ALEXANDER CARUSO Laura nunca aceitou ficar de fora de uma luta. Mesmo agora, grávida, com o peso de carregar nosso filho – ou filha, ela continuava insistindo em se arriscar. Como se isso não me enlouquecesse o suficiente, sua teimosia a tornava impossível de conter. Não havia outra escolha senão estar ao lado dela, garantindo que, no mínimo, ela e o bebê saíssem vivos.Eu a observei pelo canto do olho enquanto dirigia rumo ao reduto fortificado da máfia Strondda. Ela estava focada, ajustando o coldre e verificando a arma como fazia em nossas missões passadas. Não importava que estivesse grávida; Laura tinha a mesma intensidade e confiança de sempre.Estacionei o Mustang em frente ao reduto fortificado. Antes que eu pudesse desligar o motor, Don Antony apareceu no topo da escadaria, a expressão grave.— Precisamos agir rápido, Alex. — Ele anunciou, sem rodeios. — A boate foi invadida. É o coração das operações de El Chapo, e ele está preso lá dentro com a equipe. Tem ido pouco co
LAURA STRONDDA CARUSOEu ainda sentia o calor do abraço do Alex enquanto caminhávamos em direção ao carro. A imagem do ultrassom estava gravada na minha mente, a pequena silhueta da nossa filha me fazia sorrir e me arrepiar ao mesmo tempo.Uma menina.Minha menina.Por tantos anos, eu havia construído minha vida em torno da força, da resistência, da ideia de que fraqueza não era uma opção. Mas, ao ver aquele pequeno coração batendo na tela, percebi o quanto a fragilidade também podia ser poderosa. Era um tipo diferente de força, algo que eu não sabia que podia existir.— Você está com um sorriso diferente, sabia? — Alex comentou, me olhando de canto enquanto ajustava as chaves no bolso.— É porque nunca imaginei que algo tão pequeno pudesse me fazer sentir tão grande — respondi, sincera.Ele apenas sorriu, o tipo de sorriso que me fazia esquecer do mundo por um segundo.Mas o mundo sempre se encarregava de me puxar de volta.Enquanto nos aproximávamos do Mustang, algo chamou m
CAPÍTULO 1 Laura Strondda — Pronta? — ouço aquela voz vindo do meu lado direito e sorrio para minha cunhada, Fabiana. — Eu não tenho medo! No fundo, meu pai e meu irmão, me deixaram dar a palavra final, e aceitei com boa vontade esse acordo. Alexander Caruso é um bom homem, vem de família muito honrada que segue melhor do que a gente, muitos princípios. A máfia da Sicília tem regras rígidas. — me expressei, apertando os dedos e estralando para acalmar os nervos. — Isso na teoria, né? — Rebeca, irmã da Fabiana mencionou enquanto verificava as unhas. — Vamos, é melhor não atrasar! — Fabiana gargalhou ao dizer, então apenas sorri e segui com ela até o carro. Jamais quis um casamento arranjado, mas Alexander é tão prestativo e bom, que me fez pensar que isso não seria tão complicado como dizem. Quando chegamos, a igreja já estava lotada. Alex estava no altar me esperando, e senti um frio na espinha ao perceber que ele estava muito mais sério do que o norm
CAPÍTULO 2 Com facilidade ergui aquele vestido branco, coloquei a perna direita à frente, puxei a minha menor faca, daquele impecável espartilho que eu mesma fiz à mão. Aquela pequena faca que jurei para mim mesma que não precisaria usar, porque confiei no Alex, coloquei apenas por hábito ali… “Guardaria assim que estivesse segura, seria apenas uma lembrança”. — Idiota... fui uma idiota. Lancei com destreza a faca, ao olhar naqueles olhos traidores que agora eu desejei fechar. — PUTTANA DEL DIAVOLO! — sorri ironicamente ao ouvi-lo gritar ao fugir do meu “perfeito arremesso” — pelo menos, seria... se ele não fosse bom o suficiente para escapar quando viu o meu brinquedinho voando lindamente. Seu corpo mudou de lugar em milésimos de segundos. — Hoje é seu dia de sorte! Nunca deixo as minhas belezinhas separadas! — falei com sarcasmo ao olhar para a faca. — Maledetta! — resmungou. Eu deveria estar muito irritada, mas o semblante desesperador do Alex ao perceber que não era o dono da
CAPÍTULO 03 Alexander Caruso“Merda! Mil vezes merda! Eu só precisava ter esperado até amanhã, mas não... perdi a paciência e entreguei o jogo, hoje!“ — Meti chutes naquela porta para ir atrás dela, não me lembrava que havia deixado tudo tão fortificado aqui, levei alguns segundos a mais do que planejei para colocar a baixo, então vi meu primo Peter chegando assim que derrubei. — Não me diga que deixou ela escapar? — logo perguntou de olhos arregalados. — Como iria imaginar que essa maledetta era tão boa, nisso? Se no dia que a sequestrei ela parecia uma gatinha com medo? — respondi enquanto abri o cofre do quarto e peguei outra arma. — Claro, demos medicação para ela dormir, ninguém reage com aquilo! — ele disse enquanto saíamos andando por toda a casa atrás dela. Fiquei em silêncio, pois sei melhor que ninguém, de tudo o que havia acontecido naquele sequestro quando estávamos de casamento arranjado, onde os Russos foram apenas usados como laranjas, e usei aquilo para conseguir
CAPÍTULO 4 Alexander Caruso Horas se passaram e ninguém a encontrou. Deixei a equipe em alerta e fui tomar um banho, a minha mente estava uma bagunça, viajando para diversos momentos da minha vida, quando me enxaguei e estremeci ao ver a Laura pelo reflexo do espelho, estava dentro do banheiro, ainda com o meu sobretudo e com a minha arma, que outra vez, estava apontada pra mim. Parei tudo o que eu fazia e abri a porta do box a chamando. Ele capturou o meu olhar, porém não se manifestou. — Está atrasada! Onde esteve, querida esposa? — ela me olhou por inteiro e nisso fiquei excitado. — É uma merda você ter um corpo tão atraente... o que acha de uma trégua, hoje? — sem demonstrar medo, virei a cabeça para trás, deixando a água do chuveiro cair sobre o meu rosto, permitindo que a Laura olhasse melhor para o meu corpo. Ela nunca me viu sem roupa, quem sabe eu não consigo pegar ela hoje, então amanhã o meu desprezo será ainda maior, sei que não é imune aos meus
CAPÍTULO 05 Laura Strondda Me senti humilhada da forma como saí daquele quarto. Por mais que eu não o queira, e não iria ceder a nada que esse homem quisesse, me senti um nada, uma mulher qualquer na vida do homem que pensei que pelo menos gostasse um pouco de mim. “O que estou pensando?“ Não posso ficar pensando isso, sou uma mulher forte, não a coitada que ele pensa que casou sei lá pra quê, embora coisa boa, com certeza não seja. Caminhei com a mala toda torta, as roupas bagunçadas, tentando entender qual daqueles seria o meu quarto. Dei um passo de cada vez, meu orgulho jamais permitiria que eu chorasse ou lamentasse, até porque sempre fui treinada e trabalho para resolver assuntos, e jamais para lamentar... vou resolver isso. Entrei num quarto que vi a luz apagada, assim que entrei aquela mulher que vi quando cheguei, apareceu do nada, parecia um fantasma, credo! — Esse quarto a senhora não pode ficar! — a mulher disse e olhei para os lados e não
CAPÍTULO 6 Laura Strondda Atordoada, demorei para levantar da cama. Arrumei as minhas roupas no pequeno guarda-roupas vazio e vesti uma das roupas que comprei para a lua de mel. Tinha um espelho laranja na parede, muito pequeno..., mas dava para ver o corte que ele, fez ao me morder, e ardia um pouco. Fui procurar comida, havia uma mesa imensa, maior que a da casa dos meus pais, e havia comida. Estava bem arrumada, embora não precisaria perguntar, é claro que ele não comeria comigo. O meu dia foi um tédio. Fiquei procurando algo pela casa, perguntei aos empregados, mas ninguém me disse nada que pudesse responder o mínimo das minhas perguntas. Olhei no escritório, e por último voltei ao quarto da tal “Anita”, que estava tão bem perfumado que cheguei a fazer o sinal da cruz, certamente a coitada era uma defunta. “Que Deus a tenha!“ — Resmunguei e dei um pulo ao sair de lá e ouvir uma voz que parecia ter vindo do além. — Quem? A senhorita Anita? Do que está falando? — era a tal Ma