LAURA STRONDDA CARUSO Ele sorriu de lado, mas não diminuiu a tensão. Me movi rapidamente. Meu joelho encontrou sua perna, o suficiente para desestabilizá-lo por um segundo. Me virei e agarrei seu pulso, tentando arrancar a arma.— Você é rápida, Laura, mas agora eu te conheço. — Ele rosnou, segurando minha mão, firme.Com um movimento ágil, o empurrei para trás, tirando uma das facas do meu cinto e a lancei direto contra a parede, perto de sua cabeça. Alex se esquivou, os olhos brilhando com algo entre frustração e admiração.— Você quer brincar, amore mio? Vamos brincar. — Ele largou a arma no chão e avançou.Me movi para o lado, pegando outra faca da minha bota e apontei para ele, a lâmina brilhando sob a luz suave da sala.— Não me subestime, Alex — murmurei, com um sorriso que sabia que o provocaria ainda mais.Ele não respondeu. Apenas avançou novamente, desta vez com força, me derrubando no chão, mas segurando meu corpo antes que batesse no piso gelado. A faca escapou
LAURA STRONDDA CARUSO2 MESES DEPOISEstava sentada na varanda da nossa casa, envolvida pelo aroma de jasmins que Alex havia plantado no jardim, observando o céu tingido por tons de laranja e púrpura. A brisa da tarde acariciava meu rosto, enquanto meus dedos deslizavam distraídos sobre a superfície arredondada da minha barriga.“Como será que você é, meu amor?” Dois meses haviam se passado desde o primeiro incidente das algemas, e, apesar de sua fúria inicial, Alex parecia estar mais... receptivo ao meu jeito peculiar de lidar com as coisas, embora eu ainda o algeme as vezes.Olhei para ele, ajoelhado diante de mim, os olhos suavizados enquanto conversava com nosso filho – ou filha. Ele insistia que seria um menino, enquanto eu achava graça, preferindo me manter inerte.— Piccolo, você sabe que a mamãe é teimosa, né? — ele disse, com a voz suave, os dedos acariciando minha barriga como se já tivesse um vínculo profundo com aquele pequeno bebê. — Mas eu sou mais teimoso. Vou pro
ALEXANDER CARUSO Laura nunca aceitou ficar de fora de uma luta. Mesmo agora, grávida, com o peso de carregar nosso filho – ou filha, ela continuava insistindo em se arriscar. Como se isso não me enlouquecesse o suficiente, sua teimosia a tornava impossível de conter. Não havia outra escolha senão estar ao lado dela, garantindo que, no mínimo, ela e o bebê saíssem vivos.Eu a observei pelo canto do olho enquanto dirigia rumo ao reduto fortificado da máfia Strondda. Ela estava focada, ajustando o coldre e verificando a arma como fazia em nossas missões passadas. Não importava que estivesse grávida; Laura tinha a mesma intensidade e confiança de sempre.Estacionei o Mustang em frente ao reduto fortificado. Antes que eu pudesse desligar o motor, Don Antony apareceu no topo da escadaria, a expressão grave.— Precisamos agir rápido, Alex. — Ele anunciou, sem rodeios. — A boate foi invadida. É o coração das operações de El Chapo, e ele está preso lá dentro com a equipe. Tem ido pouco co
LAURA STRONDDA CARUSOEu ainda sentia o calor do abraço do Alex enquanto caminhávamos em direção ao carro. A imagem do ultrassom estava gravada na minha mente, a pequena silhueta da nossa filha me fazia sorrir e me arrepiar ao mesmo tempo.Uma menina.Minha menina.Por tantos anos, eu havia construído minha vida em torno da força, da resistência, da ideia de que fraqueza não era uma opção. Mas, ao ver aquele pequeno coração batendo na tela, percebi o quanto a fragilidade também podia ser poderosa. Era um tipo diferente de força, algo que eu não sabia que podia existir.— Você está com um sorriso diferente, sabia? — Alex comentou, me olhando de canto enquanto ajustava as chaves no bolso.— É porque nunca imaginei que algo tão pequeno pudesse me fazer sentir tão grande — respondi, sincera.Ele apenas sorriu, o tipo de sorriso que me fazia esquecer do mundo por um segundo.Mas o mundo sempre se encarregava de me puxar de volta.Enquanto nos aproximávamos do Mustang, algo chamou m
CAPÍTULO 1 Laura Strondda — Pronta? — ouço aquela voz vindo do meu lado direito e sorrio para minha cunhada, Fabiana. — Eu não tenho medo! No fundo, meu pai e meu irmão, me deixaram dar a palavra final, e aceitei com boa vontade esse acordo. Alexander Caruso é um bom homem, vem de família muito honrada que segue melhor do que a gente, muitos princípios. A máfia da Sicília tem regras rígidas. — me expressei, apertando os dedos e estralando para acalmar os nervos. — Isso na teoria, né? — Rebeca, irmã da Fabiana mencionou enquanto verificava as unhas. — Vamos, é melhor não atrasar! — Fabiana gargalhou ao dizer, então apenas sorri e segui com ela até o carro. Jamais quis um casamento arranjado, mas Alexander é tão prestativo e bom, que me fez pensar que isso não seria tão complicado como dizem. Quando chegamos, a igreja já estava lotada. Alex estava no altar me esperando, e senti um frio na espinha ao perceber que ele estava muito mais sério do que o norm
CAPÍTULO 2 Com facilidade ergui aquele vestido branco, coloquei a perna direita à frente, puxei a minha menor faca, daquele impecável espartilho que eu mesma fiz à mão. Aquela pequena faca que jurei para mim mesma que não precisaria usar, porque confiei no Alex, coloquei apenas por hábito ali… “Guardaria assim que estivesse segura, seria apenas uma lembrança”. — Idiota... fui uma idiota. Lancei com destreza a faca, ao olhar naqueles olhos traidores que agora eu desejei fechar. — PUTTANA DEL DIAVOLO! — sorri ironicamente ao ouvi-lo gritar ao fugir do meu “perfeito arremesso” — pelo menos, seria... se ele não fosse bom o suficiente para escapar quando viu o meu brinquedinho voando lindamente. Seu corpo mudou de lugar em milésimos de segundos. — Hoje é seu dia de sorte! Nunca deixo as minhas belezinhas separadas! — falei com sarcasmo ao olhar para a faca. — Maledetta! — resmungou. Eu deveria estar muito irritada, mas o semblante desesperador do Alex ao perceber que não era o dono da
CAPÍTULO 03 Alexander Caruso“Merda! Mil vezes merda! Eu só precisava ter esperado até amanhã, mas não... perdi a paciência e entreguei o jogo, hoje!“ — Meti chutes naquela porta para ir atrás dela, não me lembrava que havia deixado tudo tão fortificado aqui, levei alguns segundos a mais do que planejei para colocar a baixo, então vi meu primo Peter chegando assim que derrubei. — Não me diga que deixou ela escapar? — logo perguntou de olhos arregalados. — Como iria imaginar que essa maledetta era tão boa, nisso? Se no dia que a sequestrei ela parecia uma gatinha com medo? — respondi enquanto abri o cofre do quarto e peguei outra arma. — Claro, demos medicação para ela dormir, ninguém reage com aquilo! — ele disse enquanto saíamos andando por toda a casa atrás dela. Fiquei em silêncio, pois sei melhor que ninguém, de tudo o que havia acontecido naquele sequestro quando estávamos de casamento arranjado, onde os Russos foram apenas usados como laranjas, e usei aquilo para conseguir
CAPÍTULO 4 Alexander Caruso Horas se passaram e ninguém a encontrou. Deixei a equipe em alerta e fui tomar um banho, a minha mente estava uma bagunça, viajando para diversos momentos da minha vida, quando me enxaguei e estremeci ao ver a Laura pelo reflexo do espelho, estava dentro do banheiro, ainda com o meu sobretudo e com a minha arma, que outra vez, estava apontada pra mim. Parei tudo o que eu fazia e abri a porta do box a chamando. Ele capturou o meu olhar, porém não se manifestou. — Está atrasada! Onde esteve, querida esposa? — ela me olhou por inteiro e nisso fiquei excitado. — É uma merda você ter um corpo tão atraente... o que acha de uma trégua, hoje? — sem demonstrar medo, virei a cabeça para trás, deixando a água do chuveiro cair sobre o meu rosto, permitindo que a Laura olhasse melhor para o meu corpo. Ela nunca me viu sem roupa, quem sabe eu não consigo pegar ela hoje, então amanhã o meu desprezo será ainda maior, sei que não é imune aos meus