A ideia parecia absurda desde o começo. Um jantar especial para Damian? Para um homem que me tratava como uma sombra dentro daquela casa? Eu não fazia ideia do que Eva queria provar com essa ideia maluca, mas, ali estava eu, diante do fogão, mexendo em uma panela com um olhar perdido.— Você vai acabar queimando isso. — A voz divertida de Eva me fez revirar os olhos.— Talvez essa seja a minha intenção. — Suspirei, sentindo o calor do vapor subir pelo meu rosto.Ela se aproximou, pegando uma faca e começando a cortar alguns vegetais.— Lin, eu sei que ele é um idiota. Mas algo me diz que ele não é completamente um caso perdido.— Acho que ele faz questão de ser um caso perdido. — Eva me olhou por um instante antes de dar de ombros.— Talvez. Mas a única forma de descobrir é tentando. E você sabe que quer tentar.Eu não respondi. O problema era que ela estava certa. Desde o momento em que Damian me cobriu com aquela manta, um conflito crescia dentro de mim. Ele passava o tempo todo fin
O ar parecia mais pesado desde o jantar da noite anterior. Havia algo diferente no jeito que Damian me olhava, e eu tinha certeza de que não era imaginação minha. Ele continuava mantendo a distância, se refugiando em sua frieza habitual, mas eu percebia os detalhes. A maneira como seus olhos dourados pousavam em mim quando ele achava que eu não estava olhando. Como sua postura ficava rígida quando eu passava por perto.Eu não sabia dizer o que aquilo significava. Mas, se Damian Blackthorn acreditava que poderia esconder algo de mim, estava muito enganado.Naquela manhã, a casa estava silenciosa como sempre. O café da manhã foi solitário, como de costume, mas enquanto mexia no chá quente entre os dedos, senti aquela presença familiar. Levantei os olhos e, como esperado, Damian estava parado próximo à porta da cozinha, observando-me. Seus braços estavam cruzados sobre o peito, e as tranças caíam sobre seu ombro, dando a ele um ar perigosamente despreocupado.Ele me olhava de um jeito di
A manhã estava cinzenta, refletindo perfeitamente meu estado de espírito. A chuva fina escorria pelas janelas da mansão Blackthorn, enquanto o ar frio do lado de fora parecia contrastar com o calor que queimava sob minha pele desde a noite anterior. Desde o momento em que ouvi Damian murmurar aquele nome em meio ao sono.Ayla.A palavra girava em minha mente sem descanso, me corroendo com perguntas para as quais eu não tinha respostas. Quem era ela? O que significava para ele?Tentei me convencer de que aquilo não me afetava, mas era inútil. Se Damian ainda pensava em outra mulher, então por que os momentos de hesitação? Por que o jeito como ele me olhava quando achava que eu não estava vendo?Passei o dia tentando ignorar o desconforto crescente no meu peito, mas a dúvida pesava mais a cada hora. Eu precisava de respostas.Quando a noite caiu, esperei por ele. O som da porta da frente se fechando ecoou pela casa, e meu corpo ficou tenso. Eu estava sentada na beira da poltrona da sala
O clima na mansão estava diferente. Eu sentia isso. Não era algo que pudesse ser explicado com palavras, mas um instinto que pulsava dentro de mim, me alertando para uma mudança sutil. Desde o beijo que compartilhamos, aquele momento arrebatador que ele insistiu em chamar de erro, Damian tentava a todo custo se manter mais distante. Mas, ao mesmo tempo, ele se fazia mais presente.Eu o pegava me observando quando achava que eu não notaria. Sentia seu olhar queimando minha pele, analisando cada um dos meus movimentos, cada curva do meu corpo. Ele não dizia nada, mas estava sempre por perto. Passava pelo corredor quando eu menos esperava. Parava à porta de um cômodo sem razão aparente. Seu cheiro amadeirado ficava no ar mais tempo do que o normal, como se ele tivesse hesitado antes de sair.No entanto, no momento em que eu o flagrava olhando, Damian recuava. Desviava o olhar, franzia a testa, saía do ambiente como se estivesse fugindo.Ele estava lutando contra algo. Eu podia sentir iss
O clima na mansão estava diferente. Eu sentia isso. Não era algo que pudesse ser explicado com palavras, mas uma sensação instintiva, uma inquietação que vibrava dentro de mim. Desde o beijo que compartilhamos, aquele momento de puro êxtase que Damian insistiu em chamar de erro, ele tentava a todo custo manter distância. Mas, ironicamente, estava mais presente do que nunca.Eu o pegava me observando quando achava que eu não notaria. Sentia seu olhar queimando minha pele, estudando cada movimento meu com atenção quase obsessiva. A maneira como seus dedos se apertavam discretamente contra a lateral da coxa quando passava por mim no corredor. O ritmo da sua respiração mudando levemente quando nossos ombros se roçavam por acidente. Detalhes que qualquer pessoa normal ignoraria.Mas eu não era normal.Cada pequeno sinal dele vibrava dentro de mim como uma corrente elétrica. Meu corpo captava coisas que eu não conseguia explicar. O cheiro amadeirado dele ficava mais forte quando eu estava p
O silêncio na mansão não era somente ausência de som. Era uma presença por si só. Um peso invisível, uma tensão que pairava no ar desde que Damian começou a evitar estar sozinho comigo. Ele não precisava dizer nada. Seu afastamento falava por si.No começo, era sutil. Ele passava menos tempo dentro de casa, sempre encontrando um motivo para sair. Mas agora… agora ele simplesmente não voltava mais.Naquela noite, sentei-me no sofá da sala, de pernas cruzadas, os dedos apertando a borda da almofada. O relógio marcava quase duas da manhã, e a mansão permanecia vazia. Nenhum som de passos na escada, nenhum farol iluminando a entrada. Apenas a minha respiração e o vento cortante do lado de fora.Ele não voltaria naquela noite também.Senti algo escorrer quente pelo meu peito, uma mistura de frustração e… algo que eu não queria nomear. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele estava fugindo. De mim. Da atração entre nós. Do que quer que estivesse crescendo entre nós.Apertei os olhos fechados
DamianA noite estava quente e sufocante, mas o incômodo em minha pele não tinha nada a ver com o clima. Eu estava inquieto.Desde que Lin entrou na minha vida, minha rotina, minha estabilidade e meu autocontrole começaram a se despedaçar. Ela era como um fogo silencioso, consumindo tudo sem sequer precisar tocar nas chamas.Eu a evitava. Passava dias inteiros no escritório, prolongando reuniões desnecessárias. Dormia fora. Criava distância. Mas nada disso era suficiente para extinguir o que crescia dentro de mim.A tensão entre nós aumentava cada vez mais, e quanto mais eu tentava manter distância, mais minha mente era tomada por pensamentos indesejados. O cheiro dela impregnava minha casa, minhas roupas, meus sentidos. Cada vez que fechava os olhos, via aqueles lábios me desafiando, aqueles olhos verdes queimando em fúria por minha resistência.E o pior… era que Lin não estava errada.Eu a estava evitando, e não somente ela, mas evitando algo dentro de mim.Quando cheguei ao evento
A mansão já não parecia a mesma. Havia algo errado no ar, uma presença invisível que se infiltrava entre as paredes, alterando o equilíbrio do ambiente. Eu sentia isso. Era como se um sussurro persistente se arrastasse pelos corredores, murmurando promessas que eu ainda não conseguia decifrar.E aquele sussurro tinha um nome. Cassandra.Nos últimos dias, ela parecia sempre presente, orbitando Damian com uma frequência que ultrapassava qualquer justificativa lógica. A cada evento da Blackthorn Enterprises, a cada reunião que ele participava, lá estava ela. Sempre próxima, sempre com aquele sorriso que parecia esconder algo. Chegando ao ponto de ir com seu carro até a frente da mansão Blackthorn para buscá-lo algumas vezes.Eu tentei ignorar. Tentei convencer a mim mesma de que era somente uma coincidência. Mas coincidências não aconteciam repetidamente.E o pior? Damian não a afastava.Ele não era um homem que tolerava proximidade desnecessária. Desde o nosso casamento, ele se mostrou