Capítulo 54 Os dias se passaram com rapidez, enquanto Dandara seguia presa naquela casa. Os seus momentos de alívio só surgiam quando estava na empresa, mergulhada em trabalhos e sobretudo, quando estava a sós com Paco. Por mais que a relação entre eles ainda se mantivesse com uma tensão gritante enquanto os seus corpos chamavam um pelo outro, eles estavam aprendendo a lidar com toda a apreensão contida. — Dandara, você... — Paco surge de repente, saindo do seu quarto e parando no corredor onde Dandara se encontrava. Mas ela não estava sozinha. Dandara vira rapidamente o rosto em direção a Paco e dá um sorriso amigável, totalmente diferente da expressão que Paco trazia no seu rosto. — Oi, Paco — ela responde por fim — Eu estava aqui, conversando com o Gael sobre o filme que assistimos ontem à noite. Você acredita que ele nunca viu? Paco disfarça a amargura que surge em seu peito e o gosto amargo do sentimento que parece o entorpecer a cada segundo. Mesmo assim, ele sorri e encar
Capítulo 55Dandara sente uma raiva profunda enquanto caminha em passos rápidos em direção ao quarto. Ela não podia acreditar na insinuação de Paco, outra vez ele havia a ofendido com suas palavras confusas, que a deixava extremamente magoada.Dandara tentava forçar a si mesma a acreditar que deveria ter uma razão lógica para Paco ter agido assim, mas naquele momento, tudo que importava era o modo como ela se sentia.— Dandara — uma voz firme e máscula soou naquele quarto.A mulher permaneceu de costas, e respirou fundo, sentindo a brisa noturna exalando da janela aberta. Paco estava ali naquele quarto, e o seu perfume embriagava os sentidos de Dandara. Mas ela tinha que se manter forte e não recuar.Ela permanece em silêncio, e é quando Paco resolve falar:— Fiz uma reserva no seu restaurante preferido. — é tudo que diz.Quando Dandara percebe que Paco já havia terminado tudo que queria dizer, ela se vira sobre seus próprios calcanhares, incrédula.— Está falando sério? — ela arfa, c
Capítulo 56Dandara era incapaz de pregar os olhos naquela noite, não apenas pela discussão anterior que ainda queimava em sua mente, mas sobretudo pelo que acabara de descobrir.— Não pode ser... — Ela sussurra para si mesma, encarando um documento em sua mão que a fizera questionar tudo que achava que conhecia.Quando não conseguiu se acalmar naquela noite, Dandara resolveu andar pela mansão e acabou entrando em uma ampla biblioteca. Enquanto passava os dedos pelos diversos livros ali, Dandara acabou por encostar no que acabou se revelando uma sala secreta.Ela engoliu em seco, e olhou para os lados, se certificando de que ninguém estava ali. Por mais que Dandara soubesse que deveria se afastar daquele local, ela acabou espreitando naquela sala.Ligou a lanterna do seu celular e percebeu que aquele espaço parecia mais ser um escritório anexado. Ela investigou os móveis empoeirados, abrindo suas gavetas e encontrou diversas fotos de família, documentos... E aquela maldita descoberta.
O ar fresco da noite os envolve, enquanto o luar lançava uma suave luz sobre eles no exato instante em que aquelas palavras saíram da boca de Dandara. O ambiente tranquilo contrastava com a tensão que pairava entre os dois. Após aquela acalorada discussão, quando Dandara decidiu, por fim, revelar seus sentimentos, surpreendendo Paco profundamente. Seus olhares se encontraram em meio ao silêncio que pairou entre eles. Paco absorvendo as palavras que acabara de ouvir. Ele sentiu uma mistura de surpresa e alívio, pois por muito tempo acreditara que Dandara nutria sentimentos pelo seu próprio irmão. Agora, diante da confissão, um turbilhão de emoções o envolve. — Me desculpe, mas eu não posso mais guardar isso dentro de mim. Preciso dizer... Eu me apaixonei por você, profundamente. — Dandara sussurra. Mesmo sabendo que provavelmente se arrependeria daquelas palavras que jorravam como uma cachoeira dos seus lábios, Dandara simplesmente não conseguiria evitar. Toda a tempestade de sent
Capítulo 58 O escritório da mansão estava mergulhado em silêncio, quebrado apenas pelo som dos corações acelerados de todos que estavam ali. O senhor Benrouissi escondeu o olhar, incapaz de encarar a expressão de ira que parecia presente no rosto do seu filho. — Paco, não há nada aqui. — Seu pai tenta desviar o seu foco, como se existisse a menor possibilidade de Paco desistir de descobrir o que diabos estava acontecendo. — É apenas um mal-entendido e... — Chega, Paul. — a voz de Diane o interrompe. Seu timbre é firme e decidido. Paul desviando os olhos para sua esposa, a fuzila com os olhos, pressentindo o que estava prestes a acontecer. Ele sabia que Diane permanecia firme em sua decisão de finalmente expor a verdade que havia sido mantida em segredo por tanto tempo. — Você não pode fazer isso, Diane. — Rosnou Paul, tentando desesperadamente persuadir sua esposa a desistir da revelação. — Não percebe o que isso causará? Nossa família não sobreviverá a isso. Diane olhou para
Capítulo 59 Havia passado longos dias desde a última vez em que Dandara ouvira falar de Paco. Desde aquela última noite, ele parecia ter dado o seu melhor para sumir da vista de todos. E isso doía profundamente em Dandara, porque tudo que ela almejava era o encontrar e o arrancar da dor que naquele instante provavelmente estaria rompendo seu coração. Dandara sentiu o peso da verdade enquanto se dirigia ao endereço que os seguranças forneceram, depois de dias buscando quaisquer notícias sobre o paradeiro de Paco. Cada passo parecia uma eternidade, e a ansiedade crescia em seu peito. Dandara enfrentou o abismo em frente à porta do apartamento de Paco, hesitando antes de bater. As revelações sobre a verdadeira origem de Paco, as mentiras que permeavam sua vida, eram uma ferida aberta, e ela estava prestes a mergulhar nesse redemoinho de emoções. A porta rangeu quando se abriu, revelando um Paco, cujos olhos, outrora cálidos, agora eram portais para a tormenta que rugia dentro dele. El
— Talvez eu morra essa noite, Zélia. – Sussurro. – É uma linda noite para morrer, você não acha? A mulher apenas nega com a cabeça, provavelmente cansada de todos os meus comentários mórbidos, mas daquela vez era diferente. Sinto o ar queimando enquanto entra em meus pulmões. Ainda que sinta frio em meu corpo todo, o suor atravessa os lençóis da cama a qual estou deitada. É noite e a brisa noturna balança as cortinas da janela e eu tento me concentrar naquele movimento na esperança de parar de sentir a dor que ameaça parar o meu coração. E apesar de me sentir assim, existe algo no mais profundo do meu coração que me dá esperança. Sei que preciso lutar, porque a vida ainda me reservava coisas incríveis, mesmo no meio de tanta dor. O som da televisão chama a minha atenção e eu sigo o seu olhar para a tela, apenas para sentir meu sangue gelar. — As indústrias LeBlanc realiza hoje a festa anual de fundação de 50 anos da empresa. — Um jornalista informa em frente a enorme mansão que apa
A primeira coisa que sinto é a forte pressão em meu peito. O mundo que havia se escurecido ao meu redor foi se iluminando até que vi o rosto familiar de Zélia. E é quando percebo que estou de volta a vida. — Graças a Deus! — é a voz de Zélia, e quando abro os olhos, a vejo tirando as mãos do meu coração. — Você estava morta... — murmura ela. Sua voz está estrangulada, seus olhos me encaram arregalados, enquanto eu me sento com as mãos no meu coração. As palavras que saem da boca de Zélia me deixam desnorteada, porque nada daquilo fazia sentido. Me vejo tentando resolver os enigmas por trás daquela informação, mas tudo que consigo é ficar ainda mais confusa. O que ela diz segue rodando em minha cabeça, e antes que eu possa reagir, percebo que toda a minha dificuldade para respirar havia ido embora, como se nunca tivesse existido. Levantei-me daquela cama, mas sem a fraqueza que me dominava antes. Ciente do olhar de Zélia sobre mim enquanto eu caminho até a janela, vejo a tempe