Poderia vê-los perfeitamente através dos vidros das falsas e enormes janelas, que deixavam o local ainda mais sutil. Os dois conversavam e riam enquanto faziam a refeição acompanhada de vinho.
Foi como se ela tivesse sentindo minha presença ali, às suas costas. A jovem misteriosa olhou para trás sorrindo, seus olhos pousaram nos meus, seu sorriso já não era o mesmo, ela arqueou uma das suas sobrancelhas bem desenhadas e sorriu de lado.Era a mulher da foto.Adriel estava almoçando com a mulher que ele ama, deve ser a mesma que faz sexo do jeito que ele gosta, segundo o que me dissera ontem a noite.Dei as costas para eles, saí do restaurante e entrei no carro. Eu só queria ir para casa.***Quinze dias depois...Coloquei um vestido básico, porém elegante. Fiquei na sala de visitas aguardando impaciente Adriel chegar, para irmos à clínica fazer o bendito exame de gravidez.O medo me assola no momento, tanto que minhas mãos suam frio e minhas pernas bambeiam.Eu orei muito para que este exame dê negativo, espero que desta vez Deus tenha ouvido minhas súplicas. Eu não quero estar grávida dele, porque seriam mais nove meses morando sob o mesmo teto que Adriel Lobo.Outra vez, verifico o horário na tela do meu celular e ouço passos firmes aproximando-se.— Vamos...Fez silêncio por um momento ao me fitar de baixo a cima. Seus olhos me avaliam de modo estranho.Sigo-o até o jardim, onde ele deixou seu carro. Entramos no automóvel em silêncio e permanecemos assim, mas Adriel estava ao meu lado em uma inquietação visível e incômoda.Próximo ao para-brisa, vi um batom. Talvez seja da sua amada Cecília, a qual ele dorme quase todas as noites que não volta para casa.Soube que ela chegou a pouco tempo do exterior. Estava cursando a segunda ou terceira faculdade, não sei o exato. Parece ser formada em administração, contabilidade entre outras graduações. Tomás me informou que, atualmente, ela está trabalhando na matriz, ou seja, com seu namorado que, no caso, é o meu marido Adriel Lobo.— Ana, a partir de amanhã teremos visitas em nossa casa. O advogado da família e o tutor farão visitas três vezes na semana.— O que devo fazer?— Finja estar feliz, você é boa nisso. Só precisa exibir felicidade no casamento. Demonstre que está ansiosa pelo bebê...— Eu deveria estar cursando teatro, não é? Talvez eu seja uma boa atriz, já que para você, eu não passo de uma fingida, certo?— Daria uma boa atriz!O homem sorri em escárnio. Travei a mandíbula querendo bater com força no infeliz.— Espero que o exame de gravidez dê negativo, espero que meu útero esteja seco, e que eu nunca tenha um filho seu. — me olhou aborrecido.— Se der negativo, repetimos o procedimento. Querida esposa, Ana Lis.Paramos no estacionamento do prédio, saímos do carro brigando.— Por que você não faz seu filho com sua namorada, já que vocês dormem quase todas as noites juntos?Não contenho a fúria, acabo despejando toda a raiva enquanto caminhávamos para o elevador.— Do que você está falando? — franziu a testa ao se fazer de desentendido. — francamente, Ana!Dia após dia tem sido assim. Passo as horas dividindo o mesmo teto com este homem que me atira pedras, me trata como se eu não significasse nada e ainda pensa que sou burra.— Adriel, Adriel... a quem você quer enganar? Você não é nem um pouco discreto em relação ao seu romance com sua amada Cecília. — parei de andar e o encarei séria. — Já eu, não posso me relacionar com ninguém... — prossegui.— Ana Lis, já chega! — me repreendeu.No entanto, eu estava com muita raiva guardada, precisava botar tudo para fora.— Mas você pode, não é? Eu tenho que ter sua permissão até para visitar meus pais, mas você vive por aí esbanjando luxúria e paixão por essa tal de Cecília, principalmente nos restaurantes da cidade.Eu só tive tempo de vê-lo olhar para os lados assustado e de repente, meu marido me puxou pela cintura de forma abrupta. Adriel cobriu minha boca com a sua, abafando minha voz.Fiquei perdida com sua ação pretensiosa, não fazia ideia de como corresponder aos movimentos rápidos e implacáveis que seus lábios e língua faziam ao me envolver em seus braços, possessivamente.As pontas de seus dedos ágeis massageiam de leve o meu quadril, enquanto ele roubava meu fôlego. Dei três passos para trás e ele veio junto, colado em mim, sugando todas as minhas forças através dos meus lábios. Eu só parei de recuar quando senti minhas costas baterem contra a parede fria.— Satisfeita? — pergunta ao liberar minha boca.Puxei a respiração e tentei me acalmar escorada na parede, levei uma de minhas mãos ao peito e a outra até minha boca, ainda ofegante e tonta.— Está mais calma? — interrogou, com seu olhar vazio e obscuro.— Se me odeia tanto, por que me beija na primeira oportunidade que aparece? — ficou em silêncio. — por que você faz isso?— Você não queria calar a da boca, então improvisei. Esqueceu que estamos em público?— Não é isso que os casais normais fazem? Papai e mamãe brigam muito. — fui sarcástica.Adriel não respondeu nada, então segui meu caminho.Fomos para a recepção, onde uma senhora nos levou diretamente para a sala de coleta. Todavia, o exame já havia sido marcado, então fomos ao que interessa.Minhas esperanças de um possível negativo morriam a cada passo que eu dava, em direção aquela sala de exames. Carregava comigo o medo misturado às lembranças de segundos atrás, quando meu marido infeliz e promíscuo, resolveu me beijar pela terceira vez.Ainda sentia o gosto de sua boca na minha e seu perfume estava impregnado no meu vestido.Após tirarem uma amostra generosa de sangue, continuamos na clínica aguardando o resultado, porque Adriel estava ansioso e não quis esperar em casa.Quando sairmos daqui, vamos para a casa dos pais dele, a família Lobo havia preparado um jantar para nós. Esta será a primeira vez que vou visitá-los. A última vez que os vi foi no dia do casamento. Não foram simpáticos, mas também não me trataram mal, exceto o homem que me chamou para dançar.Arthur, era este o nome do homem que disse que eu não estava à altura de Adriel Lobo. Deixou claro que eu sou fraca demais, para me tornar a senhora Lobo.Após quase duas horas, angustiada aguardando o resultado do exame naquela sala reservada, finalmente uma técnica de laboratório que se apresentou como Tatiana, apareceu com o envelope e o entregou para nós.Adriel agradeceu a mulher e abriu o envelope apressado, a ansiedade era evidente em sua expressão.— Mas que merda!De pé, ele ficou zanzando de uma lado para outro, decepcionado.— Deu negativo? — me atrevi a perguntar. Eu estava desesperada e, ao mesmo tempo, feliz.— A culpa foi sua — apontou seu dedo para mim — Fique sabendo que você vai ter que fazer a inseminação de novo.Não consegui formar uma única palavra sequer. Adriel estava transtornado, ele julga que o trapaceei de alguma forma.Fui levada para sala de ultrassonografia, pois meu marido insistiu ter algo de errado no exame.— Vá naquela sala e vista este roupão.O médico me entregou uma roupa azul. Pediu que eu voltasse da sala sem calcinha usando somente o traje. Eu fiquei ligeiramente confusa e envergonhada.— Por que ela não pode ficar com a roupa íntima?Adriel segurou meu braço antes que eu entrasse no local indicado.Suas mãos penderam em sua cintura, ali, de pé, parado e muito sério, ele olhou para o médico sem entender qual era a intenção do homem.— Sr. Lobo, sua esposa terá que fazer o exame pelo canal vaginal, pois só assim posso lhe dar um resultado mais exato. Se ela está ou se nunca esteve grávida, já que a fecundação é muito recente.Eu e meu marido nos entreolhamos ao ver o homem encapar o equipamento com um preservativo, enquanto explica o procedimento.Aquilo era grande, eu estaria arruinada e sairia dali bem mal, caso ele realmente fizesse o exame em mim.— Doutor, eu posso falar com meu marido um instante? — Me preocupei ao ouvir o que ele disse.— Sim. Fiquem à vontade para tomarem suas decisões. — ele respondeu e começou a mexer em seus equipamentos.Enchi meus pulmões, tomei coragem e arrastei Adriel para sala, aonde iria me trocar.— O quê? — pergunta nervoso.— Não faça isso, por favor...Desespero-me sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos.— Você sabe que nunca estive com um homem. Como você vai permitir isso?— Eu só não entendo porque não deu certo a primeira fertilização. Ana, você estava no período fértil.— Argumentou ele, com uma mão enterrada em seu bolso e a outra apoiada na parede.— Talvez não seja a hora certa... — minha voz sai baixa, trêmula e embargada.— O médico me garantiu que você estava pronta para ser mãe, pois tudo estava saudável. — sussurrou tentando deixar aquela conversa só entre nós.— Eu faço tudo de novo se for preciso, mas por favor, se ainda resta um pouco de humanidade aí dentro, não faça isso... — Eu implorei.As lágrimas desciam por minha face, o homem olhou-me impassivo. No entanto, mantive minha fé na torcida para que ainda restasse uma ponta de compaixão, ali dentro daquela capa inacessível.— Está disposta a repetir a fertilização? — arqueou uma de suas sobrancelhas escuras.Seu olhar sobre mim era morno. Contudo, consegui extrair um pouco de dignidade nele.— Sim! — me apressei a dizer, com uma imensa vontade de sair dali. — Eu só lhe peço uma coisa.— Depende! Do que se trata?— Exija que me mantenham desacordada novamente. Eu não quero sentir dor além da vergonha, por estar desnuda para vários profissionais.Olhou-me confuso, seus olhos curiosos me cercavam de uma maneira que não sei descrever.Se ele fosse um sistema de computador, eu poderia tirar tudo que eu precisava ou até mesmo manipulá-lo. Entretanto, estou lidando com um ser humano muito difícil.— Como quiser, Ana Lis, mas quero deixar claro que só tenho mais uma tentativa, e se não der certo, faremos este filho de outro je
Não pude aguentar ficar ali dentro, pisei forte no freio, com isso fiz nossos corpos irem para frente de uma vez.— Maluca! — xinga enquanto organiza seu terno caro.Desci do Mercedes e esperei o portão se abrir, não ia mais ficar dentro daquele carro ouvindo os insultos de Adriel. Assim que os seguranças liberaram a entrada, entrei a passos largos e decididos.Caminhei para dentro de casa e subi as escadas apressadamente. Ao chegar no quarto, fui até o closet, peguei uma camisola e fui para um quarto de hóspedes, levando apenas o celular.— Para onde você vai? — Adriel gritou às minhas costas.— Estou indo dormir bem longe de você. — respondi abrindo a porta.Após tomar banho e me secar, me troquei e fui para cama com o celular. Disquei o número do Tomás, liguei para ele e marquei um encontro no horário de intervalo da faculdade. Preciso reverter esta situação o mais rápido possível, antes da inseminação.Quando eu estava pegando no sono, senti o colchão se mover e sacolejar meu corp
— Foi você que me derrubou no chão e me beijou. Você não é nenhuma santa como demonstra ser. — Volta a ser o ignorante de sempre.Alguém continuava a bater na porta. Eu me levantei assustada, morta de vergonha e sobretudo, com muita raiva de Adriel, por ele ser tão babaca. Peguei a toalha e me enrolei nela, virando de costas para não vê-lo naquelas condições. Ele estava ereto.— Você não vai atender? — pergunto me mantendo de costas.Eu não ia sair de lá por nada, e também ainda não havia tomado meu banho.Quando ele saiu do banheiro tranquei a porta, mas logo pude ouvi-lo em uma conversa desagradável com uma mulher."O que você estava fazendo?" A voz feminina perguntava irritada."Cecília, faço a mesma pergunta. O que você faz aqui no meu quarto?"Não, não pode ser. Eu não acredito no que estava ouvindo. Então eles estão mesmo juntos.Julgo que ela veio por conta do ciúme. Só pode ter sido por causa daquilo que Adriel disse ontem, no jantar da casa dos pais dele. Que iríamos fazer o
— Vamos Tomás. — Olhei para os lados e não o vi.— Deve estar te aguardando do lado de fora. — Adriel diz.Ainda tonta pelo beijo que acabei de receber, dou uma leve analisada nos acompanhantes do meu esposo. A namorada dele ainda estava lá, mas parecia perdida, sem conseguir disfarçar sua reação após ver Adriel me beijar com tanto fervor. — Eu não sabia que você e Tomás eram tão íntimos, apesar de serem primos, pois eu não o vi comentar sobre você.Despeja sua insatisfação e a raiva ao falar colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, com toda sua sutileza.— Se quer fazer acusações é melhor fazermos isso em casa, não acha? — falo baixinho. — Me deixe ir, Tomás está me aguardando.— Você está certa — segurou meu braço — conversamos em casa.Cola seus lábios contra os meus com força, parece querer descontar a raiva contida em minha boca.Saí do restaurante com as pernas moles e morta de vergonha. O carro do meu primo estava parado em frente, apenas me aguardando. Abri a porta
Penso que nunca existiu amor entre nós, era apenas carnal, pois éramos implacáveis na cama, até mesmo em lugares públicos e somos até hoje. Além disso, eu não me senti traído. Cecília foi sincera comigo e foi buscar seus sonhos.Não a julgo, mas também não a admiro por isso.Antes de ir para a sala de reuniões, entrei silenciosamente na sala da minha secretária que estava de costas, imprimindo alguns papéis, estava tão focada que nem percebeu minha chegada.Caminhei devagar até ela, quando cheguei mais perto, a abracei pela cintura e tapei sua boca, antes que ela gritasse devido ao susto.— Senhorita Baumer. — mordi sua orelha. — A sala de reuniões está pronta? — passei a mão por baixo da saia dela.— Tudo pronto, chefe...Toda mole, ela joga a cabeça para trás, apoiando-se em meu peito.— Meu pai chegou? — levantei sua saia e me esfreguei descaradamente nela.— Ainda não. Sr. Lobo. — responde com a voz lânguida.— Então temos alguns minutos livres, não é?Minha pergunta incisiva é um
Depois de me despedir de todos, fui para minha sala analisar uns documentos, antes de transportar a nova ferramenta tecnológica, vendida para o exterior.— Você não vem, Adriel? — Cecília entrou em minha sala.— Não. Tenho muito trabalho para adiantar, ainda esta noite. Vou ficar por aqui mesmo.Olhou-me curiosa, enquanto se dirigia à minha mesa.Não dei importância para ela ali. Continuei mexendo no meu laptop atrás da mesa.— Sr. Adriel eu...Agora o circo estava armado, pois, Marie entrou com uns papéis na mão para me entregar.Cecília olhou para minha secretária possessa.— Vejo que você tem muito trabalho pela frente, não é mesmo, Adriel?Larguei o portátil de saco cheio dos ciúmes da Cecília.— Marie, por favor! — me levantei da cadeira e pedi que me entregasse os papéis. — obrigado.Após pôr os documentos sobre a mesa, esperei que a senhorita Baumer saísse da sala, para ter uma conversa definitiva com Cecília.— Vejamos bem...Fui calmo e atento, no entanto, eu estava sem um pi
Pensei em deixá-la sozinha, com seus pensamentos, porém, senti vontade de fazer o convite mais uma vez.— Ana, você não quer mesmo vir comigo? Oh! Desculpa-me, eu não...Quando abri a porta, a vi numa situação peculiar. A garota estava de costas, vestindo um roupão de banho e suas curvas sinuosas, estavam completamente expostas aos meus olhos.— Você não sabe bater antes de entrar? Não era para estar indo para a casa de seus pais?Abri a boca para dizer algo e, não consegui formar uma palavra sequer, ela não parecia estar zangada por eu estar ali, vendo-a neste aspecto tentador. Em vez disso, Ana Lis apenas se cobriu com o roupão apressada, enquanto me encarava sem piscar os olhos.— Bem... — limpei a garganta e forcei meus olhos a encará-la do ombro para cima. — já que não quer vir, estou indo sozinho.— Adriel? — de cabeça baixa, esperei o que ela tinha a me dizer. — Você vai voltar à noite?— Sim. Algum problema? — continuei sério.— Não, é que quero que vá comigo no aniversário do
Ana Lis.Naquela tarde que Adriel saiu para o trabalho, juntei poucas peças de roupas e fui para a faculdade. Chamei Lívia e ela trouxe seu irmão, que também está cursando no mesmo prédio, o jovem que Adriel viu e tive que mentir, ao alegar que ele é meu assistente.Na verdade, meu verdadeiro assistente não estava para me ajudar com o programa que estou criando. Porém, essa não era a única tarefa que fui fazer na faculdade.Considerando que para hackear um sistema, ele não me tem serventia. Portanto, fiz o primeiro passo, sozinha.Quando invadi o sistema das empresas, Lobo'M&G, descobri algo que me deixou chocada e, agora, mais do que nunca, preciso encontrar o novo acordo que assinei.Tenho que saber o que mais o Sr. Filippo, está nos escondendo.Ganhar a confiança do meu marido agora, talvez seja uma boa estratégia a meu favor.— Mas o que...Reclamou ao ver a marca vermelha de batom, que fiz no colarinho da sua camisa branca.— Não se preocupe, limpo isso depois.Ao sorrir, ele me