A chegada
O tema que envolvia os irmãos Sartori era dividia em dois assuntos: o acidente de Vitor e o prêmio de Daniel.
Os dois irmãos que ainda jovens desbravaram o mundo com seus talentos, agora eram alvo de especulações de uma cidade com um cotidiano simples, turístico e comercial.
Em São Paulo, Daniel antes de partir deu uma entrevista para o jornalista Paulo Dias do canal 27. Respondendo todas perguntas e aniquilando qualquer suspeita de suicídio e afastando uma ideia de que a família estaria contra a ex- noiva do irmão e agora a atual Diretora Executiva da empresa de publicidade esportista.
A entrevista durou uma hora e meia e tanto o jornalista quanto a equipe deixaram o escritor bem à vontade e, no final o parabenizaram pelo prêmio. A família de Vitor cedeu a entrevista para o jornalista que foi um dos amigos mais próximos do esportista e que o acompanhou nas grandes corridas de Moto-GP.
A Júnia Fontes, era a agente de Daniel e uma amiga muito próxima da família. Gostou da ideia da viagem e o ajudou no que era necessário para a mudança, reservando a estadia do escritor no Hotel Sandaro. E, mudou a agenda do escritor que agora teria que aumentar o ritmo da escrita, por conta dos convites de trabalho.
— Tome cuidado. E, tenha paciência com sua mãe.
As palavras do pai, não mexeram com o filho caçula, que colocou as duas malas dentro do carro, voltou para o pai e o abraçou.
— Prometo tudo isso e muito mais. Tchau pai e dê um beijo na Akemi.
Daniel deixou bem cedinho a cidade paulista rumo à costa litorânea, mais precisamente Campos, sua cidade natal.
***
Enquanto dirigia, Daniel cantarolava baixinho uma canção que tocava no rádio e parou quando sentiu uma sensação de vazio ao visualizar a placa de Bem Vindos à Campos.
O garoto que nunca recebeu uma carta dos melhores amigos, nem mesmo quando enviou uma edição especial do livro Soldado de Papel, contando os motivos daquele enredo que para ele era muito especial, ainda mais com as ilustrações que se dedicou em produzir somente para aquela edição.
Porém, nunca recebeu nenhuma notícia desses exemplares mesmo com o setor interno da editora e sua mãe confirmando a chegada fazendo com que resolvesse seguir a vida, deixando assim esse assunto de lado e entendendo que os seus amigos não gostavam tanto assim do seu trabalho. Nem mesmo os seus melhores amigos de uma infância difícil na vila conhecida como ‘cidade baixa’.
Daniel seguiu pela estrada e foi diminuindo a velocidade para apreciar o belo lugar e pode notar as melhorias como a conhecida Estrada das flores, uma das avenidas principais de Campos agora estava revitalizada. Canteiros limpos para ciclistas e pedestres, as árvores frondosas, ponto de ônibus reformado e as entradas para os bairros com placas limpas e bem sinalizadas.
O escritor não vinha naquela cidade há mais de doze anos.
Faltava pouco para pegar o caminho para o centro da cidade, quando avistou uma pessoa com problemas, um certo problema, que ele mesmo já tinha passado por diversas vezes ainda mais quando estava com pressa para chegar em casa e corria na velha bicicleta e o pneu furava.
Não era comum ter aquele pensamento ou atitude, porém, Daniel solidário com a situação da moça, acabou voltando com o carro e perguntou:
— Oi. Precisa de ajuda?
A moça que estava de costas não o escutou, pois a atenção dela era no furo do pneu e, desta vez a fita isolante não a salvaria.
— Moça?
A moça girou o corpo e ficou pálida, tentando balbuciar algumas palavras
— Não...Pre. Precisa. Eu… Eu logo arrumo isso.
Daniel desceu da Pajero Sport e queria mesmo ajudar aquela moça mesmo que desconhecida.
— Você tem problemas sérios aí, um furado e o outro bem gasto, se for para seguir agora é só empurrando. Aceita uma carona?
— Já está mesmo na hora de trocar essa bicicleta – ela conseguiu dizer, com rosto corado — não precisa se preocupar.
— Eu sei bem como é isso, já tive esses desagrados sob o sol e a chuva. Para onde estava indo?
A moça olhou dos lados, olhou no relógio de pulso.
— Tudo acontece no mesmo dia… - avaliou a moça com um sorrisinho nervoso — Eu estou indo para o centro da cidade.
— Eu vou passar por lá. –Daniel respondeu prestativo e já abrindo a porta do passageiro para a moça de cabelos claros e ondulados — Aceita?
A moça não tinha alternativas, viu o escritor improvisar um lugar para a bicicleta no bagageiro e entraram no veículo.
— É, moça, melhor comprar outra.
— Depois de seis anos a minha *magrela está acenando um adeus.
Daniel manteve a atenção na estrada, mas sorriu ao ouvi-la.
— Deixo você em que lugar?
— Pode me deixar na delicatelle, por favor
— Delicatelle!? Então é verdade que muita coisa mudou por aqui.
— É. E justo hoje prometi para a Catarina que chegaria cedo, tadinha, deve estar me esperando.
Daniel a fitou rapidamente, mas voltou a sua atenção na estrada.
Em poucos minutos, chegavam no centro da cidade e o olhar de Daniel reconhecendo antigos comércios que agora avivavam novas fachadas, prédios reformados e também alguns novos. A pequena praça do Chafariz que servia para auxiliar o trajeto dos carros no contorno e voltar para a estrada ou adentrar nos demais bairros, também tinha o seu charme.
Daniel avistou a fachada escrito Delicatelle Sister Sun.
— Então é aqui – comentou sem emoção — Antigamente aqui era uma padaria, o dono era um holandês.
— Ele faleceu há cinco anos, mas bem antes já tinha vendido o comércio – contou a moça.
— Entendo. E, agora está entregue.
Daniel desceu do carro, retirou a bicicleta e entregou para a moça, ajudando a retirar a velha bicicleta.
— Vai trocar?
— Vou. Não posso correr o mesmo risco de novo e agradeço a carona.
— Me chamo Daniel.
Sem rodeios ele esticou a mão para a jovem, que retribui e agradeceu.
— Obrigada pela carona, Daniel e meu nome é Sabine.
Daniel assentiu e se afastou, voltando para o carro.
— Tchau Sabine.
Daniel deu-lhe as costas e entrou no carro, sem saber que aquela moça era a dona do estabelecimento e sem imaginar que suas vidas voltariam a se cruzar, mais uma vez.
***
O irmão caçula de Vitor Sartori, seguiu para a casa de sua mãe Ligia, que mesmo com os laços estremecidos, gostaria de avisar que estaria na cidade por tempo indeterminado, mesmo já imaginando que essa visita seria bem difícil para ambos.
Daniel analisou a casa de dois andares. A tão sonhada casa de sua mãe que seu irmão a presenteou, porém o seu pai João nunca pisou na propriedade e a última vez que esteve ali com sua irmã, Melissa, já havia passado muito tempo.
O jardim continuava bem cuidado, a mesa redonda e duas cadeiras de ferro, pintadas de branco continuavam ali para ninguém sentar e apreciar a bela vista daquele bairro do lado seguro da cidade.
— Daniel! Meu menino escritor e crescido! Bem-vindo filho, entre.
A mulher de voz bondosa, feliz e humilde era a Carlota, uma mulher forte que morava na parte baixa de Campos e trabalhava de faxinas em dias alternados em casas de família.
— Quanto tempo, Carlota. Eu não a vi no velório e sentimos tanto a sua falta. A Mel pediu que lhe desse um beijo assim que eu a encontrasse.
Daniel abraçou a mulher de modo carinhoso. Deu-lhe um beijo na bochecha rechonchuda.
— Desculpa essa velha aqui… Eu não aguentaria, prefiro imaginar que ele está viajando por aí...Vi vocês crescerem e é muito doloroso.
—Não peça desculpas, Carlota, pois ando fazendo o mesmo… E a minha mãe está em casa?
— Sim, eu vou chamá-la.
— Não precisa, Carlota – aquela voz dura e enérgica cortou a conversa emocionada que acontecia na entrada da casa — Já estou aqui e recebo o meu filho, pode voltar para seus afazeres.
A mulher trabalhadora, com um olhar carinhoso, retribuiu o carinho que recebera segundos passados.
— Eu o vi na tevê, parabéns pelo prêmio meu filho. Tenho certeza que ele está muito orgulhoso. Com licença.
A mulher saiu deixando mãe e filho a sós.
Daniel se recompôs rapidamente e fixou o olhar na direção da mãe.
— Oi mãe.
— Gostei do discurso, foi simples e objetivo, já está com o prêmio?
Daniel fitava a mulher de aparência frágil, os cabelos ralos devidamente penteados, bem maquiada e bem vestida, a dona daquela Casa da Barbie. Nem parecia que um dia teve uma mão pesada, voz amargurada, com vocabulário duro e desagradável. Agora, a observando as lembranças eram tão presentes e distantes ao mesmo tempo.
Tudo parecia ter acontecido em uma outra vida.
— Eu vou recebê-lo em breve.
— Um evento grandioso que deixaria você famoso do dia para noite, mas apenas uma estrela ainda brilha nessa família que é a do seu irmão, mesmo depois de tudo.
— Mãe, não estou aqui para discutir...
— Nem pode. Não vou permitir, não aqui na casa que o seu irmão me deu. O que você quer? Já vivo reclusa aqui sem o seu irmão que sempre me levava nas festas, nos jantares e não posso esperar o mesmo de vocês que só pensaram no João.
— Mãe, não fique magoada comigo, aquele momento foi de muita dor… O Vitor estava nos deixando...
— E você gritou comigo, diante de todos! Céus! Quando eu poderia imaginar que aquele corre-corre de gente era para assistir o meu filho morrer naquela praia… Eu, pensei que era alguém que tinha se afogado ou um barco que tinha virado, não que era o meu menino se afogando naquelas ondas. Você chegou muito rápido.
— Eu fui chamado quando identificaram o helicóptero, mãe. Foi muito rápido, foram as piores horas da minha vida.
— E ainda sim, gritou comigo.
— Sinto muito. – pediu com sinceridade
— O que faz em Campos, Daniel?
— Eu vou passar um tempo aqui, resolver algumas coisas do Vitor e até escrever um novo livro, não sei ao certo.
— Já viu acomodações para você?
Ligia não queria o filho na casa, mas quando o caçula recebeu a proposta de uma empresa estrangeira em filmar o primeiro livro, vestiu os trajes de mãe zelosa e permitiu que um fotógrafo entrasse no quarto que o filho usou poucas vezes para ‘mostrar’ livros, discos e pequenas recordações do adolescente de Campos e vendeu para uma revista.
— Vou ficar no hotel.
— Menos mau e também não ficaria bem você ficar na casa que era de seu irmão, não seria de bom tom, a cidade fala demais.
— Bom, eu só passei aqui para ver a senhora e contar que estarei por aqui e provavelmente daqui uma semana ou um pouco mais, o advogado do Vitor vai abrir o testamento. No primeiro momento, sou contra, só queria abrir depois das investigações do acidente.
— O quê? Espera, como tudo isso está acontecendo e eu não sei de nada. Como assim o seu irmão tinha um testamento?
— Sim, ele tinha e sinto pela senhora não saber sobre isso, e outra coisa, não procure a Pérola, para reclamar por uma pensão. A mesada que recebia do Vitor vai continuar chegando.
—Como?
— Espere o testamento do Vitor e não reclame por nenhum bem até mesmo porque estamos investigando aquela queda e qualquer um pode ser um suspeito.
— Você está armando alguma coisa...
— Ah. E outra coisa a Mel está noiva e espero que o próximo encontro de vocês seja menos doloroso.
— A Melissa está noiva? E de quem? De um vaqueiro?
— Não. O noivo se chama Antony e é apaixonado por sua filha que é uma veterinária dedicada e feliz com a carreira que escolheu.
— Não acredito em você.
— Eu sei disso e agora, preciso descansar um pouco. Se precisar de algo me liga.
— Daniel, volte aqui!
A frase terminou com o som da porta sendo fechada. E desta vez, não correria atrás dele para aplicar um forte corretivo.
***
Daniel só respirou melhor quando já guiava o seu carro para o Hotel. A cidade como um todo ainda mexia muito com suas emoções e aquela conversa com sua mãe não foi nada fácil, mesmo tentando mostrar uma certa frieza.
E, quando passou em frente da delicatelle Sister Sun, lembrou-se com certa amargura o caos que Martina Franco provocou em sua adolescência e tudo o que aquela família representava naquela cidade.
Quando avistou a moça que tinha resgatado na estrada, naquele momento estava atendendo uma mesa com um sorriso bonito no rosto e ao ver essa cena sentiu algo estranho e pensou:
Tão jovem, bonita e presa nessa cidade e trabalhando para essa família ...que pena.
Ele não sentia mais a cidade como sua casa.
Assim que chegou em seu quarto de hotel, a única coisa que queria era esquecer as últimas horas, então tomou um banho quente e colocou roupas mais leves. Fechou as cortinas sem se importar com a bela paisagem, enviou algumas mensagens e tentaria dormir pelo menos umas duas horas.
As lembranças chegaram em cheio a sua mente, recordações da infância ao lado do irmão mais velho.
" Você vai viajar mesmo?
Vou maninho, vou conhecer o mundo todo...vou correr de bike na Califórnia, depois no México e até na Austrália. É um campeonato grande e na minha camisa vou ter dois emblemas e os caras vão me pagar uma grana preta. Vamos ficar ricos!
Você volta logo, não é?
Voltarei sim, e olha agora você é o braço direito dos nossos pais, não fique só com a cara nesses livros o tempo todo, hein...
Pode deixar Vitor, só que nada vai ser igual sem você aqui"
Aquela conversa aconteceu quando Daniel tinha apenas nove anos e o Vitor já tinha quinze anos e faria a primeira viagem internacional. A conversa foi no quarto minúsculo da casinha alugada de três cômodos que viveram por anos e anos.
E foi após essa viagem que tudo mudou na vida daquela família.
Daniel, de repente, despertou quase repetindo a frase:
Nada vai ser igual sem você aqui
Quem o despertou foi o som do seu celular que tinha esquecido de desligar, já que na recepção pediu para bloquear ligações para o seu quarto. E, ao olhar na tela, pensou em desligar, já que na chamada estava escrito:
Pérola do Vitor.
*magrela: bicicleta(gíria)
Família Franco Alô.— Daniel?! Oi, sou eu a Pérola, soube agora que está na cidade. Chegou bem e como você está?— Oi, Pérola. Tudo bem. Cheguei essa manhã – respondia de bom agrado, mas já pensando numa maneira de não prolongar aquela conversa. — E você?— Eu estou indo, todos estamos… Eu tentei falar com você outras vezes...— Eu peguei os recados, desculpe não ter respondido antes, é que só agora as coisa estão ficando calmas.— Está sendo bem difícil, doloroso e sufocante, mas como está o seu pai?
Encontros Anoiteceu na cidade Campos. As luzes começaram iluminar ruas e vielas, sem deixar de admirar as fachadas dos comércios e pequenos prédios comercias. O trânsito tranquilo no final da jornada diária e, as praias com suas ondas calmas era o espetáculo no final do dia.Contudo, as luzes da mansão Franco estavam acesas para aquela noite, além do belo e charmoso jardim que era um charme a mais para qualquer olhar. Uma música lenta harmonizava o ambiente. O cheiro das flores suavizava ainda mais o ambiente.Naquela noite, não era um menino pobre precisando de ajuda,
Dor Daniel chegou na agência Inovare Sports por volta das dez horas naquela manhã de quinta-feira e Pérola já o esperava.— Bom dia Pérola.— Oi Daniel. Aqui estão as chaves da sala.— Você me acompanha?A chegada do escritor naquela manhã agitou alguns funcionários curiosos e outros surpresos, fora que ninguém sabia ao certo quando aquela visita iria acontecer, nem mesmo Enrico.Daniel e Pérola subiram as escadas e pararam diante da sala de Vitor, por alguns segundos, uma corrente forte passou por eles, um misto de dor e saudades.Respirar...
Desconfianças A entrevista mais aguardada do noticiário das dez naquela noite de domingo, começou com uma chamada tensa de poucos minutos que resumiu a vida de Vitor Sartori até os bombeiros o resgatando muito ferido e hipotérmico. E, por fim, a nota de falecimento.Pérola assistiu a reportagem ao lado da família, apesar das perguntas, eram as respostas que a deixavam um pouco tensa. Ainda mais quando seu nome foi citado em perguntas como:Paulo Dias:Dan, sobre as notícias passadas, aquelas que diziam que o Vitor estava passando por algum momento não muito bom na vida pessoal...Dan Sartori:O Vitor estava muito bem. Feliz
A atração— Não abrimos hoje – explicou Sabine — Na parte da manhã, adiantamos algumas coisas, arrumamos outras e depois do almoço todos se foram. Eu fiquei aqui cuidando das notas e preparando alguns docinhos.— O cheiro está bom, se quiser posso voltar em outro momento, não quero dar trabalho.— Imagina… Sente-se – Sabine era muito educada e não deixava transparecer a timidez, também controlava bem a emoção de estar ali apenas ela e ele – Vou fazer um cappuccino.Daniel ocupou a cadeira da mesma mesa que Sabine estava usando e aproveitou para observar o lugar
Amizades— A Brenda Sullivan está aqui. Agora. E na nossa casa?!— Ela chegou tem uma hora – explicava Pérola pela segunda vez — E ela está hospedada na Casa Azul, sim.— Preciso ir vê-la!A felicidade de Martina não os contagiou durante o café da manhã.— Você não vai incomodar ninguém – a mãe logo cortou aquela empolgação — Ela é uma hóspede na casa que sua avó ofereceu para o Daniel e você não foi convidada para ir até lá.— Mãe, a Brenda é uma estrela! E o Daniel foi meu colega de classe e...<
Perigos Lívia, preciso falar com você. É urgente. Não estou em São Paulo e o assunto é muito sério. Me liga assim que ouvir essa mensagem.A voz enérgica e contundente de Daniel foi ouvida pelas três mulheres, que ocupavam a bela sala de estar na casa das Castanheiras.Daniel desligou a ligação e as fitou.— Boa tarde. Não queria interromper a reunião de vocês.— Imagina Daniel – respondeu Pérola de modo gentil cercada de papéis timbrados com o slogan da agência ao lado de Brenda que o
Surpresas Daniel não conseguia desviar o olhar do rosto dela, porém as palavras desapareceram por um instante, num estalar de dedos.E, um misto de culpa e ousadia queimaram no peito do escritor.Sabine não esperou a resposta, desceu do carro e deu alguns passos na areia fofa da praia. Olhando na direção do mar.Daniel ficou alguns passos atrás e disse sem chamá-la—Aconteceram dois beijos e o meu tempo aqui é tão incerto...— Então esqueça essa nossa conversa. – interrompeu Sabine escondendo a tristeza, mesmo mantendo a pose de mulher decidida — Eu sei exatamente o qu