Ao passar pelo jardim ouvi a voz da Sr.ª Lauren, mãe de Ana. Ela estava podando umas flores, fazendo a própria jardinagem. Usava luvas e segurava uma tesoura para plantas. — O que faz aqui? — ela sorriu um pouco sem graça — Filippo não está. Estreitei os olhos para encará-la devido à claridade do sol batendo em meu rosto, contudo, consegui notar a insatisfação pela visita inusitada. — Eu preciso falar com Ana. Ela está? Seu meio sorriso se desfez instantaneamente. Devo imaginar que não quer que eu a veja depois de ontem. Boatos sobre a briga que tive com Tomás já havia se espalhado, presumo que os Duartes não estejam felizes com a demissão dele.— Ela não está aqui, pensei que estivesse...Seu olhar despencou para meu peito, imediatamente olhei para o mesmo lugar procurando o que havia de errado em minha camisa. — Quem lhe deu esse escapulário? Fechei os olhos, completamente desconfortável ao ver sua mão se aproximar da minha joia.— Senhora Lauren, não quero ser ignorante.Segu
Tempos depois...Ana Lis. — Sr. Andrew, você viu Dylan? — Não. Respondeu sem dar muita importância. Havia procurado o garoto pela casa toda e não o encontrei em lugar nenhum, enxuguei o suor na testa exausta, já estava ficando preocupada. Me deixar com o coração apertado é um dos talentos do meu filho. — Dylan? O chamei mais uma vez, a sala de jantar estava silenciosa, exceto pelo barulho que Andrew fazia enquanto mastigava os legumes. Notei que estava tranquilo demais, não me olhava nos olhos, se mantivera de costas, sentado à mesa. O tempo todo encarando uma obra de Pablo Picasso. Não demorou para sentir o cheiro de traquinagem no ar, sorri assim que olhei em direção aos pés da cadeira que Andrew estava sentado. Vi a ponta de um sapatinho preto, escondido atrás das pernas do cúmplice de Dylan. — Oh! Céus, estou ficando tonta!Soei com a voz fraca e entrei na brincadeira. Eles queriam me deixar preocupada, então resolvi dar o troco. — Onde está o meu filho? — murmurei — algué
Por detrás de um largo pilar de concreto, avistei uma perna pequena coberta por um jeans familiar e um sapatinho azul marinho, só poderia pertencer ao Dylan. Senti o medo amenizar, mas aí, quando me aproximei um pouco mais, percebi que ele conversava furiosamente com alguém. — Fica longe da minha mãe, ou você vai se ver comigo! A voz doce atualmente expressava raiva.— Eu nem conheço sua mãe, garoto. Afinal, você tem uma? Não parece! Colei minhas costas no pilar para me esconder, o coração poderia parar a qualquer momento. Cinco anos sem ouvir sua voz, eu nunca esqueceria e tampouco apagaria as lembranças dos momentos vividos ao seu lado, porém, aquilo era real.— Céus, que garoto malcriado! Olhei pela beirada do pilar e vi que Dylan esfregava um sorvete no terno de Adriel. Arregalei os olhos e tapei a boca espantada com o atrevimento do menino.O porquê Dylan fez aquilo eu não sabia, pois, ele não conhecia seu pai, embora o conhecesse, não sabia porque despejava tanta raiva. Na m
— Ele tem cinco anos.Seus olhos ficaram ainda mais espantados, ela encheu os pulmões e soltou um ar pesado, sentou-se ao meu lado novamente, numa cadeia de reações inquietantes. — Ele é o herdeiro de Adriel, tia Lauren. Tomás se apressou a dizer. Estava tentando evitar um desentendimento, portanto mantive a calma para ajudá-la a entender tudo.— Tive que ir embora grávida porque estávamos correndo risco.Fechei os olhos, evidentemente desconfortável ao lembrar do passado demasiadamente doloroso.— Que tipo de risco, Lis? Adriel tentou matar você? Apertou a mandíbula furiosa. — Não! Arthur e Cecília, tentaram me matar duas vezes. Senti-me tonta ao lembrar da situação horripilante que passei no hospital, quando Arthur tentou me sufocar. — Isso tudo é uma loucura, vamos a polícia agora! Ela saltou do sofá segurando meu braço, estava atordoada e não raciocinava perfeitamente. Espera essa reação dela, até porque mamãe e Cassandra eram as únicas naquela casa que se importavam comigo
— Quem é vovô Andy? O nervosismo roubou minhas palavras, precisava buscar coragem para ter aquela conversa dura com minha mãe. Como se não bastasse ter que falar sobre os planos malignos de seu marido contra mim, teria que entrar neste assunto sobre minha paternidade. — Você não quer dar um passeio com o primo Tomás? Balbuciei tentando esconder o desconforto insuportável que senti. O ar de repente ficou frio, os traços no rosto da Sr.ª Lauren ficava mais embaraçoso.— Ele é idêntico ao...Encarei Tomás de um jeito sugestivo, suplicando em silêncio para ele não falar aquilo na frente de Dylan, pelo menos por agora.— Ah! — ele riu contra gosto — Dylan, o que você acha de irmos para sala assistir algo? Ele mudou a direção da conversa percebendo que a atmosfera estava ficando gradualmente pesada, entre nós. Meu filho logo aceitou o convite e ambos foram para sala de descanso, onde havia uma TV, grande o suficiente para entreter Dylan. — O que está acontecendo, minha querida? Ela en
Adriel Lobo.— Poderíamos ao menos tentar convencê-lo.Sr. Louis resmunga ao meu lado constantemente. Embora a cadeia de capital da empresa ainda esteja num bom patamar, ser passado para o segundo lugar estava nos incomodando muito. — Não estava preparado para isso. Esse grupo é muito ousado por pensar que podem tomar nosso lugar em Washington com essa facilidade.Este ocorrido, não era ruim apenas para os Lobos, e sim, péssimo para a tendência dos negócios. Meu velho pai, poderia ter um ataque cardíaco a qualquer momento.— Ninguém coloca os Lobos em segundo plano, não nessa capital! — Deveríamos saber que mais cedo ou mais tarde, isso podia acontecer.Explico calmamente. Fazia tempo que esse tipo de situação não me incomodava tanto.Desde que Ana Lis desapareceu, levando embora minha vontade de viver socialmente, a única coisa que me prendia, era distrair a mente dedicando-me ao trabalho para expandir as empresas em outros países. Porém, esse rápido avanço do grupo 'HENSYSTEM' me
— Cale-se, ou vou fazer você engolir seus dentes e não vai ser pela boca.Tive vontade de dar um soco no rosto de Arthur, por falar do corpo de Ana, desrespeitosamente. Ele, que já estava espantado olhando para o palco como se tivesse vendo uma sombração, ficou ainda pior, seus lábios não tinham traços de sangue, era como uma folha de papel em branco.— Vai me bater por ciúmes, primo? Raios de ódio atravessaram meu peito quando agarrei o colarinho da camisa de Arthur, o encarei nos olhos profundamente, querendo fazê-lo engolir cada palavra pela bunda.— Quer chamar atenção, Adriel? Me larga!O infeliz já vem me aborrecendo a dias! Sua atitude agora, sugou a última gota de paciência que me restava.— Não estou nenhum pouco preocupado com o público...Mediante a ira, apertei a mandíbula com força para suprimir o desejo que tive de quebrar os dentes do meu primo. — Chega de imaturidade, babaca!Meus olhos cerraram e os dele se abriram, espantados!— Parem com isso, já! — Sr. Louis inte
— O senhor não precisa explicar nada! — seus olhos tremulavam, o peito subia e descia ofegante. — Não posso demorar, tenho que...— Sim, preciso! Eu lhe devo muito. Neste momento, senti um nó na garganta ao pensar que talvez fosse seu namorado que estivesse aguardando ansioso demais por ela. Seu celular começou a tocar na pequena bolsa que ela carregava, deixando-a em alerta.— Um momento.Sua testa enrugou quando olhou para o celular, ela logo retornou a ligação parecendo preocupada. — O que houve? Enquanto ela falava ao telefone, aproveitei para avaliar seu rosto saliente e impecável, o corpo capaz de fazer qualquer homem perder o raciocínio. O aroma floral era a única coisa que pertencia a minha Ana Lis do passado. Ela estava tão diferente que, embora sua matéria estivesse ao meu lado, eu sentia sua alma e seu coração distante.— Como ele está? A voz soou desconfortável e em tom alto. Sua mão estava em punhos cerrados confirmando minhas dúvidas, de que talvez seu namorado deve