rapaz de aparência não humana se afasta largando a madeira que fazia de espada.— Vá descansar, por agora já chega…— Ainda não… — sussurrou fa
Depois daquele casamento, as coisas no castelo mudaram, a convivência e modo do rei tratar sua criança estava frio, não existia mais carinho ou palavras de conforto. O quarto de música foi trancado, e a pequena obrigada a aprender a arte da batalha, tendo como incentivo e companhia duas crianças, Chan e Chen, dois irmãos gêmeos que foram convocados para guardar a princesa.O reino nunca tinha se alinhado com demônios, mas a nova lei dada pelo rei fez com que tudo tomasse outro caminho. Os dois irmãos gêmeos descobriram há pouco tempo que tinham um dom. Enquanto Chan desenhava em seus pergaminhos, seu irmão manipulava com muita facilidade as lâminas, quaisquer que fossem.— Vamos, levante mais sua espada! — Gritou o instrutor. Liam não tinha jeito algum, não era como tocar sua flauta, não sabia como começar, não havia n
Enquanto dividia os grãos entre as crianças e seus familiares, Akame era aguardada para conhecer mais sobre si mesma. Era a criança mais linda entre todos e a única que não tinha sua pele vermelha e cabelos quebradiços, a mais habilidosa e a única com sonhos.Naquela manhã algo foi tirado das coisas do velho cego, algo que seria herdado por Akame. Após terminar o que a dava tanto prazer, a criança caminha entre os rapazes que a vê sentar-se junto ao velho na areia vermelha, e tomam o ato como incentivo para fazer o mesmo.Atraída pelo objeto tapado pelo pano logo mais a sua frente também sobre a areia, ela aproxima suas mãos na mesma direção, porém é parada quando sente um tapa em uma delas.— Acreditamos que já está na hora de saber um pouco mais daquela criança que pisou em
Os ecos da voz da rainha invadiam os ouvidos de Liam mesmo que ela estivesse no último andar do castelo, em um quarto totalmente escuro, empoeirado e de grossas paredes.Novamente mais uma tropa estava sendo mandada para as terras de sangue, a rainha mandava e o rei apenas ouvia.O trinco da porta é destravado e a maçaneta rodada, apenas uma pessoa visitava Liam, mas ultimamente as coisas sobre o castelo estavam tão corridas que uma única visita custava caro.Com a aliança entre os quatro reinos sobre a terra e o reino da serpente localizado no solo de uma grande torre que se escondia na neblina quente do deserto, o novo reino de Kumiko tinha todo poder e riquezas que ela queria.Kumiko havia convocado todos os demônios que habitavam reinos, vilas e até mesmo aqueles que se escondiam para que não fossem mortos por humanos. Todos haviam sidos chamados para a proteção da rainha, somente da rainha… Não eram os
Caminhando lado a lado, a hora de encontrar a rainha estava próxima, Akame não acreditava encontrar seu pai, mas já que estava ali, cortaria o mal pela raiz.— Você não é de falar muito, não é mesmo? — Tentava ele iniciar uma conversa. Montado em seu cavalo, o rapaz observava a jovem colada naquele animal peludo que seus olhos nunca havia visto antes. Que tipo de lâminas eram aquelas em sua cauda, e que pelagem longa era essa que ela escondia suas mãos? Aquela criança tinha um chifre no meio dos cabelos, mas por que não era igual aos demônios que ajudou a matar quando ainda habitava a vila de pessoas ingratas? — Não confia em mim. — Explanou.— Por que ele ainda estaria vivo? Sabe quem sou? — Pergunto
2Não podendo Akame seguir caminho com aqueles desconhecidos e tendo seus ferimentos ainda recentes, ela aguardou, procurou abrigo sobre o deserto e com as novas vestes que tinha para prosseguir com seu novo plano, ela se esquentou durante o frio do deserto e se acolheu nos pelos finos de seu guardião.Passados três dias, Akame finalmente consegue entrar nos domínios reais. Tudo parecia está ao seu favor, pois naquele exato momento a festa da rainha acontecia. Sobre os três tronos a família real, o rei com seu olhar distante e diferente, Liam com seu olhar carente e a rainha com um grande sorriso de orelha a orelha.Estava linda como de costume, e dessa vez usava uma linda coroa de ouro sobre os cabelos negros bem presos, vestes de seda amarela com detalhes de flores rosa.Enquanto a rainha e seus convidados, assim como soldados e demônios que n&atil