Capítulo 2

Se eu pudesse descrever o meu sentimento em uma palavra seria vergonha, meu pai sempre dizia que um dia eu teria grandes problemas por falar demais

E aqui estou eu, sem saber onde enfiar a minha cara de tanta vergonha,porque minha prima que foi tão detalhista em descrever ele para mim não me disse que ela era paralítico?

— Eu sinto muito, não quis ser desrespeitosa com o senhor, é que eu não imaginava _me complico com as palavras e começo a sentir meu rosto quente pela vergonha e nervosismo

— Bom eu não tenho muito tempo, então sente-se enquanto analiso seu currículo _ele passa por mim, empurrando sua cadeira e indo até à porta para abri-la, não parece ter ficado incomodado com o que falei

— Fique calma vai dar tudo certo, o patrão é um bom homem bom tenho certeza que não se importou com o que aconteceu _a simpática senhora que me recebeu tenta me tranquilizar enquanto me acompanha até a porta

Sento-me de frente para uma grande mesa de madeira enquanto ouço a porta bater atrás de mim

Seus olhos estão focados em meu currículo, e preciso confessar que minha prima não mentiu ao dizer o quanto ele era bonito

O homem é a perfeição na terra, cabelos negros levemente ondulados olhos azuis em um tom que eu nunca vi na vida, os lábios são perfeitos nem finos, nem grossos, paro de encara-lo quando ele me olha com os olhos frios

-Como eu disse ao seu tio preciso de alguém com experiência e pelo que vejo você não tem_ele j**a o papel sobre a mesa

— Não profissional, mas lido com animais desde pequena então acredito que isso conta como experiência_digo confiante

— Para mim não conta, preciso ter certeza que o homem saiba bem o que fazer em uma situação crítica _ele me olha e posso jurar que ele diz a palavra homem pausadamente para eu entender sua preferência

— Bom eu não sou homem, mas garanto que saberia exatamente o que fazer em qualquer situação, meu tio me deu uma ótima criação e me ensinou muito sobre os animais _digo orgulhosa

— Ele é realmente seu tio?ou é de consideração?_ele pergunta o que já estou acostumada a ouvir

— Minha mãe era irmã dele, os dois eram gêmeos, mas meu pai era nigeriano então puxei todos os traços dele e nada da família de minha mãe _pensei em dizer que tenho um grande orgulho da minha cor, mas vi que não seria de bom tom

— Eu não quero mais tomar o seu tempo e muito menos gastar o meu, o dia hoje será bem intenso por aqui_ele olha em seu relógio

— Eu preciso muito desse emprego, acabei de chegar na cidade não posso ficar nas custas do meu tio, eu só preciso de uma oportunidade_eu não vou desistir tão fácil

— Posso indicar seu currículo para os fazendeiros vizinhos, talvez algum deles te contrate_ele sai de trás da mesa guiando sua cadeira até a porta

— Já tentei em todas as fazendas, e todos me deram a mesma resposta, o senhor é a minha última oportunidade de ter um emprego_não só um emprego mas também um lar já que a esposa do meu tio não me quer na casa deles

— Você tem uma semana, em uma semana quero que prove ser tão boa quanto diz, fale com a Ana que ela irá te dar as chaves do chalé te espero aqui amanhã às seis em ponto_ele diz tudo sem nem ao menos olhar para mim

— Muito obrigada senhor, e mais uma vez peço perdão pela minha atitude foi horrível eu não fazia ideia do que estava falando

— Evite vestir algo tão apertado amanhã, além de te atrapalhar na lida irá tirar a concentração dos meus peões _ele aponta para a minha calça preta de couro

Apenas balanço minha cabeça concordando, mas a minha vontade era de dizer o quanto ele é arrogante e machista, o que esse homem tem te bonito tem de grosso, a roupa não define caráter e muito menos da direito a um homem de fazer o que bem entender

Respiro fundo tentando controlar minha fúria enquanto olho para sua sala imensa e vazia, tem pouca decoração quase nada eu diria o que faz ser um ambiente frio

-Você é uma moça danada, nunca vi ninguém mudar uma decisão tomada daquele homem _A gentil senhora entra sorrindo com um copo de suco

— Eu apenas ganhei um pouco de tempo, confesso que tenho dúvidas se conseguirei mudar a opinião dele sobre mim,ou melhor, sobre todas as mulheres _reviro os olhos enquanto bebo o suco

— O patrão não é o que você pensa, ele é um homem bom

— Eu vi o jeito que ele me olhou, e a forma com que ele conversou comigo, deixou bem claro o quanto ele desfaz de nós mulheres_bufo irritada

— O tempo vai mostrar muita coisa pra você minha fia_ela me entrega um molho de chaves e vai até à porta esperando que eu saia e me acompanha até onde irei ficar

O chalé é perfeito,pequeno, mas muito organizado e aconchegante justamente o que preciso agora, não quero ser um fardo na vida do meu tio

Ele foi quem me acolheu quando meus pais morreram, e mesmo sendo mal tratada por minha tia e minha prima, ele sempre deu o seu melhor para que eu não me sentisse excluída, me ajudou nos estudos e nunca me deixou faltar nada

Mas preciso viver por mim, caminhar com as minhas próprias pernas e não criar problemas dentro da sua casa

-Gostou?eu mantive tudo limpo e arejado _ela abre uma grande janela que fica de frente para a casa grande

— Muito, apesar de ser um ambiente bem masculino é encantador_sorrio

-Há, mas isso ocê pode mudar deixar com a sua cara, colocar uma cortina bonita algumas flores eu tenho lençóis que não uso e vão te servir_ela entrelaça seu braço no meu

— Parece que já te conheço a anos, muito obrigada por me receber tão bem, sinto que seremos grandes amigas, agora é torcer para que eu passe no teste_respiro fundo

— Só fale menos e tudo ficará bem_ela me dá um leve tapa nas mãos

— O que aconteceu com ele?quero dizer por que está em uma cadeira de rodas?_me sento na cama que é até bem confortável

— Ai menina evite fazer perguntas também, ele não gosta de tocar no assunto e eu respeito a decisão dele de não querer que ninguém saiba_ela se senta ao meu lado

— Eu não entendo porque minha prima não me disse nada, eu não fazia ideia já que ela fez questão de contar o quanto ele é bom de cama_reviro os olhos

— E o que uma coisa ter a ver com a outra?_ela me olha confusa

— Há você sabe_sou interrompida pela porta se abrindo bruscamente

— Eu tô há um tempão de procurando, quem é essa?_um rapaz me olha confuso

— Eu sou a nova veterinária, pelo menos por essa semana_digo brincando

— Eu vive pra ver isso acontecer,pensei que seria mais fácil o inferno congelado do que aquele homem ceder_ele gargalha

— Deixe de besteira homi o que você quer comigo?_ela se levanta apressada

-Eu nada o Augusto é que está te procurando, e ele parece bem nervoso como sempre, espera aquela moto que tá lá entrada é sua?_ele me pergunta com os olhos brilhando

— Sim, era do meu pai_a única coisa que tenho dele

— Eu vou lá ver o que ele quer, você fique aqui que eu vou pedir para algum dos peões buscar suas coisas _ela fala comigo

— Eu não tenho nada, tudo o que tenho está dentro dessa mochila_aponto para a velha mochila que está sobre uma cadeira

-À meu Deus,por isso você está com essa roupa é a única que tem não é?_ela me olha com pena

— Bom tenho duas calças velhas na mochila e algumas blusas _dou de ombros

— João leve a menina para conhecer a fazenda, a noite eu volto com algumas coisas_ela toca meus cabelos com carinho e sai apressada

— Ela é sempre assim, quando o Augusto chama ela sai igual uma louca atrás dele_o rapaz fala sorrindo

— Estou animada para conhecer tudo, eu só vou trocar de roupa se você puder me esperar lá fora_digo já pegando a roupa

— Claro, só seja rápida não posso ficar muito tempo fora do curral

Coloco minha calça jeans e visto uma regata já que aqui faz muito calor, prendo meus cachos em um coque alto e saio às pressas

-Espero que esteja preparada para o que te espera_ele diz colocando seu chapéu na cabeça e andando a passos largos

Seja o que for eu não vou me dar por vencida, não sou mulher de desistir tão fácil

Peço que ele me espere do lado de fora enquanto coloco meu jeans surrado e uma regata

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