LAURA STRONDDA CARUSOPedimos uma equipe de soldados e fomos até a casa onde a Bianca morava, atrás daquele irresponsável, nojento que bateu nela.Alex dirigia com uma calma assustadora, as mãos firmes no volante enquanto o rádio sussurrava um clássico natalino.— Parece errado ter "Noite Feliz" tocando antes de invadirmos a casa de um desgraçado como aquele — comentei, checando minha arma, com ódio.— Talvez seja apropriado. Vamos garantir que seja uma noite menos feliz para ele — Alex respondeu com um sorriso frio.Chegamos à casa, percebi que o carro do Peter também encostou, eu sabia que ele ia querer participar. Notei luzes piscando nas janelas. Era irônico que alguém como aquele asqueroso do marido da Bianca, tivesse decorado a casa para o Natal, certamente deve ter sido ela. Espiei pela janela e vi o homem, bêbado, cercado por três amigos igualmente embriagados. Garrafas de uísque e latas de cerveja estavam espalhadas pela mesa. Mãe e filho no hospital por um parto que
ALEXANDER CARUSO A dor no rosto dos outros ainda estava gravada nas minhas mãos, mas nada me preparou para o medo que senti ao ouvir Laura. Ela tinha uma expressão dura, tentando esconder a dor que claramente sentia, mas eu conheço minha mulher. Não precisava de palavras para entender que algo estava errado.— Alex, precisamos sair agora — ela disse, a voz baixa, mas urgente. Seus olhos cravaram os meus, e eu vi que ela não queria admitir a dor.— O quê? Laura, o que está acontecendo? — perguntei, já me aproximando. Ela apertava a lateral da barriga, os dentes cerrados como se lutasse contra a fraqueza.— As contrações… estão vindo antes da hora. — Ela respirou fundo, claramente tentando manter a calma. — Falta um mês, Alex. Não pode ser agora. Amanhã é Natal!Meu coração disparou. O mundo ao redor parecia um borrão. Tudo o que eu conseguia focar era nela e na pequena vida dentro de sua barriga.— Vamos ao hospital agora. — Já puxei o celular, procurando o número para ligar. Mas
ALEXANDER CARUSO — Procedimento de alto risco?! Do que você está falando? — Senhor Caruso, houve um descolamento prematuro de placenta. A placenta está se desprendendo antes do nascimento. Isso está comprometendo o oxigênio do bebê e colocando sua esposa em risco de hemorragia grave. Precisamos agir agora. Senti o chão sumir. Descolamento de placenta? Já ouvi sobre isso antes. Era grave. — Precisamos da sua autorização para uma cesariana de emergência. É a única chance para ambos. — Faça o que for preciso, mas salve elas. — Minha voz saiu mais firme do que eu me sentia. Por dentro, eu estava desmoronando. O médico correu de volta à sala, e eu fiquei sozinho no corredor. A espera era um inferno. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto minha mente era tomada por cenários impossíveis. Laura era forte, mas... e se? Olhei para as portas da sala de cirurgia e tomei minha decisão. Não ficaria esperando porra nenhuma. Caminhei até as portas e, antes que a enfermeira p
ALEXANDER CARUSO Depois de segurar Júlia em meus braços pela primeira vez, senti meu coração menos pesado. Ela parecia perfeita, mesmo após tudo o que havia acontecido. Era como se o mundo ao meu redor tivesse parado, e pela primeira vez em horas, consegui respirar um pouco mais fundo. Principalmente, vendo a alegria de Laura ao conhecer a nossa filha. Mas essa paz foi interrompida. Enquanto eu a segurava novamente, um dos médicos se aproximou, sério:— Senhor Caruso, tanto sua esposa quanto sua filha estão estáveis, mas ambas precisarão de acompanhamento na UTI.Meu peito apertou. Eu tinha acabado de segurar Júlia. Agora ambas estavam sendo levadas.— Por quê? O que aconteceu?— Laura ainda está muito fraca por causa da hemorragia e da cirurgia. Queremos monitorá-la de perto para garantir que sua recuperação seja completa e termos certeza que a hemorragia não retornará. Quanto à bebê, ela está bem, mas queremos observar sinais de qualquer problema respiratório ou outras compli
ALEXANDER CARUSO O corredor estava silencioso quando saí da UTI onde Laura e Júlia estavam sendo monitoradas. Cada passo meu, parecia pesar toneladas, meu corpo cansado, mas minha mente ainda agitada. Eu precisava estar forte, por elas. Sempre. Mas, dentro de mim, as emoções estavam demais.Enquanto eu caminhava em direção ao elevador, fui interrompido por vozes. Ao levantar os olhos, vi Peter e Katy, que estavam indo entre os quartos. Peter me olhou, como se esperasse que eu dissesse algo, e Katy sorriu de forma calorosa, tentando aliviar a situação. — Alex, você… como está? — Peter perguntou, sua voz cautelosa. Ele sabia o quanto esse momento era difícil para mim.Eu respirei fundo, tentando manter a compostura.— Elas estão estáveis. Mas Laura ainda está em estado crítico, e Júlia… está sendo monitorada, por precaução.Katy olhou para mim com preocupação.— Sinto muito, Alex. Eu sei o quanto elas significam para você.Eu acenei com a cabeça, o peso no peito não aliviava.
ALEXANDER CARUSO Dois dias nunca pareceram tão longos. A cada hora, a cada minuto, eu contava o tempo para ouvir boas notícias. Ficava na porta da UTI, andando de um lado para o outro, esperando por qualquer atualização sobre Laura e Júlia. Às vezes, entrava para vê-las. Júlia dormia tranquila na incubadora, e Laura parecia um pouco mais forte a cada visita, mas ainda frágil.Quando os médicos finalmente me chamaram, senti o coração disparar.— Senhor Caruso — disse o doutor com um leve sorriso no rosto. — Sua esposa e sua filha responderam bem aos cuidados. Estamos transferindo as duas para o quarto.As palavras dele pareceram abrir um céu que estava pesado sobre mim. Era isso. Elas estavam bem o suficiente para saírem daquele ambiente sufocante da UTI.A primeira coisa que fiz foi correr até a sala onde Laura estava. Encontrei-a sentada, ainda um pouco pálida, mas sorrindo, com aquele brilho nos olhos que eu tanto amava. Júlia estava nos braços de uma enfermeira, enrolada em um
ALEXANDER CARUSO Eu estava sentado no quarto ao lado de Laura, observando enquanto ela cochilava. Júlia dormia no bercinho ao lado, seu pequeno peito subindo e descendo em uma paz que parecia quase mágica. Meu mundo estava ali, completo. Ainda assim, havia algo no ar, algo que eu não conseguia identificar de imediato.Foi quando olhei para o calendário na parede do quarto e percebi: era véspera de Natal.Como eu pude esquecer? O caos dos últimos dias, com Laura e Júlia lutando para superar os desafios do parto, a data havia passado despercebida. Mas agora que sabia, algo dentro de mim acendeu. Este era o primeiro natal da minha filha. Nosso primeiro natal como uma família. E não podia deixar que fosse qualquer coisa.Peguei o celular imediatamente.— Peter? Preciso de você agora. E traga a Katy. Temos que fazer algo grande.Em menos de meia hora, Peter e Katy chegaram no quarto, onde eu os encontrei com o mesmo entusiasmo que sentia ao fechar um grande negócio.— Alex, o que e
LAURA STRONDDA CARUSOA magia daquela noite parecia ter contagiado cada canto do salão. As luzes cintilavam como estrelas, refletindo nos olhos maravilhados das crianças de todos os tamanhos, e seus diferentes sorrisos. O coral entoava músicas natalinas com suavidade, e o cheirinho de canela e chocolate quente preenchia o ar. Júlia, aninhada em meus braços, olhava para tudo com curiosidade, mesmo tão pequenininha. O calor dessa noite me fazia esquecer os desafios que havíamos enfrentado nos últimos dias.Alex tinha realmente superado todas as expectativas. Eu sabia que ele era determinado, mas transformar a fundação em um paraíso natalino em poucas horas era algo que nem mesmo ele fazia com frequência.— Está feliz, amore mio? — Alex sussurrou em meu lado, segurando minha mão.— Mais do que você imagina, siciliano. — Sorri, sentindo os olhos marejarem. — Não sei como conseguiu isso, mas é perfeito.Ele tinha um sorriso cheio de satisfação, o tipo de sorriso que me fazia lembrar por qu