— Adriel pode nos ver. O tom feminino é desconfortável pertencia à Cecília.— Ah, ele não vai sair daquela sala tão cedo, está em reunião com aquele babaca, Igor Timberg. Fiquei estarrecida, só precisei ouvir mais uma vez para ter certeza de quem era a voz masculina. Era Arthur! Coloquei a mão na boca para evitar qualquer suspiro.— Não pode ser outra hora? Ela tentava negociar, a voz tremulava com o nervosismo. — A noite? Cecília parecia não querer aquilo. Ela respirava profundamente, aparentava não estar nem um pouco à vontade.— Eu já cumpri com minha parte no acordo, agora quero que você me pague ou Adriel vai ficar sabendo o que fez! Tais palavras caíram de sua boca deixando-me completamente atordoada. O que diabos, Cecília fez de tão grave contra Adriel? No último retângulo, lá estava eu, com as pernas falhas e a respiração descompassada, tentando a todo custo não ser pega, como se a errada naquela situação fosse eu. Quanta ironia!— Então vamos, anda logo. Realize o dese
Reprimindo a dor crescente, dei seguimento a nossa apresentação. Enquanto eu caminhava em volta da mesa, olhava de soslaio para o figurão que me fitava com a expressão descontente. Cinco minutos mais tarde, ganhei uma salva de palmas de todos os presentes após dar por encerrado a tortura do meu marido. — Confesso que estou muito surpreso! Adriel finalmente abre a boca ao voltar para si. — Você tem mesmo dezoito anos? Ele estreitou os olhos ao me encarar duvidoso. A julgar pelos traços brincalhões do seu rosto, imaginei estar tentando me constranger para esconder sua frustração. — Profissionalmente falando... — pigarreou afastando o olhar para o lado — seu projeto foi o melhor que vimos este ano. Ele está apto para ser lançado muito em breve em nossas empresas — dessa vez, ele falava sério. — Obrigada, senhor! — sorri amargamente. — Mas, profissionalmente respondendo sua pergunta — arqueei a sobrancelha e ampliei o sorriso. — tenho dezoito anos, sim! E, de resto, ainda estou cur
Quando acordei, estava num quarto de hospital. Um médico idoso e com a aparência simpática, segurava a pequena lanterna focando nos meus olhos. — Siga a luz — fiz o que me pediu. — ela está consciente. Ele avisou para alguém e desapareceu logo depois.— Oh, Deus! Que susto! Respirei aliviada quando vi Tomás ao meu lado. Minha cabeça doía, na verdade, tudo em mim, parecia estar quebrado. — Foi por pouco, Lis. Faltou isso aqui — ele fez um gesto com dois dedos. — Você seria esmagada em público. Seus olhos estavam vermelhos, as laterais inchadas demonstravam que meu primo havia chorado muito. Quando percebi a gravidade da situação, senti um grande nó se formar em minha garganta e fiquei péssima. — Tentaram me matar... — O calor das lágrimas aqueceram meu rosto — não foi um acidente, foi?Virei a cabeça para o lado e o encarei sem ânimo. Estava cansada demais para continuar sendo forte. Tentar ser forte é exaustivo. — Por quê? Não entendo...O frio que sentia foi ficando cada vez ma
Ele gritou amedrontado, o sangue fugindo do seu rosto. Ao constatar que nenhuma enfermeira estava ali por perto, saiu às pressas da sala e logo retornou com a equipe.Fizeram os primeiros procedimentos, mas eu ainda não conseguia respirar, sentia meu rosto pegar fogo, a garganta se fechando à medida que o oxigênio me abandonava levando minha vida embora.— Ela já teve isso quando era criança.Ouço Tomás falar com a equipe. — Pegue uma bombinha, rápido! O médico exige, a enfermeira sai correndo. O primo Tomás me abraçou colando seu peito ao meu, exatamente como mamãe fazia quando eu tinha crises. — Respira comigo. E começou a aspirar e expirar para que eu o acompanhasse, fez umas quatro sequências, no entanto, toda vez que eu lembrava de estar grávida tudo piorava.A enfermeira voltou rápido e colocou a bombinha na minha boca. Segundos depois, senti o ar circular novamente, me trazendo de volta à dura realidade.Finalmente consegui chorar a vontade, a dor no coração expelia com as
Vendo-os assim, tão apaixonados, fico imersa nos pensamentos imaginando se um dia, irei receber aquela atenção e demonstração de amor de algum homem. Quando me dei conta, Adriel já estava em minha mente, seu olhar perspicaz enquanto saciava seus desejos em meu corpo.— Ah, você já acordou! Tomás me tira do estupor. Sua namorada se virou no mesmo instante e sorriu para mim.— Desculpe-me se atrapalhei eu...Abaixei a cabeça um pouco sem graça, e quando fiz menção de voltar para o quarto, Tomás segurou minha mão impedindo que eu saísse. — Preparei o café para nós três! Sou Melissa. Ela veio ao meu encontro e estendeu o braço para me cumprimentar educadamente. — Ana Lis.A cumprimentei envergonhada. Estava usando um pijama confortável que provavelmente era dela.— Tomás me falou sobre você. — ao falar, passou o braço na cintura do namorado — Vamos comer. Nos acomodamos à mesa e começamos a comer enquanto a conversa saudável fluía. Fiquei imensamente feliz por perceber que meu primo
A notificação era sobre alguns milhões enviados para minha conta bancária. A transferência foi feita pela Madame do mal, Cíntia Lobo. Como se seu dinheiro fosse pagar por todo mal que me fizera. Acebei rindo em desgosto.Ao longo dos anos da minha vida, nunca senti tanta vontade de bater em alguém, como estava sentindo naquele momento. Queria esmurrar o rosto ardiloso daquela mulher maquiavélica! Mordi o lábio com força, as unhas cravaram na palma da mão, no entanto, a raiva que sentia era profunda e sobrepujava a dor causada pelas unhas entrando em minha carne. — Lis? Tomás me chama enquanto bate na porta do quarto, rapidamente sequei meu rosto e suspirei para amenizar a raiva. — Você não vem jantar? Pestanejei algumas vezes nervosa. Só de pensar em comer, já fiquei enjoada. Aquela noite eu só queria ficar enfiada no quarto. — Eu já comi uma pera com mel.Fiz uma careta de nojo ao responder, já que ele não podia ver meu rosto. Por causa daquela pera com mel, havia vomitado umas
Deixei que as coisas fossem longe demais e agora por minha culpa, o primo Tomás, está desempregado e talvez nunca mais consiga um novo emprego nesta cidade. Adriel havia feito a ameaça de que o destruiria, caso não se afastasse de mim, e, agora, a situação estava muito pior porque os Lobos não vão deixar isso de lado. Só queria desaparecer, sumir do país e nunca mais voltar, mas agora eu tinha uma dívida com meu primo. Não poderia deixá-lo na pior e desaparecer, assim. No dia seguinte, Tomás fora na empresa e quando chegou na sua sala, havia outro funcionário em seu lugar. Ele não questionou, apenas pegou suas coisas e voltou para o apartamento triste, na verdade, meu primo estava derrotado. Sua expressão não estava boa, nunca o havia presenciado tão para baixo. Adriel me enviou outra mensagem pedindo que eu fosse encontrá-lo numa praça pública, próxima à livraria internacional, ficava nas proximidades da mansão dos meus pais. Queria muito ver mamãe antes de partir, mas não podia,
Adriel Lobo. Estava a caminho da casa dos meus pais, a cabeça latejando toda vez que eu lembrava a imagem daquela garota, estirada no asfalto, depois de ter sido atropelada e a culpa foi literalmente minha. — Onde está minha mãe? Perguntei a uma das servas da madame, estava com os nervos tensos, o coração cheio de amargura e, provavelmente, com uma expressão nada amigável, pois a mulher parecia estar vendo um bicho de duas cabeças à sua frente. — É... ela está na sauna, Sr. Adriel. Só precisava saber onde encontrar minha mãe naquela casa que mais parecia um labirinto. Enquanto eu caminhava a passos largos, me questionava sobre aquela jovem. Ela era muito parecida com Ana Lis, como se fossem uma só, porém, os rostos são as únicas características que as diferem. — Mãe! Escancarei a porta de uma vez, a madame estava acomodada numa espreguiçadeira, com os olhos cobertos, usava trajes em malhas enquanto fazia sua sauna. — Santo Deus, por que essa gritaria? Onde está