103°
O tanque Arcano de reconhecimento abria caminho entre a multidão que estava em frente ao colégio Idania. A população da cidade estava doente e maltrapilha.
Aquele mundaréu de gente feia assustava muito Zoya, dentro do tanque cujo interior parecia o de um ônibus para viagens.
“Meus sais, até parece um daqueles filmes de Zumbi.” Grace falou olhando para fora do tanque com uma cara de nojo que fez Zoya rir.
“Eles são pobres, Grace.” Raquel a criticou enquanto enrolava seu cabelo em um coque. “Vieram porque anunciamos comida de graça para todo muno.”
“Faz a gente se sentir um pouquinho culpado por ter comido tão bem.” Miró comentou.
“Por quê?” Grace cruzou os braços. “O que a nossa refeição tem a ver com eles. Não estão assim porque comemos bem.”
“Estão assim porque foram atacados pelos Noza.” Derek falou com seu tom firme.
Zoya fez uma cara triste e Grace a confortou. “Não se preocupe,
104° Situações desesperadas pedem medidas desesperadas. Isso não é um ditado popular, nem qualquer forma de sabedoria ou conduta a ser seguida. É um triste e incontrolável fato. O desespero costuma nos cegar para a razão, lógica e as consequências dos nossos atos. Allix entrou em sua casa e deitou-se em uma pilha de roupas.Ela tentou massagear seu pescoço como Kazan fez. THERAPEVO Isso realmente faz com que ela se sentisse melhor. Lagrimas ainda escorriam do seu rosto, ela pegou o baralho do seu pai, isso ajudava a relaxar. Em sua bolsinha de crochê havia um recipiente de couro. Ela abriu e lá dentro estavam as cartas do baralho do labirinto dos magos. Allix costumava comparar sua vida com contos de fada. Geralmente heroína encontrava um personagem no início da sua jornada. Podia ser um lobo, um caçador, uma fada disfarçada, uma criatura má
105° No topo do hotel Plaza havia sete figuras, uma delas usando uma máscara com um enorme bico segurando uma correia com uma garota na ponta, presa em uma coleira. Ela era Masha Nabukov e não entendia o que estava acontecendo, mas sabia que não era bom. A imagem do chapeleiro que até então estava quieto voltou a falar. “Bom então é isso eles estão indo até a casa da garota.” Charlie estava de olhos fechados como se estivesse dormindo. “Eles estão em um hotel próximo daqui.” Charlie gemeu em agonia e abriu os olhos. ”Aquele maldito esquadrãorelâmpago fica atirando nos meus pássaros.” “E quanto a ruivinha?” Titia perguntou. “O que faremos?” “Por enquanto nada. “Charlie respondeu. “Eu tenho mais de trinta pássaros vigiando o lugar” “Parece que eles vão mesmo embora.” O chapeleiro esfregou as mãos, se sentou e se virou para Zimey. “Fui o único que não mostrou a máscara não é?” O cha
106° “O futuro esquecido.” A voz que Allix tanto se familiarizara falou. “Lembre-se.” Desde o dia do primeiro bombardeio Allix não se lembrava mais dos seus sonhos, mas sabia que eram repetidos e sentia que era importante lembrar o que era o futuro esquecido. Pela primeira vez Allix abriu os olhos e não teve essa sensação. Provavelmente por que a dona da voz estava bem a sua frente com o rosto coberto por um velho e gasto capuz e desta vez Allix não estava sonhando. ♥ O medo gosta de atenção, ele faz com que todos os nossos sentidos fiquem mais aguçados e se concentrem nele. Muitas pessoas lutam seus medoscomo uma doença ou um inimigo. Não Alexsandra Zduhac Zanoni, também conhecida como Allix, ela gosta de seus medos, são seus amigos, lhe dão forças para perceber melhor o perigo e dão um aumento de energia para lidar com isso. O medo
107° O camburão passou pelo alto das colinas em meio a arvores mortas enquanto uma chuva torrencial varria a neblina. Allix reconheceu sua cidade, ou o que restou de Aquamarina. Próximo ao porto aonde um dia foi um bairro residencial com casas e prédios, havia os restos de uma enorme base militar. Muitas casas e lugares destruídos foram substituídos com outros prédios. O mar estava no lugar errado, só se viam o topo das casas a beira mar e dos galpões do antigo porto. Construído um novo do outro lado. O clima era quente e úmido e o ar tinha um cheiro era desagradável parecido com o de vapor de roupa fervida. Allix parou de olhar a janela e se fixou na velha Lumina falando com o tal de Tommy. “De acordo com os registros está funcionando.” Tommy colocou uma caneta na boca e largou uma prancheta de papeis. “Então você tem certeza que está tudo bem e funcionando?” Lumina insistiu. “Eu não so
108° Dentro da grande casa uma disforme criatura flutuando dentro de uma capa de chuva seguia uma mulher com grossas botas uma longa capa de couro e uma mochila de camping. “Olha que maravilha.” Allix mostrou um raio dançando entre o dedo médio e o polegar iluminando tudo. “Consigo controlar perfeitamente a minha magia.” “Allix eu não preciso dessa capa de chuva.” Nicole insistia. “Nem estes tecidos coloridos.” “Você já disse umas cem vezes que não fica doente nem sente frio eu escutei.” Allix deslizou pelas telhas molhadas. “Se você não quer mesmo assustar as pessoas use essa roupa colorida.” “Já fiz isso há vinte anos, eu cresci.” Nicole ficou emburrada. “Eu pareço um cantor de reggae flutuante com todas estas cores.” “Você prefere parecer uma aparição que fugiu de um filme de terror infantil?” “Tenho que usar estas luvas de lã?” “Tem.” “Como você achou essas roupas tão rápido?
109° Allix e Nicole correram para o camburão que partiu quando mal entraram nele. “Que bom ver que estão bem.” Tommy fechou a porta. O sujeito magro de óculos estava no volante. “Onde conseguiram essas roupas?” Tommy deu uma bela olhada nas duas. “Parece o fantasma do Bob Marley.” “Não liga pra ele Nicole.” “Vocês reconectaram os cabos e colocou o tanque em uma mochila? Isso foi genial.” “Não sei como não pensaram nisso antes.” Allix começou a mexer nas coisas. “Eu me lembrei aonde todos os eletrodos ficavam.” Nicole falou orgulhosa. “Estudamos muito, isso.” “Aqui! Isso eu sei usar.” Allix puxou duas pistolas. “Um coldre, exatamente como o que ganhei anteontem.” “Para que a arma?” Nicole perguntou surpresa. “Vamos atrás da Lumina e os outros.” Allix coloca o coldre. “Não acha mesmo que eu ia deixar alguém para trás.” “É isso ai!” Gritou o motorista. “Mas p
110° Debaixo de uma chuva torrencial os soldados corriam dos sapoides. “Não dá para continuar nesse ritmo.” Akira reclamou. “Acabou a minha munição.” “O importante é deixar Allix em segurança.” “Problemas.” Shankar apontou para o veículo que se aproximava. Os seis pararam e escutaram uma saraivada de balas. “General!” Eliana reconheceu Allix que estava na janela mirando nos sapoides. “O que acharam?” Allix perguntou tirando os óculos de aviador. “Não tinha ideia que sua mira era tão boa.” Lumina segurou sua mão e entrou no camburão. “Chega de papo gente.” Tommy chamou a atenção. “Eles vão cercar a gente.” “Lumina!” Allix falou para a amiga com um rifle nas mãos. “Tommy disse que com este tanque você pode fazer mágica, vamos usar o Zap.” “Ficou louca?” Janus o homem de tapa-olho gritou. “Tem ideia do que uma descarga elétrica faria com a gente nessa chuva?”
111 Aquelas seis pessoas debaixo do aguaceiro não pareciam demônios lutando. Eles eram mesmo e os pobres sapos não tinham a mínima chance além de cansa-los com o sacrifício de dúzias deles. E estavam conseguindo, pois, os soldados estavam ficando sem munição e começando a receber arranhões. “Que tal uma cobertura de mágica por aqui?” A garota de cabelo rosa pediu. “Rápido Allix!” Nicole segurou sua cabeça e apontou para a outra Allix.” Faça o que ela está fazendo.” “O que?” Allix tentou olhar para Nicole, mas ela girou sua cabeça com força, o corpo de Allix estava forte, mas a amiga ainda era muito mais forte. “Mas não entendo.” “Apenas faça e não tire os olhos dela.” Nicole falou em seus ouvidos. “Lembre-se.” Nicole sussurrou. “Este corpo se lembra e quando voltar vai se lembrar” Allix obedeceu e tentou imitar a dança que a outra Allix fazia. “Não usem mais o tanque de Mana