A notificação era sobre alguns milhões enviados para minha conta bancária. A transferência foi feita pela Madame do mal, Cíntia Lobo. Como se seu dinheiro fosse pagar por todo mal que me fizera. Acebei rindo em desgosto.Ao longo dos anos da minha vida, nunca senti tanta vontade de bater em alguém, como estava sentindo naquele momento. Queria esmurrar o rosto ardiloso daquela mulher maquiavélica! Mordi o lábio com força, as unhas cravaram na palma da mão, no entanto, a raiva que sentia era profunda e sobrepujava a dor causada pelas unhas entrando em minha carne. — Lis? Tomás me chama enquanto bate na porta do quarto, rapidamente sequei meu rosto e suspirei para amenizar a raiva. — Você não vem jantar? Pestanejei algumas vezes nervosa. Só de pensar em comer, já fiquei enjoada. Aquela noite eu só queria ficar enfiada no quarto. — Eu já comi uma pera com mel.Fiz uma careta de nojo ao responder, já que ele não podia ver meu rosto. Por causa daquela pera com mel, havia vomitado umas
Deixei que as coisas fossem longe demais e agora por minha culpa, o primo Tomás, está desempregado e talvez nunca mais consiga um novo emprego nesta cidade. Adriel havia feito a ameaça de que o destruiria, caso não se afastasse de mim, e, agora, a situação estava muito pior porque os Lobos não vão deixar isso de lado. Só queria desaparecer, sumir do país e nunca mais voltar, mas agora eu tinha uma dívida com meu primo. Não poderia deixá-lo na pior e desaparecer, assim. No dia seguinte, Tomás fora na empresa e quando chegou na sua sala, havia outro funcionário em seu lugar. Ele não questionou, apenas pegou suas coisas e voltou para o apartamento triste, na verdade, meu primo estava derrotado. Sua expressão não estava boa, nunca o havia presenciado tão para baixo. Adriel me enviou outra mensagem pedindo que eu fosse encontrá-lo numa praça pública, próxima à livraria internacional, ficava nas proximidades da mansão dos meus pais. Queria muito ver mamãe antes de partir, mas não podia,
Adriel Lobo. Estava a caminho da casa dos meus pais, a cabeça latejando toda vez que eu lembrava a imagem daquela garota, estirada no asfalto, depois de ter sido atropelada e a culpa foi literalmente minha. — Onde está minha mãe? Perguntei a uma das servas da madame, estava com os nervos tensos, o coração cheio de amargura e, provavelmente, com uma expressão nada amigável, pois a mulher parecia estar vendo um bicho de duas cabeças à sua frente. — É... ela está na sauna, Sr. Adriel. Só precisava saber onde encontrar minha mãe naquela casa que mais parecia um labirinto. Enquanto eu caminhava a passos largos, me questionava sobre aquela jovem. Ela era muito parecida com Ana Lis, como se fossem uma só, porém, os rostos são as únicas características que as diferem. — Mãe! Escancarei a porta de uma vez, a madame estava acomodada numa espreguiçadeira, com os olhos cobertos, usava trajes em malhas enquanto fazia sua sauna. — Santo Deus, por que essa gritaria? Onde está
Ao passar pelo jardim ouvi a voz da Sr.ª Lauren, mãe de Ana. Ela estava podando umas flores, fazendo a própria jardinagem. Usava luvas e segurava uma tesoura para plantas. — O que faz aqui? — ela sorriu um pouco sem graça — Filippo não está. Estreitei os olhos para encará-la devido à claridade do sol batendo em meu rosto, contudo, consegui notar a insatisfação pela visita inusitada. — Eu preciso falar com Ana. Ela está? Seu meio sorriso se desfez instantaneamente. Devo imaginar que não quer que eu a veja depois de ontem. Boatos sobre a briga que tive com Tomás já havia se espalhado, presumo que os Duartes não estejam felizes com a demissão dele.— Ela não está aqui, pensei que estivesse...Seu olhar despencou para meu peito, imediatamente olhei para o mesmo lugar procurando o que havia de errado em minha camisa. — Quem lhe deu esse escapulário? Fechei os olhos, completamente desconfortável ao ver sua mão se aproximar da minha joia.— Senhora Lauren, não quero ser ignorante.Segu
Tempos depois...Ana Lis. — Sr. Andrew, você viu Dylan? — Não. Respondeu sem dar muita importância. Havia procurado o garoto pela casa toda e não o encontrei em lugar nenhum, enxuguei o suor na testa exausta, já estava ficando preocupada. Me deixar com o coração apertado é um dos talentos do meu filho. — Dylan? O chamei mais uma vez, a sala de jantar estava silenciosa, exceto pelo barulho que Andrew fazia enquanto mastigava os legumes. Notei que estava tranquilo demais, não me olhava nos olhos, se mantivera de costas, sentado à mesa. O tempo todo encarando uma obra de Pablo Picasso. Não demorou para sentir o cheiro de traquinagem no ar, sorri assim que olhei em direção aos pés da cadeira que Andrew estava sentado. Vi a ponta de um sapatinho preto, escondido atrás das pernas do cúmplice de Dylan. — Oh! Céus, estou ficando tonta!Soei com a voz fraca e entrei na brincadeira. Eles queriam me deixar preocupada, então resolvi dar o troco. — Onde está o meu filho? — murmurei — algué
Por detrás de um largo pilar de concreto, avistei uma perna pequena coberta por um jeans familiar e um sapatinho azul marinho, só poderia pertencer ao Dylan. Senti o medo amenizar, mas aí, quando me aproximei um pouco mais, percebi que ele conversava furiosamente com alguém. — Fica longe da minha mãe, ou você vai se ver comigo! A voz doce atualmente expressava raiva.— Eu nem conheço sua mãe, garoto. Afinal, você tem uma? Não parece! Colei minhas costas no pilar para me esconder, o coração poderia parar a qualquer momento. Cinco anos sem ouvir sua voz, eu nunca esqueceria e tampouco apagaria as lembranças dos momentos vividos ao seu lado, porém, aquilo era real.— Céus, que garoto malcriado! Olhei pela beirada do pilar e vi que Dylan esfregava um sorvete no terno de Adriel. Arregalei os olhos e tapei a boca espantada com o atrevimento do menino.O porquê Dylan fez aquilo eu não sabia, pois, ele não conhecia seu pai, embora o conhecesse, não sabia porque despejava tanta raiva. Na m
— Ele tem cinco anos.Seus olhos ficaram ainda mais espantados, ela encheu os pulmões e soltou um ar pesado, sentou-se ao meu lado novamente, numa cadeia de reações inquietantes. — Ele é o herdeiro de Adriel, tia Lauren. Tomás se apressou a dizer. Estava tentando evitar um desentendimento, portanto mantive a calma para ajudá-la a entender tudo.— Tive que ir embora grávida porque estávamos correndo risco.Fechei os olhos, evidentemente desconfortável ao lembrar do passado demasiadamente doloroso.— Que tipo de risco, Lis? Adriel tentou matar você? Apertou a mandíbula furiosa. — Não! Arthur e Cecília, tentaram me matar duas vezes. Senti-me tonta ao lembrar da situação horripilante que passei no hospital, quando Arthur tentou me sufocar. — Isso tudo é uma loucura, vamos a polícia agora! Ela saltou do sofá segurando meu braço, estava atordoada e não raciocinava perfeitamente. Espera essa reação dela, até porque mamãe e Cassandra eram as únicas naquela casa que se importavam comigo
— Quem é vovô Andy? O nervosismo roubou minhas palavras, precisava buscar coragem para ter aquela conversa dura com minha mãe. Como se não bastasse ter que falar sobre os planos malignos de seu marido contra mim, teria que entrar neste assunto sobre minha paternidade. — Você não quer dar um passeio com o primo Tomás? Balbuciei tentando esconder o desconforto insuportável que senti. O ar de repente ficou frio, os traços no rosto da Sr.ª Lauren ficava mais embaraçoso.— Ele é idêntico ao...Encarei Tomás de um jeito sugestivo, suplicando em silêncio para ele não falar aquilo na frente de Dylan, pelo menos por agora.— Ah! — ele riu contra gosto — Dylan, o que você acha de irmos para sala assistir algo? Ele mudou a direção da conversa percebendo que a atmosfera estava ficando gradualmente pesada, entre nós. Meu filho logo aceitou o convite e ambos foram para sala de descanso, onde havia uma TV, grande o suficiente para entreter Dylan. — O que está acontecendo, minha querida? Ela en