Capítulo 66O ambiente da festa parecia estar cada vez mais intenso, com as risadas altas, a música que fazia as paredes vibrarem, e o som constante de taças tilintando. Dandara, com mais uma taça de champanhe na mão, já perdia as contas de quanto tomara, sentia o calor do álcool começar a se espalhar por suas veias.Não era o que ela queria fazer, mas parecia que seu corpo estava funcionando no piloto automático, enquanto sua mente, um turbilhão, ainda ecoava a voz de Paco perguntando sobre tudo que poderia dar errado diante daquela decisão.Paco, por sua vez, permanecia ao seu lado, ainda que contra a vontade de Dandara. Havia agora um copo de uísque em sua mão, enquanto os seus olhos seguiam fixos em Dandara. Havia algo nela naquele início de noite que o desarmava por completo. Ela parecia um misto de fúria e vulnerabilidade, como se estivesse prestes a explodir, mas segurando tudo com a força de um ferro forjado.Dandara ignora Paco, e olha em volta, seus olhos pousando por um mom
Capítulo 67O corredor parecia mais estreito, como se o peso do momento entre Dandara e Paco comprimisse tudo ao redor. O beijo deles ainda estava vivo, pulsando nos lábios de ambos, e cada respiração parecia um suspiro compartilhado.Dandara deu um passo para trás, os olhos fixos nos de Paco, confusa e vulnerável.— Isso... — ela começou, mas as palavras falharam.— Dandara — Paco murmurou, os olhos brilhando em um misto de dúvida e desejo. — Se não quiser...— Eu quero — ela o interrompeu, a voz saindo antes mesmo de ela pensar. — Não sei se é certo, mas quero.Os olhos de Paco se suavizaram por um instante, e então ele deu um passo em direção a ela, encurtando a distância. Sua mão encontrou a dela, e sem dizer mais nada, ele voltou a pressionar seu corpo contra a parede. Naquele momento, as batidas de seus corações pareciam ressoar como uma batida de tambor, ritmando o desejo crescente que pairava entre eles.Dandara sentiu o calor de sua mão em sua nuca e cintura, um calor que se
Capítulo 68O quarto estava mergulhado em penumbra, iluminado apenas pela luz fraca da lua que escapava pelas frestas da cortina. O silêncio era quase absoluto, exceto pela respiração de Dandara e Paco, que ecoava baixinho no espaço compartilhado.E foi nesse momento que Dandara abriu os olhos lentamente, o peso da ressaca latejando em suas têmporas. Por um momento, não sabia onde estava. Sentiu o calor de outro corpo ao lado do seu, e o cheiro familiar a atingiu como um golpe.Ela virou a cabeça devagar, encontrando Paco deitado ao seu lado, o peito subindo e descendo em um ritmo tranquilo. Ele estava de costas para ela, os lençóis cobrindo apenas parte de sua cintura. Dandara sentiu o sangue subir ao rosto enquanto as memórias da noite anterior se atropelavam em sua mente."Não... não pode ser" ela pensou, passando as mãos pelo rosto como se quisesse apagar as imagens que surgiam: os beijos, os toques, a entrega. Tudo parecia um borrão, mas era real. Demasiadamente real.Paco se mex
Capítulo 69A mansão estava mergulhada em um silêncio inquietante, o oposto da euforia que havia dominado a noite anterior. Paco desceu as escadas lentamente, cada passo ecoando no mármore frio. Sua mente ainda estava um turbilhão, cheia de pensamentos que ele não conseguia organizar.A conversa com Dandara havia deixado um gosto amargo em sua boca. Ele sabia que algo havia mudado entre eles, mesmo que ambos negassem. Porém, o peso daquela noite — e do que vieram a compartilhar — o fazia se sentir ainda mais perdido.Ao alcançar o saguão, Paco notou que os vestígios da festa haviam sido limpos. As garrafas vazias e os copos abandonados desapareceram, como se a noite nunca tivesse acontecido. Mas havia uma sensação de vazio ainda presente, como um fantasma pairando na casa.Ele se dirigiu até a entrada, puxando as portas de vidro com cuidado. Lá fora, o ar da madrugada era frio e fresco, o tipo de ar que fazia Paco sentir que poderia respirar mais livremente, ainda que apenas por um in
Capítulo 70O silêncio de Marselha nunca o deixou em paz.Mesmo agora, enquanto Gael encarava o céu estrelado no jardim da mansão, a lembrança daquela cidade parecia mais próxima do que ele gostaria. Os sons, os cheiros, até o toque do vento — tudo o levava de volta para lá, para as ruas antigas e para um passado que ele preferia esquecer.Mas esquecer não era uma opção. Não mais.Depois que Paco voltou para dentro, deixando-o sozinho novamente, Gael permaneceu sentado no degrau de pedra. Ele fechou os olhos por um momento, permitindo-se respirar fundo, mas o ar parecia denso, carregado de memórias.Marselha.Ele sabia que aquele momento chegaria. Jack o havia preparado desde cedo, sutilmente, como quem prepara um soldado para a batalha. Gael sempre soube que, eventualmente, seria enviado para lá. A cidade onde tudo começou. Onde ele perdeu mais do que estava preparado para perder.A cidade onde ela ainda estava.Ele passou as mãos pelo rosto, tentando afastar os pensamentos. Mas não
Capítulo 71O dia amanheceu nublado, refletindo a atmosfera pesada que parecia envolver a mansão. Dandara observava o céu cinzento pela janela de seu quarto, perdida em pensamentos. Paco não estava na mansão naquela manhã. Jack o havia enviado para tratar de questões urgentes relacionadas à parceria com os LeBlanc, e a viagem parecia inevitável, mesmo que ele relutasse em partir. Havia algo de inquietante em deixar aquela casa, especialmente com tanto em jogo.Ele sabia que sua ausência poderia ser usada contra ele — tanto pelos negócios quanto pela própria família, sempre tão rápida em apontar qualquer fraqueza. Mas, naquele momento, ele não tinha escolha.Ele sabia que enquanto os dias se desenrolassem sem sua presença, e ele estaria longe, imerso em reuniões que o afastavam ainda mais das sombras e dos segredos da mansão. E talvez, só talvez, aquilo fosse um alívio temporário do caos que havia se tornado sua relação com Dandara. Com a saída de Paco, o café da manhã na sala de jan
Capítulo 72— Gael! — Dandara exclamou, tentando protestar enquanto ele a erguia nos braços. — Eu consigo sozinha.— Claramente, não consegue — ele retrucou com uma frieza prática, mas sem hesitar em segurá-la com firmeza.Ela tentou afastar o rosto, lutando contra o embaraço que começava a surgir. Estar tão próxima de Gael, alguém que sempre mantinha uma distância deliberada, a fazia se sentir desconfortável de um jeito que ela não conseguia explicar.— Isso é totalmente desnecessário — Dandara insistiu, ainda em um tom de protesto. — Eu posso andar!— Claro — ele respondeu secamente, mas sem colocá-la no chão. — E transformar um tornozelo torcido em algo pior. Não se preocupe, não estou pedindo permissão.Dandara bufou, cruzando os braços enquanto ele a carregava para dentro da mansão. Ela tentou não pensar no calor reconfortante que emanava dele, na maneira como ele parecia incrivelmente à vontade, como se carregar alguém fosse algo que ele fazia todos os dias.Ao chegarem à sala d
Capítulo 73Paco estava de volta à mansão, mas o lugar parecia mais estranho do que nunca. Apesar de tudo o que conhecia ali, cada cômodo, cada rosto, ele sentia como se tivesse retornado para uma terra estrangeira.Depois de deixar a pasta de documentos na biblioteca, sua mente ainda estava inundada pelos desafios da parceria com os LeBlanc. Mas, mais do que os negócios, havia outra coisa que o perturbava.Dandara.Desde o momento em que a viu naquela manhã, algo dentro dele estava inquieto. Havia algo diferente nela — um ar de determinação misturado com uma distância que ele não sabia explicar. E, para piorar, parecia que Gael também estava no centro dessa equação.Ele estava sentado na biblioteca, as mãos pressionando as têmporas, quando ela chegou.— Você realmente parece cansado — ela disse novamente, quebrando o silêncio que se seguiu. — A viagem foi tão difícil assim?Paco soltou um riso seco.— Digamos que foi mais do que gostaria de enfrentar agora. — Ele gesticulou para a ca