Capítulo 6

Esse homem só pode ter algum problema na cabeça isso sim, penso enquanto me dirijo para o escritório

-Ei Inácio, será que eu fui contratada?por isso o patrão me mandou para cá?_uma esperança se acende em mim

— Não, o patrão só não quer que os peão novo fique de zói no cê _ele abre a porta do escritório

Olho em volta e o lugar está até bem arrumado, não a muito o que se fazer

-Eu não entendo, como assim de zói em mim?_faço aspas com as mãos ao enfatizar a palavra zói

— Aqueles peão chegaram um pouco antes do cê, foram mandados por um amigo do patrão então ainda não sabemos se podemos confiar neles, é uma moça bonita todo cuidado é pouco _ele acena puxando a aba de seu chapéu e me deixado sozinha

Vou levar o que ele disse como um conselho e ficar bem longe dos peões, eu preciso desse emprego e não quero arrumar mais problemas para mim

Eu estava decidida a ir embora, mas meia hora conversando com Jaque e ela me fez mudar de ideia, ela me fez ver que orgulho não enche barriga e nem paga as contas, e sem contar que aguentei coisa muito pior da esposa do meu tio e nem por isso fui embora

Por tanto é hora de arregaçar as mangas e trabalhar, não vou jogar todos aqueles anos de faculdade no lixo por um homem mal-educado que não sabe tratar as pessoas

Meus pais ficariam orgulhosos de ver que eu não me deixo abater por algumas coisas que não saem como o esperado, meu pai sempre me dizia que com as pedras do meu caminho eu construiria meu castelo

Pego meu celular e coloco uma boa música para alegrar o ambiente

Tiro algumas cadeiras de dentro do escritório e começo a arrumar algumas gavetas da mesa, eu acredito que sempre que se j**a algo fora alguma coisa em nossa vida melhora

Logo depois jogo um balde de água no chão que já tinha ensaboado e começo a tirar toda a água com um rodo

-Ai tá ocê, desde que cheguei que tô te procurando menina, o que tá fazendo aqui?_Ana entra sorrindo olhando em volta notando tudo que eu já havia feito

— Fui mandada para cá, depois que a senhora teve a brilhante a ideia de que eu deveria dar uma olhada no patrão, eu tomei o maior esporro da minha vida_bufo lembrando de como fui tratada

— Virgem Maria do perpétuo socorro o que ele fez dessa vez?_ela desce duas cadeiras e já me chama para sentar

Conto tudo a ela desde a minha entrada na casa grande até a minha saída

-Meu Deus eu nem sei o que dizer_ela está sorrindo

— Eu te conto que levei uma bela bronca por sua causa e você ri?_olho para ela que continua rindo

— Depois de tudo que me contou ocê continuar aqui é um ótimo sinal sua boba, ele tá mudando tá voltando a ser o meu menino de antes_ela sorri

— Ana, todas aquelas cicatrizes foram feitas por ele?_pergunto a ele me lembrando das várias marcas que haviam em seu peito e braços

— Não menina, a única que ele mesmo fez nele foi a do pulso, as outras eu nunca vi, ocê é uma das poucas pessoas que já viram_seu olhar feliz de antes da lugar a um triste e angustiante

— Quem fez aquilo com ele?elas são grandes e profundas_sinto um nó se formando em minha garganta

— Uma demônia que se dizia mulher dele, Augusto sofreu muito nas mãos dela pensei que eu nunca mais fosse ver ele de novo_ela respira fundo

— Eu não vou perguntar como tudo isso aconteceu por que sei que não vai me contar, talvez um dia você me conte né?_seguro sua mão

— Eu te peço que tenha mais paciência com ele, sei que aquele homi não é fácil, mas ele passou por tanta coisa e algo me diz que ocê vai ajudar ele

— Eu sinto muito que ele tenha passado por algo tão terrível, apesar de não saber tudo sei que não é fácil para ele tudo o que passou, mas eu não sou bote salva-vidas de ninguém, não me veja como uma salvadora ou algo do tipo por que eu não sou, entre nós dois não vai haver nenhum tipo de envolvimento ele nem faz o meu tipo_finjo que estou limpando uma prateleira

— Tudo bem eu não vou mais falar sobre isso, afinal você já está fazendo sem perceber _ela me dá um abraço e sai me deixando sozinha

— Eu não estou fazendo nada ouviu bem?, por mim aquele cavalo que coma capim_grito indignada com o seu comentário

Com toda a conversa acabado me esquecendo da água que havia no chão e levo um belo de um tombo

Tento me levantar, mas meu pé dói, fico de pé com o auxílio do rodo, pela forma como já está inchado se trata de uma torção

-Ótimo, nada é tão ruim que não possa piorar _grito nervosa

Sento-me na cadeira pensando em uma maneira de sair daquela sala, estou longe do chalé e ainda mais longe do curral onde Inácio está

— Algum problema?eu ouvi gritos_Montenegro para sua cadeira na porta e depois tirando seu chapéu me fazendo ver seu rosto

— Esta tudo bem, eu apenas tive um pequeno acidente_aponto para o meu pé

— Esta bem inchado, quer que eu te ajude?_ele apoia os braços na cadeira inclinando seu corpo para frente para ver o meu pé

— Sua? Não obrigada eu despenso_digo nervosa pela dor

— Ok, vou embora tenho mais o que fazer_ele da ré na cadeira saindo do meu campo de visão

— Ei isso é sério?você vai me deixar aqui assim?não vai chamar alguém para me ajudar?_falo indignada com sua atitude

-Eu oferece a minha ajuda e você recusou _sua expressão é séria

— Não me leve a mal, mas não teria como você me ajudar_digo sincera

Ele trinca seu maxilar engolindo seco com minhas palavras, guia sua cadeira para dentro do escritório parando em minha frente

-Suba na cadeira _diz em um tom autoritário

— O quê? Não isso não, eu só preciso que você chame alguém para vir me ajudar_tento colocar meu pé no chão, mas ele dói de novo

— Pare com essa conversa fiada e suba na cadeira, quanto mais tempo ficar sem gelo mais inchado ficará o seu pé_ele está tão próximo de mim que consigo ouvir sua respiração

— Ela não vai aguentar o nosso peso_digo sem jeito

— Ela não é feita de plástico, e sim de metal reforçado te garanto que ela aguenta eu já fiz o teste várias vezes, agora suba logo antes que eu te deixe ai_ele diz nervoso

Respiro fundo dando adeus ao resto de dignidade que me sobrava, e sem mais alternativas fico de pé me apoiando na cadeirae me sentando eu seu colo

Tento não olhar para o seu rosto, mas é impossível, é como se ele tivesse um ímã que me atrai, o seu cheiro é sem dúvidas o melhor do mundo, estou morta de vergonha mas tem coisas que não há como não admirar

-Por que está me olhando?_ele pergunta guiando sua cadeira pelo caminho de pedras

— Desculpe_olho para o outro lado vendo ao longe alguns peões pararem para nos observar

-Suponho que já pode pedir para alguns deles me ajudar _digo sem jeito

— Não me diminua como homem isso eu não vou aceitar, eu posso não andar, mas consigo fazer tudo o que eles fazem_ele olha em meus olhos

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