Capítulo 1

Natália 

Meu nome é Natália Monteiro, tenho 28 anos e moro em uma pequena cidade no interior. Desde que perdi minha mãe Rebeca, há cerca de 6 meses, minha vida deu uma guinada completa. Ela era a única família que eu tinha, já que nunca conheci meu pai.

Minha mãe era uma mulher incrível, cheia de vida e de sonhos. Ela me criou sozinha, mas sempre se fez presente e me deu todo o amor e carinho de que eu precisava. Éramos muito unidas e compartilhávamos praticamente tudo. Agora, com sua partida repentina, sinto um vazio enorme dentro de mim.

Apesar da dor da perda, eu herdo algumas das melhores qualidades da minha mãe. Sou uma pessoa determinada, esforçada e muito dedicada em tudo o que faço. Sempre fui uma boa aluna na escola e me formei em Administração, seguindo os passos da minha mãe, que trabalhou por muitos anos em uma empresa local.

Depois que ela se foi, tenho enfrentado muitas dificuldades. Sem o apoio e a renda da minha mãe, tenho tido que me virar sozinha para pagar as contas e o aluguel do nosso pequeno apartamento. Procuro empregos constantemente, mas a concorrência está acirrada e minha falta de experiência prévia acaba sendo um entrave.

Infelizmente, minha mãe nunca me contou nada sobre meu pai. Ela sempre desconversava quando eu perguntava sobre ele e preferia não tocar no assunto. Cresci sem essa figura paterna, mas aprendi a me virar e a não depender de ninguém além de mim mesma. Mesmo assim, às vezes me pego imaginando como seria ter um pai presente em minha vida.

Neste momento, meus dias têm sido uma batalha constante. Acordo cedo, saio à procura de oportunidades de emprego, entrego currículos e faço entrevistas, mas até agora não tive sucesso. Volto para casa exausta, tanto física quanto emocionalmente. Às vezes me pego chorando sozinha no quarto, com saudades da minha mãe.

Apesar de tudo, mantenho a esperança de que as coisas vão melhorar. Sei que ela gostaria de me ver seguir em frente e realizar meus sonhos. Então é isso que tenho me esforçado para fazer, ainda que os dias estejam sombrios.

Agora eu estava saindo de uma loja, após mais uma entrevista frustrada. Respiro fundo por mais uma entrevista de emprego que não havia dado certo. A gerente nem ao menos me dera devida atenção, como se eu fosse invisível. Meus sonhos de conseguir um bom trabalho pareciam cada vez mais distantes.

Perdida em seus pensamentos, atravessei a rua sem prestar muita atenção, quando de repente um carro em alta velocidade quase a atropelou. Me assustou, dando um pulo para trás, e o motorista também freou bruscamente, fazendo o pneu do carro cantarem no asfalto.

- Ei, tome cuidado por onde anda! - gritou o motorista, furioso. 

Me aproximo, indignada. - O senhor que deveria tomar cuidado! Estava indo a uma velocidade absurda, quase me atropelou!

O homem saiu do carro, visivelmente irritado. - Você que atravessou a rua sem olhar! Eu poderia ter me acidentado por sua culpa!

Franzo o cenho. - Ora, o senhor não pode culpar a mim por sua própria imprudência! Se tivesse respeitado o limite de velocidade, nada disso teria acontecido.

- Você não faz ideia de quem eu sou, não é? Sou Lucas Almeida, dono do Grupo Almeida Construções e Infraestrutura. O cara mais cobiçado da cidade. Tenho compromissos importantes e não posso me dar ao luxo de ficar parado por causa de uma mulher distraída que atravessa a rua sem olhar!"

Arregalei os olhos. Eu não conhecia aquele homem, mas sabia que o Grupo Almeida era uma das maiores e mais renomadas empresas de construção e infraestrutura da região.

- O senhor pode ser quem for, isso não justifica sua imprudência ao volante. Uma vida vale muito mais do que qualquer compromisso!

Lucas bufou. - Você não entende nada da minha realidade. Preciso estar em diversos lugares ao mesmo tempo, fazendo acordos milionários que movimentam a economia da cidade. Não posso me dar ao luxo de ficar obedecendo a todos os sinais de trânsito!

- Ah, então sua vida vale mais do que a dos outros? - questionei, revoltada. O senhor acha que pode colocar a vida de todos em risco só porque tem compromissos importantes? Isso é um absurdo!

- Olha aqui, mocinha! - Ele disse, chegando mais perto. Eu não tenho tempo para discutir com você. Meu tempo é muito valioso e eu não posso perdê-lo com uma conversa inútil.

Cruzo os braços, desafiadora. - Então o senhor prefere arriscar a vida dos outros a perder alguns minutos? Isso é uma completa falta de consideração!

Lucas estreitou os olhos, irritado. - Você não tem a menor noção do que eu faço e da importância do meu trabalho. É uma funcionária comum, que provavelmente nem mesmo tem um emprego decente. O que você pode saber sobre a minha realidade?

As palavras dele me atingiram em cheio. Eu senti meu rosto esquentar de raiva. - Funcionária comum? Eu acabei de sair de uma entrevista de emprego que não deu certo, então não venha me julgar! E quanto à sua realidade, isso não lhe dá o direito de por a vida dos outros em risco!"

- Ah, então é por isso que você está tão revoltada! - Ele debochou. Não conseguiu o emprego que queria e agora está descontando sua frustração em mim. Que pena, querida, mas a vida nem sempre é um mar de rosas.

Senti as lágrimas de raiva brotarem em meus olhos. - O senhor é um completo insensível! Não se coloca no lugar dos outros, só pensa em seus próprios interesses. Espero que um dia o senhor aprenda a ter mais consideração pelas pessoas ao seu redor!

Ele revirou os olhos. - Olha, eu realmente preciso ir agora. Tenho uma reunião importante. Mas da próxima vez, atravesse a rua com mais cuidado, está bem?

Sem esperar por uma resposta, Ele entrou no carro e saiu em disparada, deixando-me furiosa e ressentida.

- Que homem arrogante e prepotente! - Falo, observando o carro sumir pela rua. Espero nunca mais ter que lidar com alguém tão insensível quanto ele!

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