Capítulo 62 O silêncio que seguiu a declaração de Paco foi como uma tempestade contida, pronta para explodir a qualquer momento. Dandara sentiu sua respiração acelerar, enquanto os olhos de Paco pareciam perfurar os dela. Gael, ao lado dela, manteve-se imóvel, mas a tensão em seu rosto era evidente. — Claro, Paco, — Dandara disse finalmente, tentando manter a voz firme. — Vamos conversar. Ela deu um passo à frente, mas Paco ergueu a mão, interrompendo-a. — Sozinhos, — ele disse, o tom definitivo, sem espaço para discussões. Dandara hesitou, olhando brevemente para Gael, que manteve uma expressão séria, mas seus olhos pareciam carregar um aviso silencioso. Ela assentiu e seguiu Paco enquanto ele caminhava em direção ao escritório. Paco não direcionou o olhar nem apenas um segundo em direção a Gael ou a qualquer lugar ao seu redor. Ele parecia inerte, focado em uma única e certa coisa: falar com Dandara.Ao entrarem no escritório, Paco fechou a porta atrás deles com um movimento f
Capítulo 63 Dandara sentiu o impacto das palavras de Paco como se tivesse levado um golpe físico. "Dandara, eu quero o divórcio."A frase reverberou em sua mente, como um eco interminável. Ela piscou várias vezes, tentando assimilar o que acabara de ouvir. Não podia ser real. Não podia ser ele. — Você... o quê? — ela murmurou, a voz falhando, mas carregada de incredulidade. Paco a encarava com aquela mesma frieza cortante, seus olhos, que antes transbordavam intensidade, agora pareciam distantes, como se a barreira que ele havia erguido entre eles fosse intransponível. — Eu quero o divórcio, Dandara, — ele repetiu, sem hesitar. Ela riu, mas o som foi seco, carregado de amargura. — Você acha que isso é uma solução? Depois de tudo que passamos? Depois de tudo que eu fiz por você? Paco deu um passo para trás, como se quisesse criar mais distância entre eles, e cruzou os braços. — Não estamos passando por nada juntos, Dandara. Tudo isso... tudo isso foi você decidindo por mim. De
Capítulo 64Dandara permaneceu sentada no sofá da sala, os braços cruzados, tentando ignorar o peso do momento. Não iria àquela reunião, disso tinha certeza. “Eu não pertenço a esta família,” pensou, amargamente. Sua mente ainda estava presa às palavras de Paco. Ele queria o divórcio, e agora, tudo parecia perder sentido.Os passos firmes de Jack ecoaram pelo corredor, interrompendo seus pensamentos. Ele entrou na sala, o bastão batendo no mármore com precisão calculada.— E você? — Jack perguntou, sua voz cheia de autoridade.Dandara ergueu os olhos para ele, um desafio silencioso em sua expressão.— Não vejo por que deveria estar presente, — respondeu, com frieza.Jack a encarou por um momento, seus olhos avaliando-a como se ela fosse um peão em um tabuleiro complexo.— Você é uma Benrouissi agora, Dandara, — ele disse finalmente, a voz firme. — E como membro desta família, sua presença é indispensável.— Eu não sou um de vocês, Jack, — ela rebateu, com o tom carregado de dor.Jack
Capítulo 65O silêncio do corredor era sufocante, e Dandara andava sem rumo, o som dos próprios passos ecoando pelo mármore frio. Seu coração estava em tumulto, a raiva e a dor se misturando em uma tempestade impossível de controlar. Ela queria afastar todas as palavras de Jack, todas as declarações de Paco, mas a voz dele ainda reverberava em sua mente: "Talvez nosso casamento seja algo realmente necessário para esta família."Ela sentiu um nó apertar em sua garganta. "Necessário para esta família." E para eles? O que aquilo significava? Nada. Era sempre sobre a família Benrouissi e os LeBlanc, o império, o poder. Nunca sobre eles. Sobre ela.— Dandara.A voz veio como um sussurro no corredor vazio, mas carregada de peso. Ela parou, respirando fundo antes de se virar. Paco estava ali, parado a poucos passos dela.— O que você quer agora, Paco? — ela perguntou, a voz carregada de exaustão e amargura.Ele deu alguns passos em sua direção, parando perto o suficiente para que ela sentiss
Capítulo 66O ambiente da festa parecia estar cada vez mais intenso, com as risadas altas, a música que fazia as paredes vibrarem, e o som constante de taças tilintando. Dandara, com mais uma taça de champanhe na mão, já perdia as contas de quanto tomara, sentia o calor do álcool começar a se espalhar por suas veias.Não era o que ela queria fazer, mas parecia que seu corpo estava funcionando no piloto automático, enquanto sua mente, um turbilhão, ainda ecoava a voz de Paco perguntando sobre tudo que poderia dar errado diante daquela decisão.Paco, por sua vez, permanecia ao seu lado, ainda que contra a vontade de Dandara. Havia agora um copo de uísque em sua mão, enquanto os seus olhos seguiam fixos em Dandara. Havia algo nela naquele início de noite que o desarmava por completo. Ela parecia um misto de fúria e vulnerabilidade, como se estivesse prestes a explodir, mas segurando tudo com a força de um ferro forjado.Dandara ignora Paco, e olha em volta, seus olhos pousando por um mom
Capítulo 67O corredor parecia mais estreito, como se o peso do momento entre Dandara e Paco comprimisse tudo ao redor. O beijo deles ainda estava vivo, pulsando nos lábios de ambos, e cada respiração parecia um suspiro compartilhado.Dandara deu um passo para trás, os olhos fixos nos de Paco, confusa e vulnerável.— Isso... — ela começou, mas as palavras falharam.— Dandara — Paco murmurou, os olhos brilhando em um misto de dúvida e desejo. — Se não quiser...— Eu quero — ela o interrompeu, a voz saindo antes mesmo de ela pensar. — Não sei se é certo, mas quero.Os olhos de Paco se suavizaram por um instante, e então ele deu um passo em direção a ela, encurtando a distância. Sua mão encontrou a dela, e sem dizer mais nada, ele voltou a pressionar seu corpo contra a parede. Naquele momento, as batidas de seus corações pareciam ressoar como uma batida de tambor, ritmando o desejo crescente que pairava entre eles.Dandara sentiu o calor de sua mão em sua nuca e cintura, um calor que se
Capítulo 68O quarto estava mergulhado em penumbra, iluminado apenas pela luz fraca da lua que escapava pelas frestas da cortina. O silêncio era quase absoluto, exceto pela respiração de Dandara e Paco, que ecoava baixinho no espaço compartilhado.E foi nesse momento que Dandara abriu os olhos lentamente, o peso da ressaca latejando em suas têmporas. Por um momento, não sabia onde estava. Sentiu o calor de outro corpo ao lado do seu, e o cheiro familiar a atingiu como um golpe.Ela virou a cabeça devagar, encontrando Paco deitado ao seu lado, o peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Ele estava de costas para ela, os lençóis cobrindo apenas parte de sua cintura. Dandara sentiu o sangue subir ao rosto enquanto as memórias da noite anterior se atropelavam em sua mente."Não... não pode ser" ela pensou, passando as mãos pelo rosto como se quisesse apagar as imagens que surgiam: os beijos, os toques, a entrega. Tudo parecia um borrão, mas era real. Demasiadamente real.Paco se mex
Capítulo 69A mansão estava mergulhada em um silêncio inquietante, o oposto da euforia que havia dominado a noite anterior. Paco desceu as escadas lentamente, cada passo ecoando no mármore frio. Sua mente ainda estava um turbilhão, cheia de pensamentos que ele não conseguia organizar.A conversa com Dandara havia deixado um gosto amargo em sua boca. Ele sabia que algo havia mudado entre eles, mesmo que ambos negassem. Porém, o peso daquela noite — e do que vieram a compartilhar — o fazia se sentir ainda mais perdido.Ao alcançar o saguão, Paco notou que os vestígios da festa haviam sido limpos. As garrafas vazias e os copos abandonados desapareceram, como se a noite nunca tivesse acontecido. Mas havia uma sensação de vazio ainda presente, como um fantasma pairando na casa.Ele se dirigiu até a entrada, puxando as portas de vidro com cuidado. Lá fora, o ar da madrugada era frio e fresco, o tipo de ar que fazia Paco sentir que poderia respirar mais livremente, ainda que apenas por um in