Capítulo 03

— Você é muito bonita, Ana Lis.

Senti seu polegar fazer um contorno, ao redor dos meus lábios.

— Essa boca é tão convidativa... — Sussurrou — aposto que beija bem...

Sua mão se fechou em meu maxilar e seu dedo abriu minha boca de forma lenta.

— Eu não ando beijando ninguém, seu pervertido.

Mordi seu dedo com força. O homem rosnou entredentes, aborrecido.

— Você é maluca! — vociferou, — nunca mais faça isso. Garotinha mimada!

O homem afundou seu dedo no balde de gelo, aparentemente furioso.

— Desculpa Sr. Adriel.

Arrependi-me no mesmo instante, pelo menos eu havia o afastado de mim. Porém, eu não podia e nem tinha direito algum de contrariar meu noivo, se eu quebrar o contrato, meu pai pode até ir para a cadeia e minha família será jogada na rua, sem nada.

— Não se preocupe, pequena Lis. Você vai aprender a ter bons modos rápido. — senti firmeza em sua ameaça.

“Oh! Deus." Onde fui me meter?

Alguns minutos depois, o carro parou e eu suspirei aliviada, pois a tensão estava pesada entre mim e Adriel. Ele desceu primeiro, deu a volta e estendeu o braço para acompanhá-lo.

O nervosismo se espalhou pelo meu corpo, quando Adriel começou a me fitar analista enquanto caminhávamos.

— Por que está tão pálida? — perguntou sério. — deveria estar feliz já que um baile de despedida do ensino médio. Daqui a pouco você vai fazer uma faculdade, quem sabe?

— A ideia não era essa? — senti raiva. Ele riu — Adriel você não vai me deixar fazer faculdade?

— Depende de você, Lis.

Após isso, ele piscou um olho para mim, passando a língua nos lábios avermelhados e salientes, sem esconder a mensagem que quis me passar com seu aviso.

O desejo sexual é nítido, ele é descarado.

— Lis!

Gaby, minha amiga de turma, vem em nossa direção, entusiasmada.

Entramos no salão arrancando a atenção de todos.

— Boa noite Sr. Lobo!

Minha amiga cumprimenta meu noivo que esbanja um sorriso para ela durante um aperto de mão.

— Seu vestido é lindo. Aposto que vai ser a rainha do baile.

Tento disfarçar, envergonhada.

— Não comparado ao seu!

Gaby segura minhas duas mãos e avalia minha roupa como se tivesse vendo algo de outro mundo.

Após falar com ela, fui dar uma volta na festa e ficar bem longe dele, só para o tempo passar rápido e eu finalmente voltar para minha casa.

Eu sentia seus olhos concisos acompanharem minha figura o tempo todo, enquanto ele ficava lá, sentado conversando com os patrocinadores, os funcionários do colégio e vez ou outra, algumas garotas pediam para tirar foto com meu noivo, todas assanhadas, se insinuando e ele dava ousadia para aquilo.

— Lis você não está se divertindo. Eu lhe conheço, e sei que você não está nada bem!

— É, isso mesmo,Gaby, não estou feliz. Eu vou me casar e não mais o que fazer. Olha só para ele

Apontei em direção ao meu noivo, presenciamos o momento em que ele estava numa conversa com uma das formandas. Logo pude perceber que eu estava despejando tudo em cima da minha amiga.

— Desculpa Gabriela.

— Não precisa se desculpar, Lis. Eu pensei que...

— Não estou tão feliz com este casamento, minha amiga.

— Como assim, Lis? Se não está feliz, por que vai casar com ele? Você não é obrigada a se submeter a isso.

— Eu quis aceitar. Ah! Esquece isso. É porque nós brigamos hoje de manhã, mas isso é coisa de casal, não é? Depois nos entendemos.

Assustei-me ao ter aberto a boca para falar que estava infeliz, parte do contrato exige sigilo total sobre tudo.

— Me promete que nunca vai falar isso para ninguém?

— Minha boca é um túmulo. — ela me prometeu séria. Assim espero. — Mas... — Sorriu de lado — ele é tão gato, Lis. Ele é rico e vai te dar uma vida de luxo. Fico imaginando um herdeiro de vocês, vai ser um bebê lindo, pois formaram um lindo casal.

Gabriela ficou momentaneamente confusa, no entanto, não demorou para ela se distrair com a aparência física do homem à nossa frente.

— Por Deus, você está falando igual às minhas irmãs. — bufei raivosa e olhei para o copo que ela segurava — O que você está bebendo aí?

— É suco com vodca. — diz ao pé do meu ouvido. — o diretor não sabe de nada. Os meninos colocaram no ponche escondido. — ri das travessuras deles.

— Já que hoje é minha despedida de solteira. Me dê aqui esse copo. — peguei da mão dela e tomei um gole gentil. — Eca… Isso é muito ruim.

— Caramba! Você não é cristã? — começou a zombar. — Vamos buscar mais e dançar um pouco.

Fui com ela até a mesa onde estava o ponche, enchemos dois copos e fomos para o centro do salão dançar.

Eu estava bebendo e dançando músicas proibidas, pela primeira vez na vida. Depois de um tempo percebi que nós estávamos rindo de coisas supérfluas.

— Isso é tão doce, é ótimo!

A bebida estava descendo em minha garganta, como mel.

— Cuidado para não se embriagar, Lis. — ela começou a rir.

Percebi que minha amiga, estava bêbada. Eu estava suada de tanto dançar, na verdade, eu apenas acompanhava seus ritmos, pois não sabia dançar.

O fato era que eu também havia bebido mais do que deveria.

Algumas horas depois eu tentava a todo custo manter distância do meu noivo, mas Adriel já estava ficando impaciente comigo.

— Vamos embora! Ana Lis.

Decretou próximo ao meu ouvido quando me puxou para dançar.

— Você Bebeu, não é?

— Eu be... — vi tudo rodando — eu acho que não estou bem...

Avisei, me sentindo tonta e meu estômago começou a doer.

A vontade de colocar a bebida para fora é tanta, que senti uma forte pontada no abdômen.

— Mas que droga! — ouvi meu noivo reclamar.

Adriel me colocou nos braços e saiu comigo imediatamente para o lado de fora.

Eu ouvia algumas pessoas que perguntavam o que aconteceu e ele dizia que eu havia passado mal. Eu estava indo embora sem me despedir da Gaby.

— Você está estragando tudo, Lis. — me colocou no chão. — Você disse que não bebia e agora me faz passar uma vergonha dessa? Pelo menos tem ideia do que pode acontecer se algum jornalista filma isso e j**a na mídia?

Ouvia a bronca que ele me dava, mas a única coisa que eu queria, era vomitar e foi o que eu fiz.

— Santo Deus! — desdenhou.

O vômito respingou em seus sapatos de luxo. O homem continuou a reclamar do meu feito e, graças a Deus, a limusine chegou e nós entramos rápido.

— O quê? Eu estava fazendo minha própria despedida de solteira já que assinei minha sentença e vou me casar amanhã. — o encarei e ri alto.

O carro entrou em movimento e percebi estarmos a caminho de casa.

— Vê se limpa ao menos sua boca.

Pegou um lenço branco e jogou em mim. Passei o mesmo em minha boca enquanto eu ria sem motivos. Não sei porque eu estava rindo tanto.

— Acha engraçado?

Pergunta apoiando seu antebraço na borda do assento do carro e me encara furioso com a mão fechada tapando seus lábios.

— Nunca mais faça isso, eu não estou para brincadeira, garota.

— Sim, senhor, Adriel Lobo. — brinquei.

— Acho bom que esteja falando sério. Se acontecer de novo, todos pagarão por sua falcatrua, estamos entendidos?

Fiquei séria instantaneamente ao lembrar do maldito acordo.

A limusine parou em frente a minha casa, descemos juntos e Adriel fez questão de ir até à porta comigo.

Passamos pelo portão e caminhamos em silêncio. Ele tocou a campainha algumas vezes e a porta foi aberta pelo meu pai.

— Nos vemos amanhã no altar, Ana Lis.

Apenas olhei para trás sem nenhum sorriso, meu noivo ficou conversando algo com meu pai, não ouvi o que eles falavam, mas sabia que amanhã eu levaria uma bronca do Sr. Filippo.

***

Uma forte pontada ao lado esquerdo da minha cabeça me faz despertar, faço uma careta de dor ao me sentar na cama com as mãos nas têmporas.

— Levanta Lis — Minha mãe tira o cobertor que me cobria — Você precisa se arrumar, o casamento será em algumas horas.

Faz-me lembrar de tudo, aí a dor se espalha por todo meu corpo e se concentra em meu peito.

— Seu pai está uma fera com você. O que aconteceu com aquela jovem madura que eu criei? Francamente! Ana Lis. Se embriagar um dia antes do seu casamento?

— Desculpa, mãe. Eu estou muito assustada. — comecei a chorar. — Eu tenho medo de estragar tudo, eu... eu…

— Oh! Não, minha filha. — Senta na ponta da cama e me abraça. — ele fez algo com você? — perguntou-me sem me olhar nos olhos.

— Não, ele é muito arrogante. Só isso! — respondi entre soluços.

— Eu só lhe peço uma coisa, minha filha. Nunca, em hipótese alguma, seja boazinha demais para ele, mesmo que seja seu marido. Não deixe que te humilhe, porque você é uma menina incrível.

— Tudo bem, mãe. Vai dar tudo certo, espero que acabe logo.

— Vai sim, Lis. E quem sabe você não se apaixone pelo seu noivo, futuramente?

— Impossível, a senhora está imaginando demais. — respondi, seca.

Levantei-me da cama desfazendo nosso abraço.

— Bom dia! — Casse entrou no quarto, minha irmã parecia estar muito feliz. — o vestido chegou. — informa.

— Eu vou tomar um banho. Pode mandar entrar que já vou experimentar o vestido. Mãe, a senhora pode me trazer um comprimido para dor de cabeça e água?

— Vou buscar e vê se não demore no banho. — avisou e saiu.

Pondero embaixo do chuveiro por um tempo e os reflexos da noite de ontem me vem à memória, me pego envergonhada, ao lembrar de ter vomitado nos sapatos do meu noivo. Fico imaginando o tamanho da vergonha, caso isso saísse nas notícias.

— Esta é a noiva do Sr. Adriel?

Após uma análise da minha figura, uma senhora pergunta quando me ver saindo do banheiro, vestida em um roupão.

— Pensei que fosse a Carmélia.

Suas sobrancelhas encolheram enquanto a senhora me encarava com um olhar curioso.

— É, sou eu a futura senhora Lobo.

Respondi ríspida, querendo descontar nela, mas me arrependi no mesmo instante, porém, mantive minha expressão.

— Bom, vamos provar o vestido. — a mulher deu um sorriso sem graça, abriu a caixa e retirou a peça branca de dentro dela. — provamos na sua irmã, acredito que não vai precisar de reajustes. Vocês duas têm o mesmo físico. — diz.

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