DinoráEnquanto coloco a mesa para o café da manhã, dou uma olhada rápida no espelho da sala de jantar. Gosto de me observar de vez em quando, não por vaidade, mas para me lembrar de quem sou e de onde vim. Sou uma típica italiana, com pele clara, cabelos castanhos escuros que caem em ondas soltas, olhos expressivos que carregam tanto a doçura quanto os segredos que vivi. Sempre me considerei bonita, mas não no sentido óbvio da palavra. Minha beleza está no equilíbrio, nos traços suaves, no sorriso gentil e na forma como minha personalidade transparece.Sou doce e amável, talvez até demais. Marcelo sempre diz que às vezes me deixo levar pelo coração mole, e talvez ele tenha razão. Sou mãezona, do tipo que sempre tem um prato de comida pronto, que coloca todo mundo para sentar à mesa e ouve as histórias do dia com atenção. Amo cuidar da minha família, da casa e, ao mesmo tempo, da empresa que ajudamos a construir. Consegui o equilíbrio entre ser dona de casa e empresária de suces
Dinorá — Você tem o mesmo jeito de olhar para as coisas, como se estivesse sempre pensando no próximo passo. Isso era muito Laís. Ela era uma mulher que pensava rápido, que sempre estava um passo à frente, mas fazia isso com uma leveza que encantava todo mundo ao seu redor.Luna me observa atentamente, e vejo que isso significa muito para ela.— Como ela era? — pergunta, quase sussurrando.Respiro fundo, deixando as memórias virem à tona.— Laís era a definição de simplicidade elegante. Não precisava de roupas caras ou joias extravagantes para ser linda. Ela gostava de vestidos leves, cores suaves... sempre algo que combinasse com o sorriso dela. Porque, sabe, o sorriso da sua mãe era contagiante. Era aquele tipo de sorriso que fazia você acreditar que tudo ia ficar bem, mesmo nos piores momentos.Luna abaixa os olhos por um momento, absorvendo minhas palavras.— E ela e meu pai? Como eles eram juntos?Ah, Gael e Laís. Só de pensar nos dois, meu coração aperta.— Eles eram inseparáve
Dinorá Ao chegarmos lá, Luna é recebida como se fosse realeza. Não consigo evitar o orgulho que sinto. Na sala da presidência, deixo que ela olhe ao redor enquanto Marcelo e eu trocamos olhares cúmplices. — Luna, tudo o que está aqui é seu — digo, rompendo o silêncio. — Seu pai deixou um patrimônio enorme. Não quero que você se sinta pressionada, mas precisa saber que tem direito a isso. Se quiser, pode começar a administrar tudo agora mesmo. Ela me olha com surpresa e, em seguida, balança a cabeça com firmeza. — Dinorá, eu não tenho o menor interesse nisso. Tudo o que eu preciso, meu pai, o Javier, já me dá. Não é por isso que estou aqui. Fico em silêncio por um momento, processando as palavras dela. — Não é que eu esteja desprezando, muito pelo contrário. — ela continua. — Mas minha vida é no Uruguai, na fazenda. É ali que eu me sinto em casa. Não quero administrar empresas. Pelo menos, não agora. Talvez um dia, no futuro, mas... Ela para, como se estivesse buscando as pala
Luna Eu acordo com um sentimento diferente hoje. Uma clareza que não tinha antes. É como se algo tivesse sido encaixado no lugar certo durante a noite. Chegou a hora de voltar. Não posso mais prolongar minha estadia aqui, por mais que esteja sendo acolhida com tanto amor por Dinorá e Marcelo. Eu tenho um compromisso, um noivado que, por mais estranho que seja, carrega um peso que vai além de mim. Além disso, eu preciso enfrentar tudo o que deixei para trás no Uruguai, mas antes, farei uma parada inesperada.Desço para o café da manhã e encontro Dinorá na cozinha, como sempre elegante, até mesmo em roupas simples. Ela me olha com um sorriso caloroso, mas percebe algo diferente na minha expressão.— Alguma coisa aconteceu, Luna? — pergunta, colocando uma xícara de café à minha frente.— Dinorá, eu acho que está na hora de voltar. — digo, sem rodeios.Ela para por um momento, apenas observando meu rosto, antes de dar um leve aceno de cabeça.— Eu sabia que esse momento chegaria. Mas voc
Luna O sol ainda nem nasceu direito quando Giovana desce as escadas animada para ir à escola. Eu a espero na sala, já com minha mala pronta, tentando disfarçar o nó na garganta. Assim que ela me vê, corre até mim, toda elétrica, como sempre. — Você vai mesmo embora hoje? — pergunta, cruzando os braços e fazendo um bico, como se fosse uma criança de cinco anos. — Vou sim, Giovana. Mas não se preocupe, logo nos veremos de novo. Você tem que estar no meu casamento, lembra? Ela abre um sorriso enorme e me abraça forte. — Promete que não vai sumir de novo? — Prometo. — Aperto-a ainda mais, tentando conter as lágrimas. Giovana me solta e pega sua mochila. Antes de sair pela porta, se vira para mim mais uma vez. — Vou contar para todo mundo que tenho uma prima incrível que vive numa fazenda enorme e está se casando! Rimos juntas, e ela se despede com um último abraço. Assim que a porta se fecha, o silêncio toma conta da casa. Dinorá entra na sala, com os olhos já marejados. — Está
Luna Sento novamente na poltrona, com a mala já arrumada, e aguardo o pouso. Quando o jato toca o chão, sinto a adrenalina correr pelas veias. Assim que descemos na pista clandestina, um carro preto elegante já me espera. — Senhorita Intiz? — pergunta o motorista, descendo para abrir a porta. — Sou eu. — Respondo em um italiano impecável, sem hesitar. Entro no carro e dou o endereço que encontrei. Durante o trajeto, olho pela janela, absorvendo cada detalhe do caminho. Minutos depois, vejo a mansão se erguer diante de mim. Imponente e majestosa, ela é ainda mais impressionante do que imaginei. Ao sair do carro, ajusto o óculos e caminho até a entrada principal. Lá, identifico-me como Laisa Intiz e falo em italiano, mantendo o disfarce. Isso parece confundir os funcionários, que me olham desconfiados, mas acabam liberando meu acesso. Uma empregada me recebe na cozinha, simpática e educada. Ela me oferece algo para beber, mas antes que eu responda, um homem entra na cozinha.
Luna Lupita e Arturo se entreolham, claramente pegos de surpresa. — Casar? — Lupita pergunta, sua voz carregada de preocupação e curiosidade. — Com quem? — Teodoro, o filho de Teodoro. É um acordo entre famílias... Vocês sabem como essas coisas funcionam. Arturo estreita os olhos. — Máfia? — Claro. — Respondo, direta. — Não poderia ser diferente. Esse acordo foi feito assim que o Mateus nasceu, para evitar certos problemas. Faço uma pausa, avaliando suas reações antes de continuar. — Gostaria muito que vocês fossem ao casamento, mas sei que pode ser perigoso. Entendo se decidirem não ir. Lupita segura minha mão, sua expressão suave, mas firme. — Luna, minha neta, vamos fazer o possível. Não prometo nada, mas, se pudermos, estaremos lá. Arturo suspira, cruzando os braços novamente. — Isso tudo é uma loucura, mas não esperaria menos de uma Hernandez. Sorrio, satisfeita com a resposta. Passamos o resto da conversa discutindo detalhes, mas no fundo, sinto um alívio. Não
Luna Lupita se aproxima e me ajuda, tirando com cuidado a peça que agora está úmida de suor, provavelmente do calor e do nervosismo acumulado. Ela tira a peruca com delicadeza, como se estivesse ajudando a revelar quem eu realmente sou por baixo daquela fachada de "Laisa Intiz". Em seguida, retiro as sandálias de salto, as joias falsas que completavam o disfarce e, por fim, deslizo a pistola e as duas adagas para fora do corpo.Fico apenas de calcinha e sutiã enquanto Lupita me observa com um sorriso que mistura ternura e melancolia.— Você é tão parecida com sua mãe... — Ela comenta, quase para si mesma. — Mas tem o fogo de Gael nos olhos. Depois que soube da sua existência, investiguei algumas coisas e consegui até alguns vídeos deles juntos…Ela me conduz com cuidado até o banheiro, onde a banheira já está quase cheia. Antes de eu entrar, ela pega uma esponja macia e um frasco de sabonete líquido, como se quisesse fazer daquele momento algo especial, quase um ritual.— Entre, que