Capítulo 2

Natália

Acordei com o barulho do despertador, o som insistente me puxando para a realidade. Olhei para o relógio e percebi que tinha que me apressar. Era um dia importante; eu precisava procurar emprego. Com um suspiro profundo, levantei da cama, sentindo o peso das dificuldades financeiras que me acompanhavam nos últimos meses. O risco de perder o meu apartamento me atormentava, mas eu não podia deixar isso me derrubar.

Dirigi-me ao banheiro e liguei a luz. O reflexo no espelho mostrava uma mulher cansada, mas determinada. Comecei a minha rotina de higiene pessoal. Lavei o rosto com água fria, tentando espantar o sono e a tristeza acumulada. Em seguida, escovei os dentes, sentindo a frescura da pasta de dente enquanto pensava em como poderia mudar minha situação.

Depois, tomei um banho rápido, a água morna ajudando a relaxar um pouco a tensão que eu sentia. Sequei-me com uma toalha e comecei a me arrumar. Escolhi uma blusa branca simples, mas que me deixava com uma aparência mais profissional, e uma calça preta que já havia usado em outras entrevistas. Olhei para o meu cabelo, que estava bagunçado. Decidi prendê-lo em um coque despretensioso, mas que ainda assim dava um ar de organização.

Para os pés, coloquei um par de sapatilhas pretas que eu tinha há algum tempo. Elas eram confortáveis e, embora um pouco desgastadas, ainda serviam para dar um toque de seriedade ao meu visual. Olhei mais uma vez no espelho e respirei fundo, tentando me convencer de que eu estava pronta para enfrentar o dia.

Na cozinha, preparei um café da manhã simples: uma fatia de pão integral com um pouco de margarina e uma banana. Enquanto comia, pensei nas contas que ainda estavam por vir e no quanto eu precisava daquele emprego. A cada garfada, sentia o peso da responsabilidade, mas também uma pequena esperança de que as coisas poderiam melhorar. Terminei meu café, lavei a louça e coloquei tudo em ordem antes de sair.

Peguei minha bolsa e saí de casa, sentindo a brisa fresca da manhã. Caminhei até o ponto de ônibus, observando as pessoas ao meu redor. Cada uma delas tinha suas próprias histórias, suas próprias lutas. O ônibus chegou e eu entrei, procurando um lugar para me sentar. O transporte estava cheio, mas consegui encontrar um espaço vazio. Enquanto o ônibus se movia pelas ruas, olhei pela janela, pensando sobre a loja onde eu iria me candidatar a uma vaga de atendente.

Cheguei à loja e, ao entrar, fui recebida por um ambiente alegre, mas ao mesmo tempo, muito formal. Olhei ao redor e percebi que muitas pessoas estavam ali, provavelmente também em busca de emprego. Fui até o balcão e pedi para falar com a gerente. Após alguns minutos de espera, uma mulher de aparência austera apareceu. Ela tinha um olhar crítico e um tom de voz que não deixava espaço para dúvidas.

— O que você quer? — ela perguntou, sem qualquer cordialidade.

— Olá, meu nome é Natalia. Estou aqui para me candidatar à vaga de atendente. Vi o anúncio e fiquei interessada — respondi, tentando manter a calma.

A gerente me olhou de cima a baixo, como se estivesse avaliando cada detalhe da minha aparência. 

— Você realmente acha que tem o perfil que procuramos? — ela disse, com um sorriso sarcástico. — Não temos tempo para pessoas que não se apresentam adequadamente.

Fiquei paralisada, sentindo a humilhação tomar conta de mim. Eu sabia que não estava no meu melhor momento, mas isso não significava que eu não era capaz de fazer o trabalho. 

— Eu... eu tenho experiência — tentei argumentar, mas a gerente me interrompeu.

— Experiência não é tudo. Você precisa se apresentar de forma adequada para ser considerada — ela respondeu, com um tom de desprezo.

Saí da loja com o coração pesado. Aquelas palavras ecoavam na minha mente, e eu me sentia ainda mais desanimada. O dia estava apenas começando, e eu já havia enfrentado uma decepção. Decidi que precisava andar um pouco para clarear a mente, então me perdi pelas ruas, observando as vitrines e as pessoas que passavam. 

Após um tempo vagando, meu estômago começou a reclamar, e eu percebi que precisava almoçar. Encontrei uma lanchonete barata e entrei. O lugar era simples, mas o cheiro da comida caseira era reconfortante. Pedi um prato do dia e sentei em uma mesa no canto, tentando me concentrar na refeição e esquecer a humilhação que havia acabado de passar.

Enquanto comia, o meu celular vibrou na mesa. Olhei para a tela e vi que era a Geovanna, minha amiga de longa data. Hesitei por um momento, mas atendi.

— Oi, Natalia! — ela disse, com uma voz animada. — Você não vai acreditar! Consegui uma entrevista para você na empresa do amigo do meu irmão!

Senti meu coração acelerar. 

— Sério? Para amanhã? — perguntei, quase sem acreditar.

— Sim! É uma ótima oportunidade. Você precisa ir! — ela respondeu, cheia de entusiasmo.

— Geovanna, muito obrigada! Você não sabe como isso significa para mim! — exclamei, sentindo a esperança renascer dentro de mim.

— Não tem de quê! Você merece essa chance.  — ela disse, e eu pude ouvir o sorriso em sua voz.

Desliguei o telefone, sentindo uma onda de empolgação. Finalmente, algo bom estava acontecendo. Olhei ao redor da lanchonete, e tudo parecia mais brilhante. O dia que havia começado tão mal agora parecia ter uma nova perspectiva.

Após terminar meu almoço, levantei-me e saí da lanchonete com um novo ânimo. A caminhada até casa parecia mais leve, e a esperança de um futuro melhor me acompanhava. Eu precisava me preparar para a entrevista, e isso me motivava a enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente. 

Chegando em casa, comecei a planejar como me preparar para o dia seguinte. A cada passo, a cada pensamento, eu sentia que estava mais próxima de dar um passo importante na minha vida. O dia ainda não havia acabado, mas eu sabia que, independentemente do que acontecesse, eu não iria desistir.

Enquanto eu me preparava para a entrevista, a campainha tocou, interrompendo meus pensamentos. Era Geovanna, com um sorriso radiante e duas caixas de pizza nas mãos.

— Surpresa! — ela exclamou, entrando sem cerimônia.

O cheiro delicioso das pizzas imediatamente preencheu o ambiente, e meu estômago roncou em resposta.

— Pensei que poderíamos relaxar um pouco antes de você encarar o mundo lá fora — disse ela, colocando as caixas na mesa. Sentei-me ao lado dela, ansiosa para saborear aquela refeição reconfortante.

Após algumas mordidas, começamos a discutir qual filme assistir. Geovanna estava animada para ver um filme de terror, enquanto eu defendia um romance leve.

— Vamos assistir a algo que nos faça rir e sonhar! — argumentei, lembrando-me de como um bom romance poderia aliviar a tensão.

Mas Geovanna estava irredutível. — Não, precisamos de adrenalina! Um filme de terror vai nos deixar alerta e prontas para qualquer coisa! — ela insistiu, rindo.

A discussão esquentou, mas logo nos encontramos rindo das nossas preferências opostas.

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