O silêncio entre nós, jamais foi tão sufocante.Eu estava ali, diante dele, esperando, praticamente implorando, por uma resposta. Mas Damian não dizia nada. Nenhuma negação, nenhuma explicação. Apenas me encarava com aqueles olhos dourados indecifráveis, como se estivesse acima de tudo aquilo. Como se minha presença não o afetasse.Mas eu sabia que era mentira. Eu via a rigidez em seus ombros, o leve apertar de seus punhos, a forma como seu peito subia e descia em um ritmo controlado demais. Ele não era indiferente. Ele estava segurando algo dentro de si, algo que ele não queria que eu visse.O problema é que eu já via. E aquilo estava me destruindo.— Diga alguma coisa. — Minha voz saiu firme, mas carregada de dor contida.Ele não piscou. Apenas sustentou meu olhar.A raiva borbulhou dentro de mim. A frustração e o medo que vinham se acumulando nos últimos dias explodiram de uma vez, sem permissão. Parecia que uma fera selvagem dentro de mim havia se libertado, tomada pela fúria.— C
Por mais que estivesse magoada e ferida, havia uma força dentro de mim que não me permitia desistir do Damian e nem daquele casamento.Talvez fosse orgulho. Talvez fosse meu instinto sobre aquela mulher. Ou talvez fosse algo muito mais profundo, algo que eu não conseguia nomear, mas que queimava sob minha pele como uma ordem silenciosa: lute.Quanto mais Damian ficava com Cassandra, mais ele se afastava de mim. Seu olhar se tornava mais frio, suas palavras, cada vez mais curtas. Ele voltava para casa cada vez mais tarde e, às vezes, nem voltava.Mas se ele achava que poderia simplesmente me empurrar para longe, estava enganado.Eu não era o tipo de mulher que aceitava ser deixada para trás.— Você está se ouvindo, Lin? — A voz de Eva estava carregada de frustração, e eu sabia que ela se segurava para não me sacudir. — Você realmente vai continuar se sujeitando a isso? Ele está claramente escolhendo outra mulher, e você está fingindo que nada está acontecendo!Respirei fundo, sentindo
Não vou mentir, pensei em recuar, mas naquele momento, uma evasiva estava fora dos meus planos. Não era apenas pelo meu orgulho, assim como não era apenas desejo. Era algo muito mais profundo, como se algo dentro de mim quisesse mostrar que Damian era meu e que não permitiria outras mulheres por perto.Aquele instinto jamais me permitia desistir de algo que eu sabia que pertencia a mim.Se Damian queria continuar se escondendo atrás de desculpas e distância, eu quebraria cada uma dessas barreiras até não restar nada além da verdade.Eu o queria e estava na hora dele aceitar que também me queria.Fui trazida de meus pensamentos quando notei Damian passando a mão pelos cabelos, exausto. O cansaço não era físico, mas seus olhos dourados não apresentavam o mesmo brilho de quando nos conhecemos.Eu me aproximei, inclinando meu corpo para ficar em seu campo de visão enquanto deslizava os dedos sobre a mesa de madeira escura, segurando seu olhar.— Preciso que me acompanhe hoje à noite. — M
DamianO uísque queimava em minha garganta, mas não era o suficiente para acalmar meu corpo ou silenciar os ecos do passado.A brisa fria da noite entrava pela sacada do meu escritório, mas tudo o que eu sentia era o calor sufocante. Meus sentidos estavam confusos, fragmentos de memórias preenchiam minha mente. O cheiro de sangue impregnado no ar, os gritos, o estalar dos ossos. O corpo do Rei Alfa tombando sem vida diante de mim.E então, os olhos dela.― Lin? ― Não, não era a minha esposa. Era Ayla. Tão jovem e inocente.A mulher que me olhava como se eu fosse seu lar, sua promessa, sua proteção. A mulher que foi arrancada de mim naquela maldita noite. Como era possível que fossem tão parecidas? Eu odiava admitir isso, mas algo na Lin me fazia hesitar, fazia meu lobo se inquietar, fazia minha própria existência parecer um paradoxo. Lin me fazia sentir algo que passei os últimos anos da minha vida tentando reprimindo. E era por isso que eu precisava me afastar.Então veio aquele pri
Achei que já tivesse me acostumado ao silêncio daquela casa, mas a verdade era que ele só piorou com o tempo.Nos primeiros meses, eu achava que era uma questão de tempo até que Damian finalmente olhasse para mim como algo mais do que um peso dentro da sua vida. Então… depois de tudo, a mansão Blackthorn não era somente um prédio frio, ela estava se tornando um túmulo, o meu túmulo.Eu estava me afogando dentro dela. Dia após dia, as paredes pareciam se fechar ao meu redor a cada noite que ele não voltava, a cada manhã em que acordava sozinha, sentindo apenas o cheiro amadeirado dele impregnado nos lençóis como uma provocação silenciosa.E, o pior de tudo, era que, mesmo sabendo disso, eu não conseguia desistir do Damian. Parecia que alguma coisa dentro de mim continuava a lutar, tentando trazê-lo para perto, mesmo que minha mente gritasse que tudo era um absurdo e uma perda de tempo.— Lin, você precisa parar. — A voz de Eva cortou minha linha de pensamento, arrastando-me de volta pa
O silêncio da mansão nunca me pareceu tão insuportável quanto agora. Ele se espalhava pelos corredores, infiltrando-se nas paredes como um veneno invisível. Eu sentia sua presença esmagadora, sufocante, tornando cada respiração mais difícil. Mas, mais do que o silêncio, era a ausência de Damian que me destruía.Damian e eu sempre vivemos com esse muro entre nós, mas dessa vez… havia algo diferente. Algo insuportável.Eu já o vi evitar minha presença antes. Já o vi usar o trabalho como desculpa. Já o vi trancar suas emoções atrás de muralhas impenetráveis. Mas nunca antes ele tinha sido tão cruelmente frio. E nunca antes ele tinha trazido outra mulher para dentro de casa.O cheiro de Cassandra ainda pairava pelo ar. A lembrança dela tocando o braço dele, inclinando-se para perto… aquilo me consumia como veneno.Quando ouvi seus passos no corredor, meu corpo reagiu antes mesmo que eu percebesse. Minhas pernas se moveram sozinhas, minhas mãos se fecharam em punhos. Não importava mais se
Capítulo 26: Não Sinta Ciúmes, Lobo MauAylaA noite estava fresca, e o vento suave carregava o perfume das flores do jardim, trazendo uma sensação de calmaria rara nos últimos tempos. Caminhei devagar pelo caminho de pedras, deslizando os dedos pelas pétalas brancas de uma rosa, sentindo a textura macia contra minha pele.Pela primeira vez em muito tempo, eu não me sentia sufocada.A briga com Damian ainda queimava em minha mente, cada palavra afiada ecoando como lâminas. Mas, ao contrário de antes, quando a dor me afundava, dessa vez, ela me fortaleceu.Eu não iria desistir. Não importava o quanto Damian tentasse me afastar, o quanto se recusasse a aceitar o que sentia. Eu o faria encarar a verdade. Mas, para isso, precisava de um plano.Já tentei me aproximar com paciência. Já tentei diálogo. Agora, eu mudaria o jogo. Se Damian achava que poderia manter o controle, eu o faria perder completamente.— Lin! — A voz de Eva me chamou do outro lado do jardim, me arrancando dos pensamento
DamianO cheiro dela ainda estava em mim. Doce. Provocante. Sedutor. Meu.Meus passos ecoavam pesados pelo corredor, cada fibra do meu corpo tomada por uma única necessidade: tomar Lin para mim.Ela me provocou, me testou e me desafiou. Agora… ela arcaria com as consequências.Abri a porta do quarto dela sem hesitar. Lin estava diante da janela, os braços cruzados, observando a escuridão lá fora. Ela nem precisou se virar para saber que era eu. Seu corpo enrijeceu por um segundo antes de se recompor.— Você nunca bate antes de entrar? — sua voz saiu baixa, carregada de ironia, mas ela não se virou. Seu cheiro doce ficando mais intenso naquele pequeno cômodo que eu mal havia visitado desde que nos casamos.Fechei a porta atrás de mim, trancando-a.— Você não tranca a porta? — meu corpo inteiro vibrava, meu lobo uivando, tomado pela urgência e a necessidade pela mulher diante de nós. — Sabia que eu viria.Ela se virou lentamente, os olhos verdes faiscando sob a luz baixa. Ela não estava