Capítulo 26: Não Sinta Ciúmes, Lobo MauAylaA noite estava fresca, e o vento suave carregava o perfume das flores do jardim, trazendo uma sensação de calmaria rara nos últimos tempos. Caminhei devagar pelo caminho de pedras, deslizando os dedos pelas pétalas brancas de uma rosa, sentindo a textura macia contra minha pele.Pela primeira vez em muito tempo, eu não me sentia sufocada.A briga com Damian ainda queimava em minha mente, cada palavra afiada ecoando como lâminas. Mas, ao contrário de antes, quando a dor me afundava, dessa vez, ela me fortaleceu.Eu não iria desistir. Não importava o quanto Damian tentasse me afastar, o quanto se recusasse a aceitar o que sentia. Eu o faria encarar a verdade. Mas, para isso, precisava de um plano.Já tentei me aproximar com paciência. Já tentei diálogo. Agora, eu mudaria o jogo. Se Damian achava que poderia manter o controle, eu o faria perder completamente.— Lin! — A voz de Eva me chamou do outro lado do jardim, me arrancando dos pensamento
DamianO cheiro dela ainda estava em mim. Doce. Provocante. Sedutor. Meu.Meus passos ecoavam pesados pelo corredor, cada fibra do meu corpo tomada por uma única necessidade: tomar Lin para mim.Ela me provocou, me testou e me desafiou. Agora… ela arcaria com as consequências.Abri a porta do quarto dela sem hesitar. Lin estava diante da janela, os braços cruzados, observando a escuridão lá fora. Ela nem precisou se virar para saber que era eu. Seu corpo enrijeceu por um segundo antes de se recompor.— Você nunca bate antes de entrar? — sua voz saiu baixa, carregada de ironia, mas ela não se virou. Seu cheiro doce ficando mais intenso naquele pequeno cômodo que eu mal havia visitado desde que nos casamos.Fechei a porta atrás de mim, trancando-a.— Você não tranca a porta? — meu corpo inteiro vibrava, meu lobo uivando, tomado pela urgência e a necessidade pela mulher diante de nós. — Sabia que eu viria.Ela se virou lentamente, os olhos verdes faiscando sob a luz baixa. Ela não estava
O ar da manhã estava pesado, úmido. O cheirinho da chuva já dominava o ar carregado de algo que eu não conseguia nomear.Desde a noite anterior, senti algo diferente crescendo dentro de mim. O toque de Damian, o sabor de seus lábios, o calor de seu corpo. Tudo aquilo ainda reverberava pelo meu corpo com a mesma intensidade. Porém, aquela sensação não me deixava aproveitar as doces lembranças.Um nó apertado em meu peito, um frio rastejando por minha pele, uma inquietação profunda que não me deixava respirar direito. Todas aquelas sensações me faziam lembrar da rejeição de Damian.Toquei meus lábios com as pontas dos dedos. Peguei o vestido que havia usado, o levando até meu rosto e inalando aquele perfume amadeirado, ainda impregnado nele. Meus olhos então se voltaram para a marca avermelhada em meu pulso, o lembrete físico de sua dominância sobre mim que queimava na minha carne.Não conseguia compreender, como ele conseguiu me jogar para longe, como se eu não significasse nada. Pensa
O vazio dentro de mim era insuportável.A noite se arrastava, e eu me sentia perdida entre os lençóis frios da cama. Não era somente a ausência de Damian ao meu lado que me corroía. Era algo muito mais profundo, algo que eu não sabia nomear. Um buraco se abriu em meu peito, uma dor surda que não deveria estar ali.Eu deveria desistir. Deixá-lo, parar de lutar por alguém que claramente escolheu outra. Mas toda vez que essa ideia tomava forma, algo dentro de mim rugia em revolta. Uma raiva latente, selvagem, como um instinto primitivo que se recusava a ceder. Como se cada célula do meu corpo soubesse que ele era meu. Somente Meu.Me virei na cama, inquieta. O cheiro de Damian ainda estava ali, suave nos lençóis, na madeira da cabeceira, em mim. Fechei os olhos e inspirei profundamente, como se aquele aroma pudesse me trazer algum tipo de conforto, mas tudo que consegui foi uma sensação de desespero ainda maior. Meu peito queimava. Meu corpo doía por algo que eu não conseguia entender.M
Eu não podia mais adiar aquilo.A dor da incerteza estava me rasgando por dentro, consumindo cada pedaço do que ainda restava de esperança dentro de mim. Se Damian queria continuar fugindo, eu o faria me encarar. Nem que fosse à força.Marchando pelo corredor, minhas mãos estavam cerradas ao lado do corpo, o coração batendo tão forte que parecia querer escapar da minha garganta. Eu sabia onde ele estaria. Sempre que queria se esconder, ele se trancava no maldito escritório, como se pudesse se proteger do mundo lá dentro. Mas hoje, ele não se protegeria de mim.Empurrei a porta sem hesitação. O barulho do impacto contra a parede ecoou pelo cômodo, arrancando Damian de seus pensamentos. Ele ergueu os olhos, o copo de uísque já a meio caminho da boca. Seu olhar se estreitou imediatamente.— Lin — ele rosnou. — O que diabos está fazendo?Entrei e fechei a porta atrás de mim. Damian cobriu os olhos com a mão, respirando profundamente enquanto apoiava o copo de uísque sobre a mesa.— Acabe
DamianA chuva castigava a mansão Blackthorn, tamborilando contra as janelas e inundando o ar com um cheiro de terra molhada. Eu estava sentado no escuro do meu escritório, segurando um copo de uísque intocado. Meus dedos apertavam o vidro com tanta força que poderiam quebrá-lo. Mas nem mesmo a bebida que estava me ajudando a acalmar os nervos naquela noite. Algo me atormentava… Ela me atormentava.Lin.Minha antes dedicada esposa passou a me ignorar completamente depois da discussão brutal que tivemos, após me desafiar a escolher entre ela e meus demônios. Ela parou de me encurralar em armadilhas, parou de me esperar chegar em casa tarde da noite. Sua maldita indiferença me consumia ao ponto de me trancar no escritório por horas, apenas pensando nela.Por alguma razão, passei a ficar mais tempo em casa e todas às vezes que a via perambulando pelos corredores ou no jardim com aqueles vestidos leves, com a pele iluminada pelo brilho suave, meu corpo reagia, meu lobo enlouquecendo dentr
Estendi minha mão, buscando o calor do corpo de Damian, mas o lençol ao meu lado já estava frio.Meus olhos se abriram lentamente, ajustando-se à luz suave que entrava pelas cortinas semiabertas. Meu corpo ainda estava relaxado e levemente dolorido, uma deliciosa lembrança da noite passada que trazia arrepios por toda a minha pele, como uma carícia suave.Sentei na cama, olhando ao redor, esperando encontrá-lo ainda no quarto, mas Damian não estava lá. Tudo o que restava era o cheiro amadeirado de sua pele, impregnado nos lençóis, misturado ao meu. Toquei o espaço vazio, sentindo a frieza do tecido. Franzi a sobrancelha, não querendo acreditar na hipótese absurda que se formava na minha mente. Damian havia me deixado antes de o sol nascer.A raiva borbulhou dentro de mim, misturada a uma dor sufocante que eu não queria admitir. Rugi com frustração, arremessando o travesseiro, onde ele deveria ter dormido, no chão. A vergonha cresceu dentro de mim. Me entreguei a ele, não só o meu corp
— Queimem tudo! Ninguém deve sair com vida desse castelo! — A voz de Magnus, o beta de meu pai, sobressaia aos gritos de desespero que inundaram o castelo. Seus lobos uivando em frenesi enquanto avançavam sobre qualquer um que cruzasse seu caminho.Ainda não conseguia acreditar no que meus olhos viam, o lobo que vi ao lado de meu pai durante toda a minha vida estava liderando um ataque para derrubar o rei alfa. Como… Quando aquilo havia começado?— Minha princesa, precisa fugir. — Minha babá entrou em meu quarto correndo, bloqueando a porta atrás dela. Sua voz tomada de desespero. — Se esconda na floresta até que o rei Alfa retome o controle da situação.— É a minha mãe? Onde ela está? — O pânico me tomava, meu corpo tremendo, paralisado no chão frio do meu quarto.A loba, já em idade avançada, segurou meu rosto entre suas mãos com carinho, acariciando minhas bochechas manchadas de lágrimas.— Seja forte, minha pequena loba. — Com um beijo gentil em minha testa, minha babá me empurrou