Capítulo 3

 Natália

O despertador tocou cedo, e eu acordei com uma mistura de ansiedade e expectativa. Hoje era o dia da minha entrevista no Grupo Almeida Construções e Infraestrutura, e eu precisava estar perfeita. Levantei da cama, esticando os braços e tentando espantar o sono. Olhei para o espelho e respirei fundo. Era hora de me preparar.

Dirigi-me ao banheiro e liguei a luz. O reflexo que me encarava mostrava uma mulher determinada, mas ainda insegura. Comecei a minha rotina de higiene pessoal. Lavei o rosto com água fria, sentindo a refrescância na pele. Em seguida, escovei os dentes com cuidado, tentando manter o foco e afastar os pensamentos negativos que insistiam em me atormentar. 

Depois, tomei um banho rápido. A água morna escorria pelo meu corpo, e eu aproveitei aquele momento para relaxar. Enquanto me enxugava, pensei em como essa oportunidade poderia mudar minha vida. Se eu conseguisse essa vaga, talvez pudesse finalmente respirar aliviada e deixar as dificuldades financeiras para trás.

Vesti uma blusa de botão branca, que havia comprado em uma liquidação, e uma saia lápis preta que me dava um ar mais profissional. Olhei para o meu cabelo, que estava um pouco bagunçado. Decidi deixá-lo solto, mas com um leve movimento, usando um pouco de mousse para dar volume. Passei um pouco de maquiagem, apenas o básico: um pouco de corretivo, rímel e um batom nude. O resultado me agradou; eu parecia mais confiante.

Olhei para o relógio e percebi que estava atrasada. O café da manhã teve que ser deixado de lado. Peguei minha bolsa, coloquei o celular e a documentação necessária, e saí de casa. O ar da manhã estava fresco, e isso me deu um impulso extra. A caminhada até o ponto de ônibus foi rápida, e eu sentia meu coração acelerar com a expectativa.

O ônibus chegou rapidamente, e eu entrei, encontrando um lugar para me sentar. Enquanto o ônibus seguia seu caminho, olhei pela janela, observando a cidade despertar. As pessoas passavam apressadas, cada uma com seu destino. Eu me perguntava se outras pessoas também estavam indo para entrevistas, se tinham sonhos e esperanças como eu.

Após alguns minutos, o ônibus parou em frente ao grande prédio do Grupo Almeida. Assim que desci, fiquei impressionada com a magnitude da construção. O edifício era moderno, com uma fachada de vidro que refletia o céu azul, e suas linhas arquitetônicas eram elegantes. Havia uma entrada larga, com portas automáticas que se abriam para um saguão espaçoso. O lobby era decorado com plantas verdes e obras de arte contemporânea, transmitindo uma sensação de sofisticação.

Entrei no prédio e, ao fazer isso, senti todos os olhares se voltarem para mim. O ambiente era cheio de pessoas vestidas de forma impecável, e eu me senti um pouco deslocada. A insegurança começou a me invadir, mas eu respirei fundo e segui em frente. Caminhei até a recepção, onde uma atendente muito simpática me cumprimentou com um sorriso caloroso.

— Olá! Como posso ajudar? — ela perguntou, com um tom amigável.

— Oi, meu nome é Natália. Eu tenho uma entrevista com o Lucas Almeida — respondi, tentando parecer confiante.

Nesse momento, outra atendente, que estava perto, soltou uma risada sarcástica.

— Impossível! O chefão não contrataria alguém tão mal vestida! — ela disse, com um sorriso debochado.

Senti meu rosto queimar de vergonha. As palavras dela ecoaram na minha mente, e eu me senti desmoronar. A insegurança que eu tentava afastar voltou com força total. Olhei para a atendente simpática, que percebeu minha reação.

— Então, ele não deveria ter contratado você. — Falo. — Por que esse sua roupa está mais para alguém que estar tentando seduzir o chefe.

— Rídicula. — Ela diz e sai rebolando como se fosse alguém importante.

— Não se preocupe com isso — ela disse, tentando me confortar. — A moda não define suas capacidades. Deixe-me te mostrar como chegar ao andar da presidência. 

Agradeci a ela, mesmo que a humilhação ainda estivesse fresca em minha mente. Segui a atendente até o elevador, e enquanto subíamos, tentei me recompor. O que importava era a chance que eu tinha, e eu não ia deixar que a opinião de alguém me derrubasse.

Quando o elevador parou, saí e me deparei com um corredor longo, com paredes revestidas de madeira clara e tapetes macios. Havia duas portas grandes na frente, e eu podia sentir a tensão no ar. Enquanto olhava para as portas, um rapaz bonito saiu de uma delas. Ele tinha cabelos escuros e um sorriso encantador.

— Você deve ser a moça que vai fazer a entrevista para a vaga de secretária — ele disse, com um tom amigável. — Venha, o Lucas está te esperando.

Segui o rapaz, sentindo um misto de nervosismo e esperança. Ao entrar na sala, meu coração disparou. Diante de mim estava um homem incrivelmente bonito, o mais lindo que eu já havia visto. Ele estava de cabeça baixa, analisando alguns papéis em sua mesa. O outro rapaz que me acompanhou fez uma apresentação rápida.

— Lucas, esta é a Natália, a candidata que você estava esperando.

Lucas levantou a cabeça, e nossos olhares se cruzaram. Naquele instante, tanto eu quanto ele dissemos ao mesmo tempo:

— VOCÊ DE NOVO?

O reconhecimento foi instantâneo. Ele era o mesmo homem que havia me tratado com desdém na loja onde eu havia tentado me candidatar antes. A lembrança da humilhação que passei voltou à tona, e eu me senti paralisada por um momento.

— Você... — comecei, mas as palavras não saíam. 

Lucas parecia tão surpreso quanto eu. Ele piscou algumas vezes, tentando processar a situação.

— Eu não sabia que você era a candidata era a louca que se atravessou na frente do meu carro— ele disse, 

— Eu não atrevassei na frente do seu carro e louco é vocêque não sabe dirigir — respondi totalmente irritada. por ser ele o meu possível chefe.

O outro rapaz, que ainda estava presente, olhou entre nós, claramente intrigado.

— Então, vocês já se conhecem? — ele perguntou, com um sorriso curioso.

Lucas balançou a cabeça, ainda um pouco atordoado.

— Não exatamente — ele respondeu me olhando — Na verdade, ela tentou se jogar na frente do meu carro para chamar minha atenção. 

— O QUE? — pergunto incrédula. — Você não sabe dirigir, é um arrogante e diz que é sou a louca que quer chamar a sua atenção.

— Todas me querem e eu sei que com você não é diferente. — Ele diz.

Senti meu rosto esquentar novamente. Era difícil não lembrar da forma como ele me olhou antes, como se eu não fosse boa o suficiente. Mas agora, eu estava ali, pronta para mostrar que eu tinha valor.

— Vamos focar na entrevista — O outro moço que eu não sei o nome sugeriu, mudando de assunto rapidamente. Ele se recostou na cadeira e me observou com uma expressão mais séria. — Natália, estou ansioso para saber mais sobre você e suas qualificações.

Respirei fundo e comecei a falar sobre minha experiência, tentando esquecer o passado e me concentrar no presente. Expliquei sobre minhas habilidades organizacionais, minha capacidade de trabalhar sob pressão e como eu poderia contribuir para a equipe. Enquanto falava, percebi que Lucas estava ouvindo atentamente, e isso me deu um pouco mais de confiança.

Ele fez algumas perguntas sobre meu histórico profissional e, à medida que a conversa avançava, a tensão inicial começou a se dissipar. Eu estava começando a me sentir mais à vontade, e Lucas parecia genuinamente interessado. O outro rapaz, que ainda estava presente, também fez algumas perguntas, e a dinâmica da conversa se tornou mais leve.

Ao final da entrevista, Lucas se recostou na cadeira e sorriu.

— Eu gostei do que ouvi, Natália. Você parece ter o perfil que estamos procurando. — Mas não pense que eu vou facilitar.

Senti uma onda de arrepio e felicidade me invadir. Era tudo o que eu queria ouvir. 

— Muito obrigada pela oportunidade, Lou... quero dizer Lucas. Estou realmente animada com a possibilidade de trabalhar aqui — respondi, sorrindo.

Ele acenou com a cabeça, e então o outro rapaz se despediu, deixando-nos a sós.

— Vamos manter contato — Lucas disse, enquanto eu me levantava para sair.

Saí da sala  e solto o ar que nem sabia que estava segurando. Com um sorriso no rosto, sentindo uma mistura de alívio e entusiasmo. O dia que começou com tantas incertezas agora parecia cheio de possibilidades. Enquanto caminhava pelo corredor, lembrei da atendente simpática que me ajudou, e agradeci mentalmente por sua gentileza.

Assim que cheguei ao elevador, não pude deixar de pensar em como a vida pode ser cheia de reviravoltas. O que antes parecia um dia sombrio agora se transformava em uma nova oportunidade. Eu estava pronta para enfrentar o que viesse a seguir, determinada a não deixar que as dificuldades me definissem. 

Ao sair do prédio, respirei o ar fresco da manhã, sentindo a energia pulsar ao meu redor. O sol brilhava, e eu sabia que, independentemente do resultado da entrevista, eu havia dado um passo importante em direção ao meu futuro.

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