Davi amava o pai, ele o admirava. Mas conforme ele foi crescendo, ele foi começando a perceber o que acontecia dentro de casa. Começou a perceber e entender o motivo de sua mãe chorar tanto. De ela nunca estar arrumada e de nunca fazer questão de sair, como os outros casais saiam.
- Mamãe, por que você não vai com o pai quando ele vai em alguma festa?
- Ah, meu filho, porque eu não gosto muito dessas coisas e eu também não quero atrapalhar o seu pai.
Outras vezes ele perguntava:
- Aceita namorar comigo, Ana?- Eu aceito…Davi me pediu em namoro no dia 5 de agosto.- Já é o meu presente de aniversário adiantado.Davi fazia aniversário no dia 7 de agosto. Dois dias depois de começarmos a namorar.- Você pode vir jantar na minha casa? No dia do meu aniversário? Tenho certeza que meus pais iriam gostar de recebê-la. Todos os anos nós fazem
No dia seguinte Davi foi me pegar na frente de casa como sempre fazia. Nesse dia ele me chegou com uma surpresa. Ele havia comprado de um vendedor ambulante dois anéis de coquinho.- Ana, me dê a sua mão direita.- O que é isso?- É nosso anel de compromisso. Eu ainda não tenho dinheiro para comprar um anel de "verdade", mas eu quero que todos saibam que você tem um compromisso comigo. Um dia eu vou te dar o anel mais bonito que pudermos encontrar, sem que o valor importe.- Esse aqui já é o anel mais bonito, Davi.
A casa de Davi não parecia nada com a minha e isso porque eles não eram ricos, mas para mim, eles eram. A sala parecia que havia saído de uma revista de boneca. Dona Mariete parecia ser uma mulher muito prendada e parecia cuidar de tudo com muito zelo. Acho que foi por causa dela que Davi sempre foi muito organizado, higiênico e cuidadoso com tudo que era dele. A casa parecia extremamente limpa e tudo parecia ser novo, tinha até cheiro de casa nova, de tão limpa e bem cuidada que era. Eles tinham uma televisão grande na sala, que tinha dois sofás bem confortáveis. Eles também tinham uma sala de jantar, que tinha uma mesa de madeira muito bonita, parecia que tinha sido ta
Lúcia guardava um baú embaixo da cama e ela sempre tirava as roupas dela de lá. Ela dizia que eu nunca deveria mexer nele e ela sempre o mantinha trancado. Mesmo que ela deixasse aberto, eu dificilmente desobedecia alguma coisa dela. Eu sempre soube da existência daquele baú ali, mas nunca pensei que tivesse mais coisas além de roupas e objetos pessoais dela.Era o baú que estava aberto. Acredito que ela tenha acreditado ter passado o cadeado direito, mas ela deve ter saído às pressas e ele estava meio aberto. Quando eu sentei na cama, pressionei a tampa do baú e tinha algo que estava o impedindo de fechar direito. Puxei o baú e vi que no chão tinham algumas fotos. Eram fotos do tito. Tito tinha morrido já tinha alguns anos e foi uma ép
- Ana, eu nem sei o que lhe dizer, não vou fazer acusações sem saber e sem ter confirmações. Mas eu acho que isso que você está me dizendo é algo muito sério. Será que você tem como trazer esses arquivos para mim?- Não tenho como, diretora Carmem. Eu correria risco dela saber e descobri que encontrei esses arquivos. Além de me bater, com certeza, ela também daria um jeito de sumir com aquelas coisas lá de casa.- E se você tirar foto? Você pode tirar fotos e trazer para ver se conseguimos entender um pouco mais sobre isso.
Tiago nasceu prematuro e precisou ficar na incubadora. Lúcia ia vê-lo todos os dias e sempre que conseguia o pegava no colo. Ela nunca entendeu o porquê de não conseguir fazê-lo se acalmar nos braços dela. Talvez porque ela não podia ser vista com ele no colo por muito tempo, porque não era algo que as enfermeiras tinham o costume de fazer. Esse papel não era delas. Mas Lúcia sempre o pegava, mesmo que fosse rápido.Lúcia tirou a foto dele logo que ele nasceu, mas ele era um bebê tão pequeno e tão magrinho, que ninguém se interessou por ele. Mas Lúcia se interessou desde o primeiro momento.
- Bom dia. Eu falo com o senhor Adalberto nesse número?- Sou eu mesmo, quem fala?- Bom dia, senhor Adalberto. Eu sou o policial Tavares. Luiz Tavares. Assumi o caso do desaparecimento de seu neto e gostaria de saber se poderíamos conversar pessoalmente.- Claro, podemos sim. Você pode vir até o apartamento de minha filha. Nós não conseguimos voltar para casa desde que soubemos de seu falecimento. Vou lhe passar o endereço por mensagem.- Não precisa. Já que estão no apartamento de sua filha, eu tenho o endereço aqui
Tavares trabalhava dia e noite no caso de Tiago e ele já havia recebido algumas informações de alguns de seus melhores informantes, que quem havia pegado Tiago, era uma "cobra" muito grande e que nenhuma das outras pessoas que já haviam sido presas devido ao tráfico de crianças, sabia quem ele era. Mas eles já sabiam como o chamavam. Bichão. Tavares já sabia que Bichão existia, mas ele parecia um fantasma, porque as poucas pessoas que falaram sobre ele, não sabiam nada mais do que a forma como o chamavam. Muitas vezes nem sabiam descrevê-lo. E coincidentemente, todas as pessoas que foram pegas e que acabavam falando de Bichão, acabavam por falecer na cadeia, ou se acabavam sendo soltas, desapareciam. Isso acabava fazendo com que o medo sobre falar sobre o Bichão fosse maior ainda.
Último capítulo