Início / Paranormal / A zona espiral / A mão flamejante Prologo - 001°
A zona espiral
A zona espiral
Por: Rak Nay
A mão flamejante Prologo - 001°

Prologo

Aquamarina era uma linda cidade litorânea repleta de belas construções, cercada de um mar cristalino, colinas verdejantes e bosques frondosos, suas construções eram clássicas, de diferentes períodos e lugares criando um conjunto arquitetônico com uma beleza que lambia os olhos.

Um verdadeiro paraíso caribenho que vivia basicamente do turismo, onde residia a paz e para seus habitantes a guerra havia sido apenas um conceito vago, uma coisa de tempos remotos e lugares distantes, dos quais mal se ouvia falar. O lugar perfeito para se passar férias tranquilas e relaxantes.

Após a magia ter sido revelada para o mundo e as antigas sociedades secreta de magia expostas; se iniciou uma guerra entre a união dos países mais desenvolvidos, chamados informalmente de governo mundial e os Noza, chamados informalmente de império da magia, que vinham conquistando países de terceiro mundo, derrubando ditaduras e auxiliando países miseráveis.

Ninguém poderia imaginar que subitamente a guerra entre o governo mundial e o império da magia avançaria por toda a América do sul e bombardeios destruiriam a maioria das cidades do pequeno arquipélago e seriam cobertas por uma nuvem mágica, liberada pelas bombas do império Noza[1].

As bombas não explodiram como se espera que as bombas façam; ao atingir o chão e os telhados, elas se fragmentaram em cartuchos que estouraram, não apenas causando mais estragos, mas liberando uma fumaça amaldiçoada e uma gosma toxica.

A fumaça dos milhares de cartuchos não se dissiparam, subiram aos céus e infectaram as nuvens que passaram a girar em um ponto especifico, criando uma forma de redoma em volta de todo o arquipélago de Mineralia.

Pelas imagens de satélite bem entre a Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, as ilhas Cayman, e a Jamaica; podia se ver um ponto de nuvens em espiral cobrindo as ilhas de Mineralia. Por isso, lugares assim, que sofreram esse tipo de ataque magico do império Noza e se isolaram nessas cúpulas de nuvens amaldiçoadas, foram chamados de Zonas espirais.

Seus morros verdejantes foram cobertos pela névoa constante, suas praias brancas com aguas cristalinas, agora refletiam o céu acinzentado coberto por nuvens que constantemente giravam na mesma velocidade em uma espiral.

A luz era distribuída de forma igual, não existiam mais sombras, nunca escurecia, nem a luz aumentava. Assim que amanhecia até o cair da noite era a mesma sensação desconcertante, uma eterna penumbra.

Por causa do frio ninguém mais ia a praia.

Não era um frio intenso, mas o suficiente para se agasalhar, principalmente os que estavam acostumados ao clima tropical.

O som do mar continuava o mesmo, mas os agraveis pássaros que se ouvia ao fundo quando se ouvia o relaxante som das ondas haviam mudado.

Eles haviam comido a meleca que restou nas bombas que soltaram o miasma amaldiçoado que formou a zona espiral, se tornaram mutantes, e faziam um som arrepiante e perturbador.

Os garotos chamaram a meleca de smegma de bomba e os animais mutantes de smegmals.

 Semelhante ocorreu com a vegetação.

Após o bombardeio lentamente começaram a murchar ee perder sua coloração.

Todos acreditaram que iam morrer e no lugar da paisagem verdejante teriam uma desolação de plantas secas ee mortas, pois era o que parecia estar acontecendo.

Mas no lugar das folhas e flores que murcharam e caíram novas começaram a crescer, com uma aparência diferente do que eram.

As folhas eram roxas, laranjas, brancas, azuis e todo tipo de cor que folhas não costumam ter, com exceção do verde; que aparecia apenas em algumas flores, que se tornaram em plantas carnívoras. que no lugar de perfume exalavam odores de estrume e carniça.

O ar tinha um leve odor que lembrava o de repolho seco e casca de batata; nem sinal da brisa do mar, mesmo próximo a praia.

A brisa variava entre agradável e um pouco fria, ninguém mais se lembrava de sentir um vento forte, e a estranha nevoa que rondava por toda parte era húmida, morna e abafada, com um estranho odor levemente adocicado. Lembrando o odor do smegam de bomba.

Toda parte onde a nevoa ficava por muito tempo acabava molhada como se tivesse chovido no local, e geralmente era de onde as plantas e animais conseguiam agua.

A agua de smegma que criava os mutantes.

Por sua escassez, agua limpa se tornou uma comodidade e algumas pessoas ganhavam dinheiro desalinizando e filtrando a agua do mar, que parecia destruir os efeitos do smegma; tanto que era usada para lavar os restos de smegma de bomba que se encontrava.

Varias vezes fizeram a experiência de colocar smagma em um balde ou aquário com peixes e agua do mar, para ver se os peixes também poderiam se tornar smegmals.

No entanto a gosma em pouco tempo simplesmente desaparecia sem deixar vestígios na agua do mar, e os peixes não demonstravam nenhuma mudança, mesmo se alimentados com insetos mutantes e carne de smegmal; o que transformava animais terrestres em mutantes.

Os únicos animais que não eram afetados e evitavam beber e comer alimentos contaminados eram os gatos, que acabaram se tornando provadores essenciais. O que comessem ou bebessem era livre de smegma sem sombra de duvida. Não se tinha ideia de como eles sabiam a diferença, mas o que importa é que sabiam.

Vendedores de agua e comida sempre tinham alguns gatos próximos para demonstrar que seus produtos não eram contaminados, fazendo um gatinho provar na frente dos clientes. Alguns até levavam seus próprios gatos para ter certeza se não conseguiram treinar um gato para provar smegma.

Mas aparentemente era uma feito inalcançável, pois todos os gatos sem exceção evitavam o smegma.

As chuvas se tornaram raras e esparsas. Algumas pessoas acreditavam que a agua da chuva era agua se tornou agua de smegma. Não existia nenhuma certeza ou confirmação, mas ninguém se arriscava e quando chovia todos procuravam abrigos, temerosos de se molhar.

Como grande parte da população abandou o arquipélago de Mineralia, não era nenhuma dificuldade encontrar uma casa abandonada para se abrigar da chuva. Era comum que os moradores próximos chamassem estranhos para se abrigarem em solidariedade.

Algumas pessoas ficavam receosas que as casas abandonadas pudessem ter sua estrutura prejudicada e algum pedaço do teto caísse com a chuva ou se deparasse com algum estranho perigoso com más intenções; enquanto outros estavam tão miseráveis que já não se importavam com nada e estavam sempre prontos para enfrentar qualquer situação inesperada.

Allix era uma dessas pessoas.

001°

O céu escureceu na Zona espiral, acima de todas as ilhas do arquipélago de Mineralia, o que não era muito frequente, as nuvens foram escurecendo em pontos isolados e trovoadas começaram a se aproximar, anunciando que vinha uma tempestade.

Allix sentiu a eletricidade no ar e correu em busca de abrigo.

Estava em uma área isolada do subúrbio, a maioria das pessoas que não saiu do país preferiu se mudar para próximo do centro e abandonaram suas casas.

Alexandra Zimey Zanoni, carinhosamente conhecida por seus familiares e amigos como Allix, provavelmente por ter menos fonemas, ou pimentinha, por ficar com a pele bem avermelhada quando tomava sol; o que, diga-se de passagem, era o tempo todo: pois morava a beira do mar.

Ela costumava ser apenas uma garota simples e esforçada que morava com sua mãe em uma casa confortável, tinha alguns colegas divertidos e fazia alguns trabalhos ocasionais para conseguir um dinheirinho extra.

Isso até os terríveis e impiedosos bombardeios que praticamente devastaram todas as cidades litorâneas por toda a costa do mar do Caribe, temendo novos ataques muitas pessoas abandonaram seus lares com tudo dentro.

Quem pode fugir saiu com a roupa do corpo e deixou tudo para trás, quem teve vocação para árvore permaneceu enraizado e negou-se a partir.

O grande obstáculo de Allix foi sua mãe, dona Ivana que inventou de ficar doente justo quando a cidade estava sob um bombardeio. “Não importa o que aconteça nunca vou deixar a minha mãe sozinha.” Ela dizia com convicção e um sorriso.

Na verdade, ela dizia algo como: “Na, na não impo porta o q que a Aconteça... Nu nunca vo, vou deixar mi minha ma, me, mi, mó, mãe sozinha.”

Uma das características mais evidentes nela era sua gagueira que se agravava com emoções fortes.

Claro que ninguém será torturado com silabas e palavras repetidas. Apenas lembre-se que Allix gagueja ao falar.

Outra que pulava aos olhos era seu rutilísmo, que é a característica genética responsável pelos ruivos. Desde criança foi ponto de referência na multidão e velhas senhoras sempre a paravam para elogiar seu cabelo.

Seu pai: Jim Zanoni era parte caraíba, os nativos das ilhas caribenhas, e mediterrâneo das ilhas sicilianas.

Zanoni era um morenaço de olhos escuros, alto e bonito, com uma pele de canela que nunca queimava, apenas se bronzeava chegando a um lindo tom de pele marrom dourado, próximo do ébano.

Tirando o alguns traços do nariz e da boca carnuda, Allix puxou sua mãe: Ivana Zimey era uma ruiva de olhos verdes e pele pálida, de família eslava, mais especificamente do sul da Ucrânia, morando a varias gerações na costa do mar negro.

Ela também era apreciada pelo seu bumbum, que tinha o formato perfeito de um coração, mas por motivos pessoais recusava tal admiração.

Mas isso tudo era coisa do passado; seus cabelos acobreados naturalmente cacheados, agora pareciam palha velha, sem vida, seus olhos verdes estavam cinzentos, seus dentes fracos e amarelos, sua pele seca e escamosa, mais branca do que nunca pela falta de sol e seu corpo anêmico, fraco e magro.

Apesar de sua aparência doente e abatida Allix estava longe de ser indefesa, dentro de suas roupas estava bem armada, e caso não tivesse tempo de sacar uma de suas pistolas, ela tinha sua mão magica.

Allix costumava se isolar e evitar as pessoas para esconder o fato de que ela era uma feiticeira, o que não era das tarefas mais fáceis por causa da sua mão direita que fazia feitiços aleatórios quando tinha alguma alteração emocional.

Ela tinha um certo controle da sua mão magica e um colar de contas encantadas que ao enrolar em sua mão, supria os feitiços involuntários. Infelizmente possuía um limite de uso que Allix já deveria estar atingindo, então era melhor se afastar das pessoas nas áreas isoladas da cidade.

Allix estava na área das casas de luxo e foi até uma com três andares que parecia incólume aos bombardeios, mas élo estado das janelas podia ver que estava abandonada.

Era uma grande casa colonial antiga, provavelmente da época em que aquela região ainda era uma fazenda. Tinha uma mureta de pedras antiga com grades de metal novas. Colocou a mão na maçaneta e estava trancada.

Ela olhou a volta, curiosa que um portão estava trancado e viu um sinal de cerca eletrificada nos arames farpados na ponta das grades.

Por um momento pensou se era possível uma casa daquelas ainda não ter sido pilhada, ninguém deveria ter medo de uma cerca eletrificada já que não tinha eletricidade naquela área por muitos meses.

Foi só colocar sua mão e se concentrar um pouco que a fechadura amoleceu e se rasgou como se fosse borracha velha.

Com um sorriso confiante e um pouco convencido Allix atravessou a área de entrada de cabeça erguida pelo piso de pedra, e atravessou a marquise de pedras até a porta de frente que também estava trancada. Desta vez sua mão não esquentou tão rápido e teve que forçar mais para quebrar a fechadura.

Allix olhou para sua mão decepcionada, sua magia funcionava como se ela tivesse uma bateria dentro dela. Ao mesmo tempo que ter energia carregada podia fazer com que sua mão criasse feitiços espontaneamente, também não era bom não ter a capacidade de usar sua mão caso uma situação de emergência onde ela poderia ser útil aparecesse.

Entrando na casa confirmou que o lugar já havia sido visitado por saqueadores. Infelizmente alguns não se satisfaziam e depredavam o lugar.

Um espaço na parede onde havia uma grande TV de tela plana estava com um buraco por terem arrancado o o suporte com violência, tapetes trabalhados estavam virados, enfeites estilhaçados pelo chão, uma mesinha de centro quebrada, restos de lustres pelo chão, e apeesar de socados e um pouco rasgado os sofás e poltronas estavam em perfeito estado para serem usados.

Já havia vistos lugares saqueados deixados em estados muito piores. Frequentemente.

Hamlet seu gato preto e branco entrou logo em seguida e já começou a pular nas coisas até que miou na entrada da cozinha.

Apesar dos gatos de Aquamarina evitarem o smegma, também tinham mudado. Algo aconteceu que não agiam mais como gatos normais, ficaram inteligentes, claramente passaram a compreender a linguagem humana e se comunicavam.

Se tornaram dependentes e passaram a acompanhar um humano em particular por toda a parte. Hamlet nunca perdia Allix de vista e parecia estar sempre atento, muito diferente de antes doo bombardeio quando ele costumava ignora-la e desaparecer pela vizinhança por dias.

Hamlet era um típico “frajolinha” preto e branco sem raça definida, era todo preto com algumas patas. a ponta da cauda, focinho e barriga branca.

Allix o acompanhou até a grande cozinha que tinha uma geladeira prateada aberta em alguma coisa seco no chão que algum dia foi resto de comida. Na geladeira haviam restos de comida aberta que a muito secaram e umas garrafas com restos de bebida. Sem duvida os saqueadores que passaram por ali fizeram um terrível serviço.

Sendo uma saqueadora experiente sabia onde procurar e começou a vasculhar a casa. Já na cozinha encontrou umas latas velhas de atum, potes de proteína para esportistas e garrafas de agua mineral.

Colocou um pouco para Hamlet que bebeu tudo vigorosamente, confirmando que era agua pura.

Continuando sua busca, Allix encontrou muita coisa que poderia ser útil em meio a bagunça, como ferramentas, roupas e utensílios. Mas como tinha tudo aquilo em replicada, de seus saques prévios, não valia a pena carregar.

Fora a pouca comida, apenas uma pistola e algumas balas, poderiam até ser bem úteis no futuro. Principalmente contra os smegmals.

Ela terminou em um quarto bagunçado no terceiro andar, onde alguém espalhou tudo, provavelmente procurando por algo útil ou de valor. Allix se recostou na cama coberta de roupas, lençóis e travesseiros e começou a acariciar Hamlet observando a chuva pela janela.

Viu que o pote de proteína tinha expirado o prazo de validade a vários meses, então deu de ombros, abriu a tampa que ainda estava lacrada, e com uma colher comeu enquanto o relaxante barulho da chuva lhe dava cada vez mais sono.

E assim cada vez mais relaxada adormeceu coberta de roupas naquela cama, com Hamlet em seu colo enfiando a cabeça no pote, comendo a proteína sabor baunilha, enquanto chovia e trovoava do lado de fora.

[1] Império Noza. Oriundo do verbo Nozar baseado na expressão idiomática “Agora, deu-o-. E não há quem desate” usada indicando que algum problema ficou ainda mais difícil ou de forma abreviada “dar o nó. “Já indicando que o Império Nozar é um problema.

Rak Nay

Olá aqui é o RakNay seu autor nesta serie. Eu tive câncer por trouxe anos e isso me deu muitas sequelas, fora outros problemas de saúde que mme impedem de sair de casa. Alguns amigos vem me ajudando a fazer alguns vídeos caso queiram ver, ese estiverem gostando poderiam me ajudar com um dinheirinho no apoia-se. https://apoia.se/raknay

| 2
Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >
capítulo anteriorpróximo capítulo

Capítulos relacionados

Último capítulo