Ciclo dois
De um alto-falante ao longe podia se ouvir algo sobre um registro e ajuda medica.
Allix estava deitada em uma pequena cama com cobertores em cima do seu corpo e um tubo de soro em seu braço. Ela havia dormido? Desmaiado? Não sabia como fora parar ali ou quanto tempo se passou e temeu que pudesse deixar sua mãe enferma preocupada, mas a gentil enfermeira não deixou que se levantasse.
- O doutor disse que você está anêmica, por isso precisa comer um pouco mais antes de poder te deixar sair.
- Têm camas vazias por aqui... – Ela olhou a sua volta, o posto sempre estava cheio de gente. – Por que este lugar está vazio?
- Estamos nos mudando. – A enfermeira respondeu entregando um prato de sopa de legumes. – O governo finalmente enviou ajuda. Estamos mandando todos para o novo hospital que montaram, só atendemos os casos mais urgentes como sua mão.
- O governo?
- Sim! Os soldados estão por to
Ciclo quatro Dizer que Allix odiava Zoya é um absurdo já que as duas eram amigas e se davam bem. Allix odiava Zoya quando ela se juntava a Irina, Svetlana e suas outras amigas que estavam acenando do outro lado do refeitório. Zoya se transformava em uma patricinha mimada insuportável, que se divertia com a miséria dos outros e geralmente era a vida de Allix que elas tornavam miserável. E Allix já não suportava mais miséria. Irina e Svetlana vendiam seus corpos na rua do mercado e a ajudaram várias vezes naqueles meses difíceis, não estavam em situação melhor do que ninguém, mas escuta-las diminuindo os outros alunos que estavam em petição de miséria como se tivessem o rei na barriga a irritava muito. - Vamos embora! – Zoya a puxou pelo braço. – A diretora está falando lá na frente. - Eu to comendo. – Allix já estava irritada como Zoya agia como se fosse sua dona. – Você está me enchendo o saco. Vai encher outra
121° Allix acompanhou a simpática capitã Mabel Volonaki. Havia muitos professores ajudando os militares e ela ficou feliz em rever alguns rostos que acreditara que abandonaram a zona espiral, já que nunca encontrou os durante suas expedições ao mercado. Todos foram muito gentis com ela e ignoraram sua falta de atenção, falavam muito sobre política, volta às aulas, recolhimento de lixo, mutirões e coisas assim. Ela viu pilhas de panfletos e doações dos países do governo mundial como pacotes de comida, roupas, brinquedos e docinhos, muitos docinhos. Os soldados instruíram os jovens a pegar um formulário e ir até suas respectivas salas de aula para fazer o cadastro e receber instruções. Allix não conseguiu escutar nenhuma palavra do que diziam, apenas segurou o lápis desajeitadamente na mão esquerda enquanto tentava tirar os pensamentos pessimistas da sua cabeça. Seus instintos diziam que ela não d
122° Mayara Pitanga era exatamente o contrário de Derek Dietrich, era delicada e tímida, sua voz suave e insegura dava muito conforto para a turma da B2. Sua bolsinha na forma de flor fez bastante sucesso. Geralmente não era muito boa em falar com as pessoas, mas aquele dia em particular estava muito bom, principalmente pela ajuda de Zoya. Como sempre Zoya conduzia toda a turma. O clima estava descontraído e afável, ela explicou o uso do medidor de mana e todos ficaram ansiosos por usá-lo. Ela anotava o nome de todos os alunos que tocavam na redoma, as garotas soltavam risinhos, enquanto alguns garotos faziam comentários no fundo da sala. Valentina uma das grandes amigas de Zoya colocou a mão na redoma e a luz azul acendeu, todos ficaram nervosos. Com um sorriso nervoso e forçado ela perguntou. “O que isso significa?” Mayara explicou alegremente. “O nível de vydia Alfa a
123° As perguntas continuaram na sala 3B. Bonifácio, outro aluno levantou a mão. “Meu pai me disse que essa coisa de mágica é balela. Que o governo faz propaganda para enganar a população e esconder a verdade.” Sofia Perguntou. “E os vídeos que passam nos noticiários?” “É tudo efeito especial.” Bonifácio respondeu. “Meu pai sempre diz que a gente não pode acreditar em vídeos.” “Acredito que se seu pai não acredita em provas em vídeos, também não acredita em fotos, áudio, documentos escritos e considera todas as evidências históricas de nossa civilização questionáveis.” Arremedou o Cadete. “Não é bem assim.” Protestou o aluno. “Meu pai acredita em provas escritas. Se for um documento escrito ele diz que é verdade.” “Então seu pai não acredita em uma cena em vídeo, mas acredita no que alguém escreveu em um pedaço de papel?” O cadete soltou algumas risadas e deixou o aluno sem respostas.
124° De volta a sala B2 Zoya se sentia melhor do que todo mundo, mas isso acabou no instante em que ela colocou a mão na redoma e uma espécie de liquido escuro começou a girar dentro. A cadete soltou um suspiro, muito chateada olhando para a carteira da Zoya. “Você está usando algum amuleto contra magia?” Mayara piscou e balançou o dedo. “Eu...” Zoya ficou muito encabulada e mostrou dentro de sua roupa. “Alguns... Eu uso alguns.” “Se isso é ‘alguns’ nem quero ver o que você chama de muitos.” Mayara revirou os olhos. “Você está mais enfeitada do que uma arvore de natal.” Zoya começou a tirar os amuletos “Nãofiquei chateada, eu é que deveria ter avisado.” Mayara se dirigiu para classe. “Pessoal! Por favor, tire qualquer amuleto contra magia que estiverem usando, isso afeta a leitura do aparelho.” Os alunos começaram a retirar os amuletos enquanto a cadete regulava o medidor. “Eu ta
125° “Nome e número.” Ordenou o cadete Dietrich. Havia um silencio mortal na sala 3B; muitos alunos suavam; mesmo com o terrível frio que se fazia aquele dia. Ofélia olhava para a redoma como se ela fosse sugá-la para dentro. A diretora disse o nome e o número de Ofélia, que parecia pronta para vomitar quando ela colocou a mão na redoma e uma luz azul se ascendeu. O ar parecia tão tenso que se podia cortá-lo com uma faca. O silencio era tal que se podia ouvir o coração de cada um batendo. O cadete apenas anotou algo em seu tablet e levou o aparelho ao próximo aluno. “Nome e número.” A cada mão colocada, a tensão aumentava. Allix sentia o frio da sua mão aumentando, atravessando a roupa, esfriando o seu peito. O cadete periodicamente olhava para ela pelo canto do olho com interesse. Novamente a luz se acendeu para Estefani a garota mais inteligente da classe.
126° As coisas já não estavam mais tão alegres na B2. Pelo menos não para Zoya, ela sabia que Allix era uma feiticeira, até lhe disse que sua mãe sofria uma doença apenas pra siddas. “Algum problema Zoya?” Mayara perguntou. “Você parece preocupada.” “Mayara.” Zoya ajeitou seu cabelo. “Você conhece uma doença que só afeta feiticeiros chamada Ergozopolis ou Erozitits alguma coisa assim?” “Você quer dizer Ergozotits.” Mayarasorriu. “Sim, sou familiar com a doença.” “É muito grave?” “Que nada.” Mayara brincou. “Alguns dias recebendo uma solução intravenosa se fica ótima.” “E se a pessoa não fizer esse tratamento?” Mayara arrumou o yogata e colocou na frente de Zoya. “Sem tratamento intravenoso a pessoa vai definhar até uma lenta e dolorosa morte.” ‘Não é possível! ’ Zoya sentia que ia chorar. ‘A dona Ivana é a pessoa mais legal que já conheci. Allix nem tem ideia de como é sortuda te
127° Na sala 2B. Mayara falava em seu tablet com alguém sobre um sidda de alto nível que ela havia encontrado. Até onde Zoya sabia era como se referiam aos feiticeiros. “Sim...” Mayara falou no tablet. “Agora vou continuar com as leituras.” “Espera! Espera!” Zoya a segurou. “Do que você está falando?” “Me desculpe! Eu só queria ver suas leituras!” A cadete guardou o tablet. “Eu tenho uma colega com um selo igual ao seu. Parece que é um selo para bebês que nasceram com Vidyas anormalmente fortes.” A sala ficou apreensiva. Todos olhavam para Zoya com surpresa e preocupação. “Provavelmente seus pais queriam evitar que o selo ficasse visível e encobriram com outro feitiço, mas o selo se enfraqueceu conforme você se fortaleceu com o passar dos anos.” A cadete parecia totalmente tranquila e sobre controle. “Por isso que seu pai te deu tantos amuletos, você os consome feito sorvete no v