O clima na mansão estava diferente. Eu sentia isso. Não era algo que pudesse ser explicado com palavras, mas um instinto que pulsava dentro de mim, me alertando para uma mudança sutil. Desde o beijo que compartilhamos, aquele momento arrebatador que ele insistiu em chamar de erro, Damian tentava a todo custo se manter mais distante. Mas, ao mesmo tempo, ele se fazia mais presente.Eu o pegava me observando quando achava que eu não notaria. Sentia seu olhar queimando minha pele, analisando cada um dos meus movimentos, cada curva do meu corpo. Ele não dizia nada, mas estava sempre por perto. Passava pelo corredor quando eu menos esperava. Parava à porta de um cômodo sem razão aparente. Seu cheiro amadeirado ficava no ar mais tempo do que o normal, como se ele tivesse hesitado antes de sair.No entanto, no momento em que eu o flagrava olhando, Damian recuava. Desviava o olhar, franzia a testa, saía do ambiente como se estivesse fugindo.Ele estava lutando contra algo. Eu podia sentir iss
O clima na mansão estava diferente. Eu sentia isso. Não era algo que pudesse ser explicado com palavras, mas uma sensação instintiva, uma inquietação que vibrava dentro de mim. Desde o beijo que compartilhamos, aquele momento de puro êxtase que Damian insistiu em chamar de erro, ele tentava a todo custo manter distância. Mas, ironicamente, estava mais presente do que nunca.Eu o pegava me observando quando achava que eu não notaria. Sentia seu olhar queimando minha pele, estudando cada movimento meu com atenção quase obsessiva. A maneira como seus dedos se apertavam discretamente contra a lateral da coxa quando passava por mim no corredor. O ritmo da sua respiração mudando levemente quando nossos ombros se roçavam por acidente. Detalhes que qualquer pessoa normal ignoraria.Mas eu não era normal.Cada pequeno sinal dele vibrava dentro de mim como uma corrente elétrica. Meu corpo captava coisas que eu não conseguia explicar. O cheiro amadeirado dele ficava mais forte quando eu estava p
O silêncio na mansão não era somente ausência de som. Era uma presença por si só. Um peso invisível, uma tensão que pairava no ar desde que Damian começou a evitar estar sozinho comigo. Ele não precisava dizer nada. Seu afastamento falava por si.No começo, era sutil. Ele passava menos tempo dentro de casa, sempre encontrando um motivo para sair. Mas agora… agora ele simplesmente não voltava mais.Naquela noite, sentei-me no sofá da sala, de pernas cruzadas, os dedos apertando a borda da almofada. O relógio marcava quase duas da manhã, e a mansão permanecia vazia. Nenhum som de passos na escada, nenhum farol iluminando a entrada. Apenas a minha respiração e o vento cortante do lado de fora.Ele não voltaria naquela noite também.Senti algo escorrer quente pelo meu peito, uma mistura de frustração e… algo que eu não queria nomear. Eu sabia o que estava acontecendo. Ele estava fugindo. De mim. Da atração entre nós. Do que quer que estivesse crescendo entre nós.Apertei os olhos fechados
DamianA noite estava quente e sufocante, mas o incômodo em minha pele não tinha nada a ver com o clima. Eu estava inquieto.Desde que Lin entrou na minha vida, minha rotina, minha estabilidade e meu autocontrole começaram a se despedaçar. Ela era como um fogo silencioso, consumindo tudo sem sequer precisar tocar nas chamas.Eu a evitava. Passava dias inteiros no escritório, prolongando reuniões desnecessárias. Dormia fora. Criava distância. Mas nada disso era suficiente para extinguir o que crescia dentro de mim.A tensão entre nós aumentava cada vez mais, e quanto mais eu tentava manter distância, mais minha mente era tomada por pensamentos indesejados. O cheiro dela impregnava minha casa, minhas roupas, meus sentidos. Cada vez que fechava os olhos, via aqueles lábios me desafiando, aqueles olhos verdes queimando em fúria por minha resistência.E o pior… era que Lin não estava errada.Eu a estava evitando, e não somente ela, mas evitando algo dentro de mim.Quando cheguei ao evento
A mansão já não parecia a mesma. Havia algo errado no ar, uma presença invisível que se infiltrava entre as paredes, alterando o equilíbrio do ambiente. Eu sentia isso. Era como se um sussurro persistente se arrastasse pelos corredores, murmurando promessas que eu ainda não conseguia decifrar.E aquele sussurro tinha um nome. Cassandra.Nos últimos dias, ela parecia sempre presente, orbitando Damian com uma frequência que ultrapassava qualquer justificativa lógica. A cada evento da Blackthorn Enterprises, a cada reunião que ele participava, lá estava ela. Sempre próxima, sempre com aquele sorriso que parecia esconder algo. Chegando ao ponto de ir com seu carro até a frente da mansão Blackthorn para buscá-lo algumas vezes.Eu tentei ignorar. Tentei convencer a mim mesma de que era somente uma coincidência. Mas coincidências não aconteciam repetidamente.E o pior? Damian não a afastava.Ele não era um homem que tolerava proximidade desnecessária. Desde o nosso casamento, ele se mostrou
DamianHavia algo errado.Desde que conheci Cassandra, um peso estranho havia se instalado dentro de mim, algo que eu não conseguia nomear. Como se um fio invisível estivesse sendo puxado dentro da minha mente, forçando-me a questionar coisas que antes eram certezas, ou que se quer tinha pensado antes.A voz de Cassandra ecoava nos meus pensamentos."E se ela estiver tentando te mudar?""Você realmente acha que ela pode te amar pelo que você é?"Eu deveria ignorar. Deveria seguir minha intuição e esquecer suas palavras. Mas, pela primeira vez, havia uma parte de mim que não conseguia ignorar. E aquilo me deixava inquieto.A noite estava fria quando cheguei em casa. As luzes estavam apagadas, exceto por uma única lâmpada na sala, lançando um brilho amarelado sobre a poltrona onde Lin estava sentada. Seu corpo estava tenso, os braços cruzados, e seus olhos verdes brilharam no momento em que me viram entrar.Parecia que ela conseguia sentir a mudança. A distância. O cheiro que não era o
O cheiro dela estava por toda parte. Doce, enjoativo, invasivo. Uma mistura de algo floral e especiarias que se infiltrava nas paredes da mansão Blackthorn como veneno. Era uma presença que não deveria estar ali. Uma intrusa.E agora, ela estava na minha casa.Meus passos eram firmes quando entrei na sala, mas cada célula do meu corpo parecia em alerta. Eu soube que ela estava ali antes mesmo de vê-la. Meus sentidos captaram sua presença, meu estômago se revirou, e algo quente se espalhou sob minha pele. Era como se algo dentro de mim rosnasse em advertência.E então, lá estava ela.Casual. Confortável. Como se pertencesse àquele lugar.Seus cabelos negros caíam sobre os ombros em ondas sedosas, e seus olhos púrpura me analisavam com um brilho afiado, cheio de diversão. Ela segurava uma taça de vinho com elegância exagerada, os lábios pintados de vermelho se curvando em um sorriso satisfeito.Ela estava se divertindo. Comigo.— Então, você é Lin. — Sua voz soou quase como um ronronar,
O silêncio entre nós, jamais foi tão sufocante.Eu estava ali, diante dele, esperando, praticamente implorando, por uma resposta. Mas Damian não dizia nada. Nenhuma negação, nenhuma explicação. Apenas me encarava com aqueles olhos dourados indecifráveis, como se estivesse acima de tudo aquilo. Como se minha presença não o afetasse.Mas eu sabia que era mentira. Eu via a rigidez em seus ombros, o leve apertar de seus punhos, a forma como seu peito subia e descia em um ritmo controlado demais. Ele não era indiferente. Ele estava segurando algo dentro de si, algo que ele não queria que eu visse.O problema é que eu já via. E aquilo estava me destruindo.— Diga alguma coisa. — Minha voz saiu firme, mas carregada de dor contida.Ele não piscou. Apenas sustentou meu olhar.A raiva borbulhou dentro de mim. A frustração e o medo que vinham se acumulando nos últimos dias explodiram de uma vez, sem permissão. Parecia que uma fera selvagem dentro de mim havia se libertado, tomada pela fúria.— C