A vingança que arruinou minha vida
A vingança que arruinou minha vida
Por: Lisabrum
Capítulo 1

Preparo-me para mais um intenso dia de trabalho, com ajuda de Ana minha fiel escudeira

-José já foi olhar o gado novo que chegou?_pergunto enquanto ela me ajuda a calçar as botas

— Sim, saiu cedinho o sinhô sabe como ele é com as tarefas né?_ela se levanta indo até a penteadeira pegar o meu chapéu

— Você sabe que não precisa fazer essas coisas por mim não é?_digo olhado para ela

— Eu gosto de te ajudar, o sinhô pra mim, é um filho que nunca tive_ela coloca o chapéu em minha cabeça

— Tambem te considero como uma mãe, Você José e o João são o mais próximos que eu tenho de uma família,sempre fizeram muito por mim e eu sou muito grato por tudo_pego sua mão lhe dando um beijo

— Há patrão, nois somo muito grato ao sinhô por tudo o que fez por nois, quando chegamo aqui tudo isso era um monte de terra sem valor,nois não tinha pra quem trabalhar não tinha o que comer,e quando o sinhô chegou comprando essas terra tudo mudou_seus olhos brilham ao olhar a paisagem de minha janela

— Eu era um garoto cheio de sonhos com gana nos olhos e uma vontade de lutar, e hoje sou apenas a sombra daquele garoto _falo triste

— Não diga isso, o sinhô nunca se deixou abater pelo que aconteceu, muito pelo contrário seguiu me dando um orgulho danado_ela acaricia meu rosto com carinho

— Obrigado Ana, devo tudo isso a vocês, poderia chamar o João por favor?quero começar logo essa entrevista já não aguento mais ficar sem um veterinário_depois que fui obrigado a demitir o último por maus tratos com meus animais, ficou difícil confiar em outra pessoa

A manhã é longa já que apareceram muitos candidatos, com o valor que ofereço e o pequeno chalé que ficará como moradia do novo veterinário não seria diferente a grande procura

-Não gostou de nenhum?_João pergunta quando o último candidato se retira

— Para ser sincero não, os currículos são impecáveis, mas falta algo neles, eles agem de uma maneira mecânica não senti paixão pela profissão em nenhum deles,você deve amar cada animal antes de cogitar a ideia de trabalhar com eles_fecho a pasta e pegando uma xícara de café

— Por que você ainda é peão?quero dizer você agora é um fazendeiro rico bem sucedido que pode ter vários veterinários, por que continuar tendo apenas um? Você fica lá nos estábulos cuidando dos animais fazendo uma coisa que não precisa e que também não pode _ele olha para mim

— Eu nasci um peão e morrerei sendo um, isso não irá mudar nunca_bebo meu café

— Precisa ir até à cidade?gostaria de ver a Maria_ele fala animado

— João e Maria mais clichê que isso impossível_o provoco

— Você sempre fazendo piadas com isso, afinal vamos ou não?_João é uma das poucas pessoas com total liberdade comigo, é praticamente um irmão

— Sim, prepare o carro por favor_saio com ele me acompanhando

A viagem é longa e cansativa, moro a duas horas da cidade, não me imagino morando em um lugar tão barulhento e poluído

-Vou buscar os sacos de ração e o senhor não saia daí_joão brinca saindo do carro

— Muito engraçado, essa nunca perde a graça_reviro os olhos

Aproveito para ver as minhas mensagens já que só uso essa porcaria quando venho até a cidade, eu sou um homem a moda antiga possuo apenas o telefone fixo da casa, nada de celulares ou internet pelo menos não para mim, eu coloquei wi fi para os funcionários, mas na casa grande não possuo, já que eu sou o único morador não vejo necessidade

-Dando uma olhada no I*******m?_João volta comendo algo

— Eu nem sei o que é isso, estou olhando as mensagens dos bancos, continuam me oferecendo empréstimos e cartões de crédito_bloqueio a tela jogando o aparelho em qualquer lugar

— Cara você é um homem de quarenta anos que vive na idade da pedra, onde já se viu não ter um cartão de crédito?_ele liga o carro

— Não tenho por que não acho necessário, gosto de pagar as coisas com dinheiro, se preciso de dinheiro basta eu ir ao banco e fazer uma retirada_dou de ombros

— Você deveria ao menos ter redes sociais,olha para você um homem bonito e rico, as mulheres se jogam aos seus pés_ele olha para mim

— Essas coisas não são para mim você sabe bem disso_olho pela janela

— Qual o seu segredo?porque as mulheres ficam loucas por você?como você faz?_ele faz um gesto com a mão insinuando o ato sexual

— Eu já te falei um milhão de vezes que não terei essa conversa com você_rio de sua insistência

— Deveria se casar de novo, aquilo foi a muito tempo_ele toca em minha ferida

— Você sabe que não estou procurando ninguém, agora vamos passar no paiol quero ir embora_corto o assunto, pois ele sabe que é algo que não gosto de falar

Entramos no paiol para comprar grãos e pagar algumas encomendas que eu fiz

-Bom dia Augusto,pensei que não o veria esse mês_Samanta a vendedora fala com o seu sorriso simpático de sempre

— Tive alguns problemas na fazenda não consegue vir antes_pego a carteira tirando a quantia do mês

— Amanhã teremos a festa do café com leite, você deveria vir, quero dizer vocês dois_ela tenta se corrigir ficando envergonhada

— Há não, festas não são para mim, o João com toda certeza virá, mas eu prefiro o silêncio da minha casa_lhe entrego o dinheiro e fico esperando minha nota fiscal

— Senhor Augusto que bons ventos o trazem, como tem passado?_o dono do paiol pergunta animado como sempre

— Muito bem pela graça de Deus, e você divino como tem passado?muitas vendas por aqui?

— Não posso reclamar as vendas tem sido ótimas, senhor Augusto se me permite o atrevimento posso te fazer uma pergunta antes que o senhor vá embora?_ele sai de trás do balcão e fica em minha frente

— Pode perguntar_sinto um pequeno desconforto, mas não deixo que João perceba

— Eu soube que o senhor estava procurando um veterinário, já conseguiu? É que a minha sobrinha chegou na cidade ontem, e ela acabou de se formar seria uma ótima oportunidade para ela

Penso em dizer a ele que não estou procurando alguém que acabou de se formar, e muito menos uma mulher para trabalhar comigo, mas soaria machista da minha parte

-Ainda não encontrei continuo procurando, se o senhor quiser posso fazer uma entrevista com ela

— Há isso seria ótimo, Samanta vá lá dentro e chame a Elisa por favor é rapidinho_ele faz um sinal para que eu espere

— Ela não está aqui, saiu já faz um tempo, mas não disse para onde ia_Samanta fala o pegando de surpresa

João olha para mim, percebendo que não estou bem

-Senhor divino diga para a sua sobrinha ir até à fazenda, já está ficando tarde e o patrão não gosta de andar a noite por essas estradas_joão diz já saindo do local

-Sim, eu entendo me perdoem por ficar segurando vocês aqui, pedirei que ela vá até lá amanhã mesmo,muito obrigado senhor Augusto tenho certeza que vai gostar da minha sobrinha, ela é uma moça muito dedicada e responsável

Concordo saindo de lá antes que ele invente algo mais para me prender ali

-Esta se sentindo bem?posso deixar de passar na Maria_ele liga o carro

— Estou é apenas o cansaço da semana, um bom banho com uma boa noite de sono irá ajudar, pode passar na Maria eu te espero, vocês só se veem no fim de semana não será eu que irei estragar o fim de semana de vocês

— Viu como a Samanta te olha?parece que vai te devorar_ele ri se aproximando da casa da namorada

— Foi apenas uma noite e nada mais que isso,eu deixei claro que não me envolvo com ninguém

— Mas deveria tentar_ele para o carro

— Se continuar com esse assunto não deixo você ir até à casa da Maria

— Isso não, não está mais aqui quem falou, eu vou lá rapidinho, ela vai conosco para a fazenda visitar os pais_ele sai animado do carro

Apenas concordo com a cabeça louco para ir embora, a dor está ficando cada vez mais insuportável.

O caminho é torturante, Maria não para de falar um minuto me deixando irritado

Sou o tipo de homem que preza por meu silêncio e tranquilidade, e as mulheres tendem a ser muito falantes, como nós por aqui dizemos faladeiras

Chegamos na fazenda já avistando Ana a nossa espera

-Meu Deus! ocês demoraram demais, precisa dos seus remédios, patrão?_ela pergunta já indo buscar um copo d'água

Ana me conhece como ninguém, ela sabe quando estou com dor e sempre que demoro em algum lugar já fica a minha espera

-Precisa de mais alguma coisa?_joão me entrega as chaves do carro

— Não, pode ir aproveite a noite_me despeso dos dois me sentando em meu sofá

— Pegue, quer alguma mais alguma coisa?_ela me entrega os comprimidos

— Não,pode ir para casa só quero ficar sozinho_jogo todos na boca

— Ate amanhã então, se precisar já sabe é só chamar que volto correndo_ela sorri

Ligo o som deixando uma música calma invadir o ambiente e me jogo no sofá, deixando que mais uma vez as lembranças me façam companhia por noite adentro

O cantar do galo é meu despertador diário, me dou conta de que mais uma vez dormi no sofá

Espreguiço-me tentando relaxar meu corpo, subo para o quarto indo até o banheiro para encher a banheira, um banho de imersão em água fria me fará um homem novo

Livro-me das roupas e deixo meu corpo escorregar pela banheira fria, fico admirando a vista privilegiada que possuo, a uma parede de vidro que vai do teto ao chão me dando uma visão total do que acontece lá fora

Batidas na porta me fazem perceber que passei tempo demais na água

-Eu já estou indo Ana_falo alto para que ela ousa

— A sobrinha do divino está lá embaixo esperando o sinhô, e ela parece bem nervosa com a demora já chegou faz um tempão

— Ana me faça um favor, peça para ela subir até o meu quarto irei conversar com ela aqui mesmo _saio da banheira pegando minha toalha

— Aqui no quarto?_abro a porta encontrando sua expressão confusa

-Sim, aqui no quarto, você irá ficar aqui para que ela não se sinta desconfortável e também serei breve já que não pretendo contrata-la_pego uma roupa qualquer e começo a me vestir

— Há mais pra que falar com a moça então?ela parece tão esperançosa

— Faça o que pedi por favor _olho para ela que logo entende que não quero dar explicações

Coloco o meu chapéu e me encaminho até a porta, e antes de abri-la consigo ouvir sua voz

-Me fez ficar esperando esse tempo todo para nem ao menos descer para falar comigo, por acaso ele não possui pernas?_ela diz nervosa

— Possuo sim, mas como pode ver elas não são muito úteis_aponto para a minha cadeira de rodas sentindo o sangue ferver em minhas veias

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