— Uau! Quantas pessoas vão tomar café aqui?Sorri tentando não demonstrar o descontentamento ao ver aquele exagero, porém, fiquei grata sabendo qual era seu intuito.— É para a senhora! Sente-se.“Quanto exagero de comida.” Digo, mentalmente.— Você poderia me fazer companhia?A sua expressão ficou ligeiramente distorcida.— Eu não posso. Sr.ª Lis. — a mulher pareceu nervosa.As suas mãos fecharam-se na barra do avental preto. Todos os servos da casa, tem um único padrão de vestes, até mesmo a cor dos calçados são iguais.— Ah! Não se preocupe comigo. Além disso, toda comida que sobra, são divididas entre nós, os empregados. Nada vai para o lixo.— Magáh, é uma ordem! Sente-se comigo.Ela abaixou a cabeça, rapidamente puxou uma cadeira e logo começa a se servir.— Detesto fazer minha refeição sozinha.— Quer saber? Eu não também não gosto!Após dizer isso, um sorriso logo apareceu no rosto de Magáh.Peguei uma pequena bandeja com queijo suíço e cortei uma fatia fina! Assim que dei a p
— Tudo bem! Não posso sair daqui sem antes falar com meu marido. Sorri ao pronunciar a frase, pois fico imaginando qual seria a reação de Tomás se soubesse o que aconteceu e, que possivelmente fui enganada e depois descartada. Portanto, deixei esse assunto para ser resolvido entre mim e Adriel, somente. — Se essa é sua decisão, eu a respeito. Só quis lhe precaver de passar por mais uma situação ruim. — Suas palavras soam tristes.— Obrigada, Tomás! Agradeço sua preocupação comigo. Posso se dizer que tenho alguém da minha família que realmente se importa comigo. Ficamos algum tempo vagueando em meio às pessoas. Soube haver muitos clientes entre nós, não eram só funcionários e amigos. Enquanto conversávamos aleatoriamente, eu tentava esconder minha figura dos olhos de meu pai. Depois de ontem, me mantive longe das bebidas alcoólicas. Para me poupar de mais surpresas desagradáveis, nem a água que me ofereceram, me atrevi a beber.Não pagaria para ver, com os Lobos não se brinca. Se
— Ora, não se dê ao trabalho de contracenar mais uma vez. Você não precisa mais disso, eu já sei de tudo.— Dá para me dizer o que está acontecendo, Ana Lis? Eu não entendo. O que mais você quer?— Oh! — olhei para o lado e suspirei pesadamente. — só me responde uma coisa. — me aproximei — com quem estava me comparando ontem? Com Marie, ou com sua namorada Cecília?Ele fechou os olhos e resmungou baixinho, sua expressão agora, já não era a mesma.— Não entendo porque insiste tanto nelas, era você quem eu queria.— Ah! É verdade. Sou apenas sua barriga de aluguel, não é mesmo? Afinal, eu fui obrigada a continuar fazendo isso para lhe dar um filho.Olhou a nossa volta e depois voltou a me encarar com a expressão amarga.— Me deixe em paz!O deixei sozinho, tentei me acalmar enquanto eu caminhava entre os empresários. Ao me deparar com Cecília, apenas fingi não tê-la visto, mas como esperado, ela veio para o mesmo caminho.— O que você quer, Cecília? — Nossa! O que aconteceu com você? E
Dias depois…Desde o dia que Ana Lis cruzou meu caminho, tenho me lembrado muito daquele trágico acidente.A garota que me arrastou pelo asfalto para eu não morrer queimado, voltou a invadir meus sonhos por várias noites seguidas e isso tem me tirado sono.— Então, Igor? Não encontrou a garota ou alguma pista dela? — Faço a pergunta pela décima vez.A semelhança entre Ana Lis e ela, tem me perturbado dia após dia. Quando vi aquela foto na casa dos Duartes, comecei a procurá-la, as intuições só me levavam a ela.— Por passar muitos anos, o hospital não tem mais as gravações das câmeras daquela época. O investigador disse que a probabilidade de a encontrarmos é mínima. Esgotado após um dia cansativo de reuniões, Igor suspira e senta-se à minha frente. — Sinto muito — diz categoricamente. — Mas, você perguntou a sua esposa?— Perguntei. Ela disse que não, sem hesitar. Penso que não é ela, se estivesse mentindo eu teria percebido.— Eu acredito que você está muito envolvido emocionalmen
Ana Lis. Sentindo minha pele febril, desci as escadas sem pressa alguma e completamente apática para ir à faculdade. Usava uma roupa leve e sapatilhas confortáveis, não queria nada que me incomodasse.Meus joelhos ameaçavam ceder à medida que eu dava os passos, sentia meu corpo sofrendo a dor da maldade humana. E de sobra, meu pescoço ganhou um hematoma causado pelos dedos de Adriel.— Bem, só precisava da sua assinatura.Parei no meio do corredor quando ouvi a voz firme e um tanto familiar, era um som grave que eu reconheceria de longe, sem confundir.No instante em que entrei em alerta, dobrei os joelhos e fiquei agachada no canto da parede alta que poderia esconder até cinquenta Ana Lis.— Ok, nos vemos daqui à meia hora. Adriel estende o braço para um aperto de mão.— Até lá.Igor sai rapidamente em direção a porta. Soltei um gemido baixo e o ar dos pulmões.Meu orientador não me disse que Igor trabalhava justo na empresa dos Lobos. Isso mudaria tudo, eu jamais teria colocado o
Pronunciar abertamente a frase ‘meu marido’, tornou-se um pequeno desafio. Ainda estou lidando com a ideia de ser casada com alguém tão poderoso e destemido, como Adriel Lobo. — Eu tentei falar, mas você sempre desconversa.Apertou o lábio ao dizer, num gesto divertido ele levantou às duas sobrancelhas. Interpretei como se ele dissesse "não me julgue, a culpa é sua."— Igor é o recente CEO do grupo B da ‘M&G'Lobos’Fiquei estupefata com a notícia, claro que é uma novidade perfeita para o meu avanço. Eu fui uma ferramenta para os planos malignos da família, agora Igor será a minha ferramenta primordial para os negócios.— Isso é ótimo.Não consegui evitar um sorriso. Se tem algo que estou aprendendo em meio a podridão dos Lobos, é dançar conforme o ritmo da música. Se tropeçar cai, e se cair, eles não pisam, e sim, esmagam. Como se eliminasse um inseto peçonhento.Igor era uma pequena luz em meio ao negrume daquela vasta escuridão. — O seu projeto já é um sucesso! Tenho que parabeni
Fui arremessada para o lado sem cuidado algum, minhas costas bateram de forma brusca no chão frio. Instintivamente arqueei o corpo por conta da forte dor que senti.— Adriel, me tira daqui.Cecília continuava alimentando um ar de sofrimento, enquanto isso, eu buscava fôlego a quase um metro de distância deles.— Pelo amor de Deus! Tive que colocar a roupa às pressas ouvindo essa gritaria entre vocês.Reclamou pelo simples motivo de eu causar problemas.Meu marido direcionou um olhar acusatório especialmente em minha direção, e este, me incriminava e sentenciava como a única culpada pelo ocorrido. A mulher engatinhou em direção a Adriel, como se estivesse escapando das minhas garras. A dor no corpo foi esquecida quando um olhar profundo e hostil foi lançado a mim. Suas irises verdes estavam escuras como o breu. Nunca havia presenciado Adriel tão transtornado.— Drii... — choraminga.Fiquei enojada com o apelido que soava melodramático, entre soluços. Todavia, aquela cena era digna de
— Vou manter distância dela, eu prometo.— É bom mesmo. Não me faça passar vergonha novamente! Diz em seu habitual tom seco. Estava parado à minha frente, bloqueando minha passagem. Sua amante deveria ao menos ter a decência e não frequentar a casa em que vivemos como marido e mulher, mesmo que esta união seja apenas judicialmente. — Garanto que não se repetirá, Adriel. Minha voz saiu baixa e forçada, as mãos tremiam de raiva enquanto eu apertava a bolsa contra o estômago, estava de cabeça baixa e fiquei assim até que ele desaparecesse no fim do corredor. Quando tive a certeza de estar só, saí praticamente correndo, com a respiração ofegante e passos precisos, as lágrimas desciam incontroláveis pelo meu rosto. Sentimentos confusos que ainda não soube lidar, tudo que vivo e, presencio hoje, é novo e fora do normal. Pelo menos para mim! Fechei a porta atrás de mim, quando desci o último degrau do lado de fora da casa, liberei o ar ruim que me sufocava, o mesmo que machucava meu p