106°
“O futuro esquecido.”
A voz que Allix tanto se familiarizara falou.
“Lembre-se.”
Desde o dia do primeiro bombardeio Allix não se lembrava mais dos seus sonhos, mas sabia que eram repetidos e sentia que era importante lembrar o que era o futuro esquecido.
Pela primeira vez Allix abriu os olhos e não teve essa sensação. Provavelmente por que a dona da voz estava bem a sua frente com o rosto coberto por um velho e gasto capuz e desta vez Allix não estava sonhando.
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O medo gosta de atenção, ele faz com que todos os nossos sentidos fiquem mais aguçados e se concentrem nele.
Muitas pessoas lutam seus medos como uma doença ou um inimigo.
Não Alexsandra Zduhac Zanoni, também conhecida como Allix, ela gosta de seus medos, são seus amigos, lhe dão forças para perceber melhor o perigo e dão um aumento de energia para lidar com isso.
O medo
107° O camburão passou pelo alto das colinas em meio a arvores mortas enquanto uma chuva torrencial varria a neblina. Allix reconheceu sua cidade, ou o que restou de Aquamarina. Próximo ao porto aonde um dia foi um bairro residencial com casas e prédios, havia os restos de uma enorme base militar. Muitas casas e lugares destruídos foram substituídos com outros prédios. O mar estava no lugar errado, só se viam o topo das casas a beira mar e dos galpões do antigo porto. Construído um novo do outro lado. O clima era quente e úmido e o ar tinha um cheiro era desagradável parecido com o de vapor de roupa fervida. Allix parou de olhar a janela e se fixou na velha Lumina falando com o tal de Tommy. “De acordo com os registros está funcionando.” Tommy colocou uma caneta na boca e largou uma prancheta de papeis. “Então você tem certeza que está tudo bem e funcionando?” Lumina insistiu. “Eu não so
108° Dentro da grande casa uma disforme criatura flutuando dentro de uma capa de chuva seguia uma mulher com grossas botas uma longa capa de couro e uma mochila de camping. “Olha que maravilha.” Allix mostrou um raio dançando entre o dedo médio e o polegar iluminando tudo. “Consigo controlar perfeitamente a minha magia.” “Allix eu não preciso dessa capa de chuva.” Nicole insistia. “Nem estes tecidos coloridos.” “Você já disse umas cem vezes que não fica doente nem sente frio eu escutei.” Allix deslizou pelas telhas molhadas. “Se você não quer mesmo assustar as pessoas use essa roupa colorida.” “Já fiz isso há vinte anos, eu cresci.” Nicole ficou emburrada. “Eu pareço um cantor de reggae flutuante com todas estas cores.” “Você prefere parecer uma aparição que fugiu de um filme de terror infantil?” “Tenho que usar estas luvas de lã?” “Tem.” “Como você achou essas roupas tão rápido?
109° Allix e Nicole correram para o camburão que partiu quando mal entraram nele. “Que bom ver que estão bem.” Tommy fechou a porta. O sujeito magro de óculos estava no volante. “Onde conseguiram essas roupas?” Tommy deu uma bela olhada nas duas. “Parece o fantasma do Bob Marley.” “Não liga pra ele Nicole.” “Vocês reconectaram os cabos e colocou o tanque em uma mochila? Isso foi genial.” “Não sei como não pensaram nisso antes.” Allix começou a mexer nas coisas. “Eu me lembrei aonde todos os eletrodos ficavam.” Nicole falou orgulhosa. “Estudamos muito, isso.” “Aqui! Isso eu sei usar.” Allix puxou duas pistolas. “Um coldre, exatamente como o que ganhei anteontem.” “Para que a arma?” Nicole perguntou surpresa. “Vamos atrás da Lumina e os outros.” Allix coloca o coldre. “Não acha mesmo que eu ia deixar alguém para trás.” “É isso ai!” Gritou o motorista. “Mas p
110° Debaixo de uma chuva torrencial os soldados corriam dos sapoides. “Não dá para continuar nesse ritmo.” Akira reclamou. “Acabou a minha munição.” “O importante é deixar Allix em segurança.” “Problemas.” Shankar apontou para o veículo que se aproximava. Os seis pararam e escutaram uma saraivada de balas. “General!” Eliana reconheceu Allix que estava na janela mirando nos sapoides. “O que acharam?” Allix perguntou tirando os óculos de aviador. “Não tinha ideia que sua mira era tão boa.” Lumina segurou sua mão e entrou no camburão. “Chega de papo gente.” Tommy chamou a atenção. “Eles vão cercar a gente.” “Lumina!” Allix falou para a amiga com um rifle nas mãos. “Tommy disse que com este tanque você pode fazer mágica, vamos usar o Zap.” “Ficou louca?” Janus o homem de tapa-olho gritou. “Tem ideia do que uma descarga elétrica faria com a gente nessa chuva?”
111 Aquelas seis pessoas debaixo do aguaceiro não pareciam demônios lutando. Eles eram mesmo e os pobres sapos não tinham a mínima chance além de cansa-los com o sacrifício de dúzias deles. E estavam conseguindo, pois, os soldados estavam ficando sem munição e começando a receber arranhões. “Que tal uma cobertura de mágica por aqui?” A garota de cabelo rosa pediu. “Rápido Allix!” Nicole segurou sua cabeça e apontou para a outra Allix.” Faça o que ela está fazendo.” “O que?” Allix tentou olhar para Nicole, mas ela girou sua cabeça com força, o corpo de Allix estava forte, mas a amiga ainda era muito mais forte. “Mas não entendo.” “Apenas faça e não tire os olhos dela.” Nicole falou em seus ouvidos. “Lembre-se.” Nicole sussurrou. “Este corpo se lembra e quando voltar vai se lembrar” Allix obedeceu e tentou imitar a dança que a outra Allix fazia. “Não usem mais o tanque de Mana
112° O furgão entrou em um túnel relativamente longo e escuro até uma área com luzes onde ela pode ver que as paredes eram cobertas de armas apontando para quem tentasse atravessar o túnel ee no final pode ver uma grande quantidade de soldados e um grande portão se abrindo. O furgãoo atravessou o portão e seguiu uma subida para a superfície. Até aquele momento Allix experimentou o que chamaria de um futuro apocalíptico, e agora experimentava o que chamaria de um futuro de ficção cientifica. Do outro lado do túnel havia uma cidade futurística tirada de historias de ficção e fantasia, na opinião dela só faltavam dirigíveis e carros voadores. “Isso é dentro da Zona Espiral?” “Exatamente.” Janus apontou para o céu que era uma massa de nuvens meio que amarelada e esverdeada girando. “Esse lugar não se parece nada com a Zona espiral que eu conheço.” Allix respirou o ar puro e andou pela alameda
Capitulo antes do cento quatorze Pela primeira vez em muito tempo Allix não acordou sem se lembrar do seu sonho. Mas pela primeira vez não tinha ideia de onde estava. “Acordou bela adormecida?” Zoya estava com seu rosto redondo bem perto de Allix, estava vestia com pele de coelho acinzentado desde seu chapéu ushanka felpudo até suas botas. Ela não mudou nada desde a última vez que se viram. Allix estava deitada em uma pequena cama com muitos cobertores em cima do seu corpo e um tubo de soro em seu braço. Ela havia dormido? Desmaiado? “Eu não morri?” “O que?” Zoya fez uma cara brava. “Claro que não. Eu sei que sou um anjo, mas voc&e ainda esta bem aqui na terra.” Não sabia como fora parar ali ou quanto tempo se passou e temeu que pudesse deixar sua mãe enferma preocupada. De um alto-falante ao longe podia se ouvir algo sobre um registro e ajuda medica. “Zoya?” Allix olhou a sua volta. Estavam
114° A capitã Laura Leite, conhecida como a Duquesa da gangue das maravilhas, contemplava a rua do seu Jipe. Nunca ninguém viu o lugar tão movimentado, os membros das gangues guardaram tiraram suas roupas normais do baú e estavam como simples cidadãos normais. Alguns desmontavam suas barracas, outros estavam nervosos e tristes, mas não faltou quem comemorasse. Por toda parte se encontravam bêbados celebrando a chegada do exército ou a morte de Boris o urso. Havia um grande caminhão na frente do restaurante e pilhas de coisas de valor na área a céu aberto do restaurante. “Ainda bem que você chegou com o jipe como pedi.” O coelho branco, um homem musculoso de quase dois metros a cumprimentou. “Sabe qual é o motivo dessa algazarra?” “Culpa sua.” Laura sorriu. “Todos acham que debandou a gangue por causa do massacre da turma do Boris. Estão apavorados. Não ajuda o fato de que muitos de nós que eramos do exército e